06/08/22

Responsabilidade e retidão (6/92)

      “Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.Salmos 84.11

      Responsabilidade pessoal significa assumir culpas e obrigações como deveres pessoais, não cobrando de outros dívidas que são nossas, nem tornando os outros encarregados por trabalhos que nos cabem. A definição parece simples, mas nós, seres humanos, somos especialistas em agir de maneira irresponsável, deixando de executar tarefas que competem a nós e a mais ninguém. Isso nos traz vários problemas e em várias áreas, mas em se tratando das áreas emocional e moral, nos impede de crescer espiritualmente e de ter uma comunhão plena com Deus. 
      Ainda que sejamos cidadãos civilizados, trabalhadores e honestos, podemos ser irresponsáveis, isso se percebe em existências que evitam o caminho reto. Uma linha reta sai de um ponto e chega a outro ponto usando a menor distância, sem curvas ou zigue-zague, sem ir e retroceder ou pausar, mas sempre indo, à frente, direto ao ponto. No caminho reto sabemos que só temos um opositor, nós mesmos, e que sempre temos um auxílio, de Deus, assim, podemos até ir mais devagar, mas sem confusão ou enrolação, sabemos quem somos, onde queremos chegar e quem está conosco.
      Isso não significa caminharmos sozinhos, aliás, nossas existências têm uma característica inerente, elas nunca estão sós. Sim, fisicamente podemos fazer muitas coisas sozinhos, nos denominarmos socialmente solteiros, mas a solidão talvez seja justamente a dor, não de estarmos sós, mas de nos sentirmos sós. Quem se acha só sofrerá de solidão mesmo casado, mesmo no meio de uma grande família, entre muitos amigos ou cercado por irmãos num templo. O que não nos deixa nunca estar sozinhos, é todo um mundo espiritual invisível ao nosso redor. Acredite, você nunca está sozinho.
      Termos Deus e todo um exército de seres espirituais de luz conosco, é o que nos capacita para sermos responsáveis. Não precisamos culpar os outros ou bajular os outros para dividirmos erros ou obtermos favores, nossas culpas Deus perdoa e nossa força vem de Deus, que move exércitos a nosso favor. Uma característica de Deus, que podemos demorar um tempo para entender, e que muitos nunca entendem, é que Deus não perde tempo com culpas e bajulações. Deus é reto, por isso nos orienta num caminho reto, não existe condenação ou cobrança no melhor de Deus, só existe longe desse melhor.
      Sim, há disciplina em Deus, mas na disciplina se exerce trabalho honesto, para que vençamos certas coisas, aprendamos outras coisas, e sigamos no caminho reto em direção à luz mais alta de Deus. Se gastamos tempo em autocomiseração, em remorsos, em iras e invejas, é porque queremos, não é o Espírito de Deus que nos tortura, somos nós e seres espirituais das trevas que “vibram” numa “frequência” baixa que nós mesmos produzimos. Se dermos ouvidos a Deus seremos levantados pelos anjos de luz, limpos pelo nome de Jesus, e “vibraremos” nas altas “frequências” pelo Santo Espírito. 
      Desculpe-me por usar os termos “vibrar” e “frequências”, você pode tomá-los como metáforas para se colocar pela fé numa posição espiritual, mas penso que eles nos ajudam a entender a oração, em que estabelecemos um contato mental com um Deus espiritual. Conhecer a Deus é aprender a ser responsável, se pecamos, sofremos, mas não precisamos ficar perdendo tempo na culpa, Deus não perde. Pela fé e sempre pela fé podemos nos levantar imediatamente, isso faz com que nos acostumemos com a luz para não sairmos dela tão facilmente, culpa pode fazer mais mal que o erro em si. 
      Neste mundo, quem “gosta” de inferno é quem se posta como demônio, e gosta porque é orgulhoso demais para admitir que sua escolha só o faz perder tempo. Não nos postemos como demônios, mas como anjos, amemos a luz e permaneçamos nela. Deus não tem prazer em nos deixar em infernos, e eis um mistério, no inferno damos trabalho aos anjos, mas no céu ajudamos os anjos em seus trabalhos. Sejamos aqueles que humildemente assumem suas responsabilidades, sozinhos na culpa, mas acompanhados no perdão, e rápidos para nos erguermos no caminho reto para o Altíssimo.

05/08/22

Anjos e demônios (5/92)

      “E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis. Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para que por herança alcanceis a bênção. Porque que  quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano. Aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal.I Pedro 3.8-12

      A humanidade construiu formas físicas para seres espirituais, anjos, arcanjos, demônios, diabos, querubins e outros. Os primeiros homens que tiveram experiências reais com seres espirituais, os interpretaram em suas mentes com determinados formatos, conforme suas culturas e religiões. Podiam ter formas humanas, formas animais, misturas de ambas. Mas será que seres espirituais realmente têm essas formas? Talvez, mas não necessariamente e isso nem é relevante, seres espirituais são espíritos, como Deus. Não precisam de membros para se moverem ou manusearem as coisas, nem de rostos para verem, ouvirem e falarem. Os homens, contudo, no plano físico, fazem ajustes, aproximações, para entenderem e memorizarem as experiências, facilitando interações mentais.  
      Se você, cristão, não aceita isso, se acha, por exemplo, que o diabo é um ser vermelho, com chifres, rabo, cascos, num corpo parte humano, parte animal, aceite, essa imagem é só um estereótipo da civilização europeia, baseada no deus  grego (Fauno para os romanos). O mesmo ser espiritual também é conhecido por japoneses, africanos ou hindus, e para esses o formato físico do ser no papel do diabo é outro, tenhamos cuidado com formatos físicos de seres espirituais. É importante que entendamos também a irrelevância do formato, o que vale é a intenção espiritual dentro dos homens, não importa o que eles imaginem e para onde olham, para reforçar a imaginação, se querem estabelecer contato com o diabo espírito, estabelecerão, acredite, o mesmo vale para outros ídolos, entidades ou espíritos.
      O formato físico que aliamos a seres espirituais da luz pode ser mais adequado com o que eles são. Enquanto aliamos a seres das trevas imagens que criamos em nossas mentes impressionadas pelo medo, por coisas ruins e desconfortos emocionais e morais, por isso “vemos” rostos assustadores, monstruosos, ainda que sejam, para nós no plano físico, só borrões negros disformes, aliamos aos seres da luz asas e vestidos. Não conseguimos olhar direito para a luz forte, vemos reflexos, raios multicoloridos que saem do centro formando estrelas, assim imaginarmos vestidos que se abrem na parte inferior e asas que se expandem na parte superior é explicável. O bem está na concentração de energia perto de Deus, o mal no vazio distante do melhor de Deus, o bem é luz virtuosa e o mal, escuridão moral. 
      O ponto desta reflexão é uma pergunta: o que na prática são anjos e demônios? Eles têm importância pelo que são ou pelo que fazem? Podem estar numa posição em que seus corpos são espirituais, não materiais, assim a substância de seus corpos é diferente da substância de nossos corpos como seres humanos no mundo, mas em relação ao que fazem não são muito diferentes de nós. Gostamos de colocar a culpa nos outros, e se cremos em seres eternamente e absolutamente maus, temos alguém bem adequado para eleger como culpado. Mas será que o diabo e os demônios são mais maus que os homens? Não, nem têm mais influência que eles. Apesar de estarmos presos à matéria nossas intenções e ações podem tanto prejudicar quanto abençoar tanto quando seres espirituais das trevas e da luz. 
      Quando nos colocamos para orar temendo a natureza moral elevada de Deus, humildemente submetendo-nos à capacidade do Espírito Santo, não à nossa, respeitando o livre arbítrio dos seres humanos, pacientemente esperando que todos se aproximem do Altíssimo, quando isso ocorre mais que um diálogo acontece. Orar não é só pedir e agradecer pelo que se recebe, é se permitir ser canal de ligação entre Deus e outros seres, refletindo a luz divina em todos os que estão ao nosso redor, materiais e espirituais, e principalmente aos que citamos nominalmente em oração. Quem realiza essa interação é o Espírito Santo e os seres espirituais de luz, que não fariam esse trabalho se nós não tivéssemos orado a Deus do jeito certo. Deus atua com poder, mas nos concede ser participantes dessa ação. 
      Há seres no plano espiritual em posições morais extremas, mais maus que nós e mais bons que nós, mas no plano físico, ainda que amarrados a corpos materiais, podemos exercer decisões até mais abrangentes. Exércitos celestes são movidos pela nossa intenção, tanto os da luz quanto os das trevas. No plano físico temos livre arbítrio para decidir o que queremos fazer, uma escolha nossa pode ter atuação mais decisiva que a de seres espirituais. Por mais poder que seres da luz tenham, não farão tudo o que podem se nós não autorizarmos. Por outro lado, seres das trevas, ainda que atuem sempre tentando os seres humanos no mundo, têm ação potencializada quando queremos fazer o mal aqui. O diabo e os demônios, por exemplo, não podem matar fisicamente alguém, tragicamente nós podemos.
      Apesar de nossas existências no mundo serem curtas e frágeis, são especiais em relação à eternidade puramente espiritual, ninguém menospreze suas responsabilidades, suas escolhas e seu papel, principalmente quando se coloca em comunhão com Deus para fazer sua vontade. “A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tiago 5.16b), não nos esqueçamos das orações de Elias (I Reis 17.1) e de Daniel (Daniel 10.12-13), esses se colocaram como seres de luz, anjos de Deus, no mundo material. Contudo, quando nos portamos como julgadores do mal, condenando, invejando, maldizendo, odiando, nos fazemos demônios, talvez até piores que os puramente espirituais. Não joguemos a culpa no diabo quando podemos ser até piores, o mundo tem hospedado verdadeiros diabos encarnados.
      Tenhamos cuidado em como vivemos neste mundo, muitos não percebem, mas ainda que dentro de igrejas e sendo cidadãos decentes, desempenham espiritualmente papéis de demônios, e segue um mistério, e poderão continuar assim na eternidade. Demônio não tem direito ao céu, já traz o inferno dentro de si. Outros, contudo, no sofrimento, na falta, não na perfeição, porque ninguém neste mundo o é, mas lutando dia a dia contra seus demônios interiores e prevalecendo, são anjos de luz. Amam sem interesses, buscam a paz com todo o coração, intercedem junto a Deus mesmo pelos que se colocam como seus demônios. A escolha é nossa, a culpa não é do diabo, a responsabilidade é nossa, nós decidimos se queremos ser demônios, Deus atrai todos à sua luz, sejamos anjos, aqui e na eternidade.

04/08/22

Começa na Bíblia e no louvor (4/92)

      “Porque assim diz o Senhor à casa de Israel: Buscai-me, e vivei.Amós 5.4

      Tudo começa na Bíblia e no louvor, entretanto, para muitos, tudo também acaba aí. A Bíblia contém textos sagrados especiais, Deus se revelou ao povo judeu de maneira especial. Textos hinduístas e budistas contêm ensinos bem interessantes, se aprofundando em alguns temas de maneira que nem a Bíblia se aprofunda, se você nunca os leu, eu recomendo, mas a Bíblia entrega uma simplicidade viva e atemporal única. Os textos tidos como registrados em sua maior parte por Davi e Salomão, nos consolaram e nos consolarão sempre (leia em especial Salmos 40.1-4).
      Um salmo pode nos permitir catarses emocionais, nos representa a confidência íntima que o escritor faz de sua experiência, detalhando as percepções  de sua alma. Muitos salmos mostram o autor se sentindo preso e sufocado num buraco, cercado por inimigos, mas a confiança em Deus retira o salmista do cárcere, dá-lhe forças para vencer o que achava impossível vencer e depois, leve como um pássaro, bem acima do problema, o vemos no templo de Deus, adorando-o pela bênção. Nenhum livro religioso entrega palavra assim, parecendo ter sido escrita só para nós.
      Tantos desprezam a Bíblia e só perdem com isso, incluindo religiosos e espiritualistas. Olham para o cristianismo desviado do mundo, prendem-se a interpretações ao pé da letra de certas passagens bíblicas, a óticas fora de contexto e preconceituosas, e se privam de beber da água e comer do pão que o Espírito Santo nos dá através do cânone bíblico. Nunca despreze a Bíblia, Deus tem mudado o mundo, a minha e a tua vida por ela, só dê ao mesmo Espírito que inspirou escritores bíblicos, a prioridade que tem como fonte original, fresca e eterna da palavra de Deus. 
      Existe um motivo do porquê o louvor ter ganho tanta relevância nos cultos, principalmente nos últimos trinta anos, pelo menos no que eu acompanho as igrejas protestantes e evangélicas no Brasil. Ele é o meio mais rápido e eficiente de se estabelecer comunhão emocional, física e espiritual com o Deus Altíssimo. Não, não são só belas melodias, letras passionais, ritmos contagiantes, tudo com arranjos instrumentais que têm se tornado cada vez mais profissionais, mesmo em igrejas pequenas. Deus é tocado com essa música e as portas do mundo espiritual são abertas.
      Muitas vezes estou no início da madrugada, quando esposa e filhas já estão dormindo, assistindo algum telejornal, e minha boca simplesmente se “enche” de línguas espirituais, algo poderoso de cima para baixo me puxa para adorar a Deus. Ter uma experiência assim e constante exige de nós andar em Espírito, manter a mente limpa, estar com ouvidos e olhos espirituais sempre atentos, mas como é maravilhoso. Orar não se torna peso, sacrifício, difícil, mas é natural, fácil, e nos leva a ter mais e mais experiências com o mundo espiritual. Somos todos chamados a isso. 
      Tanto na leitura correta da Bíblia quanto no objetivo maior do louvor está a pessoa do Espírito Santo, um procedimento tão importante de Deus após a subida de Jesus ao céu, mas que muitos não entendem, não buscam entender e não vivem. A maioria dos cristãos prefere religião, sentar-se nos bancos, assistir experiências de outros, experimentar êxtases no louvor, mas para aí, não dá seguimento àquilo que o Espírito Santo tem para dar. Se há alguma consagração diferenciada é só enquanto se aguarda solução de uma contingência, depois volta-se ao início. 
      Até quando? Não por muito tempo mais, os dias urgem, uma passagem de era ocorrerá, o velho não poderá mais entregar o novo, só o novo entregará o novo. Essa mudança ocorre na própria alma humana, que está enjoando do velho, mesmo com boa música e estudos bíblicos com cara de novidade, o espírito sente que o velho não alimenta mais. O xeque-mate está ocorrendo com o velho cristianismo apoiando um lado negro da política do mundo, o que a igreja católica fez por séculos, evangélicos querem continuar fazendo, estabelecer o reino de Deus na Terra. 
      Ore mais a Deus, santifique-se mais, busque os dons espirituais, fale em línguas espirituais, profetize, peça sonhos e visões, enfim, viva o chamado sobrenatural de Deus e em Deus. Se na vida deste planeta boas faculdades, boas leituras, conhecimento de outros idiomas, uma visão mais ampla do mundo, abrindo-nos mesmo para estudarmos, trabalharmos e vivermos fora do Brasil, é crescimento, na vida espiritual quem nos leva é o Espírito Santo e experiências profundas com os dons espirituais. Creia, Deus nos chama para mais, busquemos mais a Deus e vivamos! 

03/08/22

Onde está a felicidade? (3/92)

      “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne.Filipenses 1.21-24

      Deus não impõe ao homem buscá-lo, não de fora para dentro. Os que tentam essa busca porque uma religião que lhes foi ensinada pelos pais lhes impõe isso, ou que a fazem por se sentirem obrigados pelo remorso, achando que se não buscarem a Deus cairão em desgraça, não buscam com intenção correta. O que a busca de Deus tem a ver com felicidade? Para muitos nada, muitos não creem no que a ciência não comprova e são materialistas felizes. Será que são mesmo? Talvez tanto quanto os que buscam felicidade só na religião. Somos felizes? Sermos cristãos em igrejas, nos faz felizes, pelo menos mais que os outros? 
      Uma das razões de muitos não serem felizes é acharem que devem ser felizes. Ninguém é feliz, não o tempo todo. Isso não significa que não podemos achar a paz e momentos de alegria. A felicidade não está no sentimento que existe após uma exaltação, mesmo que essa exaltação seja por algo benigno e positivo, toda exaltação passa. A felicidade está na serenidade que se experimenta na humildade, quando se aceita do jeito correto que mesmo que nada aconteça se está em paz. Felicidade não se prova com força, mas com descanso, não no clímax, mas na calma que existe mesmo sem ter havido clímax. Felicidade está na morte.
      Como assim, morte? Mas não somos ensinados o tempo todo, inclusive nas igrejas, que felicidade é vida e eterna? Sim, mas existe vida neste mundo? Não, a matéria existe para morrer, lutar contra isso é o que nos deixa infelizes, assim aceitar a morte inexorável é ser feliz. Isso não é dar um tiro na cabeça, nem viver moralmente de forma irresponsável, mas é aceitar certas finitudes como seres humanos, não nos achando eternos e poderosos como deuses. Felicidade é a morte da matéria para que o espírito viva, esse é o ensino do Sermão da Montanha. Parece, contudo, que o homem atual não quer morrer de jeito algum.
      Não que não se reconheça que o pecado causal é o do interior, e que o exterior é só efeito, como ensina o evangelho. A ciência também é ouvida, buscando-se melhorar qualidade de vida para que se viva mais e num planeta mais bem cuidado. Mas até que ponto essas bandeiras são só desculpas para negar a morte da matéria e não priorizar a vida eterna do espírito? Porque a humanidade, ainda que com valores mais altos e direitos mais amplos que há tempos atrás, segue materialista, o cristianismo o é, a eternidade se torna cada vez mais mera fábula. Dessa forma nega-se a morte, glorifica-se a matéria e esquece-se de Deus. 
      Na obsessão de se querer ser feliz a todo custo não se é, amor à existência neste mundo leva à morte, em achar que o ser humano e a ciência podem tudo só há a tentativa de matar o espírito imortal. A busca de Deus não nos é imposta de fora, mas de dentro, de dentro de nós mesmos, é nosso espírito que clama por Deus, ainda que não seja ouvido. Felicidade maior está em buscar e achar Deus, isso só é possível com ferramentas espirituais. Enquanto isso administramos o mundo e nossos corpos da melhor maneira possível, com inteligência e ciência, mas sempre colocando isso em seu devido lugar, no plano material. 
      No texto bíblico inicial Paulo nos apresenta um nobre dilema, e que inveja “santa” nos dá desse dilema. Se morrer é estar com Cristo, viver é amar as pessoas, ah, meus queridos, como estamos distantes desse alvo. Queremos justamente o oposto, viver sem Cristo e para nossos egos, e morrermos para nos livrar das pessoas e da dor. Quem não sabe viver, não morre bem, mas quem vive certo, está preparado para a morte, ainda que não a busque. Esforcemo-nos, façamos nossa parte para termos vidas dignas aqui, cuidemos também do planeta, nossos filhos e netos precisarão dele para se prepararem bem para a eternidade. 
      Uma boa maneira de olharmos o mundo é vê-lo como sala de aula, ninguém quer estudar num lugar ruim. Queremos ambiente arejado, protegido das intempéries, mas também com clima social de igualdade e respeito. Como alunos estamos o tempo todo trabalhando, o estudo é nosso trabalho, assim temos responsabilidades. O professor não é a ciência, ela ajuda a manter a sala e os alunos bem, mas só dá o suporte, quem nos ensina é um Deus espiritual. Por mais que o recreio seja gostoso, não está nele nossa felicidade maior, essa teremos quando passarmos pela prova final e formos aprovados, só na eternidade. 

02/08/22

Para que viemos ao mundo? (2/92)

      “Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; porque é melhor a sua mercadoria do que artigos de prata, e maior o seu lucro que o ouro mais fino. Mais preciosa é do que os rubis, e tudo o que mais possas desejar não se pode comparar a ela. Vida longa de dias está na sua mão direita; e na esquerda, riquezas e honra. Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas de paz. É árvore de vida para os que dela tomam, e são bem-aventurados todos os que a retêm.Provérbios 3.13-18

      Certas coisas não precisam ser ditas, melhor serem mantidas em segredo, entre nós e Deus. Alguns pecados confessados e perdoados são assim, muitos costumam nos condenar pelos restos de nossas vidas por algumas coisas que fizemos, mesmo que tenham sido corretamente resolvidas em Deus. Evangélicos são os que mais cometem esse engano, justamente eles que pregam perdão em Cristo. Mas muitos deles pensam que as pessoas têm que estar prontas depois que entram em igrejas, assim podiam até errar antes de se tornarem membros oficiais dessas, mas depois não mais. Muitos cristãos não entendem que Deus usa muitas coisas e muito tempo para aperfeiçoar os homens, incluindo idas, saídas e voltas a igrejas. 
      Dessa forma, às vezes é melhor deixarmos certos assuntos só entre nós, Deus e pouquíssimos amigos verdadeiros, mais que irmãos oficiais de igrejas, mas gente que realmente nos ama. Mas o ponto aqui é manter em segredo não erros, mas acertos, e não me refiro à qualquer promoção profissional onde se tem algum aumento de salário, e tem gente, incluindo crente, que tem esse pensamento. Muitos não gostam de falar de prosperidade material, acham que isso atrai inveja, que bobagem, ainda que se deva ter sabedoria nesse assunto, inveja é problema de quem inveja. Alcançarmos nossas vitórias deve nos fazer mais humildes, mas não mais medrosos ou desconfiados. Esta reflexão também tem a ver com humildade.
      O título foi “para que viemos ao mundo?”, você já entendeu qual é tua chamada principal nesta vida? Tenho visto gente com chamada clara, não só para viver, mas para divulgar vida com Deus, Bíblia, ou de maneira genérica, alguma religião. Parece que muitos desses começam bem, compartilham verdades recebidas de Deus e as vivem, não há neles hipocrisia nem invenções, mas num determinado momento a coisa fica estranha. As pessoas se acomodam com um nível alcançado, e com o respeito que esse nível confere a elas diante de outras pessoas, então, se acham com capacidade e no direito de falarem mais que o necessário, não só coisas certas na hora errada, mas coisas erradas, fugindo de suas chamadas iniciais. 
      A vaidade, sempre ela, se não derruba no início, derruba no fim, e não duvidem, todos são tentados por ela. Não sei de alguém, que não seja Cristo homem, que não tenha vencido plenamente a vaidade. Se não podemos vencê-la, convêm-nos ficar longe das situações que nos expõem a ela, o que mais nos expõem a ela é vida pública. Somos seres humanos, como tais precisamos de vida social, nossa identidade é construída na sociedade, não no isolamento. Mas retiros espirituais podem ser úteis e orientados por Deus, não só temporários, mas definitivos, a partir de um momento de nossas vidas. Isso não é fugir para o mato e ficar lá, mas focar na busca espiritual mais profunda, melhor anonimato com Deus que fama com homens. 
      Como já dissemos outras vezes aqui, o caminho do justo é definido pelo fim, não pelo início, e se pode começar bem, deveria terminar ainda melhor. Qual o melhor fim para todos nós? É aquele que prioriza o motivo principal de termos vindo a este mundo, conhecimento de Deus. Pelo que tenho aprendido, é mais conveniente buscarmos mais profundamente esse conhecimento de maneira secreta, evitando compartilhá-lo em púlpitos, sejam físicos ou  virtuais. Isso é para quem entende que o melhor que podem ter neste plano físico é espiritualidade, não riquezas e fama. Na intimidade do Senhor há verdade e paz, no aplauso do mundo há falsidade e dor. Felizes os chamados à humildade, acharão provisão e proteção do Altíssimo. 
      Deus nos usa para abençoar os outros, feliz o que perde para dar ao próximo, contudo, ganharmos a nós mesmos sempre é prioridade. Muitos, querendo ser vistos como altruístas, trabalhadores, espirituais, tentam ganhar o mundo e acabam se perdendo. Há os humildemente arrogantes, os sinceramente falsos, os estupidamente sábios, os termos são antagônicos, impossíveis de serem vividos ao mesmo tempo, mas muitos tentam, por vários motivos. Vaidade é o principal, mas ela conduz à incredulidade e ao desvio do plano original de Deus para nós. Muitos um dia entenderam o evangelho, mas sucumbiram à vaidade do mundo, assim tentam o impossível, serem honrados por Deus e pelos seres humanos ao mesmo tempo. 
      O texto bíblico inicial fala sobre sabedoria, uma característica do sábio é apurada percepção de tempo, ele sabe exatamente quando chegar, quando ficar e quando sair. Se o cristianismo exige chegada com fé, se crescermos dentro de igrejas e religiões requer que permaneçamos olhando para Deus não para homens, conhecimento mais profundo do Altíssimo pede retirada de meios sociais. No mundo atual, distanciamento de redes sociais na internet, é algo sábio a ser feito, mas isso só por quem não tem mais a insegurança de querer prevalecer em polêmicas, nem a vaidade de se exibir como vencedor e feliz. A verdade é que hoje nos apresentamos com menos cuidado na internet, que ao vivo, em igreja, trabalho, escola e família. 
      O final do texto me chama a atenção, “todas as suas veredas (são) de paz, é árvore de vida e são bem-aventurados todos os que a retêm”. Paz, vida e felicidade, mas para os que a retêm, assim, se no início é preciso sabedoria, muito mais no fim. É no final de nossas vidas, já com corpos físicos cansados e limitados para novos empreendimentos no mundo, que precisamos avaliar o que somos. Atingimos aquilo para o qual viemos? Cuidado, não use referências de homens, nem de homens religiosos, os homens não sabem aquilo que de fato precisamos vencer para chegarmos melhores no final. Muitos acham que somos perdedores na área financeira, mas não sabem o preço que pagamos para nos tornarmos moralmente limpos.
      Viemos ao mundo para melhorarmos, isso necessariamente não se evidencia em vida religiosa ou em riquezas materiais. Não julguemos ninguém, mas respeitemos todos, se entendemos para que viemos ao mundo e conseguimos viver isso, também administraremos os outros com amor. O que puder fazer, faça, o que não puder, não faça, mas não seja cobrador do próximo. Confie em Deus que sustenta o que não tem quem o auxilie, e que conduz à humildade o que não precisa de ajuda de homens, para que não se exalte por isso. Saiba quando parar de correr atrás de dinheiro, busque mais a Deus, se a vida é incerta, a morte não é. Adquira a sabedoria mais alta, o bem maior que achamos neste mundo e que poderemos levar ao outro. 

01/08/22

Por que somos cristãos? (1/92)

      “Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.I Samuel 16.7

      Iniciando hoje, noventa e duas reflexões sobre espiritualidade, santidade, fé, mundo, eternidade, temas que cumprem o objetivo maior da chamada profética do espaço “Como o ar que respiro”. Por que falarmos sempre disso? Talvez a pergunta seja: por que somos cristãos se não for para entendermos e vivermos tudo isso? A não ser que estejamos querendo com o cristianismo só mais uma religião, se for isso fatalmente seremos presas de homens, não livres em Deus, manadas de líderes humanos, não rebanho espiritual de Jesus. O que de fato queremos como cristãos, indo a igrejas, lendo Bíblia, cantando louvores e orando? 
      O cristianismo é lugar bem adequado para quem quer só uma religião, principalmente na católica, com suas pomposas liturgias, com suas catedrais carregadas de história e de tradições, com cultos padronizados por sacramentos e dogmas. Quem não se sente num lugar digno de respeito quando está num templo católico? Parece museu, pede seriedade e austeridade por si só, mesmo que não esteja havendo uma missa. Isso é ruim? Não necessariamente, sou protestante desde os dezesseis anos, hoje tenho sessenta e dois, mas ainda sinto algo religiosamente instigante quando estou numa dessas velhas construções católicas. 
      Tive uma experiência significativa aos dezoito anos, quando fazia faculdade na P.U.C. de Campinas. No intervalo fui até à capela da universidade, uma sala comum, com cadeiras e um altar resumido à frente, me ajoelhei e me pus a orar. Um padre então entrou e me exortou duramente, disse ele, “como você se coloca de costas para o altar?”, intimidado saí do local. Eu estava de joelhos, de frente para uma cadeira, mas de costas para a frente da capela, isso escandalizou o sacerdote. Não  importou a ele o fato de eu estar falando com Deus, mas só o fato de eu ter inflingido algum protocolo, nem quis saber se eu era católico ou não. 
      Seria injusto de minha parte fazer qualquer generalização, dizer que todos os sacerdotes católicos agem assim, nem estou me eximindo de ter desobedecido alguma regra importante para alguém, mas ele poderia ter me perguntado se eu conhecia a regra. Aquilo poderia ser uma oportunidade dele me evangelizar, afinal deve ser mais fácil para alguém que está orando dentro de uma capela querer a Deus que outras pessoas. Mas como eu disse foi uma experiência significativa, revelou uma faceta icônica do cristianismo católico, a importância que ele dá a símbolos, rituais e tradições, mais que ao vivo Espírito Santo do Deus altíssimo. 
      Sei que critico o catolicismo, e também critico o protestantismo, mas critico como instituições, já o ser humano católico ou evangélico, sincero e cheio de fé, não deve ser julgado. Deus ouve todos os que o buscam, estejam onde estiverem, e muito mais em catedrais e templos, que ainda que carregados de tradições e mesmo de doutrinas adicionadas ao puro evangelho, recebem quem ora ou reza em nome do Cristo. Mas isso também não me desobriga de instar sobre a necessidade de experiências espirituais mais diretas e profundas com Deus, e para isso nem é necessário muito do que o cristianismo do mundo exige. 
      Um perigo da religião é nos acomodarmos a ela e acabarmos achando que ela é Deus, usando o exemplo acima, se eu não rezar de frente para o altar estarei pecando. Esse tipo de entendimento já deveria ter ficado claro para todos nós que é errado, baseado nas reações que Cristo homem teve diante dos religiosos judeus do primeiro século, quando exortou sobre a relevância do interior sobre a aparência, do espírito sobre a matéria, do amor sobre protocolos religiosos. Contudo, fazem mais ou menos dois mil anos que Jesus esteve no mundo e religiosos ainda não entenderam o que é a religião que de fato agrada a Deus. 
      Reflitamos um pouco mais, não em como somos vistos como religiosos no mundo, não em como a sociedade nos vê como católicos, batistas, presbiterianos, assembleianos ou outros. Os homens veem o exterior e podemos passar vidas inteiras nos esforçando para exibirmos bons exteriores religiosos para eles, mas o que de fato há em nosso interior só Deus sabe. O que levaremos para a eternidade? Nossos espíritos, o que está dentro de nós, as aparências todas ficarão neste mundo. Que tenhamos coragem de vencer o orgulho e a vaidade de querer mostrar, não ser, e ser para Deus, não para padres, pastores ou outros. 
      O texto bíblico inicial relata a chamada de Davi, quando seu pai tentou apresentar ao profeta Samuel outros de seus filhos, porque achava que esses agradariam mais, mas Deus disse que escolheria conforme o coração, não pela aparência externa. Muitos se fiam em igrejas pela grandiosidade que elas têm no mundo, sentem-se seguros de estarem agradando a Deus porque, afinal de contas, são membros fiéis de instituições estabelecidas, como a milenar igreja católica, ou mesmo protestantes seculares. Mas mesmo denominações evangélicas e pentecostais mais novas, inspiram confiança em muitos por terem grandiosos templos.
      Grandioso é o engano de muitos, mas é ele que impede tantos de buscarem mais direta e profundamente a Deus. A busca verdadeira requer aprovação só de Deus, não de homens, exigirá consagração e oração solitárias, sem o suporte luxuoso de templos e ministérios. Isso não significa sair de igrejas, de forma alguma, mas significa colocá-las em seus devidos lugares, locais para reuniões sociais e um conhecimento mais exotérico de Deus, bom para crianças e novatos na fé, eis a verdade, e não interpretem isso como algo arrogante. Não é arrogância, é humildade, quem busca mais a Deus não faz propaganda, guarda para si. 
      Será que os outros irmãos de Davi, apresentados orgulhosamente pelo pai a Samuel, suportariam toda a perseguição que Davi recebeu diretamente de Saul, o rei deposto por Deus e que não aceitava isso? Davi teve que viver como pária por algum tempo, até ter a honra de ser entronizado rei de Israel. Quem quer a vaidade de parecer bom religioso para homens não suporta as provas da busca da espiritualidade mais alta, provas para a humildade e a santidade mais puras. Por que somos cristãos? Se somos para Deus nada nos impedirá de sermos, nem nossos egos, nem os homens, nem os demônios, nem o mundo, nem a religião. 

31/07/22

Clamarei ao Deus Altíssimo

      “Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, porque a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades. Clamarei ao Deus altíssimo, ao Deus que por mim tudo executa. Ele enviará desde os céus, e me salvará do desprezo daquele que procurava devorar-me. Deus enviará a sua misericórdia e a sua verdade.” Salmos 57.1-3

      Orar com sentimento e com convicção mental é fazer um clamor do lugar mais profundo de nós. Isso é vencer em nós outros sentimentos e pensamentos, outros medos e dúvidas, outros prazeres e ódios, outras distrações, outras preocupações. Mas isso também é levar nossa oração para além do quarto, da sala, do templo, do lugar físico onde estamos orando. Mas mais ainda, é elevar nosso clamor acima de seres espirituais, potestades e principados, chegar a Jesus e por ele alcançarmos o Deus santo e Altíssimo.
      Isso não pode ser feito sem o auxílio do Espírito Santo, e muitas vezes estamos tão exaustos física, emocional e intelectualmente, que mal conseguimos balbuciar algumas coisas. Por isso a primeira coisa na oração é estarmos na condição de templo limpo e focado que pode receber a ajuda do Consolador, isso se faz admitindo pecados, tomando posse de perdão e se colocando numa posição de mais sincera humildade. Quando isso acontece nos acalmamos e sentimos brotar palavras espirituais poderosas dentro de nós. 
      No escuro e no silêncio onde não existem distrações, gotas puras e leves de unção se elevarão, serão o que Deus mais quer ouvir de nós, o que mais precisamos dizer, o que conseguimos falar, e bastará para tocar o trono de Deus nas regiões celestes mais altas. Sempre tenho muita satisfação tentando descrever esse processo, é o remédio que nossas almas necessitam para serem renovadas, mas só o compreenderão de fato os que buscarem a Deus de todo o coração e com toda a mente, em santidade e humildade. 
      A frase final do texto bíblico inicial é especial, “Deus enviará a sua misericórdia e a sua verdade“. Ela não diz Deus enviará seu poder de destruição e vingança, termos que os homens do antigo testamento tanto gostam, ela fala de duas virtudes, que sobre nós não revelam fortalezas, mas fraquezas. Quem necessita de misericórdia é quem errou muito, não merece mais atenção ou perdão, assim clama como excessão, que Deus o ouça e não leve em conta seus erros. A misericórdia de Deus muitas vezes é tudo que precisamos. 
      Mas a frase fala também da verdade de Deus, como precisamos da verdade nos tempos atuais, onde a mentira tem cara de textos bíblicos, boca de evangélicos, e se exibe despudoradamente nas redes sociais da internet. Hoje a verdade é arma mais poderosa que espadas e metralhadoras, que socos e chutes, clamemos ao Senhor por ela, para que chova sobre o nosso país. Nossas vidas pessoais necessitam que a verdade de Deus chegue, e cale tantos que se colocam como setas de espíritos das trevas contra os filhos da luz.

30/07/22

Você conhece a Deus?

      “O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempos de angústia. Em ti confiarão os que conhecem o teu nome; porque tu, Senhor, nunca desamparaste os que te buscam.Salmos 9.9-10

      Algo que dizemos aos materialistas e céticos é que cremos em Deus porque temos experiências reais com ele, nós conhecemos o Senhor e sabemos que ele não desampara os que o buscam. Quem não confia em Deus confiará em outras coisas, e nem estou dizendo que essas outras coisas não sejam legítimas, dignas de confiança, mas não são Deus. Confiar na ciência para cuidar de nossos corpos e mentes, assim como para administrar adequadamente o planeta, é correto. Muitos cristãos deveriam confiar mais na ciência, isso não significa não confiar em Deus, mas temê-lo de forma mais ampla. Deus dá inteligência aos homens para que cuidem de si mesmos e do mundo da melhor maneira possível, glória a Deus por isso.
      Contudo, eu temo pelos materialistas e céticos, vivenciarão um momento em suas vidas que ciência e razão não entregarão solução, então, terão que crer no invisível, no que acham ser impossível, no que pensam ser irracional. Eu disse acham e pensam, porque Deus faz as coisas de maneira racional e inteligente, e ainda que muito do que ele faça achamos hoje estar no campo do não provado pela ciência, um dia poderemos entender que tudo tem causa e efeito, uma lógica, mesmo comprovação pela ciência a princípio materialista. Crer em Deus não é sinal de ignorância, mas de humildade, que admite que não se sabe tudo, não ainda, e que dentro de nós existe um espírito que precisa e anela por um Deus espiritual. 
      Ah, meus queridos amigos e amigas materialistas e céticos, incrédulos de religiões e de Deus, sim, as religiões são imperfeitas e muitos usam religiões da maneira errada, para prender e não para libertar, para fechar e não para abrir. Mas Deus existe, é perfeito e eu conheço seu nome porque já provei, inúmeras vezes, uma ação maravilhosa dele, se tivessem paciência para ouvir saberiam que o Senhor nunca desampara os que o buscam. Não fiquem assim tão sós, materialistas e céticos, por mais que a ciência ajude é só uma ferramenta, fria e vazia. Deus é o que opera todas as ferramentas e ele é vivo e amoroso, admiti-lo como cuidador dos homens, usando a ciência ou não, alimenta nossas almas e nos faz muito felizes. 
      Eu conheço o nome de Deus, poderoso, santo e vivo é esse nome, caminho com Deus racionalmente desde que saí da infância, mas sei que ele cuidou de mim sempre. Fui criado no espiritismo, mas Deus comigo lá estava, depois me converti ao protestantismo, por escolha pessoal, e Deus me acompanhou. Bati muito a cabeça na vida, mas Deus prosseguiu comigo, coloquei à prova muita coisa que a religião me disse, muitas descartei, outras segurei firme, e Deus seguiu fiel comigo, como melhor amigo. Deus só ficou mais iluminado, mas porque eu ouvi sua voz, não a minha, dos homens ou das religiões. Hoje estou curado de muitas doenças, físicas e emocionais, mas mais próximo da santidade e da verdade do Altíssimo Deus. 
      Como se conhece a Deus? Como conhecemos alguém, não é dialogando? Também é assim com o Senhor, tendo papos sinceros com ele, não importando como ou onde estivermos, e sim, pela fé, Deus é, a princípio pelo menos, não perceptível aos sentidos físicos. Mas com o tempo vem intimidade e nela sentimos, ouvimos, vemos, provamos sua ação de maneira inequívoca em nossas vidas. E as religiões? Use-as no melhor sentido, não seja usado por elas, leia a Bíblia, frequente cultos, se puder, faça cursos teológicos, mas a experiência tem que ser pessoal, racional e emocional, não só teórica. O caminho é longo, mas a aventura é fantástica, só melhora se você persistir em conhecer o nome do único e verdadeiro Deus. 

29/07/22

Sede perfeitos!

      “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.Mateus 5.48

      Você luta consigo mesmo, ou aceita muitas coisas como características tuas, que não podem e nem devem ser mudadas? Nem me refiro aos pecados nossos de cada dia, relacionados aos prazeres do corpo, mesmo à ira e a certos descontroles emocionais. Eu tenho muitas características ruins, impaciência é uma delas, mas existe uma séria, que me impede na fonte de ser mais útil nas mãos de Deus nas vidas dos outros. Eu sou meio incrédulo sobre a boa vontade das pessoas. 
      Essa minha intransigência é com todos, mas com jovens é pior, sou meio pessimista com eles, acho-os mimados demais, querem respeito, mas não respeitam, querem direitos, mas não deveres. Ainda que eu saiba que de fato as últimas gerações são diferentes da minha, aquém em alguns aspectos, e que é natural os mais velhos não aceitarem certas coisas de mais jovens, Deus tem me chamado para mudar. Amar não é escolha individual, é vocação de todos, Jesus nos chama à perfeição. 
      Deus ama todas as suas criaturas, esse amor é a força motriz dos universos. Ainda que ele fosse a luz moral mais elevada, o todo-poderoso no plano físico, na Terra, no sistema solar, nas galáxias, e fosse a origem, manutenção e destino de todas as virtudes espirituais, harmonizando os universos em justiça, benignidade e paz, se Deus não amasse o ser humano de forma ativa, só respeitaria o livre arbítrio do homem e se manteria distante, pela incompatibilidade moral que há. 
      Mas é seu amor que atrai os seres humanos a seu melhor, que motiva-os a trabalharem e evoluírem, que dá sentido às suas existências, tanto no plano físico quanto no espiritual. Esse amor divino tem duas características básicas: paciência e fé. Deus acredita em nós, que podemos mudar e melhorar, e aguarda pacientemente que queiramos mudar e melhorar. Deus nunca desiste de suas criaturas, de nenhuma delas, seja qual for o grau de maldade ou o nível de bondade delas.
      Quem busca e conhece a Deus compreende seu amor trabalhando com paciência e fé, assim sabe que se não praticar esse amor não terá utilidade para Deus. Na paciência não julgamos ninguém pelo que é, mas pela fé cremos que alguém poderá ser melhor, isso é o mais alto e puro amor. Em minha impaciência e em meu ceticismo tenho sido levado pelo Espírito Santo a não aceitar essas tristes tendências, a mudar para fazer o que é certo, ajudar as pessoas a serem melhores. 
      Mas não é fácil para mim, não é fácil a ninguém, eu tenho que manter viva essa necessidade o tempo todo na mente, não aceitar minhas tendências ruins, ser humilde, ter paciência com as pessoas e fé nelas. Quando acreditamos nós abençoamos, lançamos sobre uma pessoa a luz espiritual de Deus, fortalecendo-a para ser melhor. Já o nosso pessimismo atrai coisa ruim para nós e para os outros, acreditem nisso, não é superstição, além de adoecer nossa mente e nosso corpo. 
      Digo uma coisa, principalmente aos mais velhos, não aceitemos certas tendências nossas, não nos acostumemos com elas, lutemos contra elas até nosso último instante aqui. Nada nos dá o direito de não termos Deus como meta, Jesus como exemplo e o Espírito Santo como professor das virtudes mais altas. “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz, e o Deus de amor e de paz será convosco” (II Coríntios 13.11).

28/07/22

Ouvidos, olhos e boca espirituais

      “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.I Coríntios 2.14-16

      É difícil falar das coisas sob o ponto de vista espiritual com quem não tem sentidos espirituais. O que os ouvidos espirituais percebem para entenderem as coisas? Em primeiro lugar a Deus. Ser espiritual é em primeiro lugar crer na existência de um Deus que age benignamente com todos e mais com os que confiam nele, na confiança há autorização para ação. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6), não é só ter fé que admite a existência de um Deus, mas confiar que ele é galardoador, isso é, que age de maneira objetiva nas vidas dos homens. 
      Mas é mais que isso, já que muitos até creem em Deus e em sua ação, mas ainda assim, na prática, são materialistas e céticos. Ouvidos espirituais contemplam um Deus próximo, amigo, porque têm intimidade de ouvir o Senhor, constantemente e de maneira íntima. “Porque o perverso é abominável ao Senhor, mas com os sinceros ele tem intimidade” (Provérbios 3.32), quando falamos de coisas espirituais com amigos íntimos do Senhor eles entendem com humildade e fé, provam um Deus próximo e sabem, sem arrogante exclusivismo, que os outros também podem provar. Quem não fica feliz quando encontra alguém que é amigo de um amigo seu? 
      Quem tem ouvidos espirituais também tem olhos espirituais, assim entende as coisas espirituais e enxerga como o mundo espiritual funciona. Sabe aquela conversa que temos com amigos próximos, onde nossas frases são completadas por eles? Parece que eles sabem o que pensamos, e entram numa sintonia fina com a gente. Com o Espírito Santo, ainda que estando nós neste mundo e ele no outro, é assim. Na verdade na comunicação espiritual não são necessárias nem palavras, há uma emanação de luz que nos faz entender as coisas, cabe a cada ser humano, de acordo com sua intelectualidade e moralidade, interpretar essa emanação em sensações e raciocínios. 
      Por isso são tão úteis os dons do Espírito, em especial o dom de línguas espirituais “estranhas”, quem tem ouvidos e olhos, também terá boca espiritual. São “estranhas” porque não entendemos racionalmente de imediato, mas entendemos espiritualmente e de imediato já nos consolam. Os que tiverem fé poderão entender o significado, traduzindo em palavras que possam ser compreendidas pelos outros, se você não pode traduzir, busque com boa sinceridade, Deus não nega dons aos que pedem. “Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lucas 11.13).
      O texto bíblico inicial nos dá uma orientação importante, “o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido”, dessa forma não perca tempo compartilhando coisas espirituais com quem não tem sentidos para isso, a esses basta nosso testemunho de vida prática de justiça e amor. Além de perder tempo e de se desgastar desnecessariamente, poderá ser mal interpretado, loucos podem ver sãos como loucos. Mas não exageremos, o mais sábio é entender alguns como estrangeiros, que não entendem certo idioma, sem qualquer espécie de arrogância. Saber disso, entretanto, nos dá a segurança que Deus nos entende, e isso basta para termos alimento espiritual e paz.

27/07/22

A humildade confronta a todos!

      “O Senhor eleva os humildes, e abate os ímpios até à terra.Salmos 147.6

      Em algum momento de nossas vidas todos nós seremos confrontados pela humildade, depende até quando nosso orgulho resiste. Se nos quebrantarmos antes, ainda teremos saúde física e emocional para reagirmos corretamente, senão, poderemos sofrer justamente quando estivermos mais debilitados no corpo e na mente. A demora também nos fará manter reputações inadequadas por mais tempo, assim, será mais difícil testemunharmos para os outros o que somos de melhor, as pessoas são convencidas pelo tempo. 
      Muitos são bem hábeis em se esconder, fazem de tudo para não serem humildes, acham que isso é ser menor e que ser menor lhes humilham diante dos homens. O orgulhoso se acha valoroso pelo que tem e aparenta exterior e materialmente, não pelo que é em seu interior e moralmente. Ao humilde não importa o que os homens veem ou pensam dele, e mesmo se tiver ou perder algo, não fará diferença, seu coração está em Deus, “o Senhor o deu e o Senhor o tomou, bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1.21b).
      O orgulho não está em ser proeminente na sociedade por algum motivo, seja por ter bens materiais, ou por ter talentos intelectuais ou artísticos. Da mesma maneira a humildade não está em ser religioso e altruísta. Alguns nascem para serem ricos, terem empresas, darem empregos a muitas pessoas, e ainda que sejam orgulhosos, não é o fato de perderem tudo isso que os faz mais humildes. Outros nascem para serem religiosos, buscarem espiritualidade, mas não é o fato dos homens verem isso neles que os faz humildes. 
      Paz é conhecer a própria vocação, aceitar que ela é vontade de Deus e que só cumprindo-a se pode ser verdadeiro. Ocorre que muitos confundem vocações, não as conhecem ou não as aceitam porque não têm humildade, assim vivem vidas em conflito. Poderão até, se tiverem vocação para religiosidade, serem religiosos, ainda que paralelo a isso construam prosperidade material, e nisso não há problema. Contudo, por serem uma coisa desejando ser outra, se perderem os bens materiais não acharão na religiosidade paz.
      A humildade faz sofrer o orgulhoso que resiste em tirar a máscara da mentira, só as trevas conhecem a face real do arrogante. O humilde mostra seu rosto à luz do dia, pode não agradar a todos, pode estar molhado de lágrimas e marcado pelo sofrimento, mas é a verdade sobre si mesmo e ele é feliz nela. Na fraqueza do humilde há força do Senhor, na altivez do arrogante há o medo de quem não se humilha diante de Deus. No final o tempo é generoso com o humilde, mas com o orgulhoso é cobrador impiedoso. 
      Ninguém se engane, a humildade um dia entra, e após ter batido por anos na porta, pedindo entrada educada, poderá quebrar a porta e entrar à força. Não é Deus querendo humilhar alguém, Deus não faz isso, é a verdade se impondo, só a verdade traz paz e conduz à vida eterna. A mentira, ainda que se tenha colhido honra por anos, mantém algo que não existe, um espírito exaltado, o espírito quer Deus e a Deus só se chega com humildade. Nos quebrantemos a tempo de sermos felizes e fazermos felizes ainda neste mundo.

26/07/22

Saiba, mas não diga a ninguém

      “Porque, se alguém cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo. Mas prove cada um a sua própria obra, e terá glória só em si mesmo, e não noutro. Porque cada qual levará a sua própria carga.Gálatas 6.3-5

      Na madrugada do dia primeiro de novembro de 2021, aos setenta e sete anos, morreu o pianista Nelson Freire, considerado um dos maiores pianistas do mundo. O pianista e maestro João Carlos Martins disse sobre Nelson Freire, “ele sabia do seu valor, mas não contava a ninguém”. Numa entrevista, o próprio Freire, ainda que fosse um exímio intérprete da música, disse que como pianista não se achava maior que a música. Eis duas citações poderosas de humildade, Jesus deu exemplo assim, veio em nome do pai, para glorificá-lo, nunca se colocou acima dele, ou mais importante que ele.
      Você até pode saber de seu valor, e nisso não há arrogância, mas lucidez, não confundamos ausência de auto-conhecimento com humildade, e conhecer e negar pode ser só falsa humildade. Contudo, se for humilde, saberá, terá segurança disso, mas não vai verbalizar isso com facilidade ou para qualquer um, a não ser para Deus, e mesmo assim com um coração quebrantado e grato, sem fazer exigências por causa disso. O que nos confere humildade é a referência que usamos para nos medir, se usamos os homens, poderemos nos enganar, subestimando os outros e superestimando-nos. 
      Jesus é a melhor e mais alta referência, quem se mira nele sempre saberá que pode melhorar, e mesmo que atinja um bom nível, será para servir mais, amar mais, glorificar mais a Deus, não ao próprio ego, como Jesus homem fez. Saber o que se é, principalmente quando se conseguiu chegar num ponto onde se consegue praticar as virtudes de maneira mais constante, nos deixa felizes, já que sabemos que estamos fazendo nossa parte e isso agrada a Deus. Essa satisfação não é para menosprezarmos os outros, mas para respeitá-los, já que sabemos o preço que pagamos para sermos o que somos.
      O peixe morre pela boca, assim pode ser complicado falarmos de nós mesmos, ainda que não tenhamos intenção arrogante, as pessoas podem nos interpretar mal. Aos parecidos comigo, que amam explicar tudo, tenham cuidado, é mais sábio controlarmos nossa vontade de falar, principalmente de nós mesmos, isso pode não ser fácil, mas é necessário. Deus é bom, entende nossas idiossincrasias, nos ama e nos respeita, se precisamos de algo, ele nos dá, basta que confiemos e esperemos nele. Estejamos satisfeitos o suficiente em Deus, para não ficarmos implorando honra das pessoas e do jeito errado.

25/07/22

Livrai o aflito dos ímpios

      “Fazei justiça ao pobre e ao órfão; justificai o aflito e o necessitado. Livrai o pobre e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios.Salmos 82.3-4

      Como podemos obedecer as orientações do texto bíblico inicial? Como cristãos, o que temos feito para livrar o pobre e o necessitado das mãos dos ímpios? A primeira coisa que vem às nossas cabeças com essas palavras é que devemos fazer caridade, e no momento atual que o Brasil vive, com tantos desempregados, ajudar as pessoas com comida, roupa e abrigo, é uma urgência. Até que ponto evangélicos fazem isso? 
      Vemos católicos, espíritas e outros religiosos prestando auxílio material para os pobres e necessitados, mas o evangélico, em uma grande parte, parece que acha mais importante livrar o ser humano do inferno e do diabo, que da fome e da pobreza neste mundo. Assim, muitos acham que ajudam convidando para cultos, para que lá se convertam à sua religião, será que isso basta? Até que ponto isso é o mais importante?
      Livramos os aflitos dos ímpios de várias formas, e novamente digo aos evangélicos, podemos fazer isso fora de templos e não desempenhando necessariamente atividades religiosas. Quando damos bom testemunho em nossas vidas, no emprego, nos estudos, entre os familiares, estamos mostrando na prática um estilo de vida vencedor, e nesse caso não necessariamente por exibirmos prosperidade material.
      Algo que constantemente peço a Deus pelas minhas filhas, é que se tornem boas cidadãs, para serem pessoas honestas, justas, pacíficas, boas profissionais, influências do bem. Isso significa pagarem impostos, não usarem qualquer espécie de serviço ilícito, não lesarem de forma alguma empresas privadas ou públicas. Elas vão enriquecer financeiramente assim? Talvez, mas mostrarão uma vida moralmente correta.
      Alguns evangélicos não têm medo de pregar o evangelho, mas também não têm receio de piratearem internet e TV a cabo, por exemplo. Dar testemunho de justiça e honestidade é iluminar a sociedade, mostrar Deus por obras, não por palavras. Quem vive nessa luz tem o cuidado de Deus neste mundo, para ter uma vida material digna, e no outro mundo, um espírito harmonizado com Deus na melhor eternidade.
      Mas além de ajudar as pessoas materialmente e de praticar uma vida moral correta, uma maneira poderosa de livrar o pobre e necessitado é pela oração. Meus queridos, as pessoas precisam muito de nossas orações, não como rezas frias, ou com fé irracional, mas como reflexo da luz mais alta de Deus em seus espíritos. Muitos até estão bem materialmente, são até bons religiosos, mas possuem existências agoniadas. 
      Para muitos não adianta conversa, argumentos não vão convencê-los, principalmente se forem velhos, assim precisam de uma interferência espiritual poderosa em suas vidas. Para fazermos isso precisamos estar preparados, santos e crentes, e se for a vontade de Deus fazermos um clamor diferenciado, nos sentiremos direcionados para isso. Preparados e direcionados, oremos com pura convicção e com forte emoção. 
      Na oração você pode usar palavras, Deus abençoe, liberte, cure, resgate, mas a intenção emocional e espiritual, mesmo sem palavras, é mais importante que o som das palavras ou frases racionalizadas. Em tua mente conecte Deus à pessoa, visualize a luz de Deus sobre a pessoa, sobre o corpo, a mente, as emoções dela. Isso não é só imaginação, há nisso um forte envio de unção, muitos cristãos não entendem isso. 
      Ainda que tenhamos sincera intenção, se não houver forte vontade nossa oração pouco valor terá, assim, algumas vezes é melhor não orarmos que o fazermos desmotivados, só por obrigação. Orar não é só verbalizar um pedido, como quando solicitamos ao gerente do banco um empréstimo, deve haver profundo e sincero envolvimento mental e sentimental de nossa parte, para estabelecer a conexão espiritual. 
      Sei que muitos evangélicos não veem oração assim, mas não estou dizendo algo fora da Bíblia, quem tem experiência com dons espirituais entende o que digo. Sem unção, ainda que com intenção sincera, tentaremos desempenhar trabalho espiritual com forças humanas, sem unção a oração será cansativa para quem ora e ineficiente para abençoar por quem se ora. Sem unção a oração não livrará o aflito dos ímpios. 

24/07/22

Não sou digno, mas creio

      “E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe, e dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa, paralítico, e violentamente atormentado. E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saúde. E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar. Pois também eu sou homem sob autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faze isto, e ele o faz. 
      E maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus; e os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Então disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja feito. E naquela mesma hora o seu criado sarou.” 
Mateus 8.5-13

      Um centurião era uma pessoa importante na sociedade do século I, era oficial na hierarquia das forças militares romanas. Ele se importar com um criado paralítico e violentamente atormentado (seria por transtorno mental, possessão demoníaca?) já demonstrava seu caracter diferenciado. Mas ele procurou Jesus e foi aí que demonstrou algo ainda mais importante, fé, e não uma fé qualquer, uma fé inteligente. Jesus, como em outras oportunidades, conhecia o coração do homem, identificou um pedido legítimo e prontamente se dispôs, eu irei e lhe darei saúde. Em outras oportunidades Jesus não foi tão imediato. 
      O centurião, então, demonstrou sua espiritualidade objetiva respondendo, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar. Em outras palavras, não sou digno, mas creio. Que honestidade maravilhosa, surpreendeu até o Cristo. Ele não se sentia digno, e nós, somos dignos em algum momento de que Deus nos atenda? Nunca. Mas se querem mesmo saber, o centurião era digno, ele tinha as virtudes iniciais que Deus pede de nós, humildade e fé. Ele sabia quem era, assim como sabia quem Jesus era, isso é fé inteligente. Eu sou pecador, mas a ti, Jesus, basta uma palavra. 
      A palavra que Jesus então dá, é reveladora, nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. Desculpe-me, mas não posso deixar de me lembrar com essa palavra, do posicionamento que muitos cristãos têm, achando-se mais dignos do céu e condenando outros ao inferno. A exortação do Cristo é muito séria, muitos virão do oriente e do ocidente e assentar-se-ão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus, e os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores. Jesus diz que ainda que sejam israelitas fiéis à sua religião, cederão lugar a não israelitas, que talvez nunca tenham ouvido falar da lei de Moisés, isso por causa da fé. 
      Isso tem que nos fazer pensar em algumas coisas. À fé do centurião a resposta foi ainda mais fantástica, Jesus nem precisou estar presente para que o pedido fosse atendido, pois é, um oficial romano, que talvez muitos judeus vissem como inimigo, como opressor, como do diabo, esse recebeu atenção diferenciada de Jesus porque creu. Não penso que pode-se só acreditar sem praticar, quem crê tem comunhão e em comunhão vive-se de maneira agradável para aquele em quem crê. O centurião devia ter uma vida correta, mesmo dentro de sua cultura, de sua religião, de sua profissão. Jesus sabia disso e por isso o abençoou. 
      A principal barreira que a fé ultrapassa é a de não acreditarmos em nós mesmos, por isso nos acharmos indignos de sermos atendidos por Deus. O centurião sabia que era indigno de Jesus, mas sua fé no amor e no poder de Jesus era maior até que a culpa que carregava por ser alguém indigno, e quem se acha indigno se acha porque tem consciência do próprio pecado e do quanto desagrada a Deus. Isso é fé inteligente, que não pede algo enorme achando que basta crer para receber, sem se ater à qualidade moral da própria vida e ao fato de Deus requerer essa qualidade. Fé inteligente sincroniza-se com a relevância das obras. 
      O centurião não admitia, era humilde demais para isso, mas era mais digno que sabia, e é assim mesmo que tem que ser com quem teme a Deus. Esse deve saber que sempre estamos em falta com o Altíssimo, mas não para ficarmos nos culpando e sofrendo em autocomiseração, mas para crermos e dependermos mais ainda de Deus. Fé inteligente faz isso, finca nossos pés firmes no chão da realidade, principalmente da nossa realidade moral, mas posiciona o espírito lá no alto, para conhecer a Deus. Quem assim vive não age como criança mimada que quer tudo e sempre, mas sabe pedir, e quando o faz é prontamente atendido. 

23/07/22

“Faço uma coisa nova”

      “Assim diz o Senhor, o que preparou no mar um caminho, e nas águas impetuosas uma vereda; o que fez sair o carro e o cavalo, o exército e a força; eles juntamente se deitaram, e nunca se levantarão; estão extintos; como um pavio se apagaram. Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas. 
      Eis que faço uma coisa nova, agora sairá à luz; porventura não a percebeis? Eis que porei um caminho no deserto, e rios no ermo. Os animais do campo me honrarão, os chacais, e os avestruzes; porque porei águas no deserto, e rios no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu eleito.” 
Isaías 43.16-20

      O ser humano ama novidade, nela há paixão e como paixão é passageira necessita de mais novidades para provar a paixão de forma mais duradoura. Ninguém se iluda, toda paixão passa, ainda que seja por algo virtuoso, do bem, assim o prazer que ministérios na igreja nos dão, passam, ainda que seja algo que funcione no campo espiritual. Um casamento, por melhor que seja, entre pessoas que sabem o que são e o que querem e não estão lesando ninguém, se teve paixão no início, essa passará um dia. 
      Por que passa? Porque paixão e prazer são só efeitos emocionais de alguma coisa, não são as causas, por isso tanto coisas boas quanto coisas ruins podem nos apaixonar enquanto são novidades. Depois, o prazer da paixão passará, a diferença é que se foi provocado por uma experiência virtuosa pode ser repetido sem danos. Mesmo experiências espirituais mais elevadas impressionam nossos sentimentos, nos dão prazer e passam, nosso corpo físico é inviável para reter o efeito da novidade por muito tempo.
      Essa limitação faz parte do plano de Deus para que estejamos sempre trabalhando, sempre vigiando, sempre querendo aprender mais e crescendo. Contudo, quando Deus nos dá uma palavra como a do texto bíblico inicial, nosso coração rejubila, quem não gosta de ouvir, eis que faço uma coisa nova? Entretanto, é importante entendermos o contexto histórico da passagem para sabermos a relevância da novidade que Deus ia fazer. Se vivemos dia a dia uma vida correta com Deus não precisamos de uma experiência assim. 
      No momento do texto, Israel era escrava de Babilônia pois tinha desobedecido a Deus, mas o que a passagem descreve é algo comum a todos nós. Numa situação ruim, Israel estava saudosista, lembrava-se do tempo que era conduzida com milagres à Canaã, assim o profeta exorta que aquele passado, por melhor que tivesse sido, não seria repetido. Deus ia libertar seu povo, mas com novas ações, assim Israel não precisaria ficar incrédula, achando que a libertação antiga não ocorreria mais, uma nova ocorreria.
      Não que Israel estivesse merecendo um novo livramento, era um povo duro e teimoso, que mesmo em dificuldades não clamou a Deus nem exerceu diante dele uma religião adequada. Mas Deus é pai, sempre quer nos levantar, e nada nos levanta mais, nos dá mais esperança, que sabermos que uma boa novidade está para ocorrer. Ainda que Deus saiba que somos só seres viciados em novidade, em prazer, em paixão, ele nos atrai com coisas novas, para que sejamos renovados e tenhamos forças para nos erguermos do erro.
      A providência de Deus muitas vezes não espera que mudemos de vida, mas só que enjoemos de fazer as coisas erradas, e então, vazios e estagnados, estejamos mais propícios para fazer as coisas certas, ainda que seja porque não temos mais outra opção. As virtudes nos vencem pelo cansaço, e com tempo todos nós entenderemos o que temos que fazer, o problema é levarmos tempo demais. Que não entendamos a importância das virtudes num leito de hospital, muitas vezes velhos e mantidos vivos só por máquinas. 
      Mas a palavra desta reflexão é de alegria, eis que faço uma coisa nova. Meus queridos, sabem que coisa nova Deus estava dizendo que daria a Israel? Não era só libertação da opressora Babilônia, era muito mais que isso. A coisa nova era Jesus. A promessa era de redenção espiritual, não física, para toda a humanidade, não só para uma nação, e seria eterna, não passageira como outras que Israel provou. “Porei águas no deserto e rios no ermo para dar de beber ao meu povo”, a profecia fala de água para o sedento. 
      Mas o Espírito Santo que inspirou o escritor não fala de água física, fala dele mesmo, água espiritual para o andarilho do deserto deste mundo. Com sede, um banquete não satisfaz, com sede, ainda que estejamos no luxo de um palacete, não há prazer. Com sede espiritual, nem religião, nem conhecimentos teológicos nos saciam, só o vivo Espírito Santo, esse não precisa de longas pregações, de pompa e circunstância, só de uma simples palavra, vinda diretamente de Deus, como água para nosso espírito. 
      Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas, essa exortação nos lembra como podemos ter prazer doentio pelo passado, não só pelo bom, mas também pelo ruim. Quando adquirimos mais intimidade com Deus, algo que o Espírito Santo nos orienta é parar de olhar para trás, para o que fizemos e para o que os outros fizeram. Deus é Deus de vida e a vida olha para frente, esperando o melhor, fazendo o melhor, então, construindo um novo passado, bom e realmente digno de ser rememorado. 
      Se o passado foi bom, o futuro pode ser melhor, mas se ele nos condena ou condena os outros, então, deve ser esquecido no perdão que foca no alto. Parar de errar não é só interromper as ações de um modo de vida errado, é se transportar mentalmente para um novo e melhor tempo, isso é feito pela fé. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo.” (II Coríntios 5.17). Deus te chama para algo novo, limpe-se, creia e siga em frente, o que vem é melhor que o que passou. 

22/07/22

Esperar sem se abater

      “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei pela salvação da sua face.Salmos 42.5

      Muitas vezes não temos outra saída se não esperar, mas como esperamos? Esperar nos abate? Esperar sem se sentir deprimido, eis um dos segredos da felicidade, para isso precisamos entender que esperar é mais que não fazer nada e não fazer porque definitivamente não se pode. O corpo pode não fazer, e não estou dizendo que esperar seja parar de trabalhar, de forma alguma. Mas sentimos que estamos esperando algo acontecer quando sabemos que tudo o que fizermos não será suficiente para mudarmos uma situação. Eis um perigo de quando se espera do jeito errado, fazer o desnecessário, isso pode nos abater ainda mais, é preciso humildade para esperar do jeito correto, admitir nossa total impotência diante de uma situação. 
      Muitas pessoas não gostam de esperar porque acham que isso as faz perder tempo, mas pode ser mais que isso, pode ser orgulho, receio que os outros as vejam paradas de alguma maneira. Quem só se sente valorizado fazendo alguma coisa e fazendo algo que os outros passam ver, nunca aprenderá a coisa principal que esperar nos ensina, sim, porque Deus não pede que esperemos só porque não pode nos atender imediatamente, ou porque quer nos fazer sofrer, não é isso. Existem duas virtudes que lutamos de todo jeito para não termos que exercer, amor e paciência, e essas estão relacionadas, ninguém consegue amar sem ser paciente. Mas sem paciência nada certo conseguimos fazer, ser paciente é respeitar limites. 
      Se esperar nos abate é porque não aprendemos a esperar, quando estivermos em paz esperando, sentindo-nos satisfeitos e não agoniados, quando parecer que até nos esquecemos que estamos esperando, então, o que estamos esperando recebemos. O objetivo de Deus era nos dar o que esperávamos? Não, só nos fazer aprender a esperar do jeito certo. Nisso existe uma cura emocional e física que não temos ideia do tamanho, mas nisso nós também amadurecemos espiritualmente, adquirimos uma intimidade com Deus muito profunda. Nessa intimidade aprenderemos que tanto faz ter ou não ter, fazer ou não fazer, um dia, ou um ano, tempo e energia não importarão mais, importa é estarmos em plena paz com Deus, agradando-o. 
      Só o Espírito Santo nos permite esperar sem ficarmos abatidos, bebida alcoólica não permite, encher o estômago com comida não permite, calmantes e outros remédios não permitem, nem sexo ou qualquer outra obsessão. Esperar sem abatimento é antes de tudo reeducação de alma, muitas vezes viciada por anos de existência errada, que quer tudo na hora e faz qualquer coisa para ter. Não somos Deus, nossos corpos e nossas almas não suportam saciar espíritos ansiosos que não sabem esperar, e mais, as pessoas não aguentam conviver com gente que não sabe esperar da forma correta. Por isso muitos sempre sozinhos, ainda que oficialmente casados, por isso tantos lucrando vendendo vícios, por isso infantilidade espiritual. 
      Esperar em Deus é mais que aguardar o tempo passar, é se alimentar do Espírito enquanto o tempo passa, o Espírito Santo sempre tem água espiritual pura e fresca para nos dar, basta que tenhamos persistência em buscar. Esperar é uma oportunidade que Deus está te dando para orar mais, louvar mais, se consagrar mais, enfim, conhecê-lo mais. Quando a espera acabar e você olhar para trás, entenderá como mudou para melhor, como foi transformado esperando certo, muito mais que se recebesse o que queria receber imediatamente, no momento que achava melhor. Respire fundo, deixe que as preocupações cheguem e partam, depois faça uma oração, do fundo do teu ser, entregue tua vida a Deus e espere em paz. 

21/07/22

Vontade de Deus: qual é e como fazer

      “Ensina-me a fazer a tua vontade, pois és o meu Deus. O teu Espírito é bom; guie-me por terra plana.Salmos 143.10

      Muitas vezes queremos fazer a vontade de Deus e achamos que sabemos como fazer, assim saímos fazendo. Nos tornamos membros de uma igreja, somos assíduos nos cultos, aprendemos os louvores, ouvimos os pregadores, tentamos obedecer suas orientações, lemos a Bíblia e seguimos, sendo como muitos. Isso até pode ser suficiente para muitos, mas será que é exatamente o que Deus quer de nós? A vontade de Deus para todos nós é que cresçamos espiritualmente. Vemos que estamos crescendo quando nos tornamos mais santos, mais amorosos, mais humildes. 
      Quando dizemos que estamos fazendo a vontade de Deus sendo protestantes ou evangélicos em igrejas, estamos conseguindo isso, vidas santas, amorosas e humildes? Se ainda que tidos como bons religiosos por outros religiosos não estamos conseguindo praticar santidade, amor e humildade, principalmente em nossas vidas privadas, então, talvez devêssemos rever nosso conceito de vontade de Deus para nós. O texto diz ensina-me a fazer a tua vontade, assim, a vontade de Deus para nós devemos aprender com Deus, não é necessariamente aquilo que podemos achar que é. 
      Uma palavra precisa ser dada neste momento. Se você é novo na fé, vem de sérios vícios ou de outras questões graves, cuidado, para muitos, ficar numa boa igreja, com um bom pastor, sendo fiéis a cultos e tento vidas cristãs mais normais, digamos assim, pode ser proteção do Senhor contra passados terríveis. O desafio não é para todos, e ninguém se ache pior ou melhor, mas tenha paz permanecendo na fé que Deus o chamou e o abençoou até aqui. “Porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia” (II Timóteo 1.12b).
      Outros, contudo, amadurecidos e fortes, podem estar sendo desafiados pelo Senhor a buscas mais pessoais, e se for isso não será opção, mas vocação, assim como não será para enfraquecer, mas para fortalecer. Você já parou e perguntou a Deus: Senhor, qual é a tua vontade para minha vida? De verdade? E nessa vida que você pensa que é vontade de Deus para você, tem sido vitorioso? Mesmo se esforçando para fazer tua parte? Não basta-nos saber a vontade de Deus para nós, temos que saber como desempenha-la, isso só Deus pode nos ensinar. O que chama também capacita. 
      Contudo, também não ache que tem que mudar de vida, quando tua vida atual está dando errado por desmazelo teu, nesse caso o problema não está em descobrir uma nova vocação, mas em não exercer corretamente a vocação que Deus já te mostrou qual é. Entretanto, você precisa considerar que teu insucesso pode ser porque está no lugar errado, ou com as pessoas erradas, ou fazendo a coisa errada, se for isso precisa de uma busca profunda, para saber qual a vontade de Deus e depois como fazê-la. Isso pode exigir mais que aquilo que a programação de tua igreja entrega. 
      A segunda parte do versículo inicial diz teu Espírito é bom, guie-me por terra plana. Deus ensina-nos com bondade sempre, e nós desempenhamos sua vontade com muito trabalho, mas em terra plana. Se a terra pela qual andamos está acidentada demais, e isso já há algum tempo e ainda que estejamos nos esforçando, podemos estar em terra inapropriada. Terra plana é propícia para desempenharmos a vontade de Deus e darmos bons frutos. Saber o que fazer, onde fazer, com quem fazer e quando fazer, eis os desafios, para isso contínua dependência de Deus é imprescindível. 

20/07/22

Paz e luz

      “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.Isaías 45.7

      Para o que anda longe do melhor de Deus, e não longe de Deus, porque nada está longe dele, mas longe de seu melhor, para esse, que escolhe fazer as coisas do seu jeito, a luz lhe trará vergonha e a paz lhe será impossível mesmo no luxo. Mas para o que anda perto do melhor do Senhor, mesmo nas trevas será guiado e protegido, não ficará confuso, nem perdido, e enquanto o mal varrer a Terra, disciplinando e corrigindo, o amigo de Deus achará provisão e consolo. 
      Não nos fiemos no que nossos olhos físicos veem, ainda que haja tranquilidade estando os corações dos homens longe do Senhor apressam-se as guerras, as pragas, a natureza com secas, temporais, calor e frio, fora do tempo e em proporções exageradas. Enquanto o arrogante festeja, a vingança do universo se aproxima, mas o humilde, com olhos espirituais abertos, discernirá os tempos, não se deixará ser enganado e se preparará para o juízo, calado e crente. 
      Paz e luz há nos corações dos que temem ao Senhor, para esses não importa como está o mundo, ainda que não desistam de trabalhar por uma humanidade melhor. Guerra e trevas há nos corações dos que seguem a ídolos, espíritos enganadores, falsos profetas e seus próprios egos, esses acham que têm tudo sob controle, que suas obras e suas competências bastam para serem prósperos e dominarem o mundo. Felizes os que esperam o reino espiritual de Deus. 
      “Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.” (Salmo 101.6). Não temamos os orgulhosos, mas abramos nossos corações aos sinceros do bem, que não julgam pelo passado ou pela aparência, mas honram com fé, pelo espírito e no presente. Nos aproximemos dos simples, choremos quando choram e nos alegremos quando se alegram, quanto aos falsos, os deixemos nas mãos de Deus.
      “Ele zomba dos zombadores, mas concede graça aos humildes. A honra é herança dos sábios, mas o Senhor expõe os tolos ao ridículo.” (Provérbios 3.34-35. NVI). Os que zombam serão zombados pelo universo, e Deus, que não zomba de ninguém, aguardará até que o juízo desses acabe, sempre esperando em amor que mesmo esses se arrependam. Nos nos enfademos com o homem mal, suas tolices serão trazidas à tona e serão ridicularizados, temamos mesmo por eles. 
      “Levanta-te, Senhor! Ergue a tua mão, ó Deus! Não te esqueças dos necessitados. Por que o ímpio insulta a Deus, dizendo no seu íntimo: "De nada me pedirás contas!"?” (Salmos 10.12-13 NVI). Nem o ponto de um “i” ficará sem recompensa, ao pouco do humilde feito de coração para Deus haverá honra eterna, mas mesmo toda a vida de trabalho do arrogante nada colherá na eternidade, esse já teve sua recompensa no mundo e não glorificou a Deus por isso. 

19/07/22

Perto está o Senhor

      “Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor.Filipenses 4.5

      O Senhor está muito perto de todos nós, será que de fato temos noção do quanto isso é verdadeiro? O texto bíblico inicial começa falando não da proximidade de Deus, mas da proximidade dos homens, sabendo disso devemos dar a eles bom testemunho. Isso não significa se importar com que os outros pensam de nós, buscar aprovação de homens, depender paz interior de ser reconhecido pelos outros, não é isso. É o contrário, é amar tanto os outros que nos preocupamos em mostrar a eles que podemos ser felizes e com Deus, para que eles também possam ser felizes e com Deus. 
      Mas não são só seres humanos neste mundo físico que estão próximos a nós, seres espirituais também estão. Os seres rebeldes, das trevas, do mal, nos observam o tempo todo, e têm muito interesse em “vibrarem” na mesma “frequência” que nós. Seres espirituais agem por simpatia, diabos e demônios terão mais facilidade para comunicarem seus propósitos conosco, caso estejamos fazendo coisas erradas, nos lugares errados, com pessoas erradas. Mas saiba, eles também se realizam através de nós, já que não possuem corpos físicos, assim quando pecamos sentem certa satisfação.  
      Por outro lado, os servos de luz do Deus todo-poderoso e Altíssimo se harmonizam conosco quando estamos andando de acordo com a vontade do Senhor, nos protegem e nos capacitam para que sigamos na luz. Entretanto, se quando estamos na luz os seres das trevas fogem de nós, são envergonhados, quando pecamos os seres de luz, anjos e outros, de alguma maneira se entristecem, mas procuram nos reconduzir ao caminho melhor do Senhor. Nossas escolhas têm implicações em muito mais existências que só nas nossas, acredite, nossas responsabilidades são extensas e decisivas. 
      “E o servo do homem de Deus se levantou muito cedo e saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros; então o seu servo lhe disse: Ai, meu senhor! Que faremos? E ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. E orou Eliseu, e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu.” (II Reis 6.15-17). Essa passagem sobre o servo de Eliseu revela o exército invisível que cerca os justos, glória a Deus! 
      “Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia.” (Daniel 10.12-13). Essa passagem que já citei outras vezes aqui, uma de minhas preferidas, deixa claro a interferência no mundo espiritual que a oração de um justo faz. Um príncipe foi enviado por Daniel! 
      “Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade. Ele cumprirá o desejo dos que o temem; ouvirá o seu clamor, e os salvará.” (Salmos 145.18-19). Mas se a “mente” onisciente de Deus tudo acompanha, seu “coração” de amor aciona suas poderosas “mãos” que alcançam os que permitem serem ajudados por ele. Me chama a atenção a afirmação ele cumprirá o desejo dos que o temem, que maravilho privilégio é esse, ver aquela nossa necessidade maior ser respondida. O Senhor não está distante, nem indiferente, mas perto dos que o invocam em verdade. 

18/07/22

Louvemos a Deus! (18/18)

      “Assim que, ó Senhor, te louvarei entre os gentios, e cantarei louvores ao teu nome, pois engrandece a salvação do seu rei, e usa de benignidade com o seu ungido, com Davi, e com a sua semente para sempre.Salmos 18.49-50

      Deus não cuida só de nós, mas em nossa fidelidade e humildade Deus cuidará de nossos filhos e netos, confie nisso. Se as trevas se restringem, a luz se expande, filhos da luz terão filhos da luz, isso é promessa do Senhor, eu creio. Por isso, louvemos ao Senhor, em todo o tempo e no Espírito Santo, que pela adoração nos conduz às regiões espirituais mais altas em Cristo. Em dias onde o louvor é tão banalizado, quando está presente nos templos e nas bocas, mas não permanente nos corações, levantemos na privacidade de nossos lares louvores santos ao Deus que nos conduz em novidade de vida. 

17/07/22

O Senhor vive! (17/18)

      “O Senhor vive; e bendito seja o meu rochedo, e exaltado seja o Deus da minha salvação. É Deus que me vinga inteiramente, e sujeita os povos debaixo de mim; o que me livra de meus inimigos; sim, tu me exaltas sobre os que se levantam contra mim, tu me livras do homem violento.Salmos 18.46-48

      O Senhor vive! Você de fato crê nisso? Prova essa realidade de Deus? Ah, meus queridos, pela infinita misericórdia do Senhor eu tenho provado um Deus mutíssimo real, assustadoramente presente! Deus tem me livrado do homem violento, e o primeiro homem violento que me agride sou eu mesmo. Deus tem pacificado meu coração, me ajudado a escolher o melhor caminho, o da humildade. Mas também tem me livrado dos que só se acham fortes quando tentam enfraquecer os outros de algum jeito. Não importa, deixemos o violento se achar forte, confiemos no Senhor que vive e que luta por nós.  

16/07/22

Não tema o desconhecido (16/18)

      “Livraste-me das contendas do povo, e me fizeste cabeça dos gentios; um povo que não conheci me servirá. Em ouvindo a minha voz, me obedecerão; os estranhos se submeterão a mim. Os estranhos descairão, e terão medo nos seus esconderijos.Salmos 18.43-45

      Os estranhos se submetem aos que obedecem a Deus. Isso quer dizer que Deus controla tudo e todos, age por forças invisíveis que não temos ideia do quanto são poderosas. Mas cuidado, isso é faca de dois gumes, é bênção para o fiel, mas também é disciplina para o infiel, como a bênção pode vir de lugares que nos são estranhos, a disciplina também pode vir de onde menos esperamos. Ninguém se sinta confortável nas trevas, mas os que agradam o Senhor estão seguros mesmo no desconhecido, no novo, no ainda não totalmente conquistado. Confiemos em Deus, ele é nossa luz no desconhecido. 

15/07/22

Deus não ouve os falsos (15/18)

      “Deste-me também o pescoço dos meus inimigos para que eu pudesse destruir os que me odeiam. Clamaram, mas não houve quem os livrasse; até ao Senhor, mas ele não lhes respondeu. Então os esmiucei como o pó diante do vento; deitei-os fora como a lama das ruas.Salmos 18.40-42

      Os que se colocam como inimigos dos que confiam em Deus podem clamar até ao próprio Deus, mas não são ouvidos, isso para que Deus dê vitória aos que confiam nele. Você já pensou em como isso é sério? Quem ler o texto superficialmente não perceberá, e quem achar que o entendeu poderá estar se equivocando na interpretação. Deus é amoroso com todos, não tem preferidos e ouve a oração de todos, mas não basta frequentar igreja, se dizer cristão e até orar a Deus, enquanto se pratica injustiças, invejas e negócios ilícitos. Quem age assim não será ouvido pelo Senhor e será derrotado em batalha. 

14/07/22

Deus nos dá forças (14/18)

      “Alargaste os meus passos debaixo de mim, de maneira que os meus artelhos não vacilaram. Persegui os meus inimigos, e os alcancei; não voltei senão depois de os ter consumido. Atravessei-os de sorte que não se puderam levantar; caíram debaixo dos meus pés. Pois me cingiste de força para a peleja; fizeste abater debaixo de mim aqueles que contra mim se levantaram.” Salmos 18.36-39

      Se for para fazer a vontade melhor de Deus, encontramos forças onde achávamos que não havia. Para isso nossos inimigos são vencidos de forma espantosa, sempre lembrando que na visão do novo testamento nossos inimigos não são físicos e externos, mas internos e espirituais, antes de tudo somos nós mesmos quando fazemos escolhas erradas. Vendo a vida assim, na ótica de Jesus, solução de necessidades físicas são apenas tijolos que usamos para construir uma escada que nos levará a experiências espirituais. Quer ser forte? Admita que é fraco, dependa só de Deus e faça sua vontade, não a tua. 

13/07/22

Deus aperfeiçoa nosso caminho (13/18)

      “Deus é o que me cinge de força e aperfeiçoa o meu caminho. Faz os meus pés como os das cervas, e põe-me nas minhas alturas. Ensina as minhas mãos para a guerra, de sorte que os meus braços quebraram um arco de cobre. Também me deste o escudo da tua salvação; a tua mão direita me susteve, e a tua mansidão me engrandeceu.Salmos 18.32-35

      Deus aperfeiçoa nosso caminho, isso significa que andando perto do Senhor viver não é tédio ou comodismo, é trabalho constante em fé. As coisas ficam mais difíceis, pois o caminho se mostra mais e mais longo, rumo à alturas espirituais, contudo, os pés ficam mais ágeis. Ainda que conscientes da realidade material deste mundo, e andar com Deus sempre nos conduz à lucidez, não a fantasias ou enganos, crescer espiritualmente é dar cada vez menos importância ao mundo e cada vez mais atenção à eternidade. Em Deus nosso refugio contra o mal e os maus, não está nos valores do mundo, mas na elevada posição espiritual em que nos pomos, quando andamos em comunhão com o Senhor. 

12/07/22

Olhe só para o Altíssimo (12/18)

      “Porque quem é Deus senão o Senhor? E quem é rochedo senão o nosso Deus?Salmos 18.31

      Antes de tudo, olhe para Deus. O Espírito Santo nos auxilia nisso, eleva nossos olhos espirituais para que tenhamos a atenção no Altíssimo, que está acima de potestades e principados espirituais, das trevas e da luz. Apesar da maioria dos cristãos não ter esse entendimento, é possível focar em posições espirituais abaixo de Deus, e sim, isso é perigoso e nada recomendável. Mas às vezes, ainda que inconscientemente, não olhamos para Deus, por isso nossa oração parece não subir e nosso coração permanece amarrado. Deus sempre recompensa os que persistem em buscá-lo, nele sempre há paz e luz.