04/09/21

Que guerra nos importa lutar? (2/2)

      “O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.” Mateus 12.35

      Durante séculos o mal criou inimigos para os cristãos dentro do próprio cristianismo, e o mal não fez isso inventando um inimigo, mas usando um inimigo real, o interno. O mal trabalhou utilizando a mentira para corromper líderes cristãos, assim esses se tornaram inimigos de Cristo, ainda que tendo reverência de muitos cristãos. Isso está mudando, cristãos têm aberto os olhos, falsos líderes oferecem alimento ruim, alimento ruim não fortalece, e justamente por sentirem-se fracos é que muitos cristãos começam a ver que muitos líderes são enganadores buscando só os seus interesses. À medida que o que muitos chamam de final dos tempos se aproximar, mais claro ficará a ineficácia do falso cristianismo, quem tiver olhos espirituais verá.  
      Mas uma estratégia, que também é usada há muito tempo, tem sido utilizada pelo mal atualmente, só que de um jeito mais elaborado, lançar os cristãos numa guerra inútil contra falsos inimigos. Infelizmente são exatamente os falsos líderes, ensinando um evangelho equivocado, os responsáveis, não por prevenirem, mas por prepararem os cristãos para serem mais facilmente ludibriados por essa falsa guerra. Quem se acostumou com a beligerância não consegue viver sem uma guerra, ela dá sentido de vida e confere identidade de soldado a quem não tem uma identidade melhor. Enquanto lutam com inimigos externos deixam livre os internos, se enfraquecem e se tornam vulneráveis para o maior inimigo. Quem ganha com isso?
      Por diversas vezes já fiz aqui a afirmativa que um falso cristianismo enganou os homens por séculos, isso quer dizer que Deus permitiu um engodo duradouro e nada fez? Não, Deus fez, faz e sempre fará, e muito mais que merecemos, por amor e apesar dos engodos. A criança se cria com um certo “faz de conta”, que ainda que tenha um fundo de verdade, lições de moral, não é a verdade mais profunda, assim Deus faz com a humanidade. Contudo, o tempo de ser criança está acabando, e é sobre isso que as profecias bíblicas de Apocalipse, debaixo de metáforas e do entendimento limitado de seu tempo do apóstolo João, falam, sobre uma importante mudança de era. Os que estiverem de fato em Cristo serão iluminados em novos céus e nova Terra. 
      Cristãos, vossos inimigos não são os de ideologia política de esquerda, pelo menos não mais, nem os que defendem direitos de homoafetivos, muito menos os que colocam a ciência no seu lugar certo, ainda que só leiam entendimentos religiosos milenares com mais profundidade. Seus inimigos, evangélicos, não são espíritas, ou devotos de Maria, assim como não são árabes, ainda que muitos sejam muçulmanos e tenham tanto direito à Palestina quanto os judeus. O mal hoje não é um ser malévolo e vermelho, com cascos, chifres e rabo, que incita aqueles que vocês consideram seus inimigos contra vocês, ainda que se crerem nesse diabo poderão vê-lo, inclusive após a morte, com o inferno e todo o sofrimento de uma danação eterna. 
      Na verdade, seus inimigos são vocês mesmos e a responsabilidade por vencê-los é somente de vocês. Infelizmente no Brasil, a ganância por influência e riqueza materiais, usou a heresia da teologia da prosperidade para encher templos, “glorificar” pastores que agora querem expandir seu poder até Brasília. Neste 7 de setembro de 2021, não vá às ruas se manifestar, nem por um lado, nem pelo outro, mas ore pelo país, com a humildade que muitos pastores evangélicos perderam e que por isso serão envergonhados no tempo certo. Jesus não precisa de uma maioria apoiando um político que se diz a favor de causas cristãs para fazer sua obra, na verdade sua obra requer o oposto disso, não seja soldado das trevas numa guerra que Deus não está. 
      Jesus, em seu último momento, foi abandonado até por seus amigos mais próximos, assim enfrentou sozinho seus inimigos, e não eram inimigos que ele fez, mas que se colocaram como tais. Não precisamos inventar inimigos para nos envolvermos em guerras e nos afiliarmos a exércitos só para auto-afirmarmos identidade e sentido de vida, quem vive na luz naturalmente é odiado pelos que vivem nas trevas, só por estarem na luz. A vitória está em nos mantermos distantes de confrontos externos, nossa luta é não lutarmos, mas nos ocuparmos em vencermos a nós, o nosso egoísmo e as nossas vaidades. Nosso maior desafio é segurarmos a paz interior, ainda que tudo o mais esteja em conflitos, certos que certas guerras não nos pertencem. 

Leia na postagem de ontem 
a primeira parte desta reflexão 
José Osório de Souza, 25/05/2021

03/09/21

Que guerra nos importa lutar? (1/2)

      “O que no seu coração comete deslize, se enfada dos seus caminhos, mas o homem bom fica satisfeito com o seu proceder.” Provérbios 14.14

      Pode-se vencer um inimigo com estratégias diferentes, a estratégia mais comum, que é a que alimenta os confrontos, é fortalecer seu lado no embate, armando melhor seu exército, para que esse tenha mais forças que o outro lado e então possa vencê-lo num combate. Contudo, se o inimigo for forte e persistente, uma guerra pode levar anos, sem que haja vencedor, assim é preciso, não mais fortalecer o seu lado, mas enfraquecer o outro lado, isso pode ser feito tanto pelo lado de fora, como pelo lado de dentro. Criar falsos inimigos para o outro lado ou fazer que membros do exército do outro lado parem de acreditar em sua causa, fortalece um lado ao mesmo tempo que enfraquece o outro lado, sem que nem seja preciso um confronto direto. 
      Nesta reflexão, quando falamos em guerra falamos daquele eterno embate que o cristianismo tradicional acredita existir, o do bem contra o mal, ou de Deus contra o diabo, e possivelmente, de cristãos contra não cristãos. Nessa guerra existem vários modos de enfraquecer alguém para que pare de confiar em suas crenças e creia em algo que a princípio achava impossível crer, um deles é desmoralizar os líderes, as instituições, as bases da fé. Desse modo alguém começa a ver como seu inimigo aquele que antes era quem mais confiava, isso cria desertores, esses podem até passar um tempo sem exército, mas quem é beligerante não consegue viver em paz, assim poderá se ligar ao outro lado, seguindo quem antes achava ser seu oponente. 
      Nessa segunda estratégia pode-se também enfraquecer o inimigo pelo lado de fora, criando para esse outros e falsos inimigos, que fazem com que ele lute e se desgaste numa falsa guerra. Como o lado que não luta tira vantagens disso? Por boa parte do tempo ele só observa, mas quando seu inimigo estiver enfraquecido, ele entra em combate, e com facilidade poderá vencer. Isso parece teoria de conspiração? Pois não é, o ser humano é inteligente e covarde o suficiente para criar e usar estratégia assim. Se um exército não estiver lúcido, poderá entrar numa guerra falsa, enfraquecer-se e então perder para um inimigo, que ele considerava incapaz de vencê-lo até então, mas que só estava esperando o momento certo para aparecer e lutar. 
      O primeiro inimigo que Adolf Hitler teve que vencer foi a própria Alemanha, entre as estratégias que ele usou para isso foi criar um inimigo para o povo alemão, o povo judeu. Um inimigo se cria dando a alguém algo para odiar, não se luta contra alguém que se gosta, odiamos quem de alguma forma tira de nós alguma vantagem de maneira injusta, e mais, alguém sem moral, que não crê em Deus, que é diabólico. Quando o führer venceu a Alemanha ele tinha um exército para lutar por ele e tentar conquistar o mundo. Pois é, não é teoria de conspiração, e não existiu na humanidade só um Hitler, existiram outros antes e ainda existirão muitos outros, mesmo que de maneira mais sutil, o mal aprende com o mal e evolui, não se engane. 
      Só existe um jeito de se ter certeza absoluta que não se perderá uma guerra, não entrando em uma. Isso parece covardia ou tentativa de isentar-se de algo impossível? Depende, em se tratando de uma guerra entre o cristianismo e o diabo, isso, apesar de não ser entendido historicamente por uma grande maioria de cristãos, é fácil, simplesmente porque não existe essa guerra, não entre o verdadeiro Deus e um “diabo”, seja lá o que esse for. Já refletimos bastante aqui sobre a verdadeira guerra que existe, a do homem contra si mesmo, e que o “diabo” só tem o poder que o homem lhe dá. O ponto desta vez é alertar sobre uma estratégia que o mal está usando para vencer muitos cristãos, e que esses não estão nem se dando conta de sua existência. 
      O problema do homem está dentro dele, não fora, quando entenderemos isso? Quando pararemos de jogar a culpa nos outros, quando cessaremos de esconder os próprios erros nos erros dos outros, pensando, “tenho meus defeitos, mas os daquela pessoa são bem maiores”, então, usando esse raciocínio como desculpa para não nos resolvermos e exigirmos dos outros que se resolvam? Olhemos mais para nós mesmos, para nos acertarmos, e para os outros, para aceitá-los, sempre no amor maior do Senhor, como homens e não como juízes, ao invés de nos agruparmos para nos sentirmos mais fortes e tentarmos destruir os outros. Exércitos são armas de covardes, o crescimento, a responsabilidade e a iluminação espiritual são individuais. 

Leia na postagem de amanhã 
a segunda parte desta reflexão 
José Osório de Souza, 25/05/2021

02/09/21

Falsos profetas

      “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus.Mateus 7.15-17

      Uma das estratégias de falsos profetas é manterem seus seguidores sempre próximos a eles. Se antes líderes de seitas podiam chamar seu séquito para viver com eles em comunidades isoladas, onde se teria acesso rápido às pessoas, podendo doutrina-las e vigiá-las, nos dias atuais isso pode ser feito ainda com mais eficiência pela internet. Por isso tantas mensagens no Twitter, no Facebook, no Whatsapp, no Instagram etc.
      Quem não foi manipulado pode achar exagero a mesma bobagem ser dita repetidas vezes, mas os falsos profetas fazem isso a seus “convertidos”, para manterem a “corda curta”, com esses sempre presos às suas mentiras, sempre com coisas para se ocuparem, com argumentos para se manterem convencidos que estão pensando certo. Se uma pausa for dada talvez a lucidez surja e os manipulados entendam que estão sendo enganados. 
      “Falsos profetas” querem escravos, não libertos, ainda que usem de forma profana mesmo de textos bíblicos argumentando que o que propõem é liberdade. Falsos profetas, de alguma maneira terão que usar de violência, não só para manterem e trazerem seguidores, como também para atacarem os que se opõem a eles, se acham no direito legítimo para isso por se verem como “escolhidos de Deus”, como melhores que os outros. 
      Eles não têm limites para estabelecerem seus desígnios, não respeitam leis dos homens, não por temerem a Deus, mas por se acharem “deuses”. Constituição e marcos civilizatórios não lhes são impedimentos, passarão por cima de seja lá o que for para prevalecerem e fazerem escravos de adoradores. Só Deus liberta, falsos profetas, não, sejam religiosos ou políticos, e Deus nunca usa qualquer forma de violência. 

01/09/21

Falsos deuses

      “Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não vêem. Têm ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta.Salmos 115.4-7
      “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro. Por mim mesmo tenho jurado, já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás; que diante de mim se dobrará todo o joelho, e por mim jurará toda a língua.Isaías 45.22-23

      A diferença entre os falsos deuses e Deus é que os falsos deuses querem ser alimentados, Deus não precisa de alimento, ele nos alimenta. Os falsos deuses não podem nos alimentar, são carentes, fracos e vazios, existem enquanto os alimentamos, se pararmos de alimentá-los eles somem. Deus não precisa receber nada para existir, nem adoração, somos nós quando o adoramos que somos alimentados, fazermos isso não nos enfraquece ou nos submete, mas nos faz fortalece. 
      Os falsos deuses, por mais formidáveis que se apresentem, por mais adornados de pedras e metais preciosos, por mais gloriosos que se mostrem e se digam ser, são no máximo criaturas, como nós, até os seres espirituais, e eis um mistério. Pedem alimento e louvor porque não buscam isso de Deus e não dão isso a Deus, quem não admite Deus como ele é tentará se fazer de falso deus, exigindo algo que Deus recebe sem exigir, querendo algo que alimente seu ego equivocado. 
      O verdadeiro Deus não pede oferendas, ofertas, dinheiro, bens materiais, nem dízimos, sacrifícios ou fé irracional, ele não faz trocas de favores nem precisa receber algo para nos abençoar, a não ser nossa intenção de estar nele. Para isso basta que olhemos para ele, nos levantemos e sigamos em sua direção, deixando para trás nossos erros, nossos passados, assim como os falsos deuses, todos eles, sejam homens, espíritos, ideologias, objetos ou figuras, nisso há vida e eterna.

31/08/21

Pobres felizes

      “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” Mateus 5.3

      Já refletimos outras vezes no Sermão do Monte (ou das bem-aventuranças), assim como especificamente na bem-aventurança do versículo inicial (veja reflexão “Pobres de espírito” de 6/02/2021), o texto, em minha opinião, mais importante do evangelho, se não de toda a Bíblia, nunca para de nos ensinar algo novo. Bem-aventurados significa muito felizes, a primeira coisa que temos que saber é que felicidade é possível e é nosso direito, não é uma quimera, um luxo, crer em sua possibilidade e que Deus pode nos dá-la é a base para conhecermos e obedecermos a Deus. Infelizmente tem muito cristão, fiel à igreja e à doutrina, que na prática não vive isso, não é feliz, não de verdade. 
      Bem-aventurados os pobres, paremos aí. Como assim, um pobre pode ser muito feliz? Jesus disse que sim, desde que entendamos o significado da palavra pobres (não vou me aprofundar na adjetivação de espírito, esse foi o tema da reflexão do link anterior). Pobre é alguém que tem falta de algo, não está totalmente satisfeito, e numa condição que não mudará, pelo menos neste mundo, mesmo que ele faça tudo o que possa para não ser pobre. Ainda que alguém que tema a Deus possa ter uma vida materialmente não luxuosa, mas digna, e ainda que devamos fazer tudo o que está ao nosso alcance para termos uma vida material melhor, estudando e trabalhando com honestidade, há limites. 
      Um dos segredos de se ser muito feliz é aceitar com humildade os limites, não com revolta contra Deus e a sociedade, nem com inveja ou mágoa dos que têm uma situação melhor que a nossa, mas com uma resignação salutar. Nesse caso só conseguimos essa resignação quando entendemos que virtudes morais e espiritualidade são mais importante que bens materiais. Assim, ainda que tenhamos que passar uma vida como empregados e “servos”, podemos ser felizes se entendermos a vontade de Deus para que tenhamos uma vida assim. Muitas vezes uma área emocional que se sente submetida nos faz sofrer mais que o valor baixo de nossa conta no banco, mas isso também pode ser pobreza permitida por Deus. 
      Sempre que pensamos em limites autorizados por Deus não podemos deixar de lembrar de II Coríntios 12.9, “a minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”, onde Paulo fala de seu espinho na carne. Se de tentações podemos ser livrados com vida com Deus, e por provações tenhamos que passar até que sejamos aprovados e então outras venham e continuemos crescendo, espinhos na carne são provações para toda a nossa existência neste mundo, eles não vão embora, são os limites que Deus colocou e com os quais temos que aprender a conviver para sermos felizes. 
      Timidez, melancolia, hiperatividade, ansiedade, são características que podem ser superadas, e devemos procurar cura para elas caso elas nos prejudiquem demais, seja psicológica ou espiritual, mas essa cura pode ser limitada. Algumas coisas não são defeitos, mas traços de personalidade, que na área profissional adequada podem ser ferramentas vantajosas, como sensibilidade em áreas mais estéticas e artísticas. Contudo, não esperemos que todas as áreas profissionais permitam o mesmo retorno financeiro, não em um mundo injusto e desigual, assim para sermos felizes podemos ter que aceitar nossas características e nossos limites. Esses limites emocionais podem nos fazer mais pobres na área material? Sim. 
      Mas desses pobres esclarecidos em Deus é o reino de Deus, assim chegamos à última lição do versículo inicial. Que reino queremos, o do mundo ou o de Deus? Tem muito cristão usando fé e religião para ter um reino no mundo, querendo igrejas poderosas, religiosos na política, mesmo um presidente cristão. Isso é impossível tanto quanto desnecessário, não viemos a este mundo para estabelecer reinos, ainda que possamos ser bem-aventurados nele. Viemos para sermos provados e aprovados, para crescermos moralmente e construirmos espiritualmente o reino de Deus dentro de nós, reino que só será manifestado plenamente e exteriormente na eternidade, o chamado céu

30/08/21

Forças da natureza

      “Tu, tu és temível; e quem subsistirá à tua vista, uma vez que te irares? Desde os céus fizeste ouvir o teu juízo; a terra tremeu e se aquietou, quando Deus se levantou para fazer juízo, para livrar a todos os mansos da terra.Salmos 76.7-9

      Forças da natureza não são para serem confrontadas, mas evitadas. Não tem como brigar com um forte temporal, com um furacão, com uma nevasca, o que podemos fazer é evitar ou sair dos lugares onde esses eventos estão acontecendo ou acontecerão. Assim é nossa relação com algumas situações e certas pessoas em nossa caminhada neste mundo, algumas coisas são assim, forças da natureza, autorizadas e empoderadas por Deus, ainda que nos pareçam duras, injustas ou insensíveis demais. Forças da natureza têm seus motivos de ser, têm uma razão para agir como agem, e creia, algumas pessoas são colocadas em nossas vidas por Deus como forças da natureza, nem tente lutar contra elas, você não prevalecerá. 
      Há algo muito sério para entendermos quando Deus precisa usar “forças da natureza” para chamar nossa atenção, em primeiro lugar é porque meios “normais” não foram suficientes para que atentássemos a algo importante que ele quer nos falar. A pandemia da Covid 19, por exemplo, pode ser considerada uma “força da natureza”, não porque seja efeito de uma causa dos elementos terrestres, mas porque é algo poderoso, que veio sem aviso prévio, que alcançou a todos, sem distinção, e de uma forma mortal. Ela pode ser evitada? Em termos, sim, com vacina, isolamento social, máscara e higiene, mas anulada de vez só com esses procedimentos seguidos pela maior parte possível da humanidade, pelo menos, e por algum tempo. 
      Entendo que eventos aleatórios, ou que pensamos que são, como acidentes de carro, roubos e assaltos, são potências destrutivas que Deus autoriza sobre nossas vidas para nos chamar a atenção quando estamos sendo desleixados. Esses, quando ocorrem, nos pegam de surpresa, fazem com que nos sintamos expostos, indefessos, sem controle de coisas básicas de nossas vidas, quando essas coisas acontecem já é tarde, devíamos tê-las evitado antes, vivendo de forma mais sábia. Algumas enfermidades nos pegam de surpresa e nos fazem reavaliar nosso modus operandi até então, são gritos de alerta informando-nos que não podemos tudo e que precisamos andar com temor a Deus sempre, e isso inclui cuidar melhor da saúde. 
      Contudo, existem pessoas que são usadas como verdadeiras forças da natureza, Deus as autoriza para terem um efeito avassalador em nossas vidas, e quando isso acontece não devemos brigar com o “vento”, só administrá-lo, nos aproximarmos quando possível e sempre com cuidado. Não pense que algumas pessoas são estúpidas ou equivocadas, elas são instrumentos divinos nas vidas dos outros. Em relação às suas próprias vidas, provações, necessidades de crescimento espiritual e moral, isso tudo não nos compete julgar, não é problema nosso, mas que Deus pode usá-las para nos quebrantar, acordar e crescer, isso pode. Como dito desde o início, não lute com forças da natureza, seja manso e evite-as, com elas só Deus pode.
      Vai aqui algo sobre “pessoas - forças da natureza”, por algum motivo, que só Deus sabe e que nós como cristãos sob teologia protestante tradicional não podemos especular com mais profundidade, tais pessoas têm direito de serem o que são, Deus nunca é injusto com ninguém, seja conosco e muito menos com os outros. Interpretando a coisa de maneira mais direta, se alguém é patrão e rico é porque trabalhou para merecer e administrou seu negócio com inteligência, se nós somos só empregados desse é porque não temos capacidade ou talento para sermos mais que funcionários, ainda que trabalhemos bastante. É claro que há outras variáveis neste mundo, e tem muitos que desfrutam mais que nós sem de fato merecerem.
      Isso não nos compete julgar, todavia, podemos buscar a Deus e entendermos melhor as coisas, para então agirmos com respeito às tais forças. Deus livra os mansos e mesmo as forças da natureza Deus pode usar de maneira extraordinária para abençoar os mansos, quem vive no tempo com sabedoria constata isso. Ninguém tem poder, nenhuma autoridade no plano físico, ou potestade e principado nos ares espirituais, sem que Deus permita, e se ele permite é para um fim útil, disciplinar os rebeldes, suprir os mansos, julgar os maus. Dessa forma não pense que alguém que te oprime e te trata injustamente está funcionando fora do controle de Deus, não está, persista nos valores espirituais mais altos e confie em Deus, ele é justo juiz.

29/08/21

Feliz quem crê sem ver

      “E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.Jeremias 29.13

      Só entendemos de fato o que Jesus disse a Tomé em João 20.29, “bem-aventurados os que não viram e creram”, depois de passarmos por uma experiência onde não temos outra saída senão crer sem ver. Se for o plano de Deus para que você cresça e se você estiver preparado, esteja atento, o Senhor te conduzirá para uma situação, muitas vezes mais interior e emocional que por contingências exteriores e materiais, em que você não achará solução senão crer sem ver. Nessa experiência você só achará Deus e a paz se o buscar de um jeito como nunca antes buscou, não que você não o tenha buscado antes com todo o teu coração, mas o Espírito Santo pedirá que essa experiência seja ainda mais profunda, mais com todo o teu coração.
      Fé é um mistério espiritual porque é algo que não pode ser avaliado materialmente, de modo que possa ser formulado um protocolo, uma lista passo a passo, para que ela seja usada com eficiência, e a eficiência maior da fé é nos conduzir à presença de Deus. Não, fé não é uma ferramenta para que se possa obter coisas, sejam vitórias e prosperidades no plano físico ou comunicação e favores no plano espiritual. Qualidade e quantidade de fé não são avaliadas pelas coisas que a fé nos dá acesso, mas pela porta que ela nos abre para experimentarmos a presença mais alta do único e verdadeiro Deus. O que obtemos depois disso, seja no plano físico ou espiritual, é quase que irrelevante, a presença de Deus é fim em si mesma.
      Conhecimento de Deus é gradativo, por mais profunda que seja uma experiência, acredite, você sempre poderá ir mais fundo. Esse é o grande mistério da fé, ainda que nos leve uma vez ao melhor de Deus não podemos fazer disso uma fórmula que nos conduza de novo a Deus, cada experiência de fé é nova e única. Mas isso não significa que não existam princípios que a própria Bíblia nos ensina, para que tenhamos uma experiência legítima de fé. Boa sinceridade, prática de amor e santidade possível, são três desses princípios, um se refere à nossa relação com nós mesmos, o outro à nossa relação com os homens e o terceiro à nossa relação com Deus, constituem o chão sobre o qual nos apoiamos para nos elevarmos espiritualmente.
      Sinceridade deve ser uma verdade pessoal benigna, verdade todos têm, todos possuem justificativas para serem, falarem e agirem, assim todos são sinceros de algum jeito. Mas essa sinceridade precisa ser benigna para nos preparar moralmente para a presença de Deus, intenção benigna começa a unir nosso espírito ao Espírito de Deus, mas tem mais. A essência da espiritualidade é o amor ao próximo, responder ao chamado para a presença de Deus é ser atraído pelo amor de Deus e quem assim é, também ama os outros. Por último a santidade, uma inconformidade persistente contra o pecado, que busca no perdão e na mudança de atitude mente limpa e coração tranquilo, para estar leve o suficiente para subir pela fé a Deus. 
      O que tem uma experiência de fé além das primeiras coisas, com as ferramentas dos dons espirituais, experimentando uma presença plena do Altíssimo, conhece um novo mistério, uma felicidade singular. Essa felicidade é a força que precisamos para seguirmos neste mundo com vitória sobre os rancores, a ira, as invejas, a vingança, a ansiedade. Muitos estão sempre infelizes, apesar de serem bons cristãos, porque não acham a Deus em oração, e não o acham porque não se dão ao trabalho de buscarem com todo o coração, num segundo nível de fé. Quem tem chamada e está preparado sabe disso, ainda que teime em não obedecer isso, e se desobedecer não será feliz e tentará achar em outras coisas substitutos para tal elevação. 
      Eis-me aqui novamente tentando explicar o inexplicável, por isso, mistério, Tomé pode ter entendido isso só nos últimos momentos de Jesus no mundo. Muitos de nós, infelizes porque estamos insatisfeitos com o que somos, e insatisfeitos porque temos que ir mais além e não vamos, podemos nos desviar do caminho. Se a simplicidade do evangelho não te satisfaz mais, e se você tem achado relevância em esoterismos e outros mistérios, saiba que Deus pode responder aos teus questionamentos, se buscá-lo com todo o coração. Não precisa ficar buscando consolo em misticismos e superstições, assim não permita que tua chamada te desvie, mas que ela te permita achar aquilo que Deus quer te mostrar, só assim será feliz.

Esta é a 3ª parte de uma reflexão 
dividida em três partes, leia as duas postagens 
anteriores para um entendimento melhor.
José Osório de Souza, 02/07/2021

28/08/21

Até onde vai nossa fé?

      “Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto; e folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis; mas vamos ter com ele. Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele.” João 11.14-16
      “Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho. Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” João 14.4-6

      Até que ponto você foi com Cristo? Crê porque os pastores ensinam? Porque sua religião tem dois mil anos e é poderosa no mundo? Porque muitos dizem que Jesus é o caminho, a verdade a a vida? Porque seus pais te ensinaram e você os respeita? Porque tem medo do inferno e do diabo? Isso tudo pode ser só fé baseada no que os olhos veem. Crer sem ver é ir além da tradição religiosa, é de fato ter novas e pessoais experiências com Deus. Talvez a ausência de paz e a dificuldade em ter libertação de pecados existam em tua vida porque, apesar de ser cristão, até agora você não creu sem ver. 
      Interessante que Tomé talvez tenha crido enquanto Jesus desempenhava seu ministério no mundo, mas teve dificuldade para crer no Cristo transformado que iniciaria um ministério espiritual na eternidade (João 20.24-29). A Bíblia é um livro físico, com doutrinas aprovadas por tradição religiosa humana, ainda que seja preciso fé para entendê-la e praticá-la, ela ainda é um cristianismo visível e do mundo. O Espírito Santo, que só veio depois que Jesus partiu, é invisível, não pode ser comprovado pela ciência, mas só ele pode nos revelar mistérios maiores que nos permitirão conhecer mais a Deus. 
      Infelizmente muitos cristãos são como Tomé, e talvez muitos desses não entendam o que estamos dizendo aqui, ao contrário, muitos se acham cheios de fé e não como o incrédulo Tomé. Mas a fé limitada de Tomé pode tê-lo levado a conhecer só a primeira parte da missão do Cristo, a segunda ele quis ver para crer, não entendeu que para crescer e acessar a continuação da obra do mestre precisava de uma fé mais profunda, que vai além do que os olhos podem ver. Hoje, nós podemos ver o Cristo ressuscitado? Não, e para nós hoje é ainda mais necessária a fé de nível dois, digamos assim. 
      Não podemos ver o Jesus espiritual, mas podemos experimentar aquele que ele mandou em seu lugar como professor e consolador no mundo, o Espírito Santo interage conosco através dos dons espirituais, uma experiência espiritualmente gradativa e íntima. Quem nega os dons ou só vai com Cristo até um ponto, age como Tomé, e acreditem, muitos chamados pentecostais ou carismáticos, mesmo tendo alguma experiência com dons, estão longe de conceder ao Espírito Santo toda a liberdade que ele pode ter em suas vidas para levá-los mais perto de Deus através do Cristo Deus e espiritual. 
      Excetuando os textos com as listas dos doze apóstolos, Tomé, chamado Dídimo (significa gêmeo em grego), é citado só mais duas vezes na Bíblia além de no capítulo vinte de João, e ambas também no evangelho de João. Podemos entender mais sobre a fé de Tomé nessas passagens, verificar como ela podia estar limitada à obra de Jesus no mundo. Antes da crucificação os discípulos já tinham receio dos judeus, mas foi justamente a boca de Tomé que verbalizou o medo de serem mortos pelos inimigos de Jesus, assim como foi ele quem declarou que não sabia para onde Jesus iria após a morte.
      Um discípulo com medo da morte e sem certeza do que ocorreria após ela não creu na ressurreição, ele até cria no evangelho, mas um evangelho limitado a esse mundo. Nossa vida com Deus não pode ser completa se acreditarmos em suas providências e propósitos para nossas vidas somente para o plano físico. Dons espirituais são mais que fé para recebermos coisas neste mundo, mesmo perdão e paz espirituais, eles nos colocam em contato com o plano no qual passaremos a eternidade. (Após a descida do Espírito Santo Tomé estendeu seu apostolado até à Índia onde foi assassinado, mais no link). 

Esta é a 2ª parte de uma reflexão dividida 
em três partes, leia a postagem anterior e 
a próxima para um entendimento melhor.
José Osório de Souza, 02/07/2021

27/08/21

Fé até que ponto?

      “Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei. 
      E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco. Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. 
      E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.” 
João 20.24-29

      O ensino da passagem bíblica inicial, que relata o encontro de Tomé com Jesus depois de ressuscitado, deve ser repetido à exaustão, ele revela um dos maiores mistérios espirituais. Algumas vezes uso a palavra “mistério” aqui, sei que há um certo costume no meio pentecostal para usá-la, mas o que ela quer dizer no contexto desta reflexão? Toda a relação do ser humano encarnado no mundo físico com o plano espiritual é um mistério, e céticos, materialistas e ateus não creem no plano espiritual e não interagem com ele porque não conseguem ou não querem aceitar o primeiro mistério, a fé. 
      Essa não é a fé do texto bíblico inicial, mas a fé primeira, aquela que admite a existência de uma divindade espiritual e a possibilidade de interagirmos com ela, essa fé permite que o homem seja salvo. À medida que o homem convertido anda com Deus novos mistérios vão sendo apresentados a ele, ele os conhece se quiser, Deus nunca obriga ninguém a nada com respeito às coisas espirituais. Já com respeito às coisas materiais o homem precisa interagir com elas para sobreviver no mundo, e para isso ele não precisa necessariamente crer em Deus e na relação desse com a matéria. 
      A fé que Jesus cobrou de Tomé é algo mais profundo, que leva a mais que à salvação, ao perdão, à paz com Deus, às primeiras curas e práticas das doutrinas cristãs. Os dons espirituais representam o segundo grande mistério que os homens precisam entender para crescerem, mais que como seres equilibrados e justos no plano físico, mas como seres espirituais eternos rumo ao céu. Tomé era um dos doze, andou com Cristo e estava com ele no final, ele acreditava em Jesus, mas sua atitude de incredulidade revela que ele entendeu só até um ponto a fé necessária para provar o evangelho. 
      Crer sem ver, eis o mistério, não porque Deus priva o homem e exija dele algo injusto, confiar sem saber certo em que, e nem porque somos ignorantes e manipulados que acreditam em qualquer coisa. Aliás, em muitas coisas não devemos confiar sem ver, sem ouvir, sem comprovar seu funcionamento e fim, e nisso está a ciência e seu método para nos auxiliar, exercício para a inteligência humana, fator importante no desenvolvimento do homem no mundo. Contudo, não somos só matéria temporária, somos também espírito eterno, esse só evolui crendo sem ver manifestado no plano físico.
      A tensão entre matéria e espírito que ocorre quando acreditamos sem que os sentidos físicos percebam, dá acesso aos dons espirituais, que é ver, ouvir e sentir as manifestações espirituais através do mover do Espírito Santo pela porta que é Jesus até Deus. Crer sem ver é a aventura mais maravilhosa que o ser humano pode provar se for realizada no Espírito do Altíssimo, nos dá acesso às ferramentas psíquicas para entendermos os demais mistérios. Isso entrega uma felicidade exclusiva, que ciência e interação só intelectual com religião não dão, é a experiência que nos liberta do pecado.
      Tomé foi até um ponto com Jesus, talvez porque até então estava enxergando com os olhos físicos o mestre realizar maravilhas também físicas. Podemos dizer que ele foi lúcido, usou sua inteligência de forma científica, pois confiou no que pôde comprovar com os olhos. Ele não creu nos milagres e na sabedoria prática de amor do Cristo porque os outros lhe contaram a respeito, porque leu, mas porque presenciou ao vivo como apóstolo. Mas lhe restava ainda uma provação, que ocorreu justamente nos últimos momentos de Jesus entre os encarnados, nessa ele não foi aprovado sem ser exortado.

Esta é a 1ª parte de uma reflexão 
dividida em três partes, leia as duas próximas 
postagens para um entendimento melhor.
José Osório de Souza, 02/07/2021

26/08/21

Prepare-se para o pior, espere o melhor (4/4)

      “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo; porquanto os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.Efésios 5.15-17

      Encerrando a série de quatro reflexões sobre a gangorra e emocional, que todos nós provamos neste mundo, eis algo que pode ajudar-nos a superá-la: nos prepararmos para o pior, mas esperarmos o melhor. Pior e melhor, nossa gangorra emocional nos remete para esses extremos, balança para um lado e para outro, equilibrar-nos parece impossível. Em ambos os lados há expectativas e expectativas sempre conduzem a sofrimento, ainda que no lado de cima nos achemos poderosos e possamos sentir a princípio algum prazer. Mas o espírito só tem de fato prazer maior na paz, e na paz não há expectativas, já ansiedade, empolgação e ilusão são momentos curtos, que antecedem sempre a depressão, o desânimo e a desilusão. 
      Isso não significa sermos pessimistas ou incrédulos, mas estarmos preparados para surpresas ruins, e isso é temer a Deus. Quem teme não é livrado de surpresas ruins? Como tentação e como armadilhas, nas quais podemos cair por falta de vigilância prática e vida de oração, sim, nós somos. Quem teme a Deus não cai em tentação nem é surpreendido por homens e espíritos maus, mas como provação não somos livrados. Provações são permitidas por Deus para o nosso aperfeiçoamento, e nenhum de nós sabe até que ponto seremos provados neste mundo, assim nos preparemos para o pior, com temor a Deus e humildade, ainda que um pior autorizado pelo Senhor tenha o objetivo de nós fazer seres melhores para a eternidade.
      Por outro lado, esperarmos o melhor, orarmos, trabalharmos por ele, não é ingenuidade ou insanidade, mas é a disposição que o Espírito Santo nos chama a vivenciar. Entendamos bem isso, Deus é bondade, é luz, é amor, é paz, nele há alegria e vida, esse é o objetivo de todos os seres humanos, estarmos nessa posição espiritual de vitória e de iluminação, o tempo todo. Isso não é exceção ou privilégio de alguns, mas a chamada de todos. Como alcançamos isso neste mundo? Pela fé e por obras, equilibrando corpo físico e suas necessidades, com espírito eterno e suas virtudes, tendo comunhão com Deus mas interagindo com homens. Esteja preparado para o pior, vigie sempre, mas creia de todo o coração no melhor possível.
      O mal, as trevas, a infelicidade, sempre estão nos extremos, ou no pessimismo exagerado dos velhos de alma, ou na fantasia insana dos infantis fora de tempo, ambos são construções mentais, nascem e se mantêm vivos em nossas cabeças. Equilíbrio só é alcançado com prática de vida, que confronta ideias e paranóias com a realidade, que mostra que nada de bom é para sempre e que nada é tão ruim para levarmos a sério demais. Quem nos nivela não é a religião, mesmo a sabedoria de espiritualistas e de cientistas, mas o vivo e verdadeiro Espírito Santo de Deus através de Jesus. Só Deus para nos dar o tom certo, não tão grave e nem tão agudo, centrado e harmonizado com o seu tom, o tom do criador e Senhor do universo. 

Leia nas postagens anteriores 
as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

25/08/21

Querendo o que Deus quer (3/4)

      “Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá. O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem; porém é melhor ser pobre do que mentiroso.Provérbios 19.21-22

      Fruto que só colhemos na maturidade, com tempo de vida e vida mais profunda com Deus, já com o corpo envelhecido e com a alma experimentada em paixões e planos, muitos não concretizados, é harmonizar o que queremos e imaginamos com aquilo que agrada a Deus e que ele quer de fato para nós. Imaturos, ainda que tendo uma vida sincera com Deus e de consagração, muitos coisas podem ocupar espaço e tempo dentro de nós sem que sejam o que Deus quer nos dar, e consequentemente que passarão do plano mental interior para o plano real e físico exterior. 
      Imaturos somos presas da gangorra emocional que leva-nos a extremos, num momento pensamos que tudo podemos e no outro que nada conseguiremos, ainda que achando que queremos grandes coisas porque cremos num Deus grande que tem grandes coisas para seus filhos. Isso até pode ser verdade, mas não para todos os que buscam a Deus, infelizmente como esse equívoco é incentivado atualmente, principalmente por púlpitos pentecostais que plantam fé para colherem dízimos. Dessa forma imaturidade é usada em prol de objetivos materiais de aproveitadores. 
      Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do Senhor permanecerá, como nos iludimos com propósitos, inventando desculpas para mantê-los. Alguns querem cargos em igrejas, oportunidades como cantores e músicos, porque estão convencidos que esse é o propósito de Deus para suas vidas, estão pronto a fazer qualquer sacrifício para atingirem esses propósitos e creem que isso é ser espiritual. Falo de área que conheço, a música, como já vi gente perdendo muitas oportunidades na vida profissional convencida que o plano de Deus para elas era música. 
      Como sempre, como pai de amor, Deus acompanha-nos, seres equivocados, com muita paciência, Deus não destrói o sonho de ninguém, ainda que seja um sonho errado. Deus dá tempo ao tempo para que as provas da realidade da vida neste mundo, convençam-nos que certas coisas não são o melhor para nós, ainda que as queiramos com tanta persistência e tenhamos tanto prazer em fazê-las. Muitos, porém, só aceitarão a verdade depois de cansados e desiludidos, assim como depois de prejudicarem muitos próximos a eles, que também sofreram algum dano com seus propósitos ilusórios. 
      Mas ainda que busquemos com temor a Deus para saber de fato o que ele tem de melhor para nós, que tentemos não ser iludidos por paixões e vaidades, a vida nos surpreenderá até o fim. É assim que tem que ser para que nosso tempo neste mundo seja bem aproveitado, sermos provados para sermos aprovados. O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem, porém é melhor ser pobre do que mentiroso, como mentimos para nós mesmos. É essa mentira que balança a gangorra emocional que nos faz sofrer, o maduro, contudo, olha para si, vê o que de fato é, descansa em Deus e acha paz. 

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“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

24/08/21

Persista pela fé (2/4)

      “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” João 14.27
    
      Logo após termos uma experiência maravilhosa com Deus queremos ser mais santos, amar mais, vigiar mais, para podermos ter uma experiência igual ou melhor novamente, mas estamos encarnados nesse mundo e nessa condição não retemos emocionalmente com facilidade o que alcançamos no espírito. Aprouve a Deus que fosse assim para persistirmos no caminho melhor, para dependermos dele sempre, não de uma única experiência. Assim, cada busca, cada momento de oração devemos começar, não de cima, mas de baixo, quebrantados, humildes, senão cairemos e no fundo ficaremos. 
      Neste mundo, num plano físico, nossa memória espiritual é fraca, experimentamos em certas instâncias mesmo amnésia (eis um mistério), por isso podemos um dia estar num céu e em outro dia num inferno. Bens materiais podem ser mantidos com trabalho e conhecimento da economia do mundo, mas virtudes espirituais só são anexadas aos nossos espíritos com persistência e busca do Senhor. O raciocínio “quanto mais fundo o buraco mais alto o monte” é correto, se você está se sentindo muito perdido, confuso, é porque está muito longe do lugar melhor que um dia alcançou em Deus. 
      Temos, entretanto, um consolo, se a queda muitas vezes parece nos pegar de surpresa, mesmo sem motivo aparente já que podemos nos sentir perdidos ainda que não tenhamos cometido nenhum pecado absurdo, a volta à posição espiritual que já conquistamos pode ser rápida. Como? Com fé. Certos abismos que nossas almas experimentam são só confusão emocional, a gangorra de nossas almas frágeis nos pregando peças. Confusão emocional não se vence com racionalização, ainda que o início da solução seja racionalizar e não confiar nos sentimentos, a vitória, contudo, se concretiza pela fé. 
      Pela fé tomamos posse do que Deus já nos deu no passado, e se ele deu ele não toma de volta, pela fé descansamos num Deus fiel, estável, sempre bom, pela fé abrimos caminho das trevas emocionais, que podem nos sufocar, para tocarmos novamente na orla dos vestidos de Deus (sendo metafórico). Pela fé nos levantamos do buraco profundo que como homens estamos sujeitos a cair, mesmo sem motivo racional, e nos colocamos de pé para seguirmos no estreito caminho rumo ao Altíssimo, onde há paz e esperança. Pela fé voltamos ao lugar que Deus já nos deu, nossa Canaã espiritual. 
      Nem sempre dor é punição, e punição que nos aplicamos quando nos afastamos de Deus (Deus não pune ninguém diretamente), mas dor pode ser uma chamada de atenção do Senhor, e nesse caso quanto maior, maior será a paz. Talvez não seja nem dor o termo mais correto, mas um “pesar” que nos abala, um sistema de alerta, como o medo que nos avisa quando estamos próximos a um perigo. Tenhamos discernimento, saibamos o que somos, não pensemos que há pecado escondido quando não há, ainda que nos sintamos mal, e voltemos à comunhão com Deus, nosso melhor lugar onde há paz. 

Leia na postagem de ontem 
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as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

23/08/21

De quem mais sabe mais é cobrado (1/4)

      Iniciando hoje, segue “Gangorra emocional”, uma reflexão dividida em quatro partes, se possível leia todas as partes para melhor entendimento. 

      “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.Lucas 12.47-48

      Se um morador de São Paulo, capital, for deixado numa cidade do interior do estado de São Paulo, se verá longe de sua residência, do lugar onde conhece as pessoas e por onde sabe transitar. Ainda assim, no interior distante da capital, poderá se comunicar com as pessoas e voltar sem perder muito tempo à sua cidade. Se a mesma pessoa for deixada em outro estado poderá estranhar certos costumes, demorar um pouco mais para retornar à sua cidade, mas também poderá se comunicar, visto que ainda que em outra região e com sotaque diferente, estar em seu país e com seus compatriotas. 
      Mas se a mesma pessoa for deixada fora do Brasil, a dificuldade será grande, terá problemas com comunicação e terá que pagar caro uma passagem de volta a seu país. Quanto mais longe estivermos de nosso melhor lugar, pior nos sentiremos, isso não significa que não temos um lugar para sermos felizes, mas que estamos no lugar errado, e dependendo do que fazemos podemos estar bem longe do nosso melhor lugar. O sentimento de estarmos perdidos é inversamente proporcional à certeza de estarmos no lugar certo, quanto mais confusos nos sentimos mais lúcidos poderemos nos sentir.
     De acordo com nossa consciência de moralidade podemos nos sentir bem ou mal, e é preciso consciência para ter essa sensibilidade, muitos erram e machucam os outros e nem se sentem mal por isso pois não têm consciência. Por outro lado nossos sentimentos não são confiáveis por si mesmos, podemos nos sentir mal ainda que não estejamos mal espiritualmente, nossa estrutura emocional é uma gangorra que temos dificuldades para controlar e que interfere em nossa percepção espiritual. Essa gangorra tem uma característica, se ajusta à medida que alcançamos níveis mais altos.
      Quanto mais alto vamos, mais baixo poderemos ir também, quem provou um nível espiritual alto poderá provar um nível muito baixo, porque correrá mais riscos que quem provou um nível espiritual não tão alto. Quem avançou dez quilômetros se retroceder dez quilômetros de seu início terá voltado vinte quilômetros, já quem avançou cinco quilômetros se retroceder dez quilômetros de seu ponto inicial só terá voltado quinze quilômetros. Quem sentirá mais o retrocesso? O que voltou vinte quilômetros, ainda que um dia tenha ido mais longe. O “coice” é relativo à força do “disparo”, pura física. 
      Quem mais sabe mais lhe é cobrado, conhecimento dá poder, com poder podemos nos arriscar mais e consequentemente perder mais. Quem pouco sabe menos se arrisca, porque nem sabe como se arriscar mais, conhecimento pode enfraquecer assim como ignorância pode proteger, quem mais agradou a Deus mais pode desagradá-lo, quem pouco obedeceu, pouco pode desobedecer. Cuidado quem muito sabe, sua queda pode ser maior dificultando mais seu restabelecimento, todos temos que vigiar, mas o que mais sabe deve vigiar mais pois seu testemunho envolve e compromete mais.

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as outras partes da reflexão
“Gangorra emocional”.
José Osório de Souza  

22/08/21

Eleva-nos, ilumina-nos, vivifica-nos

      “O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempos de angústia.Salmos 9.9

      A comunhão espiritual com Deus pelo caminho do Espírito Santo até a porta para as regiões celestiais mais elevadas em Cristo, coloca nosso espírito numa posição de proteção e conhecimento, ao mesmo tempo que consola nossos sentimentos e pensamentos, tendo como efeito final a cura de nosso corpo físico. Vamos entender melhor isso. Apesar de muitos céticos, materialistas e ateus não admitirem, a prioridade é o espírito, não o corpo, espírito bem cuidado abençoa todo o resto de nosso ser, mente, emoções e corpo. Nosso espírito só atinge sua melhor forma estando em comunhão com Deus, de Deus saímos, nele vivemos e para ele retornaremos, a matéria é uma ilusória passagem, curta e fugaz, que não deveria ter prioridade sobre o espírito. 
      Comunhão com Deus não podemos estabelecer sozinhos, mas com a ferramenta que o próprio Deus nos dá, o Espírito Santo. Esse é o caminho até o Altíssimo: emanado por Deus conduzindo a vontade do Senhor para nós homens, ecoado em nós contemplando nossas intenções e adoração, e retornado a Deus levando nossas necessidades, questionamentos e agradecimentos. O Espírito Santo alcança o Altíssimo através de uma porta, Jesus, o filho primogênito do Senhor, ser espiritual único para o planeta Terra, enviado aos homens com uma missão singular e existindo na eternidade com uma função exclusiva. O Espírito Santo é o caminho espiritual que acha na porta, Jesus, as virtudes e as riquezas mais altas do criador e Senhor do universo. 
      Quando a comunhão com Deus é perfeita, e ela pode ser pelo Espírito Santo em Jesus, todo o nosso ser percebe, há paz em nossas mentes, alegria em nossos sentimentos, refrigério para nossos corpos, Deus nos cura por inteiros. Mas é mais que isso, se nossos corpos ainda estão presos ao mundo físico, nossos espíritos podem alcançar as regiões mais elevadas e nessas regiões há proteção e conhecimento. A luz de Deus é poder, chama que não queima, luz invisível que protege mesmo as coisas visíveis, santidade que afugenta todos que não amam a pureza moral. Basta a luz de Deus ser emanada para que “demônios” saiam correndo, assim quem se coloca em oração nas regiões celestiais mais altas, tem o reflexo do espiritual mais elevado no físico. 
      A mesma luz que exige santidade compartilha conhecimento, e conhecimento de Deus não é só informação passiva para saciar curiosidade, é vida, é a palavra, é o verbo, criando, renovando, libertando, fortalecendo. Pobres os que limitam conhecimento divino a entendimento intelectual da Bíblia, isso é bom, mas é apenas o vaso, o conteúdo é o óleo, que vai além de mente e coração, é espiritual. É sobre isso que Hebreus 4.12 se refere quando diz: “porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”. Essa palavra é mais que letra morta, é o vivo Espírito Santo. 

21/08/21

Deus é luz

      “E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas.I João 1.5

      O assunto no qual refletiremos a seguir pode ser um pouco difícil de ser entendido, é verdade que ele fala de conceitos que bem ou não tão bem compreendidos não fazem muita diferença nas vidas práticas da maioria dos cristãos, Deus valoriza mais a intenção que o conhecimento. O “Como o ar que respiro”, contudo, é espaço para fazer pensar, mas que o que será compartilhado não escandalize e nem confunda ninguém, não abramos mãos da fé em Deus que nos trouxe em vitória até onde chegamos. Contudo, que tenhamos calma e tempo para reavaliar e quiçá crescer um pouco mais no conhecimento espiritual da luz, “faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens, porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” (Gálatas 1.11-12).

      Deus é luz! Entenda luz não como claridade que facilita visibilidade, usando referência de luz física, isso por si só não representa ou exige qualidade moral já que no mundo pecados são cometidos com o Sol a pino e mesmo dentro de ambientes bem iluminados. A luz espiritual divina está relacionada com santidade, verdade e autoridade, ela pede limpeza moral, revela a mentira e tem poder afugentando aquilo que se opõe a Deus. Deus está em todos os lugares e tem poder sobre tudo, mas na sua misericórdia ele permite que os seres exerçam livre arbítrio e se afastem, não dele, mas do melhor dele. Crer de outro jeito limitaria Deus, ou nos levaria a entender que Deus age diferentemente com as pessoas, Deus é equânime sempre! 
      Quem constrói diferenças e as usa para julgar e condenar os homens, é o próprio homem, não Deus, Deus ama a todos e a todos atrai para sua luz mais alta, mas quem não quiser isso terá um lugar de trevas para se esconder. Trevas acabam sendo um local de refúgio para quem já está envergonhado e não quer ser confrontado na condição de rebelde contra Deus, mas só ter a companhia de seus pares. Deus ama até demônios, diabos e outros seres e espíritos inferiores e maus, e se esses são o que são, o são por escolhas próprias, não por punição de Deus. Deus não pune ninguém, são os seres, afastando-se do melhor de Deus, que punem a si mesmos, Deus não destrói nada, mas longe de seu melhor tudo se torna corruptível. 
      Sei que muitos, baseados em textos bíblicos escritos por homens inspirados pelo Espírito Santo, mas de outros tempos, sociedades e culturas, e interpretando a Bíblia ainda sob a ótica tradicional cristã, têm dificuldades para entender o conceito “Deus é luz”. Deus não vem e expulsa o mal ao nosso redor, somos nós que vamos, nos aproximamos de Deus e saímos da região espiritual onde está o mal. Se o mal está num lugar, está com direito legítimo de estar, pois foi o próprio Deus que deu ao mal esse direito, éramos nós que estávamos no lugar espiritual errado. Quando um demônio é expulso, é o espírito do endemoniado que é elevado saindo do território espiritual do mal, o demônio permanece onde lhe é autorizado estar. 
      Entendamos que isso são conceitos espirituais e verticais, vendo o ser humano como alguém que ainda que pise o mundo material horizontal, tem um espírito que pode se elevar ao Deus espírito e altíssimo. Mas tudo bem, podemos orar da forma tradicional, pedindo que o Senhor nos proteja e expulse o diabo que nos afronta, clamando para que ele vença nossos inimigos. Deus atende essa oração, mas somos protegidos pelo simples fato de fazermos tal oração, ainda que com palavras imprecisas, pela intenção certa que há nelas nosso espírito se coloca nas regiões celestiais mais altas em Cristo. De outras maneiras também alcançamos essa posição, ainda que também com termos inexatos, como quando adoramos e cantamos louvores.
      Se há intenção correta e foco no fim certo, bastarão para nos proteger, mas na verdade não é Deus quem desce, somos nós quem subimos. Deus desceu uma vez, através da obra redentora de Jesus, que agora está lá em cima, como porta para o altíssimo, acessada por todos que buscam a Deus pelo Espírito Santo. Entender isso diferentemente pode nos levar a ver Deus como um general de exército fazendo guerras e conquistando territórios, como se estivesse no mesmo nível espiritual de seus opositores, como se fosse só uma entidade espiritual oposta a Satanás, e não é assim que é. Deus é muitíssimo superior a todos, ninguém nem chega perto dele, assim como não existe guerra espiritual, a única guerra que há é em nossas mentes
      Intenção interior é algo tão poderoso e importante que muitos, sem saberem, tocam o trono de Deus nas regiões celestiais mais altas, e outros, ainda que em igrejas cristãs e com bocas cheias de Bíblia, não passam dos tetos dos templos com suas preces. Com a intenção espiritual correta, que muitos chamam de “unção”, nem são necessárias palavras e raciocínios, pode bastar um desejo focado e forte. Orar visualizando mentalmente aquilo ou aquele que se quer abençoar, nos permite ver a luz de Deus sendo emanada, curando, libertando, protegendo e guiando, se fazemos isso na autoridade e na mobilidade do Espírito Santo. Deus é luz, e nessa luz há uma qualidade de vida que muitos nem imaginam existir. 
      Por que tantos cristãos infelizes, apoiando atualmente ideologias políticas de guerra e ódio? Porque creem mais nas trevas que na luz, e quando digo isso não estou querendo dizer que cristãos confiam no diabo, mas que inventam trevas tão empoderadas que o Deus de luz acaba ficando muito menor que é. Quem dá ao “diabo” poderes que ele não tem, constrói uma guerra que não existe e perde tempo e energia num embate inútil, mas cristão assim não pode ser feliz e ter paz, e muito menos se preparar adequadamente para a eternidade. Esses até se preparam, para um apocalipse que nunca vai acontecer, enquanto deixam de dar no mundo testemunhos de verdadeiros luzeiros espirituais do genuíno Deus de luz. 

20/08/21

Engenharia, eficiência, design, conforto

      “Cada um fique na vocação em que foi chamado.I Coríntios 7.20

      Vi, numa propaganda de bateria para autos, quatro características de construção de carros, aliadas a quatro construtores diferentes, achei interessante: engelharia alemã, design italiano, eficiência japonesa e conforto norte-americano. As pessoas são diferentes, as nações, suas culturas e histórias, são diferentes, assim são diferentes suas qualidades, suas capacidades, assim como suas restrições e suas fraquezas. Já os que vêm de um mesmo ambiente, com mesma formação intelectual e mesma estrutura emocional, são semelhantes, bons em certas coisas e não tão bons em outras. Viva a diversidade, viva a multiforme sabedoria de Deus que se revela em partes diferentes em pessoas diferentes, para que todos sejam úteis no todo. Vamos entender melhor essas quatro características: engenharia, eficiência, design e conforto. 
      A engenharia resolve problemas humanos criando máquinas, inventando ferramentas que antes não existiam. Os primeiros modelos de um engenho podem não ser os mais eficientes, mas cumprem suas funções, ajudam o homem a fazer algo que antes ele tinha que fazer sozinho, com sua força física ou com força animal. Os que buscam eficiência também se ocupam com a função, podem até não inventar nada, construir algo do zero, mas aperfeiçoam, tornam o que outros criaram mais eficientes, de maneira que algo desempenhe sua tarefa em menos tempo, com menos gastos, energia, combustível ou força, e ocupando menos espaço. Tanto engenheiros quanto desenvolvedores de eficiência trabalham sobre o conteúdo, querem que algo funcione, melhor e mais barato, sem se preocuparem muito com a forma.
      A forma se manifesta exteriormente e interiormente, no lado de fora é a beleza estética que os outros veem, o design, no lado de dentro é a interação do engenho com aquele que o opera e com outros passageiros, que encontram no conforto mais facilidade para usarem a ferramenta. Nem tudo que é bonito por fora é confortável por dentro, para exibir algo para os outros muitos fazem sacrifícios que mantêm em segredo. Por outro lado muitos priorizando o conforto interno relevam a aparência externa, assim quem vê pode ter uma impressão oposta da experiência de quem está dentro, pode achar que o operador sofre com um engenho ruim, enquanto esse está bem confortável. Esses são quatro critérios para avaliarmos uma ferramenta, dois sobre o conteúdo e dois sobre a forma, dois sobre a função e dois sobre a estética. 
      Um carro de corrida, de Fórmula 1, por exemplo, tem engenharia sofisticada e pode até ter um design externo elegante, mas não é eficiente para andar em ruas comuns fora de um autódromo e nem é confortável para o motorista. Por outro lado uma limusine tem confortos até exagerados para seus ocupantes e também pode ter um design luxuoso, mas não é um topo de linha em termos de engenharia de motor e muito menos é eficiente, ela tem custo bem alto para ser mantida em funcionamento. Carros europeus populares são pequenos, ágeis, adequados para as vias estreitas do velho continente, já carros norte-americanos são amplos, resistentes, não precisam ser rápidos para ganharem uma corrida, só confiáveis para se viajar com toda a família de costa a costa num país continental como os E.U.A..
      E nós, seres humanos, somos adequados para a realidade em que vivemos? Ou estamos tentando ganhar uma corrida que não fomos feitos para correr com um carro popular, ou pagar caro por um carro luxuoso quando só precisamos chegar depressa no trabalho que não nos paga o suficiente para termos um carro caro? Podemos também estar usando um Fórmula 1 para ir à padaria ou ir à cidade todos os dias com um ônibus que só leva a nós como motorista e passageiro. Saber o carro que se pode ter e saber onde se tem que ir com ele, é o segredo de uma vida eficiente e confortável, não ociosa, nem sacrificada, mas equilibrada. Auto-conhecimento é a chave para a felicidade e a utilidade, mas só nos conhecemos quando conhecemos a Deus, a jornada para conhecer a Deus é a mesma que nos leva a nos conhecermos. 
      O segredo é entender que ninguém é igual a ninguém e nem precisa ser, contudo, por querermos ser o que não somos, por usarmos como referência os homens e não Jesus, na maior parte das vezes somos inadequados para a vida que podemos viver, assim acabamos infelizes e não tão úteis. Aceitar as diferenças é aceitar o destino, e destino não é uma cela, mas o melhor caminho para chegar no lugar que precisamos chegar, que só descobrimos à medida que caminhamos. Destino não é algo que se descobre seguindo fórmulas de outros homens, sejam intelectuais, morais ou espirituais, destino se entende buscando a Deus, tendo uma profunda comunhão com ele, para depois pôr em prática no dia a dia de nossas existências no mundo. Deus sabe porque dá a cada um carros diferentes, isso não é limitação, mas oportunidade. 

19/08/21

Respeite

      “Eu, porém, olharei para o Senhor; esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá. O inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz. Sofrerei a ira do Senhor, porque pequei contra ele, até que julgue a minha causa, e execute o meu direito; ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça.Miqueias 7.7-9

      Não inveje o que desponta pela qualidade de seu trabalho, não guarde mágoa daquele que te tratou injustamente, não mantenha expectativas de ganhar de homem um reconhecimento. Dê a cada um a oportunidade de receber a mesma honra que você quer receber, e faça isso com o coração, generosamente. Deus ama a todos igualmente e se trata diferentemente a cada um é porque cada um precisa, para o seu próprio bem, ser tratado assim, com oportunidade diferente e em tempo diferente. 
      Aprenda com todos, ouça a todos, respeite a todos, mas trilhe seu caminho só, debaixo do pequeno facho de luz que Deus emana sobre você, ele é suficiente para que você veja o que precisa ver a cada passo que dá. Ande devagar mas continuamente, aprenda aos poucos deixando que o conhecimento se assente em teu espírito e fique lá, então, um novo facho de luz de Deus emanará, mostrando o que vem a seguir. Deus te respeita, mais que você ou os homens te respeitam, ele caminha contigo sem pressa. 
      Quantas vezes saímos correndo, achando que sabemos mais e não precisamos ter paciência para esperar quem não sabe, e fazendo isso sinceramente convictos que temos o direito de estar à frente, afinal nos esforçamos para conquistar algo. Deus não age assim, ainda que saiba de tudo, não joga verdades em nossos rostos, não se prevalece por saber mais, não sai correndo e nos obriga a ir atrás. Isso é respeito, o mesmo que temos que ter conosco e com os outros, seja na área material, intelectual ou moral. 
      Consegue respeitar quem sentiu a necessidade de respeito e o provou. Que respeito é maior que aquele que provamos do próprio criador, Deus santo e eterno? Quem sente na pele o respeito do Deus que vê o pecado, mas ainda assim nos ama e nos perdoa, dando-nos uma segunda, uma terceira chance, respeita os outros, tem paciência com os outros, ama os outros. Por isso não há condenações nem endemoniados eternos, só criaturas respeitadas por Deus com tempo para aprenderem a respeitar a si mesmas. 
      Respeite mesmo o que está em pecado, e mais ainda o que esteve e não está mais, amar é olhar as pessoas com os olhos de Deus, vendo nelas o que elas podem vir a ser. Isso não é escolha ou simples complacência, é prova da espiritualidade mais alta para a qual todos somos atraídos por Deus, e de um jeito ou de outro, um dia todos aprenderemos a respeitar a todos. Não dê vereditos finais só pelo que seus olhos veem neste mundo, Deus nos respeita pois sabe que temos tempo para melhorarmos. 

18/08/21

Sem atraso ou risco

      “Depois disto, disse aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia. Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá? Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.João 11.7-10

      O homem espiritual vê o invisível, sabe onde e quando andar, pois o faz na orientação de Deus, e quando o Senhor orienta sempre há luz. Há perigo, existem opositores, há torcida contrária, existem invejosos? Sim, mas se Deus manda, faça, com humildade e cuidado, mas sem medo e com segurança. A vitória não está no ambiente, nas pessoas, na situação, no mundo visível, mas na ordem de Deus. 
      Contudo, o contrário também é verdadeiro, se Deus não mandar, ainda que tenhamos as melhores intenções e os maiores esforços, ainda que os homens nos apóiem, ainda que as situações econômica e política estejam favoráveis, estaremos em trevas. Na escuridão do noite espiritual, não há clareza intelectual ou fortaleza material que resistam, o maior perigo é espiritual, não físico. 
      Andemos enquanto há dia, pois virá uma noite maior para toda a humanidade e nela só a graça de Deus para sustentar os humildes que confiam num Deus espiritual invisível, e não no que os olhos acham ver. O invisível se torna visível para os simples, as mudanças de estações, de eras, a passagem do dia para a noite, são discerníreis aos que temem a Deus. A força não está em fazer, mas em obedecer. 
      Em sua jornada pessoal, você sabe se é dia ou se é noite? Se é amanhecer ou é entardecer? Não durma com o Sol a pino, mas também não tente trabalhar à meia-noite, pelo que conseguiu construir no tempo certo agradeça a Deus e descanse. Se não foi suficiente, ainda assim Deus cuida com misericórdia dos que se quebrantam diante dele, mas o teimoso que quer fazer fora de hora cairá e não saberá onde. 
      Na passagem de Jesus “ressuscitando” Lázaro (leia todo o capítulo onze do evangelho de João para melhor entendimento) parece que Jesus estava fazendo tudo errado, demorou para ir ver Lázaro e suas irmãs, não era um momento propício, visto que os judeus queriam seu mal, mas ainda assim ele teve calma. Seus discípulos, olhando a situação de fora, não entenderam e exortaram o mestre, cegos. 
      Contudo, quem anda na luz não se perde, não é confundido, não é pego por surpresas, por armadilhas, pela maldade do homem, e acima de tudo, quem está na luz pode pedir uma interferência extraordinária de Deus (extraordinária pelo menos aos olhos dos homens) e ser atendido. Os tolos poderiam dizer, “se Jesus tivesse ido ver Lázaro na hora certa um milagre não precisaria ser exigido”. 
      Mas quem de nós entende os planos de Deus, o que de melhor Deus pode nos ensinar, não através do impedimento do mal antes que esse se realize, mas com a vitória sobre esse depois que já se realizou no mundo material? Deus age de muitas maneiras, e muitas vezes não porque seja o melhor jeito, mas porque é o único jeito de nós, homens de duras cervizes, sermos quebrantados e aprendermos algo. 
      O ponto desta reflexão é um só: quem anda na luz de Deus não se atrasa, nem se expõe a perigos desnecessariamente, antes cumpre o propósito maior de Deus, glorifica seu nome e cresce espiritualmente. Cuidado, os que julgam pelos olhos físicos, mas que são cegos espirituais, que se achando lúcidos estão em trevas. Estejam felizes, contudo, os que obedecem a Deus, para vocês a luz mais alta nunca falta.

17/08/21

Invisível

      “Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente.” 
Mateus 6.2-4
      “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.” 
I Timóteo 1.17
      “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.”
João 18.36

      A verdadeira espiritualidade deve ser invisível aos olhos físicos, no destino, e na origem, para onde vai e de onde vem. “Fazer o bem não importa a quem”, eis um ditado popular que tem como base o texto inicial de Mateus 6, o verdadeiramente espiritual é humilde e ajuda os homens sem exigir desses reconhecimento. Por outro lado, quem viu a Deus? Quem pode estar onde está Jesus? Quem sabe como trabalha o Espírito Santo e as legiões de seres espirituais de luz que nos aconselham e nos protegem? 
      Tudo que se vê se torna ídolo, e como tal é limitado, ainda que o homem sinceramente use uma imagem visível como meio para focar no invisível, como católicos tanto alegam. Deus responde a esses? Sim! Com certeza. Mas é o caminho mais maduro, mais espiritual? Não. A maturidade e a espiritualidade neste mundo, enquanto estamos encarnados, depende de fé e fé é crer no invisível. Isso não é uma limitação que Deus nos impõe como pena, mas como provação para crescermos. Será que entendemos isso? 
      Crescemos vivendo no plano físico dando prioridade a valores do plano espiritual, eis o paradoxo que define nossas existências. Esse mistério só compreendemos e praticamos pela fé. O que é fé? Não é só convicção mental e sentimento antecipado de algo que ainda não ocorreu, isso na verdade é a consequência da fé genuína. Fé é dádiva divina, revelação do céu, origina-se no Altíssimo, que devidamente acolhida por nós, nos permite experimentar a expectativa de algo que vai acontecer porque Deus disse que vai. 
      Cuidado com aquilo que confiamos porque vemos, porque entendemos em sua totalidade, ainda que pareça cristão, ainda que fale e se porte como cristão, ainda que queira estabelecer no mundo algo cristão. O reino de Deus é invisível porque é espiritual e só se revelará plenamente na eternidade. Na verdade até teremos um “reino de Deus” na Terra, mas isso demorará não pouco tempo, ele não será o que é o Vaticano ou o que muitos evangélicos brasileiros (não todos) acham que é apoiando poderes visíveis do mundo. 

16/08/21

As pessoas não precisam saber…

      “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santosEfésios 6.18

      Algumas coisas, talvez as mais importantes, as pessoas não precisam saber que fazemos por elas, às vezes só nos basta orar por elas. Uma oração sincera, convicta, nem precisa ser com muitas palavras, pode bastar mesmo nenhuma palavra, mas um sentimento forte pedindo que Deus emane sua luz mais alta sobre alguém. Isso pode ser tudo o que Deus precisa para abençoar alguém, libertar alguém, proteger alguém, curar alguém. 
      Deus precisa de nós para agir? Sim, precisa. Em seus mistérios e em seu grandioso amor ele não faz participantes de suas bênçãos, de suas intercessões, de seus milagres, não porque ele seja fraco ou dependente de suas criaturas, mas porque ele age assim. Deus concede o privilégio de ser instrumento de luz e de amor a todos nós, e assim como oramos por alguém, alguém também pode estar intercedendo por nós e nós nem saibamos.
      Tudo isso acontece no imenso mecanismo cósmico divino, que usa muitos para abençoar muitos, assim ninguém é inútil e todos podem achar a maravilhosa alegria de ser colaborador no plano de Deus para atrair os seres humanos às regiões celestes mais elevadas em Cristo Jesus, através do Espírito Santo. Os abençoados pelas nossas orações nem precisam saber que oramos, que a glória seja só de Deus, eis o caminho da espiritualidade. 
      Algumas pessoas se afastam de nós, pessoas importantes para nós, mas que por um motivo ou outro, acabam se fechando nelas mesmas. Deus sabe porque cada um constrói muros ao seu redor. O sofrimento e as decepções podem tornar as pessoas duras e solitárias, e às vezes vendo em nós inimigos que na verdade não somos. Não é fácil orar por quem nos despreza, mas esse alguém pode ser quem mais necessita de nossas orações.

15/08/21

Você sabe que Deus tem?

      “Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.Hebreus 5.13-14

      Você sabe quem é o Deus com o qual tem direito de se relacionar? Sim, porque ainda que você não creia nem na existência de Deus, Deus existe e te ama, aceite você isso ou não. Mas a palavra aqui, como na grande maioria das vezes no “Como o ar que respiro”, não vai para os “de fora”, os “do mundo”, termos que evangélicos se acostumaram a usar, mas é para os evangélicos, os de dentro das igrejas. Evangélicos, vocês de fato conhecem o Deus que temem e adoram? Conhecem de perto e em primeira mão, ou só como meninos, através daquilo que outros homens compartilham sobre ele? 
      Um pai, orgulhoso de seu trabalho, da empresa onde trabalhava, do dono da empresa que o empregava, agendou uma reunião com seu patrão e quis levar junto o filho, um adolescente de doze anos. O pai já tinha falado bastante com o filho sobre seu emprego e o dono da empresa, o pai admirava o homem, um empreender, justo líder de seus colaboradores. O filho tinha a melhor das impressões do homem, mas então teria a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Durante o encontro o filho permaneceu calado, só ouvindo a conversa, feliz de estar conhecendo ao vivo alguém tão importante. 
      Um dia o menino cresceu e conseguiu empregar-se na mesma empresa onde o pai trabalhou por anos. Algo, contudo, aconteceu, ele conheceu melhor o patrão, o dono da empresa, não por ouvir dizer e dizer por alguém que ele respeitava, seu pai, um homem honesto e esforçado. Ele, então, percebeu coisas que não percebia quando seu pai lhe contava a respeito, e mesmo naquele encontro pessoal que teve quando adolescente com o patrão. Ele entendeu que o homem não era perfeito, mas que também tinha qualidades que seu pai não relatou, ele enxergou a realidade com os próprios olhos. 
      Essa breve parábola nos mostra que por mais que respeitemos certas coisas não podemos ser crianças para sempre, e que a verdade só conhecemos convivendo nós mesmos com a realidade. Visto de perto Deus não tem defeitos, mas mais qualidades ainda, contudo, não precisamos de superstições e mistificações religiosas para ter comunhão com ele, num relacionamento distante, mas podemos conhecê-lo de perto e como ele de fato é. No momento adequado todos precisamos ser crianças, conduzidas por pais, mas o tempo passa, nos tornamos adultos e temos que ter nossas próprias experiências. 
      O leite mantém forte o bebê, mas o adulto precisa de outros alimentos, se continuar só tomando leite ficará fraco e poderá até adoecer. A mesma coisa com nossas vidas espirituais, por um tempo podemos ser felizes sabendo de Deus só o que a religião, os púlpitos, a tradição, nos ensinam, mas crescemos, e isso não pode ser impedido. Crescidos precisamos do alimento mais forte, a comunhão íntima com Deus pelo Espírito Santo nas regiões celestiais mais altas onde Cristo está. Por não trabalharem para isso é que muitos morrem dentro de igrejas e se tornam presas de tantos enganadores. 
      Tenhamos novas e profundas experiências com Deus, isso começa com períodos de oração mais sérios, onde perguntamos, respondemos, falamos, mas principalmente, ouvimos o Santo Espírito. Deus tem muito a dizer para o que tem na oração mais quem momentos para pedir coisas para o plano físico e agradecer pelas coisas que recebeu. Muitos acreditam em tantas bobagens, em tantas fake news, porque não param para perguntar a Deus, e Deus quer nos orientar sobre tudo, basta que o busquemos. “E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração” (Jeremias 29.13).

14/08/21

Você sabe que olhos tem?

      “Assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja.I Coríntios 14.12

      Vivemos neste mundo avaliando tudo, trabalhando, ganhando, perdendo, amando e desgostando, juntando e separando, tudo sob o ponto de vista desse mundo. Pudera, estamos presos a corpos físicos que nos limitam, mas nossos espíritos eternos estão dentro deles e pelo Espírito Santo de Deus podemos dar a eles alguma liberdade, de forma a podermos ver as coisas sob os olhos mais precisos da eternidade. Você sabe que tem olhos espirituais? Você os usa? O texto inicial, assim como a passagem bíblica da qual ele faz parte, muitos ignoram, promovem o mal uso da exceção e negam o bom uso da regra, mas uma crítica a isso não é o ponto dessa reflexão. O ponto é acordarmos para a realidade dos “olhos espirituais” que todos nós temos.
      Nossos pés morais são nossos olhos e nossos ouvidos físicos, são eles a entrada do mundo para nossas mentes, que depois decidem se vão ativar o resto de nossos corpos para reagir. Nossos olhos e nossos ouvidos espirituais são os dons do Espírito, e eles são mais abrangentes que o que Paulo descreve em sua primeira epístola aos coríntios, não que Paulo não soubesse mais, mas registrou de uma forma didática, para abençoar a todos, não só “especialistas”. Algo que precisamos entender é que encarnados somos limitados para interagir com o mundo espiritual, assim, toda comunicação que experimentamos é uma aproximação, interpretamos com faculdades físicas conhecimentos espirituais, são planos distintos tentando se comunicar. 
      O mundo espiritual não usa palavras, línguas nacionais, dialetos ou qualquer outro tipo de protocolo de comunicação, assim quando sentimos algo de Deus a mesma coisa pode ser sentida por outra pessoa, de outra nacionalidade e mesmo de outra religião. As interpretações são as mesmas? Sim, porque a fonte e a intenção dessa são as mesmas, mas os receptores são diferentes, assim, a maneira como descrevemos essa comunicação pode variar, não só na qualidade intelectual, como também na moral. Se Deus fala a uma criança que ela deve amar o próximo ela interpretará isso de maneira diferente da maneira que um adulto vai interpretar. Diferenças também podem haver entre as interpretações de um adulto sadio e de um sociopata. 
      Todos temos sentidos espirituais para estabelecermos uma comunicação com o mundo espiritual, seja com espíritos malignos, seja com Deus, mas nos comunicarmos com mais facilidade depende de intimidade, do tempo que usamos para aperfeiçoar nossa ligação com o plano espiritual. O amigo entende até o olhar silencioso de um amigo, visto a intimidade que ambos compartilham. Contudo, como tudo na interação com o mundo espiritual, dialogar com o plano espiritual implica em mente e fé. Com o mundo espiritual nos comunicamos através dos pensamentos, indiferente se esses são verbalizados ou não por sons. Por outro lado, dialogar com algo que nossos olhos físicos não veem e nossos ouvidos físicos não ouvem implica em crer.
      Nossa mente é poderosa e por isso deve ser usada com sabedoria, ela pode se comunicar com Deus, também com espíritos malignos, mas também pode simplesmente imaginar, criar entidades mentais que a princípio nem existem, e isso não é dom do espírito, é transtorno mental. Eu disse “a princípio não existem” porque quando não há Deus pode haver espaço para espíritos mistificadores, usando imaginação equivocada humana para “aparecerem”. A magia, o ocultismo e outros esoterismos, permitem ao homem comunicação com espíritos enganadores através de imagens mentais do homem, construídas em séculos de maldade, medo e engano. Assim, precisamos provar e aprovar para saber se nossa comunicação mental é com Deus.
      A prova é simples: paz e bons frutos, uma experiência com o Deus verdadeiro sempre deixa essas duas coisas em nossas vidas. Se não há paz verdadeira e que fica e se nossa vida não melhorou de qualidade moral, podemos estar em comunhão com loucuras ou com demônios, que é a mesma coisa no final das contas. Você sabe que sentidos tem? Tem olhos e ouvidos espirituais, aprimore-os com vida de oração e com experiência com os dons espirituais, que tem como consequência uma vida de humildade, de amor fraterno e de santidade que quer agradar a Deus nos detalhes e numa paz que nos protege do mal. Você tem olhos espirituais, use-os, apesar de viver no mundo sua vida só será completa enxergando o que Deus quer te mostrar. 

13/08/21

Você sabe que vida tem?

      “Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz.Salmos 36.9 

      Algumas pessoas têm vidas abençoadas e não sabem, dessa forma, ainda que possuam tudo o que precisam e até beneficiem muita gente, são infelizes e tornam outras pessoas também infelizes. Elas têm boa saúde, são motivadas, trabalham bem e sempre, são cidadãs produtivas na sociedade, em suas famílias, na igreja, não são escravas de grandes vícios, mas ainda assim estão insatisfeitas, nunca têm e vivem o suficiente, sempre parece que lhes falta algo. Quem foge da luz de Deus nunca verá a si e a tudo o mais com clareza, sempre estará perturbado. 
      Que expectativas temos da vida, o que de fato queremos, o que achamos que se conquistarmos nos fará de fato felizes? Será que precisamos mesmo de certas coisas? E outras coisas, que achamos que nos são necessárias para tirar de nossas costas certos pesos, será que seríamos felizes sem essas obrigações? Será que certas coisas que queremos nos livrar, para poder fazer outras, que achamos mais importantes, mais úteis, não constituem de fato nossa missão principal neste mundo e as outras coisas são só ilusões, vaidades? Complicamos demais a vida. 
      Se as pessoas, muitas delas, soubessem de fato o que vai importar no plano espiritual, um segundo depois que seus corpos físicos pararem de funcionar e seus espíritos estiverem livres de tempo, espaço e matéria na eternidade. Se muitos de nós pudéssemos entender a pequeneza de nossas expectativas, de nossos desejos aqui neste mundo, o quão desnecessárias são tantas coisas. Se por um instante pudéssemos ver a nós mesmos e ao universo com olhos realmente espirituais, e isso é possível, se nos colocarmos em íntima comunhão com o Santo Espírito. 
      Pouco precisamos de fato para sermos felizes, se não nos incomodarmos com o que outras pessoas, principalmente aquelas com referências materiais da existência, pensam de nós. O ponto é esse, vivermos para Deus, não para os homens. Se fizermos isso seremos indigentes sem honra e sem bens, nossas famílias passarão necessidades? Não, ao contrário, poderemos ter até mais, e na verdade sempre têm mais os que se satisfazem com o suficiente, para esses sempre sobra, eles sempre são felizes e fazem os outros felizes. Na luz de Deus vemos as coisas como são. 

12/08/21

Você sabe quem te escolheu?

      “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda. Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros. Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.João 15.16-18

- três versículos, cinco lições: chamada, frutos, oração respondida, amor e perseguição 

      O evangelho nos ensina coisas importantes sobre nossa relação com Deus e a razão de nossas existências, a primeira delas é que Deus nos escolhe, não nós a ele. Se você é atraído à presença do Altíssimo e isso te enche de desejo de orar, se sente uma satisfação singular estando em comunhão com Deus, saiba que isso não é mérito seu. Nós podemos dizer sim para Deus, mas ele nos chama antes, se não o fizesse nem nossa melhor intenção e nossos esforços mais sinceros nos dariam direito à sua presença. 
      A segunda coisa é que a chamada de Deus tem um objetivo, fazer de nós seres frutíferos do bem, da luz e da paz. Se existe chamada de Deus e obediência de nossa parte, podemos dar frutos, e serão os melhores que podemos dar. Se estamos fazendo algo, por melhor que seja nossa intenção e mais sinceros nossos esforços, e não estamos dando frutos que permanecem, é porque não estamos fazendo o que Deus nos escolheu para fazer, e não nos iludamos com falsos frutos ou com equivocadas intenções. 
      A terceira coisa é que após as duas coisas anteriores serem vivenciadas há uma promessa: tudo que pedimos Deus nos concede. Sim! Tudo! Mas quem é chamado por Deus, quem tem consciência disso e obedece à chamada genuína do Senhor, sabe o que pedir, e nada é negado a quem pede corretamente. Infelizmente muitos, argumentando simplesmente fé, põem a carroça na frente dos cavalos, não obedecem a chamada que Deus lhes escolheu para exercer e pedem aquilo que Deus não pode lhes dar. 
      A quarta coisa é a mais importante, como intenção nossa, como vontade de Deus e como nossos frutos: amar os outros. Tudo começa nisso, processa-se nisso e nisso termina. Deus é amor e conhecê-lo é conhecer o verdadeiro amor para, então, amar. Na eternidade não haverá nenhuma outra obrigação, senão amar, com um amor ativo que ajuda, aconselha, toma a iniciativa, constrói e conduz ao Altíssimo. Ninguém se engane achando que o céu é lugar só de contemplação e descanso, amar é trabalho que não cessa. 
      A quinta e última coisa que o evangelho nos ensina é uma atenção: quem vivenciar às quatro coisas até aqui descritas, chamada, frutos, oração respondida e amor, não será entendido e honrado pelo mundo. O mundo perseguiu e matou a Jesus que viveu tudo de forma correta, por que seria diferente com quem quer seguir em seus passos? Estejamos cientes e preparados, quanto mais nos aproximarmos de Deus e o obedecermos, mais seremos perseguidos, e muitas vezes por próximos a nós, parentes e religiosos.  
      O texto inicial é mais uma das maravilhosas passagens que só a Bíblia tem, em poucas palavras tanta sabedoria, cinco conceitos que todos nós temos e podemos viver, que mostram o melhor caminho a seguir para agradarmos a Deus, amarmos o próximo e termos vidas dignas no mundo. Contudo, não podemos escolher só um deles para viver, ou pegar quatro e deixar um de fora, para sermos aprovados em nossas provações neste mundo todos têm que ser vividos e até o final, quando, então, reinaremos com Cristo.