27/10/19

Isaías 55

      Os treze versículos do capítulo 55 do livro do profeta Isaías é um texto rico que nos ensina várias lições:

      “O vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as firmes beneficências de Davi.

      O que realmente alimenta nossa alma? Feliz o que satisfaz-se com o alimento de fato espiritual, esse alimento Deus dá de graça. Contudo, muitos perdem a vida, tempo e energia, ganhando dinheiro para comprar o que menos pode alimentar o melhor de nós, nosso espírito, que viverá eternamente com Deus. O texto acima nos faz um alerta, “comei o que é bom, ouvi e vossa alma viverá”, paremos então de encher nossos estômagos de porcarias e alimentemo-nos com a presença do Senhor, paremos de ouvir também tanta bobagem e ouçamos a voz de Deus. Se temos direito a uma aliança divina, porque temos que nos gastar com alianças que a nada levam? Alianças com o mundo, com o homem, mesmo com a religião? 

      “Eis que eu o dei por testemunha aos povos, como líder e governador dos povos. Eis que chamarás a uma nação que não conheces, e uma nação que nunca te conheceu correrá para ti, por amor do Senhor teu Deus, e do Santo de Israel; porque ele te glorificou.

      Deus honrou a Jesus, ele chama a todos à salvação e todos se quebrarão diante dele, mas Deus também nos chama à honra, não necessariamente como achamos ou como os homens acham que seja honra, mas de uma coisa precisamos ter certeza, Deus quer que todos os seus filhos sejam humildes, mas não os quer em posição de humilhados, Deus tem a porção certa, no lugar e no tempo certo, de honra para todos nós. 

      “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.

      Outra chamada de atenção o texto acima nos faz, e uma muito séria, “busquemos a Deus enquanto ele pode ser achado”, mas neste muito, em algum momento Deus nos priva de atenção e salvação? Não, enquanto há vida, há esperança, contudo, nossas almas, podem errar tanto, sofrerem tanto, que acabam consumidas por rancores e remorsos, isso pode-nos levar à cegueira e à surdez espiritual, assim, mesmo que Deus apareça e nos chame, nós não vemos e nem ouvimos, essa é a situação de sentir que Deus não se pode mais achar e está muito distante. A verdade, contudo, é uma, neste mundo os que buscam e creem recebem cura e consolo do Senhor. 

      “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.

      Se nossa fé é colocada só em nós mesmos, nos fazemos nossos deuses, como tais terão os limites que nós temos, muitos acham que buscam e creem em Deus mas creem no ser humano, neles mesmos e nos outros homens, assim esperam menos, creem menos, amam menos, simplesmente porque têm referências erradas. Só o Espírito Santo para nos fazer entender, sentir, crer e experimentar as referências de Deus, e elas são infinitamente maiores, abundantemente melhores, maravilhosamente mais altas, todas, em todos os sentidos e em todas as áreas, mas repito, ainda que não sejam as medidas de Deus como muitos pensam que são. 

      “Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.

      A palavra tem poder, Jesus é o verbo de Deus, assim ele é a palavra de Deus, Jesus estava presente na criação e está na atuação do Espírito Santo em nossas vidas hoje. Deus nunca joga palavra fora, a palavra de Deus nunca é vazia, ao contrário de nós que falamos e falamos e não cumprimos o que falamos, se o Deus verdadeiro falou, a palavra se cumprirá, em algum momento, em algum local. A nós cabe caminhar com simplicidade e sincronicidade com o Espírito Santo para que experimentemos aquilo que muitos chamam de milagre de Deus no tempo e no lugar certo. Contudo, muitos esperam uma palavra que nunca se cumprirá, porque a despeito do que pensam e do que outros dizem, esperam numa palavra que Deus nunca disse. Pobres os que fizerem promessas aos homens no nome de Deus quando Deus não mandou que fizessem, esses terão maior juízo que os promíscuos e imorais, porque não pecaram só contra a carne, seus corpos, mas contra o Espírito de Deus. 

      “Porque com alegria saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cântico diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas. Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta; o que será para o Senhor por nome, e por sinal eterno, que nunca se apagará.

      Esse maravilhoso texto de Isaías encerra-se com lindas e poéticas promessas, ainda que reais, sairemos e caminharemos em paz, não por discórdia ou humilhados, mas na luz, seguindo o Deus de paz que transforma espinheiro em faia, sarça em murta. O que teme a Deus de verdade prova o melhor deste mundo e do próximo, porque vê e sente diferente, vê com os olhos do Espírito Santo e sente com o novo homem que é construído nele a partir de Jesus. O que anda com o Senhor glorifica a Deus e cumpre o plano cósmico vencedor, que o conduzirá a uma paz eterna. 

26/10/19

Vítimas?

      De todos os tipos de teimosos, que insistem em não querer mudar de vida, em resolver de fato seus problemas, os que se fazem de vítimas são os piores. É gente tão complicada que muitas vezes é melhor nem se aproximar, se de fato não tivermos orientação de Deus para isso, podemos acabar sendo tratados como agressores, e não como amigos. Os que se fazem de vítimas têm a habilidade de inverter a situação, interpretam as coisas ao contrário da verdade, sempre se tornam vítimas, e os outros, agressores, eu sei disso, joguei esse jogo desleal por muito tempo em minha vida. Joguei porque tinha motivos, não justificações, mas explicações, já que de fato fui vítima de agressor por muito tempo, e também é assim com muitos que se fazem de vítimas, eles de fato foram vítima em algum momento. 
      Essa realidade é a que dá aos auto-vitimizados legitimidade para continuarem se colocando como injustiçados, como perseguidos, como pobres vítimas, contudo, diante de Deus, isso não basta pra que ninguém tenha justificativas para se colocarem o tempo todo como coitados, para não assumirem seus erros, e principalmente, não é motivo para tratar os outros injustamente. Por os maiores agressores foram as maiores vítimas, mas vítimas que não se resolveram em Deus, infelizmente, o meio das igrejas cristãs está repleto de gente que achou na vitimização uma cama, se deitou nela e nunca mais se levantou. Não temos culpa de alguém dizer que não servimos pra nada, mas somos culpados por passar toda uma vida acreditando nessa mentira.
      Deus não quer isso pra ninguém e a todos dá condições de virar o jogo e vencer a violência que sofreram e lhes impôs uma condição inicial de vítimas, basta que queiram e creiam. Contudo, uma condição instalada por muito tempo, mesmo que ruim, pode se constituir em identidade, forte, que define a pessoa, que lhe dá motivos, ainda, que mórbidos, para viver. A grande vantagem desse estilo doentio de vida é que compensa os próprios erros, nada que se faça é pior que o que a eles foi feito, assim tem-se desculpa para errar, e quando alguém é magoado diz-se a si mesmo, “me magoaram muito mais que isso, é frescura”. Os insensíveis são justamente as grandes vítimas, sofreram tanto que não acham mais legitimidade no sofrimento alheio.
      Contudo, se é preciso humildade para se assumir que se agrediu alguém, e então buscar, receber e se apossar de perdão, é preciso muito mais humildade para deixar de se por como vítima, isso porque a vítima já se considera humilde o suficiente. O começo do processo de cura é perdoar o agressor original, isso não significa ter de conviver de perto com ele, aliás muitas vezes é preciso se afastar e muito. Mas mais que distância física, é preciso distância emocional, tirar de vez o agressor do coração, perdoá-lo, deixá-lo ir, para sempre. Quando isso é feito, o mal é anulado na raiz e o sentimento de vitimização começa a perder o sentido, torna-se menor, desnecessário.
      Depois é preciso construir em si mesmo uma identidade sadia, suficiente, forte, não precisa ser alguém obsessivamente grande, mas equilibrado, o suficiente para produzir uma vida independente, responsável, liberto do passado e sem necessidade de prender outras pessoas em cárceres como novos agressores. É preciso se libertar do vício da auto-vitimização que a partir do primeiro agressor sempre tinha a necessidade de criar novos. Para muitos o agressor é algo muito grande, maior até que Deus, mas esse agressor só pode ser destronado com perdão, não com violência. Muitos passam a vida assim, colecionado agressores, substituem pai ou mãe por marido ou esposa, marido ou esposa por outros maridos ou esposas, por chefes, por pastores e assim vai.
      Nessa libertação a pessoa aprende a tomar iniciativas de fato positivas, pois o que se faz de vitima sempre exige que os outros façam por ele, que os outros o beneficiem de algum maneira, achando-se no direito de podem permanecer passivos só “curtindo” a dor a auto-comiseração. Por último devemos admitir que como outros nos agridem, nós também agredimos a outros, e muitas vezes de maneira absolutamente injusta, cega, só por mera vingança. Aliás, no coração do auto-vitimizado nasce todo tipo de mal, vingança, inveja, ódio, mentira, que ele não chama de agressões, mas de dores com bons motivos para existirem. Um dos principais males de se auto-vitimizar, todavia, é não conseguir entender e experimentar a salvação de Jesus, só Jesus foi vítima de verdade até o fim, e o foi para nos salvar. 
      Na verdade o que se auto-vitimiza não sente de fato a necessidade de redenção, ainda que ame frequentar cultos e missas, que seja um religioso devotado, que tenha empatia com o cristianismo, principalmente com aquele que celebra o Cristo homem sofredor na cruz, mais que o Cristo Deus ressuscitado e salvador. Sim, as duas coisas são facetas do verdadeiro evangelho, mas o que se arrepende e se vê como pecador vivencia e celebra o Cristo Deus Salvador eterno, pois sabe que sem ele não tem cura, não tem perdão, não tem paz. Não posso encerrar esta reflexão sem compartilhar o texto de Isaías 53, onde o profeta prediz em detalhes o sofrimento da obra messiânica de Cristo e nos fala sobre toda a dor de uma verdadeira vítima. 

      “Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. 
      Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.” 
Isaías 53.2-7

25/10/19

O maior dos arrependimentos

      "Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento." Eclesiastes 12.1

      Sirvamos a Deus o quanto podemos na juventude e enquanto temos forças, porque na velhice as forças se vão, os arrependimentos vêm. O maior deles, que teremos mais dificuldades para conviver se tememos a Deus de fato, é o de não termos aproveitado nosso melhor tempo fazendo a melhor de todas as coisas, servir a Deus. Arrependimento melhor é o que é um efeito por algo que não fizemos mas que podemos usar usar como causa para fazermos algo, nós seres humanos somos orgulhosos e temos necessidade de pagar as coisas, mesmo o perdão de Deus não queremos receber de graça, e isso tem um lado positivo.
      Contudo, arrepender-se por ter feito algo errado e receber o perdão de Deus, porque Deus sempre perdoa os que o buscam, mas não ter novamente a chance de fazer a coisa certa, exige de nós muito mais fé e resignação, principalmente na velhice quando as oportunidades se tornam escassas. É na velhice que nossa fé é mais provada, que nossas verdades vêm à tona e são reveladas aos homens, é na velhice que as máscaras caem e ficamos emocionalmente nus diante do mundo. Ninguém pense que se safará disso, assim, enquanto pode, esforce-se, e muito, não meça trabalho para desempenhar seu melhor. 
      Principalmente na juventude temos a paixão, sim, uma energia até certo ponto indomável, mas que pode nos levar a obsessões construtivas, ao mesmo tempo que pode nos dar forças para nos apossarmos da esperança que existe uma nova chance a cada esquina da vida que nos limpa das coisas destrutivas que fizemos obsessivamente. Mas com o tempo a paixão se esfria, pelo menos a interação dela com o plano físico, com à matéria, com o nosso corpo, apagar-se de vez isso nunca acontece, não com a maioria das pessoas. Mesmo velhos, ainda mantemos a chama da paixão acesa, só se torna mais difícil realizá-la. 
      Temos, todavia, uma vantagem na velhice, aprendemos a discernir paixão da carne da paixão acesa pelo Espírito Santo que é muito mais sútil e que respeita nossa vontade, à medida que só se realiza se permitirmos. Nesse aspecto, a velhice pode ser a melhor idade porque nela qualidade é valorizada acima da quantidade, e se tivermos ainda alguma força física, poderemos realizar ainda algumas coisas, e quiçá, as melhores de nossa existência neste mundo. Quais coisas? Aconselhar, monitorar, liderar os mais jovens, seremos enfim humildes mestres, e acredite, essa é a vontade do Senhor para todos, a maturidade.

24/10/19

Graça nos faz sorrir

      “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” II Coríntios 12.9-10

      Saindo um pouco da lição mais conhecida do texto acima, que um grande servo de Deus aprendeu quando recebeu de Deus um não a uma oração que fez pedindo que fosse livrado de uma fraqueza que o envergonhava tanto, penso um pouco mais na palavra graça. Com relação a Deus significa algo que ele nos dá sem pedir nada em troca, nossa salvação em Cristo é a maior das graças do Senhor. Com relação aos homens é algo que recebemos e pelo qual não precisamos pagar nada, ganhar um sorteio é algo que alegra qualquer um. Mas graça também significa algo que nos faz sorrir mesmo sem termos ganho nada objetivo, rimos só pela graça. 
      Algo engraçado nos leva a gargalhadas, na vida isso geralmente ocorre quando vemos alguém sendo surpreendido por algo, que faz com que a pessoa perca o rumo, pare de fazer algo que parecia normal porque algo inusitado aconteceu, alguém tropeçando, geralmente nos faz rir. Mas as coisas que bebês e crianças inocentes dizem e fazem também nos fazem rir, e esse não é um riso causado porque alguém sofreu algo, é só o jeito diferente que algo foi feito ou dito. Isso deixa o inocente feliz, visto que achou empatia por algo que estava fazendo, foi louvado mesmo que só por nos ter feito sorrir. A graça de Deus nos basta, e deveria bastar não só para que aceitemos com resignação uma coisa que não tem solução, na maioria das vezes algo não tão bom, mas deveria ir além. 
      De fato deveríamos nos sentir felizes, gratos, com um sorriso de orelha a orelha, só por saber que ainda que tenhamos fraquezas e limites com os quais teremos de conviver até o fim, temos a graça de Deus para nos equilibrar, nos suprir, a graça que cuida de nós e compensa tudo o que nos falta. A falta, o limite, na verdade são oportunidades, oportunidades para experimentarmos mais a maravilhosa graça do pai, assim, que bom que somos defeituosos, humanos, tem um Deus poderoso que nos sustenta, que nos ama, um Deus gracioso. O apóstolo Paulo foi além, não só aceitou o não de Deus e o seu limite, não só glorificou a Deus por sua graça, mas se sentiu honrado por ser o que era, talvez porque enfim entendeu e aceitou o que era. Ele aprendeu que era forte quando era fraco. 
      Quando aceitamos o que somos, paramos de lutar com nós mesmos, e isso, só isso, já nos faz mais fortes, porque deixa mais tempo e energia sobrando para que possamos fazer o que realmente importa, servir a de Deus. Se for o teu caso, pare de lutar, se já orou, aceite a vontade de Deus, apenas siga, dependendo da graça de Deus, de mais nada, é só isso que Deus espera para poder abrir a porta que você tanto bate, que aceite o teu limite. Quando isso acontecer, parará de fazer e deixará que Deus faça, afinal de quem é tua vida? Você não a entregou a Deus? Então aceite que ele a aceitou, e do jeito que é, com todas as fraquezas, aliás Deus não precisa mais que isso. O resto ele fará, de graça, de modo que você possa compartilhar essa graça com outros que não têm nada para dar, apenas esperam que a graça de Deus se manifeste e os salve. 

23/10/19

Buscar a Deus deveria ser um fim em si mesmo (Parte 2)

      “O Senhor, pois, tornou a chamar a Samuel terceira vez, e ele se levantou, e foi a Eli, e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Então entendeu Eli que o Senhor chamava o jovem. Por isso Eli disse a Samuel: Vai deitar-te e há de ser que, se te chamar, dirás: Fala, Senhor, porque o teu servo ouve. Então Samuel foi e se deitou no seu lugar. Então veio o Senhor, e pôs-se ali, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve.I Samuel 3.8-10

      Você busca a Deus para pedir a ele uma bênção? Saiba que só o fato de você buscar a Deus já é uma bênção em si, quem faz isso de coração nem se importa se a resposta será um sim ou um não, a esse basta estar em comunhão com o pai e abrir para ele o coração. Terrível é passarmos por uma luta e não termos ânimo para orar ao Senhor, não termos fé de que Deus possa nos ajudar, não termos esperança que de algum jeito Deus vai nos ouvir e vir em nosso socorro. Contudo, muitas vezes nos acostumamos tanto a pedir coisas ao Senhor em oração que não vemos que orar já é uma bênção sem medida, é prova que o Espírito Santo está nos atraindo à presença do pai, é provar que o pai nos chama de filhos. 
      Não pensemos nunca que buscamos a Deus porque somos crentes, porque somos servos fieis, porque somos pessoas espirituais tementes ao altíssimo, não temos nenhum crédito por nos aproximarmos de Deus, o crédito é só de Deus. É Deus quem nos atrai, e sempre com uma voz mansa, porque a voz mais poderosa do Senhor não se manifesta em meio a uma tormenta, num brado ao estilo do filme “Os dez mandamentos” de Cecil. B. DeMille (1956), com uma trilha sonora grandiosa e sinfônica ao fundo, na verdade a trilha sonora preferida de Deus é o silêncio, além do mais quando estamos com a alma torturada berros não nos atraem, nos assustam ainda mais. 
      O Senhor, contudo, o Senhor Deus verdadeiro e único Deus, é sempre elegante e suave, simplesmente porque ele não precisa gritar, mas também porque nos respeita, nos conhece, nos trata com um delicado amor. É nessa fineza que o altíssimo nos atrai à sua presença e nos chama a buscá-lo, e isso é A bênção maior, o que advém disso é mera consequência, é a vontade de Deus se manifestando aos predestinados a ouvirem sua voz sempre que ele chama. Quanto tempo teremos que sofrer, por quantas lutas teremos que passar, quantas decepções teremos que experimentar, quantos nãos teremos que receber para entender isso? Para entender que Deus só quer que paremos tudo e o escutemos? 
      Ao profeta Samuel bastou uma terceira chamada, e ainda jovem aprendeu a ouvir a voz de Deus. “Fala, porque o teu servo ouve”, só isso, parar e ouvir a Deus, sem pedir e pedir, sem barganhar fé por bens materiais, apenas conhecer a sabedoria do Senhor, receber seu consolo, aprender sobre justiça com o justo dos justos, a ser santo com o santo dos santos, para então poder caminhar por esse mundo tão difícil em paz, estudando, trabalhando, fazendo alianças com gente de bem e sendo fiel a elas, enfim, sendo cristão como foi Cristo, produzindo uma igreja cristã pura, o mais parecida possível com aquela que morará eternamente com Deus no céu. 
      Se procedermos assim o mundo provará um Deus poderoso, não por dar coisas, mas por transformar vidas de verdade, o mundo conhecerá um Senhor espiritual, não por realizar milagres materiais, mas por gerar virtudes nos corações. É desse Deus que precisamos e ele existe, nos espera, aguarda que parecemos de pedir coisas desse mundo e busquemos em primeiro lugar o seu reino. Buscar a Deus deveria ser um fim em si mesmo, buscar só por estar com ele, mais nada. Os sábios que amadurecem com o tempo e não se amarguram com ele entendem isso, esses provam a mais preciosa das delícias, simplesmente estar na presença de Deus, como Enoque, que por isso nem morreu, foi arrebatado em vida. 

22/10/19

Buscar a Deus deveria ser um fim em si mesmo (Parte 1)

      “Mas ele lhes respondeu, e disse: Uma geração má e adúltera pede um sinal, porém, não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas; Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra. Os ninivitas ressurgirão no juízo com esta geração, e a condenarão, porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis que está aqui quem é mais do que Jonas.Mateus 12.39-41

      Buscar a Deus deveria ser um fim em si mesmo, aceitá-lo, adorá-lo, conhecê-lo já nos deveria bastar, e não só como contemplação passiva, mas isso deveria ser o suficiente para que quiséssemos agrada-lo e servi-lo, pelo simples fato de estarmos em sua presença. Contudo, como as pessoas usam a fé para conseguir de Deus alguma coisa, como buscam a Deus com segundas intenções, como acreditam que se Deus não fizer um milagre físico ele não é Deus, aliás, pregam e buscam Deus só por isso, porque tem poder para manifestar bênção no plano físico. 
      Eu me pego assim muitas vezes, quando surge um problema, quando tenho que decidir sobre algo que me dará um retorno material, penso, “preciso buscar a Deus, preciso PEDIR isso a ele”, como se Deus fosse um caixa de banco e nós, correntistas com um crédito imenso a ser descontado (ainda que eu use a obra de Cristo como direito para que eu tenha esse crédito). Sim, o crédito existe, em se tratando de perdão espiritual, mas quando cresceremos, deixaremos de ser filhos meninos e mimados, que só buscam a Deus para obter retornos materiais? 
      Vender um Deus todo-poderoso que faz milagres, todavia, é produto bom e muitos querem vendê-lo, obviamente para ficarem com os lucros dessa venda e usarem em benefício próprio, neste mundo. Assim, muitos, ao invés de serem usado por Deus, usam a Deus, e vá alguém dizer algo contra esses, eles dirão que estamos nos levantando não contra eles, mas contra o todo-poderoso. Deus faz proezas, eu não tenho dúvidas disso, já provei várias, em todas as áreas de minha vida, mas faz porque andamos com ele, ainda que muitas vezes peçamos coisas erradas e nos momentos errados. 
      Deus dá pela misericórdia, por seu amor, já que se fosse esperar que nós estivéssemos prontos para receber nunca daria, ou teria que esperar muito tempo. Mas nós não suportaríamos esperar, assim Deus planejou no início dos tempos nos dar tudo o que precisamos, se soubéssemos mesmo disso, ou se se confiássemos nisso, pois ainda que saibamos não conseguimos confiar, não pediríamos nada, apenas contemplaríamos sua presença, em adoração e depois faríamos tudo para agradá-lo com uma vida virtuosa enquanto fazemos a nossa parte neste mundo trabalhando. 
      O texto inicial é revelador, “uma geração má e adúltera pede um sinal, porém, não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas”, Jesus não se referia a Jonas, mas a ele, ele não era só um homem que morreria, mas Deus que ressuscitaria, essa é a grande sacada do evangelho, o que diferencia o cristianismo de qualquer religião. Uma geração má e adúltera, egoísta e hedonista, infantil e materialista, isso somos nós, todos nós, você e eu! Estamos encarnados e temos muita dificuldade para entender as virtudes espirituais, ainda que saibamos que na carne vivemos menos de cem anos, e no espírito toda a eternidade. 

21/10/19

O consolo do meu Deus

      “Porque eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita; e te digo: Não temas, eu te ajudo. Não temas, tu verme de Jacó, povozinho de Israel; eu te ajudo, diz o Senhor, e o teu redentor é o Santo de Israel.Isaías 41.13-14

      Algo que nada pode substituir, que nenhuma religião, que nenhum conhecimento mágico, que nenhuma filosofia pode dar, é o consolo pleno, no tempo certo e afetuoso de um Deus que é pai. As religiões podem até nos confortar afetivamente, mas muitas crenças não são em Deus, mas em ídolos, em homens e mulheres mortos, em imaginações que trabalham muito mais as carências com soluções psicológicos que com realidade espiritual. 
      Outras experiências ocultistas podem oferecer explicações de mistérios, mesmo revelações do outro plano, contatos com entidades, mesmo uma realidade espiritual, mas tudo coberto de complicados rituais, que se não forem feitos do jeito e no tempo corretos podem virar o feitiço contra o feiticeiro. Filosofias, por outro lado, podem trazer algum alento intelectual, baseadas na ciência, na racionalidade, na matéria, mas são frias respostas do vazio da alma que nega a Deus, ainda que razoáveis e lógicas. 
      Só Deus dá aquele consolo que enche nossa alma de alegria, no exato momento que precisamos e que s que não temos mais ninguém e nem nada para nos ajudar, e isso de uma forma humana, pessoal, paternal, como o abraço puro e sincero de mãe. Deus é maravilhoso por isso, o capítulo 41 de Isaías é um desses consolos, que por mais que a gente leia, que por mais que nos preguem, que por mais que ouvimos e lemos, sempre soará como uma brisa fresca, limpa e nova, que nos levanta e nos faz seguir em paz. 
      “Não temas porque eu o Senhor tomo pela mão a você, que se sente tão pequeno, fraco, desprezado, injustiçado, você que se sente um pequeno verme dentro de uma goiaba, insignificante, não temas, eu, Deus, sou teu redentor, mais ninguém, estou vivo, atento e nunca te deixarei“. Por isso amamos ao Senhor, por isso Jesus é tão especial, por isso quem começa a andar com Cristo pode passar por muitas provas, mas nunca desistirá de segui-lo. 

20/10/19

O poder pertence a Deus

      “Grandes homens não buscam o poder, o poder é colocado sobre eles”, ouvi essa frase num filme, como é verdade. Num momento quando todos buscam empoderamento (palavra da moda), quando a agenda anti-Cristo quer empoderar o indivíduo para tirar o poder de Deus, perde-se o conceito de ter por merecer, e afirma-se o ter simplesmente pelo querer. Não estamos dizendo que as pessoas não devam lutar por direitos e que não devam usufruir deles com liberdade, principalmente algumas minorias que foram tão escravizadas e impedidas por séculos de serem livres e terem os mesmo direitos que outras maiorias. Contudo, é perigoso dar poderes excessivos às crianças, passando por cima de pais, a afro-descendentes, passando por cima de estudo e trabalho justo, dar poderes a outros que podem de fato nem serem capazes de administrarem seus direitos visto que podem ser limitados mesmo por doenças mentais. 
      Sábio é temer a Deus e saber que mesmo que façamos nossa parte, mesmo que a sociedade seja mais justa, mesmo que o mundo seja mais tolerante, muitas potências não devemos receber de graça, por algum direito especial, todos são especiais e se todos são, ninguém é. Conceder um direito especial a alguém porque é minoria pode, em muitos casos, não ser tolerante, mas preconceituoso às avessas, visto que enfatizamos algo que faz de alguém diferente da maioria do contexto para dar a ele algo facilitado. Ser tolerante e não agir com preconceito é tratar a todos de maneira igual, assim qualquer espécie de cota é preconceito às avessas, que acaba sendo preconceito do mesmo jeito, pois a pessoa adquire um direito não por esforços próprios em um sistema igualitário, mas simplesmente porque é diferente. Se é diferente não é igual, se alguém é tratado como não igual então está sofrendo preconceito, ainda que esteja aparentemente sendo protegido por isso. 
      O poder não é tomado, não num sistema justo (ainda que utópico em muitos casos), ele é dado aos merecedores, contudo, a maior das honras é receber algo não dos homens, esses podem ser sempre de alguma maneira convenientes, falsos, manipuladores. A honra maior é receber poder de Deus, e não me refiro a poder espiritual, esse Deus dá igualmente a todos, me refiro a poder intelectual, social, financeiro. Mesmo nas igrejas, células em que o evangelho deveria mandar, orientar, honrar, devemos esperar que o poder social nos seja dado por Deus, enquanto isso devemos andar em simplicidade e humildade, sem segundas intenções ou vaidades. Tantos almejam os púlpitos, principalmente nas pentecostais e neo-pentecostais onde o acesso é mais fácil, e para isso fazem de tudo para terem um microfone na mão, serem ouvidos e aplaudidos.
      Nas igrejas protestantes tradicionais existe um filtro de preparo acadêmico estabelecido que só autoriza acesso ao púlpito aos realmente preparados intelectualmente em faculdades e seminários, e não estou dizendo aqui que isso é melhor ou pior, é apenas diferente. Quantos, contudo, em todos os lugares, buscam um poder que não lhes é legítimo, que não merecem, que Deus não lhes quer dar. Que bom seria estarmos trabalhando, cuidando de nossas vidas, como os apóstolos, cada um no seu ofício, e Jesus nos ver e nos chamar, colocar sobre nós um poder, uma autoridade, uma missão, porque ele viu não em nossos discursos públicos, mas em nossas vidas privadas, em nossos corações, que estávamos preparados para receber tal potência. Que bom seria que nos sentíssemos surpreendidos nesse momento, e não andarmos amargos e nos sentindo injustiçados por não ganharmos dos homens o poder que achamos que merecemos. Na verdade, as melhores honras só ganham os que se acham absolutamente indignos delas. 

19/10/19

O que são as trevas?

      “Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz.Efésios 5.8

      Acostumamo-nos a dizer que fazer ou dizer isso ou aquilo é coisa do diabo, é coisa das trevas, mas o que de fato são essas trevas? Estar a vícios é estar nas trevas, facilmente aliamos as trevas a viciados em drogas, n bebida alcoólica, também enquadramos como nas trevas os adúlteros, os viciados em sexo, os presos a transtornas sexuais que não têm controle sobre obsessões na área da sexualidade. Trevas é ausência de virtudes, de valores morais e espirituais, é afastar-se do Deus verdadeiro e se aproximar de entidades, de anjos caídos, enfim, de maneira geral chamamos de trevas a falta do bem ou o excesso do mal. Mas será que é só isso que é trevas, só os criminosos, viciados, promíscuos é que estão em trevas?
      Fisicamente, andar em trevas é não saber onde se caminha e nem para onde se vai, enfim, é não ter um caminho reto e certo para andar, um objetivo para se alcançar, um bom objetivo. Ninguém que busca a Deus com boa sinceridade anda em trevas, ainda que a princípio esteja num caminho que muitos chamam de trevas, se há boa sinceridade Deus achar e encaminha. Já citei esse termo aqui antes, “boa sinceridade”, porque não basta ser sincero, tem que ser sincero com um bom objetivo. Muitos alegando sinceridade são estúpidos, maldosos, agridem e não abençoam, e ainda assim são verdadeiros, não são falsos. Mas não basta não ser falso, tem que ter um objetivo bom, um bom sincero, é a esse que Deus ouve.
      Contudo, mesmo dentro de igrejas, mesmo ministrando em templos, mesmo cantando louvores, mesmo profetizando, tem muitos que estão em trevas. Por quê? Porque só enxergam o que que querem, falam de Deus, cantam sobre Deus, mesmo se quebrantam emocionalmente, mas ainda como crianças espirituais, ainda que se considerem ungidos e maduros. Esses Deus ouve e deles cuida, mas ainda precisam de libertação para que conheçam e andem no verdadeiro caminho de luz. O caminho de luz só se vê de cima, só Deus o vislumbra, se queremos conhecê-lo temos que deixar que o Espírito Santo nos mostre, o Espírito é Deus em nós. O Espírito Santo não pode ser limitado, freado, controlado.
      Mas alguns podem argumentar, “mas eu dou liberdade para o Espírito Santo, eu choro, que clamo, eu danço...”, a esses dizemos, liberação emocional e física não representa necessariamente liberdade espiritual, e mais, liberdade do Espírito Santo em nós. Nos centros de afro-espiritismo as pessoas têm plena liberdade física, emocional e espiritual, dançam, cantam, se jogam ao chão, e experimentam um frenesi ímpar, que os coloca num transe profundo permitindo que se comuniquem com o mundo espiritual e tragam informações desse mundo para o plano físico. Ainda assim, tais pessoas, sinceras e sérias no que buscam, estão em trevas, trevas profundas. 
      Sim, alguns podem dizer, “mas minha interação é com o Espírito de Deus, não com espíritos malignos”, mas o ponto é que a verdadeira luz de Deus não se mede por experiências emocionais, ainda que essa luz possa nos impressionar emocionalmente de maneira profunda. Precisamos parar de medir causas pelos efeitos, achando que porque o efeito foi assim, a causa é legítima. Não podemos por a carroça na frente dos bois, como diz o ditado, isso é que muitas igrejas atuais estão fazendo, começaram buscando uma experiência maior com o Espírito Santo e acabaram buscando os efeitos da verdadeira experiência antes da causa. Por isso tanto descontrole, tanta vergonha, tanta “línguas estranhas” estranhas mesmo. 
      Por isso tanto emocionalismo que não muda a vida de fato, tanto choro, tanto louvor, mas que na prática não faz o evangelho genuíno ser vivido. Muitos estão em trevas achando que estão na luz, e a culpa é de muito pastor que prefere ter ovelhas equivocadamente espirituais que acabam sendo controladas com mais facilidade. Contudo, uma experiência espiritual verdadeira é substituída por um emocionalismo viciante, assim homens e mulheres buscam êxtases em congressos missionários, em vigílias, em “ungidões”, quando na verdade só estão vivenciado emocionalismo carnal. Repito, mesmo a esses Deus vê, ama, abençoa, mas acima de tudo Deus chama para que saia da primeira infância espiritual e cresçam espiritualmente. 
      Como sabemos se estamos na luz ou nas trevas? Não é pelo fato de não estarmos presos a nenhum vício carnal, aos prazeres físicos, aos excessos materiais, não só por isso. Podemos simplesmente estar trocando um vício por outro, outro que a princípio parece melhor, mas que no final será cadeia do mesmo jeito, assim como distanciamento de Deus. Ninguém pode ser criança para sempre, e quem só busca emoções está se prendendo numa periferia da vontade do Senhor que só é interessante enquanto somos crianças espirituais. Se quisermos ficar nessa posição para sempre, acabaremos nos afastando de Deus e sendo aprisionados por heresia humanas. 
      Luz é antes de tudo o centro da presença de Deus. Quem busca ao Senhor de todo o coração, sem amarras físicas, emocionais ou espirituais, tem uma experiência com a luz. A luz da presença de Deus em primeiro lugar nos revela como somos pecadores, assim o que anda na luz enxerga o próprio pecado, enoja-se dele e quer deixá-lo, imediatamente Andar na luz é amar a santidade de Deus, e isso é muito mais que querer obedecer a uma coleção de nãos. A santidade de Deus se deseja porque somos compungidos a amar a Deus, assim andar na luz é andar em amor pelo Senhor, não por medo, queremos obedecer porque amamos um pai de amor, não porque temos medo de um juiz vingador. 
      Luz é Deus, é santidade, é amor, mas acima de tudo, é adquirir uma consciência racional do que é melhor e querer praticar isso. A emoção vem depois, como efeito desse processo de iluminação divina, de conscientização, de conhecimento. Emoção não se entende, conhecimento sim, e sim, podemos entender muito sobre Deus depois, eu disse, depois, que cremos. Luz de Deus é santidade, é amor, é conhecimento de Deus e é prática de vida. Quer saber se de fato anda na luz de Deus? Na luz há frutos e frutos que permanecem, ainda que sejam frutos difíceis de serem colhidos e que podem levar anos para frutificarem. Mas não desistamos, na luz sempre há a verdade de Deus, que nos faz provar o melhor da vida. 
     Este espaço virtual, o blog “Como o ar que respiro”, tem um compromisso com a luz de Deus, com o centro da vontade do Senhor, com o amadurecimento espiritual dos cristãos através do conhecimento profundo do Altíssimo, através exclusivamente de Jesus e pela revelação pura e clara do Espírito Santíssimo de Deus. Essa luz está acima das religiões cristãs, das interpretações tradicionais do cânone bíblico, só essa luz prepara o homem para se encontrar com Deus, seja pelo arrebatamento ou pela morte física. Só essa luz pode vencer as últimas estratégias dos diabos, dos anjos rebeldes, das verdadeiras trevas. Glória ao pai da luz, ao Deus da iluminação maior, a Cristo Jesus, seu filho, e ao único Espírito iluminado, o Santo. 

18/10/19

Fraqueza grande exige consagração maior

      “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele.” I Coríntios 1.27-29

      A regra é simples, o que é mais fraco é o que precisa buscar mais a Deus e consequentemente terá uma intimidade maior com Deus. Ou aceitamos isso, essa regra que só é mais uma faceta do princípio fundamental do evangelho, onde tudo funciona de maneira oposta às regras do homem caído, ou nos fazemos prezas dos vícios, dos pecados, colocando a culpa nos outros, e até em Deus, mas não em nós mesmos. Assim, se caiu de novo e no mesmo erro, peça perdão, receba a purificação, mas medite profundamente no estado de reincidência, para não pecar de novo e de novo. 
      Enquanto neste mundo, sempre pecaremos, até nosso último suspiro como encarnados, mas o melhor é que o pecado diminua com o tempo, pelo menos o mesmos pecado. Para que isso aconteça não depende só de Deus, a parte dele ele faz, deixa-nos disponível o perdão em Cristo e nos dá o consolo do Espírito Santo para seguirmos perdoados. Deus não se cansa de amar, e sempre nos chama ao arrependimento, assim como neste mundo sempre nos espera para que acertemos as coisas, sempre. Não permita que nada e nem ninguém, nem você mesmo, te convença que não existe mais jeito, mais uma chance, mais um perdão. 
      Mas para que tenhamos uma libertação precisamos querer, e para querer é preciso se posicionar, pensar profundamente em porque certos pecados são tão reincidentes. Isso a princípio é uma atitude muitos mais racional que emocional, um posicionamento de fé, que depois então modifica nossas emoções, nossos desejos, nossas fraquezas. Quem acha a convicção aprende a vigiar, a andar no mundo com mais cuidado, com mais cautela, procurando ficar o mais longe possível daquilo que é para ele tentação, daquilo que ele sabe que se aproximar-se demais poderá fraquejar. 
      Contudo, o que se consagra, que busca, que vigia, adquire uma vida espiritual de mais qualidade, e assim, conhece a Deus de maneira diferenciada. Você pensa que os grandes homens de Deus, os da Bíblia e tantos outros, eram os homens mais fortes? Não, eram justamente o contrário, os mais fracos, e o episódio do espinho na carne de Paulo, que tantas vezes já refletimos aqui, é prova disso. Veja também a vida de Moisés, que teve que passar quarenta anos esquecido no deserto cuidando de ovelhas para aprender a ser manso, ou de Davi, que mesmo no auge de seu reinado adulterou, ou de Pedro que negou a Cristo três vezes antes de entender sua chamada. 
      Mas eles aprenderam a depender da misericórdia de Deus, grandes fraquezas precisam de uma fortaleza ainda maior para serem vencidas, e os fracos descobrem em Deus a maior das forças. Nessa ligação eles conhecem a Deus e consequentemente entendem mais a si mesmos e aos homens, esses, os fracos fortalecidos no Senhor, são os mais aptos a fazerem a obra de Deus neste mundo, são esses que Deus chama de maneira especial. Assim, levante-se, peça perdão, posicione-se de maneira diferente, cuide-se melhor, e obedeça a chamada que Deus tem pra você. 
      Não adianta ficar se remoendo em remorsos, o Senhor tem um plano maravilhoso para sua vida, ele só espera que você entenda isso. A fraqueza acaba sendo não uma limitação, mas uma oportunidade para conhecer mais a Deus, visto que os que se acham fortes, sãos, lúcidos, ou que não se arrependem de seus pecados, os orgulhos, não assumem seus pecados e não buscam o perdão do Senhor. Ninguém deve se gloriar por ser fraco, mas devemos nos sentir honrados por termos a noção que dependemos muito de Deus e que só nele podemos nos fortalecer, feliz o que é atraído por Deus e que responde com um humilde sim a essa atração de amor. 

17/10/19

Em que se baseiam nossas alianças?

      “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; e ele lhes mostrará a sua aliança.Salmos 25.14

      É dito que somos as escolhas que fazemos, as alianças que estabelecemos, os amigos que nos aproximamos, assim, existem dois tipos de afinidades no mundo, num tipo as pessoas as têm apoiadas nas fraquezas das outras pessoas, no outro tem-se apoiando-se nas virtudes. Onde você se apoia quando faz uma aliança com alguém, nas fraquezas ou nas virtudes desse alguém? Em primeiro lugar é preciso entender que buscamos pessoas parecidas com a gente, com coisas em comum, porque isso é mais fácil. 
      É muito mais cômodo obter auxílio, empatia, apoio, de gente com os mesmos objetivos que nós, assim o ocioso buscará companhia de ociosos porque esses não cobrarão dele que saia de sua ociosidade. Por outro lado o trabalhador fará aliança com o trabalhador que cooperará com ele em seu objetivo de trabalho. Essas afinidades ficam bem claras principalmente no meio profissional, nas empresas, mas também existem nos casamentos e mesmo em igrejas. 
      Quem se apoia nas fraquezas buscará o pior dos outros, o lado negro, e achará nisso algo em comum para estabelecer uma comunhão. Quem se apoia nas virtudes buscará o lado melhor, construirá uma aliança de benefício mútuo fundamentada naquilo de bom em comum, de construtivo, que alguém tem. O covarde sempre busca o pior e através de manipulação tira proveito disso, assim um inimigo em comum pode unir dois estranhos que no fundo só têm ódio como afinidade que os una. 
      Muitos se unem por terem os mesmos medos, as mesmas inseguranças, as mesmas doenças de alma e de espírito, esses não querem cura, mas alguém que lhes ajude a alimentar um mal que acabou sendo uma identidade, uma bandeira. Esses querem continuar se destruindo e destruindo os outros. Quem faz aliança baseada em virtudes busca cura, manter-se curado e ainda poder compartilhar de forma produtiva essa cura com outros. Quem se apoia nas fraquezas se esgueira por caminhos sombrios, faz as coisas às escondidas.
      Quem sem apoia nas virtudes, todavia, ama a luz e nela se constrói, mas que aliança é mais iluminada que a que fazemos com Deus? Deus joga limpo, faz as coisas às claras, não tem nada a esconder, nessa aliança o nosso melhor aparecerá e aumentará. Nessa aliança não temos nada a temer e tudo que precisamos saber nos é revelado, na aliança de luz do Senhor há verdade, e a verdade é rocha e escudo para os justos. Quem faz uma aliança em Deus conhece os segredos do altíssimo e dele é amigo.  

16/10/19

Por Cristo estamos de pé!

      “A minha alma está pegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra. Eu te contei os meus caminhos, e tu me ouviste; ensina-me os teus estatutos. Faze-me entender o caminho dos teus preceitos; assim falarei das tuas maravilhas. A minha alma consome-se de tristeza; fortalece-me segundo a tua palavra. Desvia de mim o caminho da falsidade, e concede-me piedosamente a tua lei. Escolhi o caminho da verdade; propus-me seguir os teus juízos. Apego-me aos teus testemunhos; ó Senhor, não me confundas. Correrei pelo caminho dos teus mandamentos, quando dilatares o meu coração.salmos 119.25-32

      O salmista sentia sua alma moída, dolorida, pesada, já que a via presa ao pó, isso é um estado profundo de tristeza. O que sabemos do salmista Davi, e através dos salmos que ele escreveu (Davi não escreveu todos os salmos do livro), é que ele era muito perseguido, e a história nos conta isso, antes de sua assunção como rei. Depois que recebeu a promessa de Deus de um reinado legítimo, ainda teve que aguardar um tempo, e enquanto isso foi perseguido pelo rei Saul, deposto por Deus, mas ainda reinando sobre Israel. A perseguição levou Davi a viver como pária, com marginais, escondido e sempre com a morte à espreita. Essa talvez fosse a razão principal da tristeza de Davi tão poeticamente revelada em muitos salmos, mas o tempo de espera ensina mais que isso. 
      No início desse momento de espera até colocamos a culpa nos outros, uma culpa que é verdadeira, sem dúvida, mas com o tempo começamos a olhar para nós mesmos e então entendemos o objetivo mais profundo desse tempo. Esse tempo é para nos preparar, nos deixar realmente prontos para receber a grande bênção, no caso de Davi, um reinado. Nesse tempo o futuro rei aprendeu que um homem comum e muitas vezes injustamente perseguido só está de pé pela misericórdia de Deus, também aprendeu que nosso principal inimigo não é um “Saul” teimoso em não ceder seu lugar a quem tem direito, mas nós mesmos, o nosso pecado. No tempo solitário de viver escondido nas cavernas de Adulão da vida, temos que aprender que só estamos de pé, ainda que com todos os direitos legítimos de reis, pelo sangue do cordeiro que nos purifica de todo o pecado e nos faz dignos de sermos protegidos por Deus. 
      O que nos mantêm de pé é o sangue de Cristo, que nos purifica de todo o pecado, mesmo daqueles que não temos consciência que existem ou que nos negamos a assumir. O amor de Deus nos escolheu e limpou antes do início dos tempos, por motivos que nos são mistérios, nele Jesus veio ao mundo, nasceu, viveu e morreu sem pecado, por ele temos direito à paz, ao perdão, à esperança. Assim, não desfaleçamos, sigamos crentes e de pé, ainda que humildes diante de Deus, quebrantados, dependentes, vamos em frente. O passado Deus perdoou, o presente agradecemos ao Senhor e o futuro ao pai de amor pertence. De pé sigo, não caído e estagnado, mas vivo e caminhando, erguendo-me todos os dias no fundamento de minha fé que é Jesus, ele é a verdade, ele é a única religião perfeita que me liga ao Altíssimo, a ele todo o louvor. 

15/10/19

Conhecemos a Deus?

      “E a vida eterna é esta: que conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, que enviaste.” João 17.3

      O que sabemos de Deus é aquilo que refletimos dele em nosso corpo, em nossa alma e em nosso espírito, assim o conhecimento que dizemos que temos e que ensinamos aos outros é mero reflexo daquilo que Deus é, reflexo limitado. Pode ser mais acurado, caso estejamos limpos pelo sangue de Jesus e o espelho estiver mais claro, mas ainda assim sempre seremos só espelhos e o conhecimento humano de Deus, reflexos. Se quiser conhecer mais a Deus, você deve ler a Bíblia? Sim! Deve orar mais? Sim! Deve participar de mais cultos coletivos? Sim! Mas acima de Deus, deve conhecer mais a Jesus. 
      Leia toda a Bíblia, mas aprofunde-se nos quatro evangelhos, na vida de Jesus encarnado, nas palavras registradas como ditas diretamente por ele. Repito, toda a Bíblia é bênção, toda ela, mesmo textos relacionados a uma cultura e a um tempo, ou outros, mais metafóricos e que não precisam ser interpretados ao pé da letra. Mas Jesus é o centro, dele não abro mão, ele é o único caminho que nos leva diretamente a Deus, e sua vida encarnada nos dá o ensinamento mais exato de como podemos viver neste mundo, nos relacionando com as pessoas, e esperando a outra vida, nos relacionando com Deus. 
      Quer refletir um conhecimento mais nítido de Deus? Permita que Jesus se reflita em você, e mais ninguém. Num momento onde as heresias se multiplicam nas igrejas evangélicas e muitas delas baseadas no antigo testamento, na antiga aliança judaica, nos símbolos do templo de Jerusalém, no sacerdócio dos levitas, é preciso entronizar Jesus como o Cristo. Ainda assim, e isso não é defeito, por melhor que for nossa intenção e mais esforço tivermos para sermos melhor por Deus e em Deus, ainda assim, somos espelhos, e espelhos diferentes. 
      Somos seres sociais e por isso viver em igreja é importante, para conhecer mais a Deus? Sim, mas através dos outros, do que os outros refletem de Jesus neles. Nossas experiências mais profundas com Deus temos sozinhos? Desculpe-me se você pensa diferente, mas eu penso que as coisas mais importantes aprendemos sozinhos, experiências conhecidas só por nós e por Deus, contudo, temos que nos dar ao trabalho de nos confrontarmos com as diferenças alheias. Isso não é fácil, mas é necessário, e é o que mais nos molda, não necessariamente pelo conhecimento que adquirimos, mas pelo amor que aprendemos a compartilhar. 
      Precisamos ter a humildade para conviver, para ouvir, mais que falar, para entender, ainda que não sejamos entendidos, para amar, ainda que nem sejamos notados. Só Deus se basta, nós, homens, dependemos dos outros, ainda que precisamos aprender a viver como se não dependêssemos de ninguém, essa é a realidade. Mas se tivermos cuidado, sabedoria, respeito, os outros poderão nos ensinar muitas coisas, mesmo que muitas vezes sem que tenham noção disso. Conhecer a Deus é conhecer as pessoas à medida que aprendemos a conviver em paz com diferenças, assim um espelho de uma só face se torna um diamante multifacetado, refletindo em muitos lados e ângulos a multiforme sabedoria de Deus. 

14/10/19

Pode até não doer, mas faz mal do mesmo jeito

      “E, estando ele ainda falando, rogou-lhe um fariseu que fosse jantar com ele; e, entrando, assentou-se à mesa. Mas o fariseu admirou-se, vendo que não se lavara antes de jantar. E o Senhor lhe disse: Agora vós, os fariseus, limpais o exterior do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e maldade. Loucos! Quem fez o exterior não fez também o interior?Lucas 11.37-40

      Dente com canal tratado não dói, mas pode cariar do mesmo jeito e ser perdido. O processo todo começa aos poucos, um dente é exposto à sujeira e não é cuidado, então a cárie se instala e na insistência do descuido a cárie se aprofunda até que atinge o nervo. O dente está lá, exteriormente, mas por dentro está comido pela sujeira, isso dói e muito. A dor extrema sempre nos leva a buscar solução, assim no caso da cárie procuramos um dentista que consegue resolver o problema, ele faz tratamento de canal, retira o nervo que dói e fecha o dente. 
      Contudo, se continuarmos descuidando do dente a sujeira volta e pode trazer cáries mais sérias, essas poderão destruir totalmente o dente. Essa segunda parte do processo, todavia, não dói, o dente não tem mais o nervo. Alguns pode até achar que isso é vantagem, mas não é, o dente será perdido de vez sem que dor seja sentida. Na verdade, depois do tratamento de canal o dente já está praticamente morto por dentro, só lhe resta uma aparência externa. O final é a perda total do dente, que ainda que seja substituído por um implante, é artificial, nunca mais a pessoa terá um dente verdadeiro. 
      Essa metáfora é tão boa que nem precisa de muita explicação, uma simbologia bem clara sobre uma convivência com o pecado sem busca de uma solução total e permanente. A metáfora do dente sem nervo é real na vida de muitos que de tanto errar acabam não sentindo mais culpa, culpa é o nervo moral que todo ser humano tem. Sua maior sensibilidade está diretamente ligada à nossa prontidão em não nos acomodarmos com o erro, mas em nos arrependermos, buscarmos perdão e fazermos uma aliança com Deus para não errarmos mais (e se errarmos buscarmos perdão de novo). 
      Muitos até buscam uma solução inicial quando dói muito, quando ainda têm o “nervo da culpa”, mas retirar o nervo não é solução, quem tem essa experiência já perdeu uma parte importante de sua alma, deveria, a partir disso, ter um racional muito mais cuidadoso para não pecar, visto que emocionalmente já está cauterizado. Infelizmente, a vida não é fácil, e muitos, por um motivo ou outro, acabam perdendo a sensibilidade à dor do pecado, assim se isso ocorre devemos nos guardar mais ainda, buscar mais a Deus, ouvir mais o Espírito Santo, que ainda que sempre nos fala. 
      O conselho é, se cuide, se limpe, higienize alma e espírito, e limpeza total só através do sangue de Jesus, quem não sente culpa ou está limpo, ou tão sujo que já fez morrer o “nervo da culpa”. Como tem pessoas vivendo de aparência, como os fariseus do texto inicial que só se importam com aparência exterior, com o dente lindo por fora, mas sem vida por dentro, ou pior, com dentes artificiais, implantados em sua natureza. Contudo, o mais maravilhoso é que em se tratando de espírito, através da conversão a Jesus, podemos ganhar “dentes novos e com nervos”, completos, vivos, lindos e limpos. 

13/10/19

Casa limpa e bem ocupada

      “Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí. E, chegando, acha-a varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro.Lucas 11.24-26

      Jesus ensina várias coisas nesses três versículos, mistérios do mundo espiritual:

- um demônio quer dominar o ser humano, seja por opressão, em maior ou menor grau, e isso todos nós sofremos, ou pela possessão total, quando ela é autorizada de forma bem clara por algumas pessoas, por algum motivo os demônios gostam disso, buscam isso, isso talvez confira a eles alguma qualidade ou capacidade que normalmente só como seres espirituais caídos eles não têm, assim, não é o homem que quer o poder do diabo, mas o diabo que deseja a potência humana;

- contudo, em nome de Jesus, o demônio é expulso, se há possessão a libertação é completa, mas com relação à opressão na nossa conversão temos libertação daquela de grau maior, mas ainda assim, depois de novos nascidos, enfrentaremos opressão demoníaca, uma oração nos protege, mas é preciso um constante estado de vigília e oração para estar sempre livre da opressão;

- mas como é grande a libertação e cura que recebemos na conversão ao evangelho, também será maior o ataque do diabo, a diferença é que agora não estamos mais sozinhos, temos a habitação eterna do Espírito Santo em nós que nos protege e nos arma para a batalha espiritual, tenhamos, todavia, o conhecimento que o demônio que nós nos atacou (e às vezes até nos possuiu um dia), voltará a nos atacar “sete” vezes mais forte depois que experimentarmos uma nova posição espiritual em Cristo e à medida que amadurecemos espiritualmente;

- à casa não basta estar limpa e enfeitada, deve estar bem ocupada também, casa bonita mas vazia só nos coloca mais em perigo para ataque de demônios, eu não creio que uma pessoa realmente convertida a Cristo possa experimentar uma recaída extrema, porque na conversão nossa habitação espiritual não é só limpa e enfeitada, mas ocupada também, pelo Espírito Santo, assim a lição que aprendemos é que nossa proteção contra o diabo não está na religião, na moralidade, na civilidade, na psicoterapia ou na meditação, isso tudo pode limpar e até enfeitar, mas só Jesus sela com o Espírito Santo e ocupa nosso homem interior de maneira que o diabo e seus demônios nunca mais poderão nos possuir. 

12/10/19

As maiores mentiras do diabo

      “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito.” Mateus 24.24-25

      As maiores mentiras do diabo são construídas de verdades incontestáveis, isso poderia desviar até os sinceros? Não, elas não existem para nos confundir, com a finalidade de nos fazer errar o alvo, os que conhecem a Deus de fato não podem ser atingidos por elas. Elas são para estreitar nosso caminho e purificar nossas intenções, quem as contempla aprende mais sobre Deus, entende a profundidade e extensão da verdade divina. As grandes mentiras do diabo são permissões de Deus que nos levam focar no centro de sua vontade, e não em periferias convenientes aos homens. Elas, ainda que também sejam verdades em partes, são degraus e não o topo, parar num degrau e celebrá-lo é criar uma heresia, usá-lo como base para pisar e seguir em frente é buscar o verdadeiro conhecimento de Deus. 
      Mas o que são essas mentiras? São as ilusões da carne? É a fé na fé que só tem objetivos materiais e não espirituais do bem? É a crueldade e a injustiça egoístas que fazem guerras e destroem nações com a finalidade de conquistar e crescer? Não, são muito mais que isso, o melhor exemplo delas está na tentação que Cristo teve no início de seu ministério, e aí já percebemos em Jesus uma grande diferença em relação às nossas vidas assim como em relação às vidas de homens que se consideram hoje “ungidões” e verdadeiros servos de Deus. Ser tentado pelas maiores mentiras do diabo é privilégio dos maduros, dos experientes, de gente que andou muito tempo com Deus e se preparou para enfrentar tais artimanhas. 
      Jesus, porém, as enfrentou no início de sua missão, não no final, por quê? Porque ele só começou sua missão quando estava preparado. Nós, por outro lado, começamos sem preparo, pregamos e acontecemos sem ter de fato noção do que estamos fazendo, por isso tantos pastores se perdem, tantos pregadores caem, pela vaidade de iniciar algo sem ordem de Deus, apenas para ter honra de homens. Esses nunca conhecerão a verdade de Deus em sua profundidade, passarão a vida sendo tentados como meninos na fé, sem estarem preparados para as grandes mentiras do inimigo. 
      Alguém pode dizer, “mas eu quero lá saber dessas mentiras”, pois é, talvez muitos não queiram saber, mas é com essas mentiras que o diabo está arquitetando sua estratégia derradeira para dominar o mundo e anular o cristianismo no planeta. Muitos estão ocupados com as mentiras menores, em vencer vícios e apetites carnais, em viver debaixo de legalismos infantis, achando que o diabo perseguirá a Igreja como fez nos primeiros séculos, que o mal se revelará mal de uma maneira óbvia e panfletária. Enquanto isso o diabo levanta contra a Igreja um povo que se considera não agressor, mas vítima, vítima de uma cristianismo preconceituoso e retrógrado. Como eu já disse aqui, muitos estão esperando um diabo agressor, enquanto ele virá como vítima, contra um agressor todos se levantam, mas de vítimas todos têm dó, e repito, o diabo é um humanista, e é assim desde o início. 
      O diabo não quer destruir o cristianismo matando Cristo, mas se colocando como um “cristo” melhor e mais legítimo para a humanidade. Enquanto as igrejas condenam toda expressão homoafetiva como pecado, o diabo se mostra como amigo dos homoafetivos, mesmo dos falsos (e sempre faço essa distinção aqui), que usam o homossexualismo só como prazer diferente daquele de suas naturezas. O evangelho ensina que devemos amar a todos? Sim, isso é uma verdade, o evangelho ensina que devemos amar o pecador e odiar o pecado, contudo, mesmo que se apoiem nessa verdade muitos cristãos acabam colocando pecadores ou aqueles que eles julgam como pecadores, numa situação inferior, assim na prática muitos odeiam o pecador também. 
      O inimigo, porém, diz que não existe pecado, assim além de amar todos não faz distinção de ninguém, ele se coloca como um “messias” superior, e é assim desde o princípio, vemos isso com clareza na versão bíblica de Prometeu em Gênesis quando ele dá ao homem o conhecimento do bem e do mal levando Adão e Eva a comerem do fruto da árvore. Mas como o diabo diz isso ao mundo? Ele diz isso através da mídia, das organizações, governamentais ou não, do cinema, da música, da internet, da TV, dos livros, dos jornalistas, dos partidos políticos, enfim, escondido, mas ativo para tentar anular o cristianismo que ele chama de velha ordem para que possa estabelecer através de toda essa agenda anti-Cristo uma nova ordem mundial. 
      Os falsos profetas piores, preditos no texto inicial, não estão dentro de igrejas, ensinando heresias, o cristianismo sempre conviveu com heresias internas, desde o início, ou alguém ainda tem a ilusão de achar que uma denominação, uma igreja evangélica, é menos herética que a outra? Que a protestante tradicional é melhor que a pentecostal, que a pentecostal é melhor que a neo-pentecostal, que a neo-pentecostal é melhor que a católica? Todas existem em alguma espécie de sectarismo do cristianismo primitivo, todas são seitas, todas! E se quer saber isso nem importa tanto, Deus salva sinceros do bem em todas essas seitas, na minha, na tua, na deles. 
       Contudo, o diabo está levantando falsos profetas no mundo, de um jeito como nunca antes, alguns são só adolescentes meigos defendendo ecologia, esses serão a voz sedutora do inimigo nos últimos tempos, com esses devemos ter muito cuidado pois esses sim podem desfocar até cristãos lúcidos. Eles dizem muitas verdades, eles nos alertam sobre relevâncias mundiais, mas o objetivo final é afastar a humanidade da verdade pura de Deus e negar a importância d salvação de Jesus. Não, as verdades finais do diabo não são mentiras, só não têm a prioridade que o inimigo quer dar, não prioridade sobre a necessidade que todo ser humano tem de se aproximar de Deus através de Cristo para se livrar de uma separação eterna de Deus. 

11/10/19

Um ser humano que não quer envelhecer

      “Jesus, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus.Mateus 19.14

      Temos vivido tempos em que o ser humano, mulher e homem, se nega a envelhecer, quer ser jovem para sempre, sem marcas no rosto, sem limitações físicas, mas acima de tudo com liberdade emocional para um prazer constante, diferente e sem compromisso. Como tem crescido o comércio de produtos de embelezamento, de cremes para a pele, de vitaminas para o copo, assim como o número de academias e de salões de beleza, para mulheres e também para homens. 
      Por outro lado muitos passam pouco tempo casados com as mesmas pessoas, são relacionamentos de alta rotatividade, e muitos passa de relações heteroafetivas para homoafetivas, por terem assumidos suas verdades, mas só por diversão. O homem não quer rugas na cara nem culpas no coração, mas só crianças pode ser assim, o ser humano caminha no tempo, envelhece e acima de tudo, precisa amadurecer. Culpas podem ser perdoadas e marcas de expressão não são defeitos, mas medalhas, de quem viveu e aprendeu. 
      Sim, podemos e devemos nos cuidar, nosso corpo pode ter uma qualidade de vida melhor mesmo na velhice. Mas o homem deveria estar mais preocupado com seu espírito, é esse que vai vivenciar a eternidade, não o corpo físico. Casamentos, por sua vez, podem ficar melhores com o tempo, vencer tédio e mudanças hormonais com amor verdadeiro e mesmo com relações físicas satisfatórias, basta que o ser humano se tore maduro emocionalmente, responsável fiel a alianças. 
      Quem ganha com casamentos completos e duráveis são os filhos, que precisam e sempre precisarão de relações estáveis e adultas para crescerem com referências e amor verdadeiro, caso contrário, adultos que querem ser crianças para sempre gerarão crianças que não querem crescer nunca. Infelizmente esse é um outro objetivo do mal, produzir uma humanidade onde todos são filhos e ninguém é pai, todos têm direitos, e ninguém deveres, todos são crianças, e ninguém envelhece. 
      Quem não envelhece não sente culpa, não se vê como pecador, e consequentemente não precisa da salvação que há somente em Cristo. Não, isso não é teoria de conspiração, é só mais uma faceta da estratégia do diabo para os últimos tempos. A humanidade sempre teve fases em que a promiscuidade atingia um topo, mas depois sempre havia uma queda que de alguma forma permitia que o mundo seguisse. Contudo, a fase final que se inicia não terá solução e levará a humanidade a um fim cabal. 

      “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.” II Timóteo 3.1-5

10/10/19

É o não que molda nosso caráter

      “Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Filipenses 4.12-13

      Receber um não pode doer, principalmente quando estamos acostumados a receber o sim, mas enquanto o sim aprova o que somos, o não nos ensina que algo está errado com o que somos e devemos mudar. Continuar igual é mais fácil que mudar, ainda mais quando nos acostumamos a ser algo por muito tempo, mas mudar é preciso, na mudança há crescimento, há melhora. As últimas gerações, todavia, ainda que amem novidades estéticas, ainda que sejam viciadas em saber e compartilhar tudo em tempo real, não gostam de mudanças, não quando elas dizem não a prazeres e gostos que elas se acostumaram a ter sem pagar um preço maior. 
      Contudo, temos que saber quando dizer não, principalmente a crianças e jovens, eles precisam aprender a conviver com negativas, com privações, com o preço do tempo, e diante de tudo isso mudar para melhor. São os nãos que moldam nosso caráter. Equilíbrio é não nos sentirmos menores com o não e nem maiores com o sim, mas aprumarmos nosso ego no Espírito Santo e sempre darmos louvor a Deus por tudo. O sábio, todavia, é humilde, está sempre preparado para o não, não permite que ele o desestabilize, assim se está feliz com o não será bem-aventurado com o sim, pois não pensa que o universo tem o dever de dizer-lhe sim sempre, mas sente-se agraciado quando o recebe. 

09/10/19

Todo mundo tem problemas

      “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.Filipenses 4.6-7

      Nós sofremos porque achamos que o nosso problema é grande, é sério, é de solução difícil? Mas tem gente com problema maior, mais grave e impossível de ser resolvido e ainda assim consegue ser mais feliz que nós. Eis a verdade que vemos o tempo todo nessas reportagens de superação que a televisão gosta de passar, que sabemos porque o pastores dizem isso nos púlpitos, que sabemos porque os psicólogos, mesmo os amadores, nos dizem. Contudo, ainda assim isso não nos faz sofrer menos, o nosso problema é nosso, nos causa dor, e ninguém tem noção do quanto temos dificuldade para conviver com ele, mesmo que saibamos o óbvio que existem pessoas mais felizes que nós e com problemas piores. 
       O mais sensato é guardarmos o nosso problema o quanto for possível, o compartilharmos com o menor número de pessoas possível, e se der só com Deus, se der. O mais sadio é não nos vitimarmos por causa do problema, não o usarmos como álibi para sermos frágeis, fracos, e isso o quanto for possível. É claro que tem problemas que de fato nos debilitam, e nos temos todo direito a uma debilitação justa e verdadeira, contudo, sem exageros, sem fazer do problema um bichinho de estimação, que não queremos ver resolvido, mas que desejamos cuidar e até fazer crescer. 
      O importante é que continuemos sendo nós mesmos, o nosso melhor, e não o problema, mantendo nossa identidade e não fazer do problema nossa identidade, nosso “melhor” às avessas. É difícil, mas é necessário que tenhamos equilíbrio, não fazer de conta que o problema não existe e nem jogarmos ele na cara de todo mundo como se tivéssemos direito a isso só porque temos problemas. Outra coisa óbvia que sabemos é: todos têm problemas, assim se temos dificuldades para conviver com o nosso, os outros também têm, e muitos não exigem nenhum tratamento especial por isso. 
      Humildade para seguir, apesar do problema, e na humildade boa parte do problema é resolvido. Respeito para com os outros, que também têm problemas, isso faz amigos e com amigos os problemas ficam menores. Mas acima de tudo, confiança em Deus, que sabe que temos problemas, que não resolve as coisas do jeito que queremos ou no tempo que desejamos, e que ainda assim merece nossa confiança, nossa aceitação sincera e profunda de que o Senhor sabe o que faz conosco e com os nossos problemas. 

08/10/19

Na paciência purificamos nossas intenções

      “Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.Samos 40.1

      Se a bênção chegou não foi porque Deus, enfim, respondeu, Deus respondeu no primeiro momento que você orou a ele pedindo a bênção. Mas a bênção se realizou no plano físico, deixou de ser ordem de Deus e virou realidade no mundo material, porque você enfim estava espiritualmente preparado para recebê-la. Quem atrasa não é Deus em dar, mas nós em nos prepararmos para receber. Ainda que achemos, como o próprio salmista diz no texto inicial, que a nossa insistência apressa Deus, ela faz mais do que isso, a nossa insistência aperfeiçoa nossas intenções, nos esclarece sobre o que estamos pedindo, nos faz refletir profundamente sobre para que estamos querendo algo, à medida que nos ensina sobre paciência.
      Deus aguarda o nosso preparo para materializar a bênção, isso para que a bênção seja realmente bênção e não tropeço, porque mesmo bênção na hora errada não é de Deus e não é bênção. A nossa insistência não muda Deus, mas nós mesmos, assim o fato de que é Deus quem espera por nós e não nós por ele, deve nos levar a adorá-lo mais, já que assim entendemos que ele não é só um pai que mima filhos teimosos, mas um pai responsável que recompensa filhos pacientes. O sábio aprenderá a orar certo, de modo que não pedirá o que não está preparado para ter, clamará a Deus no tempo certo, e se receber depressa saberá que aprendeu a obedecer mais do que simplesmente a crer e pedir. 

07/10/19

Modismo, conhecimento e salvação

      “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz.Salmos 19.1-3

"Deus é uno, eterno, criador de todo o universo. E semelhante a uma esfera, sem fim e sem começo. Deus governa este mundo por leis eternas e imutáveis. Você, mortal, não faça muitas investigações sobre a essência e a natureza do Ser eterno, nem sobre as leis pelas quais governa. É uma curiosidade tão inútil como criminosa. E suficiente para você contemplar dia e noite a grandeza de suas obras, sua sabedoria, seu poder e sua bondade. Aproveite-se disso."
“A chave dos grandes mistérios“ (Éliphas Lévi, 1859)

      As pessoas são tão preconceituosas hoje em dia que é só um texto começar com a palavra Deus que elas ignoram, já pensam, “é só Bíblia de crente burro”, muitos desses preconceituosos, que até são atraídos pelo esoterismo, que se vestem como bruxos, digerem arte embruxada, amam Harry Potter, nunca se deram ao trabalho de conhecer de fato a “antiga obra”, a “ciência” das ciências. Esses não sabem que um texto como o inical é de um livro de um dos maiores magos de todos os tempos, Éliphas Lévi foi um mestre da Alta Magia e da Cabala, um ocultista que conhecia Deus mais que muito cristão.
      Pouco da luz é melhor e mais eficiente que muito das trevas, assim cristãos com pouco conhecimento podem gozar da salvação que muito mago de alta ordem não vai gozar. Conhecimento por si só não salva, os diabos conhecem Deus e o universo muito bem, e ainda assim estão condenados ao inferno. O preconceito, todavia, existe dos dois lados, não cristãos acham que Deus, Bíblia e Jesus são coisas de gente ignorante e limitada, cristão, por sua vez, vê a Bíblia como um livro fechado de leis atemporais desprezando por completo a ajuda imprescindível do Espírito Santo para entender a Bíblia e viver o evangelho. 
      Muitos não cristãos se surpreenderiam com a sabedoria superior do cânone bíblico e muitos cristãos se surpreenderiam com quanto conhecimento genuíno existe em textos de outras religiões, como nos Vedas indianos. Sim, Jesus é o ponto, o caminho, a verdade e a vida, e creia, os magos, ocultistas, esotéricos e bruxos verdadeiros, mesmo eles, reconhecem isso, sabem disso, ainda que não queiram a salvação exclusiva de Cristo. O sábio, contudo, esteja no lugar que estiver, no nível que estiver provando de luz ou de trevas, esse mantém mente e coração abertos, prontos a aprender, sem preconceitos.  
      Você pensa que só existe picareta no cristianismo? Existe em todas as religiões, e mesmo no satanismo e na magia “branca”, assim como gente que gosta da moda, e não pratica a essência, fala, se veste, participa socialmente, mas só para ficar bem com os homens, não pela experiência espiritual real. Contudo, a multiforme sabedoria de Deus é revelada em toda a sua criação, no dia e na noite, nos “do dia” e nos “da noite”, e de novo repito, isso nada tem a ver com salvação eterna, conhecer não é salvar-se. O melhor seria vivenciarmos Deus em todas as instâncias, na aparência, no conhecimento intelectual e acima de tudo na espiritualidade que salva, o sábio entende isso. 

06/10/19

A paz de Deus

      “Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus. Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim por em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, acha-la-á.Mateus 10.32-39

      A paz se conquista, através da guerra, uma guerra que se vence. Acha antagônico começar uma reflexão sobre paz falando em guerra? Pois não é, meditemos um pouco sobre isso. Quem fica parado, ou tenta assumir um posicionamento nulo na vida, quem acha que pode não escolher lado, e pensa que o centro é possível, enfim, quem quer isentar-se de lutar, e deseja se colocar na posição de plateia distante, de espectador, na verdade já escolheu um lado. Que lado? Lado nenhum, e lado nenhum também é um lado, e o pior deles, mas não importa, quem não escolhe lado se coloca como inimigo dos dois lados e terá uma derrota dupla, não ganhará os louros com os vitoriosos, nem terá, ainda que como derrotado, a companhia dos perdedores. Isentar-se de lutar não é ser equilibrado, é ser covarde, é ser morno. 
      Em se tratando de paz espiritual, aquela que transcende esse mundo, o corpo físico, a matéria, é imprescindível que nos engajemos numa batalha para conquistar a paz. Não era para ser assim originalmente no plano de Deus, mas o mesmo livre arbítrio que deu ao ser humano uma potência divina, a liberdade, o colocou numa guerra, uma guerra causada pelos próprios seres humanos, depois que eles escolheram comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Deus sabia disso de antemão, e eu pessoalmente penso que a humanidade nunca teve opção, não por ela mesma, ela estava fadada desde o início a pecar e se afastar de Deus. Isso sempre esteve no plano do Altíssimo, por mistérios que desconhecemos. 
      Assim a guerra começou, e dois posicionamentos se definiram, de um lado os anjos caídos e os demônios mostrando um caminho, e do outro lado, Deus, mostrando sua vontade primeiramente pela velha aliança mosaica e depois pela nova aliança do evangelho de Jesus. Se há guerra é porque existem dois lados que se antagonizam, mas esses dois lados não são Deus e o diabo, ainda que tenham posicionamentos opostos. Deus e o diabo não estão em guerra, nunca estiveram, o Diabo só tem a liberdade, permitida pelo próprio Deus, de agir a sua maneira e de apresentar isso ao homem. A guerra existe no coração do homem, entre fazer a vontade de Deus ou do Diabo, uma guerra que se extende para toda a humanidade, quando os homens se agrupam, por um motivo ou outro, e lutam por seus egoísmos. 
      Se todos os homens escolhessem obedecer a Deus não haveria injustiça, não haveria egoísmos, e portanto, não haveria guerras. Seja em seu coração ou com os semelhantes, o homem é que faz a guerra, e mesmo os que escolhem obedecer a Deus batalham, lutam para não serem egoístas, nem serem injustos, lutam consigo mesmos e com os outros homens. Mas os que obedecem a Deus não lutam para destruir a si mesmos ou aos outros, lutam para deixarem que Deus apareça, mostre sua vontade, seja glorificado acima deles, lutam para que a vontade de Deus seja feita, a luta do cristão ocorre de um jeito inverso. O cristão verdadeiro luta para perder, não para ganhar, ele só ganha quando perde, parece estranho? Mas não é, e isso também não significa que ser cristão é ser bobo ou covarde, sem opinião, nulo, se fosse assim ele não estaria em guerra. 
      Vencer a própria vaidade, a obsessão por prazeres carnais, os vícios, a ira, a vontade de dar a última palavra, de se vingar, de querer fazer justiça com as próprias mãos é a mais dura das batalhas, e só vence quem tem o Espírito Santo no coração e dá liberdade para que ele aja. Mas o resultado é a paz, uma paz que nada no universo pode dar. Entender e praticar o conhecimento de que só se ganha quando se perde em Deus, é um dos maiores segredos do evangelho, é a essência da obra redentora de Jesus. Só quem luta vence a batalha e ganha a paz, que luta? A luta que cada um de nós faz com nós mesmos, com mais ninguém, o Diabo não é nosso inimigo, muito menos os homens. 
     Alguém poderá argumentar, mas Paulo não ensina em Efésios 6.12 que “não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”? Sim, mas essa luta maior, que Daniel também teve quando orava por Israel, é um privilégio que poucos podem ter. Há de se ter um certo quilate como servo de Deus para fazer essa batalha. Primeiro temos que vencer a nossa carne e as tentações menores que o Diabo coloca diante de todos os seres humanos, para tentar derrotar nossas vidas pessoais como indivíduos. 
      Lutar contra potestades na obra de Deus, é outro nível de batalha espiritual, poucos estão de fato preparados para isso (e como tem gente despreparada ou sem ordem de Deus querendo fazer grandes batalhas espirituais). Mas paz pessoal é preciso lutar para ganhá-la, acomodado ou indiferente não conquista paz espiritual que Deus quer dar por Jesus. A vida é uma grande batalha pela paz pessoal, pela tranquilidade íntima, que quando é obtida e mantida dá forças para se conquistar outras coisas nesta existência. Um coração em paz é invencível, por isso o mal tenta antes de tudo, e de todos os jeitos, roubar nossa paz. Nessa batalha até nossas famílias poderão se colocar contra nós, mas vence o que perde, quem se posicionar dando testemunho de Deus ainda que perca o apoio dos homens. 

05/10/19

O tempo de Deus

      “Tu reduzes o homem à destruição; e dizes: Tornai-vos, filhos dos homens. Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite. Tu os levas como uma corrente de água; são como um sono; de manhã são como a erva que cresce.Salmos 90.3-5

      Costumamos dizer, “tudo acontece no tempo de Deus”, ou, “é preciso esperar o tempo de Deus”, mas Deus tem tempo? Se Deus não envelhece nem fica mais novo, então o tempo não altera Deus, não o modifica, ele foi, é e será, e tudo ao mesmo tempo, Deus é atemporal. Quem tem que esperar somos nós, nós sentimos o passar do tempo, temos referências de passado, presente e futuro, mas Deus não, ele existe num eterno presente, Deus é, sempre, sem início e sem fim. 
      O conceito de tempo está relacionado com o pecado, é o pecado que nos dá a ideia e a sensação do passar do tempo. Você já sentiu algo tão forte que dá a impressão que o tempo parou? Seja algo ruim ou bom, mas um instante que parece que não existe mais nada, só o sentimento, transcendendo tudo, é depois, quando a sensação passa, que medimos o tempo e as consequências. Mas ainda que nossa alma e nosso espírito experimentem flashes de eternidade, nosso corpo não para, ele está sempre envelhecendo, e um instante provado por ele não se repetirá jamais. 
      Deus não peca, por isso não tem passado nem futuro, eu penso que mesmo os seres espirituais do mal, anjos e demônios que se rebelaram contra Deus num momento do universo quando esses seres também tiveram livre arbítrio para escolherem obedecer ou não a Deus, penso que esses seres também sentem o passar do tempo, ainda que não tenham corpos físicos. O pecado no tempo cria rancores e nos faz construir realidades sem Deus, é essa realidade que envelhece, tanto homens como diabos e demônios. 
      O Espírito Santo, contudo, enviado para estabelecer o reino de Deus nos corações humanos que voltam para o Senhor através de Jesus, coloca a eternidade atemporal novamente em nossos espíritos. Através do Espírito Santo podemos conhecer Deus e sua referência de tempo, contudo, ainda assim, selados com o Santo Espírito de Deus, muitos insistem em viver o tempo do pecado, não o tempo da restauração messiânica. O tempo do pecado nos escraviza ao que não podemos ter nem ser, pelo menos não no presente.
      O tempo do pecado tenta negar o passado, não aceitá-lo, ou desejar o futuro, obsecar-se por ele, um gera mágoas, o outro, ansiedades, ambos não são o tempo do Espírito Santo. No tempo de Deus esquecemos o mal passado através do perdão de Jesus e nos apossamos das bênçãos futuras, mesmo sem ainda as termos usufruído, mas mais do que isso, no tempo de Deus, passado e futuro não fazem diferença, vivemos um presente em paz. 
      Isso não significa que não procuraremos curar o passado ou buscar um futuro melhor, mas enquanto isso, simplesmente vivemos, em Deus, por Deus, para Deus, o Deus do presente eterno para o qual o tempo não existe. Se entendêssemos, e mais, se vivêssemos o tempo verdadeiro de Deus, adoeceriam menos nossos corpos e almas, e se libertariam mais nossos espíritos, enfim, teríamos uma vida semelhante àquela que Jesus teve encarnado, bem, esse é o objetivo de todo cristão neste mundo. 

04/10/19

A alegria de Deus

      “Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração contente o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras. Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça. Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade; porque esta é a tua porção nesta vida, e no teu trabalho, que tu fizeste debaixo do sol.Eclesiastes 9.7-9

      Os crentes podem ser felizes, mas só os humildes têm alegria. Explicando: pela fé somos felizes, temos perdão, proteção de Deus e a eternidade em paz, contudo, muitos têm uma felicidade teórica e ainda assim não vivenciam a alegria. A alegria é algo mais simples, pode ser até menor, mas ainda que intercalada com a realidade dolorida, pode ser experimentada todos os dias. Como? Em coisas pequenas, corriqueiras e muitas vezes mundanas, e com mundanas me refiro a coisas deste mundo, do plano físico, não coisas ruins ou diabólicas. 
      Alegria existe em aceitar a vida, ser simples nela e ainda assim se achar satisfeito, uma refeição com família e amigos, sentar-se num banco de praça e ver o tempo passar, caminhar sem pressa num parque, olhar a natureza, ler um livro, assistir um filme, ouvir música, viajar. Quem espera demais da vida, se desilude, que quer ser o que não é, se frustra, quem olha demais para si mesmo, se enclausura, quem olha demais para os outros, se perde, quem só olha para a Terra, bate a cabeça e não vê a Lua, quem olha demais paras nuvens fica atordoado e deixa de conhecer as pessoas. 
      A alegria de Deus neste mundo se acha com humildade e o humilde encontra equilíbrio, no equilíbrio ninguém é melhor que ninguém, todos são iguais e Deus é maravilhoso. O equilibrado sabe acordar cedo para trabalhar com o Sol que nasce, mas se guarda por um pouco ao meio-dia do Sol mais forte, sabe diminuir o passo e ainda assim dar seu melhor ao entardecer e pode para e descansar à noite, protegido sobre o chão de Deus, sob o teto do seu trabalho e entre as paredes de filhos e cônjuge. 
      A alegria de Deus prova o ser humano que reconhece sua humanidade, seus tempos, mas que acima de tudo confia em Deus, teme-o e se alegra com ele. Engana-se o que busca espiritualidade exageradamente, como se não tivesse corpo, e pior ainda, que acha que essa é a maior vontade de Deus para sua vida. Deus conhece nossos limites, como bem ensina o livro mais secular da Bíblia, Eclesiastes de Salomão, um livro que se entendêssemos melhor nos equilibraria e nos faria experimentar a alegria de Deus neste mundo. 

03/10/19

A vontade de Deus

      “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.” Oseias 6.6

      Nos comparamos com os outros tantas vezes, vemos alguém virtuoso, esforçado, trabalhador, assíduo na igreja e brilhante no púlpito e pensamos, “eu queria ser como essa pessoa”. Sim, temos que nos esforçar e muitas vezes estamos fazendo muito menos que poderíamos, mas algumas vezes já estamos fazendo o que precisamos e não sabemos, e ainda assim nos sentimos acusados. 
      Saiba que Deus não está interessado em quantidade, mas em qualidade, não em sacrifícios, mas em obediência, é o que diz o versículo inicial, uma das maiores verdades da Bíblia, que repetirei aqui tantas vezes quanto o Espírito Santo me orientar. Às vezes uma palavra simples e direta que você dá a alguém vale pela dificuldade que você teve de se relacionar com muitas pessoas. 
      Às vezes um gesto discreto e objetivo que você fez para uma pessoa, vale por todo o medo que te distanciou de outras pessoas. Às vezes uma oração que você fez, para alguém que não é de tua família ou de teu círculo de amigos mais próximos, é o clamor que o Senhor precisava ouvir sobre a vida de uma pessoa que não tinha mais ninguém que orasse por ela, que se colocasse diante de Deus por ela em oração. 
      A melhor, maior, mais importante atitude do mundo é a que se faz obedecendo a voz do Espírito Santo, uma atitude que muitos desconhecerão, que muitos nunca saberão e portanto nunca honrarão, mas que obedece a Deus e abençoa a alguém de maneira muito especial. Qual é a vontade de Deus para nossas vidas? Que o obedeçamos, só isso, sua vontade é sempre boa, perfeita e agradável. 

02/10/19

O perdão do Deus

      “Tem misericórdia de mim, ó Senhor, pois a ti clamo todo o dia. Alegra a alma do teu servo, pois a ti, Senhor, levanto a minha alma. Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para todos os que te invocam.” Salmos 86.3-5

      Nos acostumamos, como cristãos, a pedir perdão a Deus, e sim, Deus nos ouve sempre, mesmo no perdão mais burocrático, digamos assim. Contudo, só entendemos de fato o poder e a necessidade do perdão do Senhor quando nos conscientizamos profundamente, com lágrimas, de um grande erro que cometemos, muitas vezes que machucou intensamente alguém que talvez nem fosse inocente, mas impotente para se defender de nossa atitude. 
      Darei meu testemunho, pessoal, meu arrependimento mais dolorido talvez tenha sido o de ter tratado de um jeito errado alguém que me machucou muito e injustamente. Mas se tal pessoa foi meu agressor, talvez o maior que já tive, por que me arrependi de agredi-lo, eu que fui vítima? Porque hoje sei que tal pessoa não podia ter sido melhor, ela recebeu muito mais agressão que eu, mas eu poderia ter sido melhor com ela, ter sido misericordioso. 
      Mas quem tem forças pra se melhor quando é agredido, principalmente por certas pessoas? Assim, o que me resta agora é me arrepender, diante de Deus, e pedir do Senhor o perdão, ainda que com lágrimas, ainda que diante do homem, um perdão tardio. Para Deus, enquanto vivemos neste mundo, há perdão, e o perdão do Senhor nos cura e nos dá a paz que precisamos para seguir vivos espiritualmente. O perdão do Senhor nos lava a alma, nos encontra e nos conduz, sem ele não há vida. 

01/10/19

O amor do Deus

      “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.I Coríntios 13.12-13

      Ah o amor de Deus, o infinito amor de Deus, que se manifesta em Jesus, sim, em Jesus, e por mais ninguém. Um amor que não se entedia, não se cansa, não desiste, porque não está preso à matéria nem à carne, e elas são coisas distintas, apesar de estarem intrinsecamente ligadas em nós homens a partir do pecado original. Nós somos materiais e também carnais, o Diabo é espiritual e ainda assim é carnal, Deus e os seres espirituais que não se rebelaram são espirituais e não são carnais. 
      O amor de Deus é tão especial porque nasce do lugar mais puro, mais santo, mais espiritual do universo, o coração de Deus, o nosso amor é imperfeito e fraco porque tenta, insistentemente, permanecer num local inapropriado para ele, o nosso coração, e não há nada mais volúvel que nosso coração. Contudo, ainda assim, temos a tendência de comparar nossa experiência de amor com o amor de Deus, nossa experiência tão carnal, e que confundimos com paixão e sexo, portanto, achando que amor é prazer quando é justamente o oposto. 
      Como Jesus mostrou o maior amor do mundo? Sofrendo, sendo injustiçado, sendo desprezado, e morrendo um morte terrível na cruz, isso revela a essência do genuíno amor, devíamos aprender com isso, mas não aprendemos. Assim deveria ser em nossas vidas, quando declaramos à esposa que a amamos devia ser porque nos comprometemos a sofrer por ela, a abrir mão de egoísmos e preguiças para a servirmos com carinho, dando a ela o nosso melhor. 
      Sempre abro parênteses quando falo em sofrer por amor para que ninguém entenda errado, sofrer é bênção quando sofremos com justiça, no caso de casamento, numa relação saudável, equilibrada e nunca doentia que leva muitos a se sacrificarem desmensuradamente por alguém que só quer se aproveitar desse alguém, sem dar nada em troca, fecho parênteses. Mesmo Jesus sofreu sem limites, mas em troca salvou a humanidade, e todos os que aceitam isso o adoram por tal obra redentora tão exclusiva.
      Mas o amor de Deus é diferente do nosso, e como dependemos dele, todos os dias, até o fim de nossa existência aqui e mais, pois na eternidade por Jesus só haverá um amor inefável no qual viveremos, nos moveremos, conheceremos assim como somos conhecidos. Temos muita dificuldade para entender esse amor, e acho que neste mundo não o entenderemos totalmente, ainda que à medida que envelhecemos e amadurecemos entendamos um pouco mais. 
      Como não entendemos o amor de Deus, não entendemos a disciplina de um pai de amor, ainda mais mimados que somos nessas últimas gerações, assim não entendemos a necessidade da dor, do sofrimento, das privações para amadurecermos, não entendemos que deveres precedem aos direitos. Deus, contudo, segue conosco em amor, olhando o Cristo sobre nós que aceitamos como único salvador, e nessa experiência achamos cura, perdão, paz. Louvado seja o Senhor por seu tão grande amor!