terça-feira, dezembro 15, 2020

Muros ou pontes? (2/2)

      “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Coríntios 11.3

      Falsos deuses sempre possuem hierarquias complexas, pensam que o complicado traz legitimidade, quem já estudou um pouco esoterismo e ocultismo sabe disso, o evangelho, contudo, a palavra de Deus na Bíblia, é simples. Sim, existe sabedoria em outros textos sagrados, de outras regiões, mas eles, em grande parte, são muito complicados, há de se ter não só um coração crente para entender, mas também capacidade intelectual. Deus em seu amor e por causa dele é simples, revela o mais alto conhecimento com simplicidade para que os simples aprendam e não se envaideçam por isso. 
      Quando temos verdadeiramente uma experiência com Deus paramos de fazer guerras, de construir muros, porque simplesmente não precisamos disso, temos um “muro” muito mais alto, que na verdade nem é um muro, é um lugar espiritual elevadíssimo no qual podemos nos abrigar, acima de todo castelo, de todo muro. De fato, o que muda é a relevância de dimensão, deixa de ser horizontal para ser vertical. Isso é importante entender porque algumas pessoas têm “castelos” tão amplos, com muros tão distantes, que podem até nos dar a falsa impressão de serem pessoas livres e sem medos. 
      Assim, ainda que seja com delimitadores longínquos, uma pessoa pode ver as coisas de forma horizontal, não vertical, só os que olham as coisas de cima poderão discernir os muros e os tamanhos dos castelos, e eles mesmos não estarão presos em nenhum castelo assim como não necessitarão de qualquer muro, próximos ou distantes. Por isso só quem olha sob o ponto de vista de Deus pode construir pontes, não muros, pontes se elevam, além dos muros, os vencem sem destruí-los, sem fazerem guerras, elevam-se acima dos belígeros em paz e os vencem, uma vitória de Deus, não do homem.
      Infelizmente, as religiões, que deveriam em tese permitir aos homens óticas verticais, muitas vezes são só castelos, alguns luxuosos, antigos e imponentes como o Vaticano, que constroem muros, não pontes. Quem quer de fato conhecer a Deus deve estar acima das religiões, da ótica horizontal, ainda que faça parte delas e seja útil trabalhando dentro delas, é preciso olhar além da torre mais alta, mesmo do castelo mais tradicional e que se proclama oficial. A visão horizontal em algum momento perderá a acuidade, a vertical, não, quanto mais alta mais precisa fica, eis um mistério espiritual.
      Nos façamos a seguinte pergunta: o que eu mais tenho feito, o que de verdade eu consigo fazer, com sinceridade, muros ou pontes? Quero adoradores ou amigos, semelhantes ou plateia? Tenho uma necessidade muito grande de dizer o que penso, principalmente, nesse mundo moderno, em redes sociais, na internet? Ou tenho aprendido a me afastar mais e mais das guerras, sejam elas quais forem, tenho achado paz e a tenho preferido a qualquer coisa, mesmo à vaidade de querer dar a última palavra? Sempre há tempo para mudar enquanto estamos neste mundo, se formos humildes.

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