domingo, setembro 25, 2022

Disciplinas e julgamentos (56/92)

      “Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.” “E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou.” Hebreus 12.7-8, 16-17

      Esta reflexão é uma análise do tratamento ao qual Deus nos submete para nos aperfeiçoar, tratamento que dividirei em quatro procedimentos: disciplinas menores, disciplinas maiores, julgamentos primários e julgamento final. Isso não refere-se especificamente a uma metodologia bíblica, mas você já deve ter verificado esse tratamento em tua jornada, ainda que com outros nomes. Acima de tudo, a reflexão é uma exortação para que não tenhamos que passar pelo terrível e derradeiro julgamento. 
      Com paciência Deus espera que nos arrependamos dos erros morais diários e não coloquemos nossas cabeças nos travesseiros sem nos sentirmos perdoados. Com paciência Deus aguarda que assumamos vícios mais duradouros e queiramos viver um novo dia sem cair neles, ainda que os tenhamos praticado por algum tempo. Mas com paciência vemos Deus nos disciplinar, não para que fiquemos na disciplina para sempre, mas para que entendamos que o pecado prejudica, a nós e aos outros, por isso melhor é não pecarmos
      Depois de nos dar muitas chances, de aguardar que entendamos que posições que nos afastam do melhor de sua moral para nossas vidas no final darão frutos amargos, vemos Deus nos julgar e nos deixar numa situação onde teremos que perder muitas coisas, passar muito sofrimento, para que corrijamos os caminhos errados. Contudo, se ainda assim persistirmos no orgulho, em não aceitarmos o plano de Deus como o melhor para nós, um segundo julgamento do Senhor poderemos provar. 
      Esse segundo julgamento é terrível, nele perdemos tudo, todas as nossas referências precisarão ser aniquiladas, uma “morte”, não necessariamente do corpo, haverá para que uma nova vida comece. Nisso Deus tentará nos reconstruir, agora não haverá modo de fugirmos, mas para alguns isso pode ser até perda da vida física. Esse último julgamento tem uma característica, entre ele e um menor anterior, um bom tempo pode se passar, é a paciência de Deus revelando que o que virá será bem sério. 
      Por ser esse hiato longo, muitos pensam que insistiram tanto que prevaleceram, acham que fizeram braço de ferro com o destino e foram vitoriosos. Mas só é a bonança antes do temporal, é um tempo a mais que Deus dá ao ser humano para mudar de atitude. Se nos erros menores a disciplina é rápida, se mesmo julgamentos primários vêm depressa, o segundo julgamento pode levar uma vida. Muitos morrem no erro, em boa situação material, mas longe de Deus, esses serão surpreendidos na eternidade. 
      Tem muita gente aguardando esse segundo julgamento, isso é muito triste. Já vi gente ser avisada e ser avisada e ser avisada e não mudar de vida, então, sofrer um final trágico. Entenda bem, gente assim não é criminosa, violenta ou marginal, esses têm um tratamento adequado mas diferente dos que me refiro aqui como réus do último julgamento. A principal característica dos réus desse julgamento é o orgulho, teimam em fazer as coisas dos seus jeitos, não se rendem humildemente à vontade de Deus. 
      Passamos por disciplinas menores quase que diariamente. Disciplinas maiores passamos por muitas, mas nelas sofremos como filhos. Julgamentos primários podem ser necessários, às vezes mais de um em nossas vidas. Neles precisamos aprender a crer em Deus ainda que em exílios, cárceres ou desertos, mas mesmo nesses Deus cuida de nós e eles passam. Contudo, o segundo julgamento só ocorre uma vez, alguns ainda conseguem superá-lo neste mundo, mas muitos terão que morrer para sofrê-lo. 
      O texto bíblico inicial fala-nos de dois procedimentos de Deus, primeiro a disciplina, e depois, pelo menos até onde entendemos o escritor sobre Esaú, um julgamento. Até um ponto sofremos como filhos, não perdemos direitos, há apenas a tristeza que o afastamento de Deus precisa nos trazer, e precisa para que entendamos que erros têm preços ruins. Mas depois desse ponto julgamentos podem nos humilhar e muito neste mundo, chegando ao ponto do Senhor nos deixar seguir sob a nossa própria sorte. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

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