sábado, dezembro 12, 2020

Deus é quem tira e quem dá (2/3)

Jesus, o efeito final

      “O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela. O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó, e desde o monturo exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do Senhor são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo. Os pés dos seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não prevalecerá pela força.” I Samuel 2.6-9

      Por que devemos persistir na oração como fez Ana? Porque fazendo isso damos oportunidade ao Espírito Santo para nos ensinar, muitos não entendem intelectualmente, ainda que sintam em suas emoções, o quanto Deus é vivo e fala, se na carne somos atraídos pelo prazer, no espírito somos atraídos pela paz, que conduz os sensíveis à voz de Deus e os desejosos de serem filhos obedientes a fazer a vontade do Senhor, isso os coloca numa posição espiritual onde existe vitória. Contudo, isso pode ser um processo demorado, muitos passam anos e anos orando para receber algo, não porque Deus demore a responder, mas porque eles demoram para entender como devem viver para receberem o que pedem. 
      Admitirmos que “o Senhor é o que tira a vida e a dá, faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela, o Senhor empobrece e enriquece, abaixa e também exalta” é entronizar Deus no lugar mais alto dentro de nós, em nosso espírito, para assim nos posicionarmos na altíssima posição, mas é a intenção, mais que as palavras em si, que nos aproxima de Deus. Deus não mata ninguém, não empobrece ninguém, nem humilha ninguém, são os homens que se matam, empobrecem e são envergonhados quando se afastam do Senhor. Neste ponto precisamos entender um conceito importantíssimo no cristianismo baseado na tradição judaica e no evangelho: Deus é pessoal, mais que uma energia ou uma influência subjetiva.
      Esse conceito, que não é uma construção da psique humana carente de carinho paterno, mas é um mover do Santo Espírito, nos faz buscar o Senhor com uma proximidade afetiva, e isso, mesmo que saibamos mais sobre Deus, e nesta reflexão estou tentando mostrar mais sobre esse conhecimento espiritual. O cristão chama Deus de “aba”, pai, se aproxima do Senhor pedindo colo, para o filho de Deus por Jesus orar não é só “sintonizar-se” com a “frequência energética” mais alta, ainda que eu pessoalmente creia que isso aconteça e que pode bastar, principalmente em situações que nos encontramos mudos diante da gravidade de um problema e que a única coisa que conseguimos fazer e nos focar em Deus. 
     Essa foi a experiência de Ana quando orava, tanto que Eli achou que ela estivesse bêbada: E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o Senhor, Eli observou a sua boca. Porquanto Ana no seu coração falava; só se moviam os seus lábios, porém não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada. E disse-lhe Eli: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu vinho. Porém Ana respondeu: Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido; porém tenho derramado a minha alma perante o Senhor.” (I Samuel 1.12-15). Ana estava numa comunhão espiritual tão profunda que sua comunicação ia além das palavras, eram gemidos inexprimíveis (Romanos 8.26).
      Todavia, em seu amor Deus não requer de nós ensinos profundos de teologia e espiritualismo para nos responder, nem exige que sejamos estudiosos de “física quântica” ou com capacidades de mentalização aprimorada para estabelecer contato conosco. Mas como um pai que atende mesmo aos filhos menores, que nem sabem falar direito, que trocam o “r” pelo “l” e que ainda assim confiam de todo o coração que seu paizinho os atende quando precisam de algo, Deus nos ouve. Deus é amor, e se existe uma comunhão através de “frequências energéticas” é pelo amor que as ondas mais altas são acessadas, amor que muitíssimo mais que expressão sexual humana é uma ligação intimamente espiritual. 
      Por isso tanta ênfase ao amor dada por Jesus em João 15.9, “como o Pai me amou, também eu vos amei a vós, permanecei no meu amor”, e por Paulo em I Coríntios 13.13, “agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor”. Amor, eis aí outro princípio espiritual que a maioria de nós não conhece com profundidade, mas ainda assim o recebe sem limites de Deus, o pai de amor. O “céu”, a melhor eternidade de Deus, para os salvos em Cristo, é puro amor de Deus, Jesus nos chama a permanecer nesse amor ainda estando nós vivos neste mundo, porque assim construímos o céu dentro de nós e nos libertamos de qualquer possibilidade de trevas e inferno. 

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