sexta-feira, setembro 29, 2023

Milagres não mudam o interior (6/7)

      “tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje; e eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti” Mateus 11.23-24

      Jesus sabia que milagres não mudam o interior das pessoas. Eis uma verdade que pode escandalizar cristãos que hoje acham que suas crenças são a verdade maior de Deus porque por elas podem experimentar milagres físicos. Jesus fez milagres? Sim. Era essa sua missão principal? Não. Por que ele fez milagres? Por amor, via o sofrimento humano e queria ajudar, esse é sempre o primeiro motivo de Deus, que toma a iniciativa e atrai o ser humano à sua luz. Mas havia um segundo motivo, era importante que o ser humano do século um entendesse que aquele Jesus de Nazaré, filho de José o carpinteiro, em seu espírito era Deus, e no corpo o melhor exemplo de ser humano vivendo a vontade de Deus. Para provar a um homem antigo, que via poder na superação de dificuldades materiais, realizar curas físicas era se mostrar poderoso.
      “Uma geração má e adúltera pede um sinal, porém, não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas, pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra” (Mateus 12.39-40). Interessante esse texto, será que o único milagre que Jesus de fato deveria ter feito era ressuscitar depois de morto por três dias? Sob o ponto de vista de sua missão principal no mundo, sim. A missão era vencer a morte espiritual através de sua morte física, não só propiciando à humanidade perdão de Deus e respectiva paz, mas mostrando como praticar obras dignas de um perdoado, que mudam não o corpo, mas o espírito e para sempre. Essa provocação o Espírito Santo nos faz hoje, entendermos que o principal está no espírito e na eternidade, não na carne e neste mundo. 
      Mas mesmo a ressurreição do Cristo precisa ser entendida corretamente, não foi só uma prova que Deus tem poder para ressuscitar mortos, Jesus não reviveu para viver fisicamente no mundo, mas para existir espiritualmente iluminado no céu, e usei o termo iluminado para diferenciar sua existência das de todos os outros seres humanos que morrem no mundo. Jesus era um ser especial, não existiu nenhum outro como ele que tenha encarnado na Terra, assim sua passagem para o outro plano também foi única. Mas novamente precisamos entender que mesmo sua ressurreição foi um evento necessário para convencer o religioso judeu do século um, que tinha poucos conceitos espirituais em sua religião, apesar de fortes conceitos morais. Cristo ensina que o reino de Deus nos céus é superior a um reino da Terra protegido por Deus.
      Ainda sobre ressurreição, o termo no novo testamento, usado por Jesus e muito por Paulo, é importante para trazer principalmente ao povo judeu um conceito ao qual ele não estava muito familiarizado. A religião de Israel era para lhe dar prosperidade na Terra e vitória sobre nações físicas, não havia relevância no que ocorreria após a morte. Mas o novo testamento deixa claro que o túmulo não é o fim, que reviveremos após a morte do corpo, ressurreição (e não ressuscitamento) refere-se a isso, uma existência no plano espiritual onde seremos avaliados por nossas virtudes morais, não por riqueza no mundo, que definirá céu e inferno. Ressureição era um conceito novo ao judeu, e nunca nos esqueçamos, o novo testamento fala em primeiro lugar para ele. Não adianta ser ressuscitado no corpo e não ter ressurreição espiritual para a vida eterna, livrar-nos da morte eterna é o maior milagre que o Cristo faz. 

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