sexta-feira, setembro 01, 2023

Preparado e Merecedor

      “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Apocalipse 3.20-22

      Aqui no “Como o ar que respiro” tenho procurado, já há alguns anos, estabelecer uma diferença entre experiências com Deus e o mundo espiritual. Pelo cristianismo tradicional, há uma primeira experiência, o encontro inicial com o evangelho que permite às pessoas aceitarem o Cristo como único e suficiente salvador. A partir dessa experiência as pessoas, conforme o cristianismo tradicional protestante, podem ter perdão dos pecados, um lugar no céu e ajuda de Deus para terem vidas dignas no mundo. Além dessa conexão com Deus as pessoas também se conectam com igrejas, sendo batizadas, aprendendo da Bíblia e tendo um grupo social com o qual compartilhar sua espiritualidade cristã. 
      Mas existe uma segunda experiência, conforme o cristianismo tradicional mais pentecostal, que inicia-se com a manifestação dos dons espirituais. Com essas ferramentas podemos ter uma vida mais forte espiritualmente para melhorarmos moralmente, além disso podemos ter conhecimentos de informações, que ainda que devam estar debaixo da autorização da Bíblia, nos dão palavras mais vivas, diretas, específicas sobre a vontade do Senhor para nós. A diferença que busco estabelecer aqui é entre essas experiências ensinadas pelo cristianismo tradicional protestante e uma terceira, que na verdade pode começar onde a segunda, que muitos acham que é o final autorizado pelo cristianismo, acaba. 
      Enquanto as duas primeiras experiências são compartilhadas com o homem por um Deus agindo como um pai age com seus filhos menores, assim as iniciativas são mais de Deus que dos homens, a terceira experiência pode ser vivida por aqueles que amadurecem espiritualmente. Como já disse aqui, maduro espiritual não é só ter uma vida moral equilibrada e um conhecimento bíblico mais profundo, mesmo alguma experiência com dons espirituais não faz alguém amadurecido espiritualmente para saber mais sobre o mundo espiritual e as verdades mais elevadas de Deus. Precisamos estar preparados e sermos merecedores para recebermos o ensino que Deus dá aos maduros que buscam mais.  
      Alguns estão preparados, e pode estar mesmo fora do cristianismo tradicional. Esses são os que buscam religiões espíritas e esotéricas, eles não temem o desconhecido, principalmente o desconhecido que o cristianismo chama de diabólico, eles se metem a fazer comunicação com entidades, com espíritos, com anjos e demônios, conhecem protocolos mágicos, estudam as minúcias de tudo que é exigido para que potências espirituais se manifestem. Não, ser mágico, bruxo, feiticeiro, não é algo fácil e romântico como lemos nos livros de J. K. Rowling, que encantaram multidões no mundo todo quando se transformaram em filmes. Para poder “voar” e fazer “encantamentos” é preciso muitos “sacrifícios”. 
      Evangélicos, que acham que sabem tudo, mas que olham só os próprios umbigos, se surpreenderiam com a complexidade que existe nas comunicações com uma parte do mundo espiritual. Coisas específicas devem ser feitas em horas, dias, semanas e meses específicos, com cores, formas geométricas, cheiros específicos, acompanhados de evocações específicas, para que seres específicos se revelem. O “diabo” não tem moral para exigir nada, assim como nada pode dar, dessa forma ele enfeita as coisas, cria e vende aparências fantásticas para esconder seu interior vazio e negro. Ele complica as coisas, para que perdendo tempo no caminho, os homens nunca cheguem ao destino que na verdade nem existe. 
      O caminho para Deus é reto e direto, pelo Espírito Santo que nos conduz até Jesus, a porta para as verdades mais elevadas. O caminho de Deus é iluminado e nele nos movemos atraídos pelo amor do Altíssimo, esse caminho só pede duas coisas, humildade e santidade. Muitos acham que estão preparados pois têm mentes abertas, mas não são merecedores. O que devemos temer não são obsessões que espíritos malignos podem exercer, mas entrarmos na sala do trono de Deus com vestes espirituais sujas. Temer a Deus é respeitar antes sua santidade. Por outro lado outros se acham merecedores da intimidade com Deus, pois perseveram na santidade, mas será que estão preparados para os mistérios? 
      Preparado não é ser mais forte, mais inteligente, mais aberto, mesmo mais crente, mas mais humilde. O humilde põe Deus sempre à sua frente e nada faz sem Deus autorizar, assim não teme nada, mesmo que nada conheça. Merecedor não é ter créditos com Deus por ser fiel, seja às religiões e mesmo diretamente a Deus, merece quem respeita e respeita a Deus quem pratica santidade genuína. Por outro lado está preparado quem está limpo, Deus não pode ser infiel com ele mesmo habitando vaso ou templo sujo, outros “espíritos” até habitam tais lugares, mas não o Santo Espírito. Também é merecedor quem não se acha merecedor, assim é humilde, não faz cobranças, o que Deus dá, lhe basta.

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