segunda-feira, setembro 04, 2023

Envelheça bem para viver

      “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 6.23

      A morte exibe-se em cada esquina, a decadência apresenta-se sem vergonha em cada casa e prédio, vemos isso quando andamos pela cidade envelhecida pelo tempo. Moro em Itú/SP, cidade histórica, berço da república brasileira, com muitas construções tombadas pelo Patrimônio Histórico, sem falar das igrejas e capelas centenárias que existem na região central do município. Passear pelo centro antigo dessa cidade num domingo à tarde, quando o comércio está fechado, é assistir ao desfile da morte, em casarões precisando de reforma, em paredes necessitando de pintura, em cantos lascados pedindo por conserto. Isso é o plano fisico, que os propósitos divinos criaram para que vivamos por um tempo. 
      Mas há elegância na decadência, e a arte, consolo que Deus nos permite em existências sofridas que perseguem a morte, achar beleza nos templos antigos e em museus vazios, nos fazendo ver luzes fortes mesmo na escuridão, residência de fantasmas do passado. A arte, contudo, é só uma simulação que a matéria faz das maravilhas espirituais, o altar barroco mais rico em rococó nada valerá na eternidade. Se o plano físico é atraído pela morte, se nada permanece novo para sempre, se tudo passa e tudo perde a graça, nosso espírito é atraído pelo amor de Deus à luz do altíssimo. Esse movimento é vida eterna, que pode nos colocar sempre em posições mais altas e limpas, nele falecimento perene não há. 
      Achar beleza na morte e charme no envelhecimento é resistência sadia, negar a morte e não querer envelhecer é limitar a existência a sua metade. Que a matéria tenha direitos até o fim, mas que o espírito tenha prioridade. Entretanto, não é porque o plano espiritual é eterno que importa mais que o físico, foi conveniente à providência divina que o ser passasse algum tempo preso à matéria, tentando desvendar os mistérios espirituais sob o véu, limitado em muitas coisas, mas com uma vontade implícita de se aventurar, experimentar e amar. Assim, mesmo quando tudo fica velho e gasto, há saudade, há uma nostalgia quente dentro das almas, ainda que o melhor da passagem seja só sombras do que há no eterno.
      Tristes os que olham o mundo só com olhos físicos, esses só veem a morte, os olhos que veem a vida são os espirituais. Se o espírito estiver conectado com o pai de todos os espíritos, ainda que velhos casarões estejam caindo aos pedaços, suplicando por restauração, enxergará além, sentirá os seres que habitaram esses locais, que experimentaram paixões e realizaram sonhos, e que hoje são espíritos livres no reino eterno de Deus. O mundo é morte, o corpo envelhece, nossos pensamentos ficam lentos, nossas emoções esfriam, mas o espírito azeitado pelo Santo Espírito de Deus se renova a cada dia, cada vez mais feliz por ver aproximar-se o momento quando será abraçado, sem véus, pela alta luz de Deus.

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