sábado, setembro 16, 2023

Diga não à hipocrisia!

      “E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe. Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem!Mateus 18.5-7

      Às vezes não pecamos por desagradarmos diretamente a Deus em algo, mas por sermos incoerentes com alianças que fazemos com homens. Muitas vezes Deus nem se importa com coisas que homens dizem que são erradas, não tanto como os homens se importam, mas Deus se importa se nos comprometemos em viver essas coisas de acordo com regras de homens e não vivemos. Estou me referindo a vivência com igrejas, e cada uma delas tem suas doutrinas e leis. Quem se torna membro oficial de igreja, e principalmente, desempenha cargos e ministérios em uma, deve obedecer as regras dessa igreja, independente de serem regras com as quais Deus se importa ou não.
      O nome disso é coerência, mas se assumimos publicamente que somos alguém, mas escondidos somos outra pessoa, ou se dizemos diante de líderes e de igreja que aceitamos e obedecemos certas regras de conduta, mas fora do templo não pomos isso em prática, isso é incoerência. Incoerência é hipocrisia e hipocrisia pode escandalizar, principalmente aqueles que chamamos de “pequeninos”. Já usei esse termo aqui, e se alguém pensa que não existem inocentes neste mundo saiba que existem, ainda que alguns só temporariamente. Crianças e novos convertidos são inocentes, pequeninos com os quais devemos tomar cuidado, assim como são inocentes certos deficientes intelectuais. 
      As pessoas não podem ser pequeninas para sempre, nem devem ser, todos temos que amadurecer e aprender a conviver com nossas responsabilidades assim como com os erros dos outros. Contudo, no início da caminhada com Cristo em igrejas, o pastor é alguém para o qual as pessoas olham, procuram imitar. Se um líder aceitou e se colocou nessa posição deve se comportar de maneira a guiar as pessoas para Deus, alimentando, principalmente os pequeninos, com o alimento espiritual puro tirado de suas próprias e verdadeiras experiências com Deus. Da mesma forma pregadores, professores de Bíblia, ministros de louvor, instrumentistas e todos que se colocam no lugar chamado altar. 
      Serei direto, se alguém acha que pode ter intimidade sexual com alguém, antes de estar oficialmente casado, em primeiro lugar esse é assunto entre a pessoa, o companheiro e Deus, e esse assunto pode ter interpretações de certo e errado bem subjetivas, não sejamos ingênuos nem falsos com relação a relações afetivas nos dias de hoje. Contudo, se alguém vive essa intimidade e é ministro de louvor, sendo visto no altar como exemplo, em uma igreja que oficialmente tem como regra não haver intimidade sexual antes de casamento oficial, então, essa pessoa estará pecando: uma vez, por hipocrisia, duas vezes, escandalizando pequeninos, e três vezes, se de fato estiver desobedecendo a Deus. 
      Mas se alguém tem convicção diante de Deus que ter intimidade sexual antes de casamento oficial não é pecado, se faz isso com responsabilidade com alguém que ama e com o qual quer passar o resto da vida, e se ainda não oficializou isso por motivos principalmente financeiros, não digo que isso seja o mais correto. Casamento tem a ver com amor verdadeiro e depois com independência econômica, onde se pode sair da casa dos pais e estar pronto para assumir financeiramente não só uma vida a dois, como também filhos que poderão vir. Muitos hoje querem só o lado bom do casamento, a intimidade sexual, mas não querem sair da casa dos pais e assumirem contas, responsabilidades e consequências. 
      Contudo, se ainda assim alguém que anda com Deus quer fazer coisas que uma igreja diz que não devem ser feitas, essa pessoa pode até frequentar uma igreja e ser alimentada por ela, mas para haver coerência não deve nem se tornar membro oficial da igreja, e para não ser hipócrita e escândalo muito menos ter cargos ou pisar o “altar” como líder ou ministro. Isso é “sim, sim”, “não, não” (Mateus 5.37), isso é luz, e creiam Deus dá muito mais valor a essa lucidez que a certas coisas que falsos moralistas consideram pecado, como na sexualidade. Aos sessenta e alguns anos tive várias fases na vida, na primeira fase, após mais de dez anos em igreja protestante, sai para ter coerência na vida.
      Até hoje tenho muita dificuldade para aceitar hipocrisia, bato de frente com ela em igrejas, por isso alguns não se simpatizam muito comigo. E repito, o problema não são certos “pecados”, mas fingir que eles não existem, só para agradar a homens, à religião, a hipócritas, e ter status em templos. Infelizmente ocorre em muitas igrejas uma hipocrisia oficializada, assim se prega no púlpito uma coisa, sabe-se que nem líderes vivem essa coisa, mas ainda assim esses líderes seguem em seus cargos e não são confrontados. Parece que aceitaram que certas coisas não podem ser praticadas, mas também não podem ser negadas pela moralidade conservadora, assim a incoerência torna-se saída política adequada. 
      Que preços pagamos para continuarmos em igrejas, para termos grupos sociais, sermos aprovados por eles, para termos cargos, sermos honrados por eles, só porque confiamos mais em homens que em Deus? Na eternidade não seremos avaliados por líderes e regras de igrejas, mas pela luz mais alta de Deus, que procurará em nós santidade filtrada pela coerência. Às vezes pode ser melhor nos comprometermos menos com homens, para sermos uma pessoa só, com uma cara só, havendo coerência entre o que somos dentro de templos e fora deles, dentro de nós e na aparência. Para não sermos hipócritas a área sexual é assunto que tem grande peso, assim tenhamos coragem para assumi-la na paz de Deus. 

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