sexta-feira, setembro 08, 2023

Atenção aos sinais

      “Jesus disse ainda às multidões: — Quando vocês veem uma nuvem subindo no oeste, logo dizem que vai chover, e assim acontece. E, quando notam que sopra o vento sul, dizem que fará calor, e assim acontece. Hipócritas! Vocês sabem interpretar a aparência da terra e do céu, mas não sabem discernir esta época?Lucas 12.54-56

      Tenho usado com frequência o termo mistério, de fato há muitas coisas que não sabemos, sobre vários aspectos da existência, do planeta Terra, de nossos corpos, mas muito mais sobre o plano espiritual. Mistérios espirituais, contudo, o são por dois motivos, em primeiro lugar para proteger coisas preciosas, santíssimas, de despreparados e não merecedores, como temos refletido aqui. Contudo, há um segundo motivo de muitas vezes não entendermos mistérios: displicência. A verdade pode estar na nossa cara, mas nós não vemos, ou negamos que estamos vendo, afinal, alguns mistérios podem pedir que abramos mãos de dogmas religiosos nos quais estamos confortavelmente conformados. (Conformar: tomar a forma de algo). 
      Deus não esconde as coisas como nós homens escondemos, por vaidade e insegurança, para nos exaltarmos sobre os outros ou manipulá-los. Há um antagonismo no ser humano, enquanto seu espírito é água, seu corpo é aquário, que não só prende a água, mas congela-a, roubando dela a liberdade, uma de suas importantes características. Ainda que nossos homens interiores não queiram, nossa existência no mundo gosta de ser formatada, usando formas que grupos sociais aprovam em tradições. Isso nos dá um sentimento de pertencimento a algo maior que nós, que faz com que nos sintamos protegidos e abrigados num mundo com coisas desconhecidas e imprevisíveis. Gelo ainda é agua, mas fora de seu melhor estado. 
      Nem água, nem gelo, após a morte Deus nos transformará em ar, que flutua e se eleva, acima da terra dos homens, então, conheceremos como somos conhecidos. De novo, perdoe-me as simbologias, mas se não podemos ser ar no mundo, também não precisamos ser gelo na forma, ainda que como água possamos estar em formas, mas sem deixarmos que nos congelem. Só na liberdade do Espírito Santo podemos ver e entender os sinais para então vivermos a verdade. Os sinais dos tempos são claros, por eles podemos entender que coisas estão próximas de ocorrerem, ainda que não devamos ser paranoicos, achando que certas coisas ocorrerão dramaticamente e desobedecendo leis naturais que Deus estabeleceu. 
      O ponto desta reflexão, contudo, não são sinais para acontecimentos do coletivo, como o fim dos tempos, me refiro desta vez a sinais para nossas vidas pessoais. Quem anda no Espírito é avisado por Deus, creio nisso, principalmente sobre eventos decisivos, mesmo que não tenha experiência com manifestação de dons espirituais, que seja um protestante mais racional. Uso com frequência o termo manifestação junto de dons espirituais, isso porque creio que todo o que tem o selo do Espírito Santo possui dons, mas que podem não ter sido manifestados por alguma trava emocional. Por isso a questão não é o cristão ter ou não dons, mas eles já terem sido manifestados ou não, isso tem a ver com o emocional, não com o espiritual.
      O maduro teve tempo de avaliar escolhas e tempo, entendeu que para toda ação há proporcional reação, sabe que nada ocorre sem antes dar aviso. Cego é o ateu, que por não poder provar cientificamente ou por odiar tudo que se diz representante de Deus, legitimamente ou não, nega-se a usar as ferramentas espirituais que Deus dá a todos. Esse também recebe sinais, Deus não faz acepção de pessoas, mas não dá importância a eles até que a vida lhe ponha numa situação onde o materialismo não pode ajudá-lo, só a fé no espiritual pode. Que sinais a vida tem dado-lhe? Nuvens podem ter coberto o céu, trovões podem estar soando, relâmpagos acontecendo, ainda assim você não se prepara para o temporal que se aproxima no horizonte.
      “De um só homem fez todas as nações para habitarem sobre a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem Deus se, porventura, tateando, o possam achar, ainda que não esteja longe de cada um de nós; pois nele vivemos, nos movemos e existimos, como alguns dos poetas de vocês disseram: "Porque dele também somos geração"” (Atos 17.26-28). Deus é tão real quanto o Sol, aliás, mais real que o Sol, pois existia antes desse e continuará existindo depois que esse se apagar. Quantas provas irrefutáveis já tive da abençoadora presença de Deus, sempre me dando esperança e me livrando. Esse Deus real sempre me avisa sobre a vida e a morte, a tempo de me preparar. 
      “Jesus, porém, disse: Até vós mesmos estais ainda sem entender?” (Mateus 15:16), que os da luz não estejam em trevas, cegados pelas tradições religiosas, por egos moralistas, mas sem a genuína humildade, que não se conformem com o mundo fora dos templos, nem com o mundo dentro de templos. Não e fácil não se deixar congelar em formas, bancos de templos são confortáveis, ficamos lá participando de liturgias legitimadas por décadas, crendo que estamos baseados em crenças do evangelho original, assim fundamentados na verdade maior de Deus. Mas quanto a nossos homens interiores, estão libertos do pecado, têm paz, conseguem pôr em prática o que dizemos crer? Ou são apenas pedras de gelo que não veem os sinais?

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