sexta-feira, setembro 03, 2021

Que guerra nos importa lutar? (1/2)

      “O que no seu coração comete deslize, se enfada dos seus caminhos, mas o homem bom fica satisfeito com o seu proceder.” Provérbios 14.14

      Pode-se vencer um inimigo com estratégias diferentes, a estratégia mais comum, que é a que alimenta os confrontos, é fortalecer seu lado no embate, armando melhor seu exército, para que esse tenha mais forças que o outro lado e então possa vencê-lo num combate. Contudo, se o inimigo for forte e persistente, uma guerra pode levar anos, sem que haja vencedor, assim é preciso, não mais fortalecer o seu lado, mas enfraquecer o outro lado, isso pode ser feito tanto pelo lado de fora, como pelo lado de dentro. Criar falsos inimigos para o outro lado ou fazer que membros do exército do outro lado parem de acreditar em sua causa, fortalece um lado ao mesmo tempo que enfraquece o outro lado, sem que nem seja preciso um confronto direto. 
      Nesta reflexão, quando falamos em guerra falamos daquele eterno embate que o cristianismo tradicional acredita existir, o do bem contra o mal, ou de Deus contra o diabo, e possivelmente, de cristãos contra não cristãos. Nessa guerra existem vários modos de enfraquecer alguém para que pare de confiar em suas crenças e creia em algo que a princípio achava impossível crer, um deles é desmoralizar os líderes, as instituições, as bases da fé. Desse modo alguém começa a ver como seu inimigo aquele que antes era quem mais confiava, isso cria desertores, esses podem até passar um tempo sem exército, mas quem é beligerante não consegue viver em paz, assim poderá se ligar ao outro lado, seguindo quem antes achava ser seu oponente. 
      Nessa segunda estratégia pode-se também enfraquecer o inimigo pelo lado de fora, criando para esse outros e falsos inimigos, que fazem com que ele lute e se desgaste numa falsa guerra. Como o lado que não luta tira vantagens disso? Por boa parte do tempo ele só observa, mas quando seu inimigo estiver enfraquecido, ele entra em combate, e com facilidade poderá vencer. Isso parece teoria de conspiração? Pois não é, o ser humano é inteligente e covarde o suficiente para criar e usar estratégia assim. Se um exército não estiver lúcido, poderá entrar numa guerra falsa, enfraquecer-se e então perder para um inimigo, que ele considerava incapaz de vencê-lo até então, mas que só estava esperando o momento certo para aparecer e lutar. 
      O primeiro inimigo que Adolf Hitler teve que vencer foi a própria Alemanha, entre as estratégias que ele usou para isso foi criar um inimigo para o povo alemão, o povo judeu. Um inimigo se cria dando a alguém algo para odiar, não se luta contra alguém que se gosta, odiamos quem de alguma forma tira de nós alguma vantagem de maneira injusta, e mais, alguém sem moral, que não crê em Deus, que é diabólico. Quando o führer venceu a Alemanha ele tinha um exército para lutar por ele e tentar conquistar o mundo. Pois é, não é teoria de conspiração, e não existiu na humanidade só um Hitler, existiram outros antes e ainda existirão muitos outros, mesmo que de maneira mais sutil, o mal aprende com o mal e evolui, não se engane. 
      Só existe um jeito de se ter certeza absoluta que não se perderá uma guerra, não entrando em uma. Isso parece covardia ou tentativa de isentar-se de algo impossível? Depende, em se tratando de uma guerra entre o cristianismo e o diabo, isso, apesar de não ser entendido historicamente por uma grande maioria de cristãos, é fácil, simplesmente porque não existe essa guerra, não entre o verdadeiro Deus e um “diabo”, seja lá o que esse for. Já refletimos bastante aqui sobre a verdadeira guerra que existe, a do homem contra si mesmo, e que o “diabo” só tem o poder que o homem lhe dá. O ponto desta vez é alertar sobre uma estratégia que o mal está usando para vencer muitos cristãos, e que esses não estão nem se dando conta de sua existência. 
      O problema do homem está dentro dele, não fora, quando entenderemos isso? Quando pararemos de jogar a culpa nos outros, quando cessaremos de esconder os próprios erros nos erros dos outros, pensando, “tenho meus defeitos, mas os daquela pessoa são bem maiores”, então, usando esse raciocínio como desculpa para não nos resolvermos e exigirmos dos outros que se resolvam? Olhemos mais para nós mesmos, para nos acertarmos, e para os outros, para aceitá-los, sempre no amor maior do Senhor, como homens e não como juízes, ao invés de nos agruparmos para nos sentirmos mais fortes e tentarmos destruir os outros. Exércitos são armas de covardes, o crescimento, a responsabilidade e a iluminação espiritual são individuais. 

Leia na postagem de amanhã 
a segunda parte desta reflexão 
José Osório de Souza, 25/05/2021

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