quinta-feira, dezembro 10, 2020

Mundo líquido

      “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de DeusII Timóteo 3.1-4

      Ouvi o filósofo pop star Leandro Karnal usando esse termo e achei interessante: “vivemos atualmente em um mundo líquido”. No que isso nos faz pensar? Água, como outros líquidos, não tem forma fixa e sólida, ela se adapta depressa ao meio, assim como não pode ser retida com facilidade, ela escorre e foge. Essas características dos líquidos, estão bem presentes na vida atual, naquela que muitos chamam de a era de Leviatã, o diabo das águas, as pessoas querem ser a água, não peixes em aquário. 
      A adaptabilidade é a característica básica dessa liquidez, ela leva todos a desejarem ser qualquer coisa e em qualquer tempo, nada é para sempre, assim como tudo pode ser repetido. Vemos isso no fato das pessoas não quererem envelhecer, nem se acomodarem a modos de vida que antes dizíamos ser dos mais velhos, todos querem (e devem) se adaptar para serem jovens para sempre, não aceitam o tempo nem seus efeitos, não aprendem a conviver com a dor, mas a negam e assim impedem a si mesmas de amadurecer. 
      O lado ruim da adaptabilidade é a inconstância, as alianças são sempre temporárias, sejam afetivas ou profissionais. Nas afetivas vemos isso nos casamentos que começam e terminam com facilidade, e consequentemente nas relações sexuais e na geração de filhos, que simplesmente não têm na prática importância, o que importa é o prazer imediato do indivíduo. O aborto é outra trágica consequência dessa inconstância, assassinato, pois o aborto é isso, é só uma ferramenta para viabilizar a irresponsabilidade.
     O modo líquido de viver leva as pessoas a fugirem de qualquer espécie de padronização, nada é sólido, tudo pode mudar e se mover à medida que ser feliz se torna uma obrigação. Não que felicidade não seja algo bom nem as pessoas a devam buscar, mas nessa obsessão levada pelo consumismo, as pessoas negam as limitações do plano físico que conduz o ser humano a amadurecer, quem quer tudo e sempre são as crianças, e se não tiverem choram e esperneiam para que os outros satisfaçam suas necessidades.
      Essa “liquidez“ no plano físico é só uma tentava de simular a liberdade espiritual que só terão os salvos em Cristo no outro plano, é só uma consequência da última estratégia das trevas para terem um domínio temporário neste mundo. Ao verdadeiro filho do pai das luzes cabe não tentar ser “líquido”, mas dar liberdade ao Santo Espírito para ser espiritual, ainda que no corpo físico, no quanto isso é possível. Que os espirituais sejam espirituais, que os carnais sejam o que são, ainda que com nomes mais filosóficos.

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