sexta-feira, agosto 14, 2020

Cristianismo cobrado (parte 7/7)

Os escolhidos estão prontos?

      “Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver. E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias. Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” Mateus 24.21-24

      Citei o texto acima na 1ª parte desta reflexão, ele foi repetido aqui para que um termo fosse salientado, “escolhidos”. Para iniciar essa última parte da reflexão algo precisa ser dito, os “escolhidos” independem de igrejas enganadas, de pastores hereges, de um cristianismo oficial despreparado para a cobrança final, eles estão preparados, e acredite, não são poucos não. Mas quem são eles? Eles são os que amam a Deus acima de tudo, e que de um jeito ou de outro servem ao Senhor, seja em sistemas religiosos cristãos imperfeitos ou mesmo fora deles.
      Muitos escolhidos permanecem parte de igrejas durante toda a vida, a maioria deles não ganham status nesses meios, ainda que trabalhem muito, simplesmente porque não se vendem, por vaidades ou aprovação de homens. Contudo, existem outros, que não conseguem viver dentro dos sistemas, até tentam por um tempo, mas a hipocrisia e a ganância de homens que usam o evangelho para adquirir prestígio e bens, os deixam desconfortáveis. Mas isso não é relevante, não para Deus, importa é o compromisso do coração com o Senhor, o amor puro e fiel que adora a Deus seja onde e como for.
      Se você sente de servir ao Senhor em uma igreja, em santidade e humildade, se consegue vivenciar esse estado de excelência e sente que Deus se agrada dele, se essa é a vontade de Deus para sua vida, continue assim, independente da qualidade da igreja, como muitos dizem, olhe para Deus não para os homens, nenhum sistema neste mundo é perfeito, incluindo igrejas cristãs. Mas não julgue os que por algum motivo estão fora desse sistema, Deus é o Senhor e ele sabe o que faz com seus servos, que são servos dele, não de homens, não meus ou teus. 
      Em verdade muitos serão surpreendidos no arrebatamento e no juízo final, ao verem tantos que não achavam serem dignos de estarem na melhor eternidade com Deus estarem, assim como outros que tinham certeza que estariam não estarem. Não se enganem também os que leem os reiterados confrontos que o “Como o ar que respiro” faz da realidade de muitas igrejas cristãs com o projeto de vida cristã que o verdadeiro evangelho propôs, criticamos o homem, não Deus. Deus sempre cumpre seu propósito, os de fato iluminados pelo altíssimo fazem seu papel, estão prontos.

“O cristianismo está sendo cobrado”,
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José Osório de Souza, 31/05/2020

quarta-feira, agosto 12, 2020

Cristianismo cobrado (parte 6/7)

 Como estar preparado na cobrança?

      Seguindo a simplicidade do evangelho original de Cristo, é assim que nos preparamos para uma cobrança:
  • Viva hoje como se fosse seu último dia no mundo, como se o arrebatamento fosse a qualquer momento.
  • Não aceite menos que o melhor de Deus, ainda que o melhor de Deus seja o pior diante dos homens, se respeite.
  • Não se importe com o que os homens pensam de você, mas testemunhe a eles que você se importa com Deus.
  • Não durma na fé o tempo todo, descanse nela, mas acorde para praticar boas obras, fé sem obras é hipocrisia.
  • Igreja não é palco de clube, palanque político, esconderijo para fuga, nem banco para favores financeiros.
  • Não se sinta obrigado a dar dinheiro em igreja, use-o para ajudar os que precisam, que pode até ser um pastor. 
  • Seja espiritual mas pense na realidade material, use bem seu tempo, seu trabalho, seu dinheiro, seu corpo.
  • Não se ponha o sol sobre a tua ira, sobre o teu pecado, sobre a tua dor, sobre o perdão que deve aos outros. 
  • Não seja religioso, seja amigo de Deus, quem descobre o Senhor na solidão tem a unção de Deus sempre.
  • Ame, aprenda a amar, persista em amar, queira amar, sem esperar retorno, mesmo que ninguém saiba, ame!

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José Osório de Souza, 31/05/2020

segunda-feira, agosto 10, 2020

Cristianismo cobrado (parte 5/7)

 E enquanto isso, no mundo?

     Enquanto o cristianismo é cobrado e não tem como pagar, porque fez dívidas que Deus não mandou que fizesse, um mundo sem Jesus se fortalece, principalmente porque não tem mais no cristianismo um opositor forte. O amor do evangelho é superado pela tolerância religiosa, a libertação do evangelho é superada pela igualdade racial, a prosperidade do evangelho é superada pela justiça social, o céu do evangelho é superado pela consciência ecológica, enfim, valores espirituais são superados por valores do plano físico. As trevas não são más porque fazem maldades, não necessariamente, mas porque fazem qualquer coisa sem o Deus altíssimo.
      Cristãos, não se iludam com templos grandes e cheios, com música alta e de qualidade, com “congressos”, com falar em línguas estranhas, com cair ao chão em êxtases, com pregadores que encantam multidões e fazem subir lágrimas aos olhos, não se iludam mesmo com sinais e milagres. Não é grande a glória da igreja romana, da basílica de São Pedro no Vaticano, da catedral de Notre-Dame em Paris? Não se vestem de mantos caros e de ouro seus sacerdotes? Infelizmente é isso que muitos invejaram, ainda que de forma velada, ou não é? Quando constróem novos templos de Salomão, luxuosos auditórios, ao invés de ajudarem os que precisam, de pregarem a salvação simples e poderosa do evangelho?
      O reino das trevas se fortalece da maneira mais fácil e menos trabalhosa, não vencendo o reino da luz, isso é impossível, mas desligando a luz neste mundo, à medida que anula os templos da luz, que são as vidas cristãs, leva-as ao desvio. Assim o cristianismo deixa de focar em Deus, foca no mundo e perde uma batalha que não pode ganhar, já que o mundo não é para ser, não a partir da nova aliança em Cristo, o reino de Deus. As trevas não lutam mais contra a luz, mas a favor de valores que deveriam ser frutos de um cristianismo verdadeiro, que busca valores espirituais mas que se vivido corretamente pode abençoar também este plano.
      O conceito “diabo” mudou no “pós-pós-pós...” modernismo, não é mais o inimigo do cristianismo, principalmente do católico, aliás, o catolicismo mudou, muito mais de esquerda que de direita, entenda-se como for direita e esquerda. As trevas estão tendo sucesso em sua melhor e derradeira estratégia, desligando o diabo do pecado da carne e do mal moral, e o relacionando à liberdade humana, à saúde e ao bem do planeta. Para combater isso o cristianismo precisará voltar às suas origens, ao seu melhor e verdadeiro objetivo, mas por enquanto, em sua maioria, não é isso que ele tem feito, insistindo num tradicionalismo recheado de heresias que querem os valores do antigo testamento no mundo. 
      O cristianismo dorme, mas as trevas estão bem acordadas, pelo menos o cristianismo oficial e com certeza as trevas mais “altas”. Mas me vem um questionamento, qual é o cristianismo que importa, o oficial de igrejas e denominações, ou aquele secreto vivido pelos amigos de Deus? Esse ultimo não dorme, nunca dormiu, porque experimenta o Espírito Santo que está sempre vivo, novo e ativo. Talvez a palavra seja não para o cristianismo oficializado, mas para os verdadeiros profetas, que se guardaram e não se contaminaram com os falsos deuses adorados em tantos templos, estejam mais vigilantes, em santidade, na verdadeira unção, e acordem os que dormem dentro de igrejas evangélicas, o tempo urge.

      “E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar.Joel 2.30-32

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José Osório de Souza, 31/05/2020

sábado, agosto 08, 2020

Cristianismo cobrado (parte 4/7)

Uma chance para mostrar prontidão?

      “Então disse eu: Ah! Senhor Deus, eis que os profetas lhes dizem: Não vereis espada, e não tereis fome; antes vos darei paz verdadeira neste lugar. E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam falsamente no meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, e adivinhação, e vaidade, e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam. Portanto assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam no meu nome, sem que eu os tenha mandado, e que dizem: Nem espada, nem fome haverá nesta terra: À espada e à fome, serão consumidos esses profetas. E o povo a quem eles profetizam será lançado nas ruas de Jerusalém, por causa da fome e da espada; e não haverá quem os sepultem, tanto a eles, como as suas mulheres, e os seus filhos e as suas filhas; porque derramarei sobre eles a sua maldade.
  Jeremias 14.13-16

      Salta aos olhos a parte do texto acima que diz “não haverá quem os sepultem”, como isso lembra os tempos atuais da pandemia, mas todo o texto nos remete aos dias de hoje, que foram antecedidos por uma igreja que “profetizava” (grande parte dela, não toda, não generalizando) vitória, principalmente com a chegada de um líder político que dizia protegê-la. O texto é duro, os falsos profetas que profetizaram que não haveria guerra nem forme, sofrerão em suas carnes esse mal, guerra, nem de nação contra nação, mas interna, civil, de lado contra lado, e fome, por causa da crise econômica que se agrava pela doença.

      O pior e maior legado que o Corona vírus vai deixar no mundo, e especialmente no Brasil, é a pobreza, ainda que a nossa economia volte a crescer em 2021 vai demorar para o mercado se fortalecer a ponto de poder digerir todos os desempregados, todos os empresários falidos, todos os trabalhadores informais que já estavam sobrevivendo mal mesmo antes da pandemia. Que papel os cristãos fazem nesse cenário? Em primeiro lugar se de fato creem no evangelho que pregam e que amam ouvir nos púlpitos, os cristãos não devem ter sido pegos tão assim de surpresa por essa doença. Mas ainda que estejam surpreendidos, como todos estão e devem estar, se vivem o que falam e ouvem, devem ter de alguma maneira algo que lhes dê alguma segurança para passar por essa situação, principalmente econômica que a Covid 19 lançou a todos, com dignidade. 
      Não ouviram tantas vezes nas pregações que Deus protege os seus, que aqueles que são fiéis aos cultos, nos dízimos, na adoração, são protegidos pelo Senhor das piores coisas? Não de tudo, mas ao menos das piores? Se isso não está acontecendo algo esteve e está errado, ou creram em palavras falsas, obedecendo a orientações equivocadas, ou não seguiram as palavras certas, diziam que obedeciam mas não obedeciam as orientações de Deus para seu povo. Uma coisa eu tenho certeza absoluta, Deus não mente, não volta atrás e sempre cumpre o que promete, se alguém está errado, é o homem, ou por crer em coisas erradas, ou por não obedecer as coisas certas. O cristianismo está sendo cobrado, tudo o que foi prometido nos púlpitos agora está sendo posto à prova com a pandemia, tudo o que tantos disseram crer agora está sendo verificado, assim perguntas se fazem: existem frutos decentes do que foi plantado? Ou, a semente certa foi plantada? 
      Em segundo lugar, para aqueles que de fato buscaram ao Deu verdadeiro e de um jeito ou de outro estão sendo preservados, guardados, nesta terrível crise de saúde e econômica mundial, é tempo de, mais do que nunca, ajudar o próximo, e não é em oração não, nem convidando pra culto, é dando comida, roupa, ajuda financeira, primeiro aos da fé e depois aos outros. Que quando a ciência autorizar, obedecendo as regras de distanciamento da medicina verdadeira, que os templos sejam usados para abrigar os que nem tem onde morar, ou no mínimo para tomarem um banho e receberem uma refeição, ou para serem lugares para vacinação e exames médicos, com boa vontade muito pode ser feito com as estruturas organizadas que as igrejas normalmente têm. Mas eu penso, ah, se muitas igrejas tivessem mesmo vivido o verdadeiro evangelho durante a época das “vacas gordas”, quando se reclamava que estava ruim, mas não se sabia que podia ficar muito pior...
      Se pastores tivessem gastado menos com ostentação de templos, com casas, carros e luxos pessoais de vaidades, e obedecido à voz do Espírito Santo, hoje poderiam prestar um socorro diferenciado na sociedade, na verdade não teriam que fazer hoje nada diferente do que já estariam fazendo. Mas muitas igrejas, muitos pastores, muitos cristãos, foram pegos de surpresa. Onde estavam os profetas, aquele que exigiam dízimos para que o povo fosse abençoado, onde eles estavam que não prepararam a igreja para essa situação? Quem anda na luz não é pego de surpresa, mas pode ajudar os que estão nas trevas, contudo, um cristianismo que não se preparou e que está sendo cobrado nega até a doença, quando tantos apoiam um governante que vai contra a ciência, o bom senso, a realidade mundial. Cristãos brasileiros, se o mundo está sendo cobrado, muito mais os cristãos brasileiros, pois além de nossa situação ser pior não temos uma liderança decente, isso é mão de Deus pesando, assumamos isso!

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José Osório de Souza, 31/05/2020

sexta-feira, agosto 07, 2020

Cristianismo cobrado (parte 3/7)

O cristianismo está pronto?

      “Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver. E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias. Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” 
Mateus 24.21-24

      As igrejas cristãs, pelo menos grande parte delas, que há tanto tempo cobram o mundo, que condenam ao inferno eterno, que arrogantemente se acham melhores, mais preparadas, mais espirituais, não perceberam que quem mais cobra, mais é cobrado, porque não se coloca como réu, mas como juiz. Só Deus pode ser juiz porque só ele não precisa ser cobrado, ele nunca erra, e nem pode ser cobrado por permanecer indiferente diante dos que erraram, ele tomou a iniciativa e enviou seu filho Jesus para salvar os que se tornaram cobráveis. A arrogância sempre precede a ruína, assim como nunca se satisfaz, dessa forma os que fizeram de igrejas e denominações impérios, quiseram expandir isso para o mundo. 
      Quem fala se compromete, assim teria sido melhor para muitos cristãos, principalmente evangélicos pentecostais, terem ficado calados, ao invés se terem se colocado em lugares elevados no mundo para apontar o dedo. Muitos cristãos acabaram caindo na armadilha que eles mesmos armaram para os outros, foram enganados pelo mundo, e por isso estão sendo cobrados. Não, não foi o mundo dos prazeres carnais, dos vícios físicos, mas o das vaidades, acharam que podiam e tinham o direito de mandar no mundo através de seu cristianismo, quiseram implantar o reino de Deus na Terra, no chão físico, não nos corações dos simples e iluminados, como é o plano do verdadeiro evangelho. Achando-se forte, o cristianismo não percebeu que mais se enfraquecia.
      Do cristianismo atual, Deus está cobrando maturidade, mas será que está achando? Um tempo foi determinado, antes do início dos tempos, para que o cristianismo neste mundo amadurecesse e então, em sua melhor condição, conhecesse o final dos tempos, o relógio da humanidade não é o mundo, mas os cristãos. Esse tempo está chegando, mas será que o cristianismo tem agido de forma madura, está enfrentando as últimas tentações e maiores estratégias do mal de um jeito maduro? Será que a maioria dos evangélicos e protestantes brasileiros está madura o suficiente para enfrentar o fim? Ou ainda insiste num cristianismo desviado dentro dos templos, como tanto temos falado aqui?
      As crianças o pai protege, mesmo quando agem tolamente, afinal ainda são crianças, mas os adultos têm que saber andar sozinhos, com os ensinos do pai na mente e no coração, sem, todavia, a mão próxima do pai puxando para o melhor caminho. A criança pode até agir por vista, vê seu pai próximo, sente sua mão, mas o adulto deve agir por fé, só com o ensino dentro de si, isso não é o pai abandonando, mas dando aos filhos o direito de amadurecer. O momento que a humanidade está vivendo, neste início de século XXI, é momento de agir com maturidade, não mais como criança, ele urge, cobra, pois o tempo está acabando. Adulto será tratado como adulto, não mais como criança.
      Não vou me alongar mais nessa reflexão, só faço uma pergunta, se muitos cristãos são enganados ainda por políticos nacionais, tão menores em vários aspectos, como poderão não cair no engodo de um grande líder mundial que se levantará, não como o salvador de um país, mas do planeta, um líder que não terá aparência externa do mal, nem será mal preparado, antes será inteligente, educado, tolerante? Cristãos, um “anti-Cristo” não será parecido com o corrupto líder brasileiro da esquerda, e nem com o atual e estúpido líder da direita, será muito melhor que eles, em vários aspectos. Ele agradará a todos, esquerda, direita, centro, haverá de se ter muito discernimento para identificá-lo e muita coragem em Deus para enfrentá-lo.

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José Osório de Souza, 31/05/2020

quarta-feira, agosto 05, 2020

Cristianismo cobrado (parte 2/7)

O cristianismo é uma religião de cobrança?

      “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.
  João  3.17-21

      As religiões de maneira geral contemplam uma necessidade latente de evolução espiritual, mas muitas, principalmente orientais, não estipulam prazos, não curtos, nem condenação, não eterna, elas falam em meditação, mais que em conversão, em renascimento, mais que em morte, em reencarnação, mais que em inferno, em eras de milhares de anos, não em uma única vida, uma única chance, um único caminho, uma única verdade. O cristianismo se diferencia de muitas religiões por informar a cura e o curador, e não focar o doente ou a doença, em Deus, seu filho e seu Espírito, não no homem, por essas urgências, o cristianismo é uma religião de cobrança imediata.
      Me chama a atenção no texto inicial a frase “quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus”, assim a verdade precede a luz, está dentro do homem, antes mesmo dele escolher oficialmente Jesus como seu salvador. Isso não é o homem sendo bom sem o evangelho, mas é Deus presente nos homens de bem, antes do cristianismo fazer parte de suas vidas sociais, antes até de seus nascimentos neste plano físico. O caminho do justo é para frente e para cima, ainda que se inicie nas trevas e no pecado, existe dentro dele algo que ele não entende bem, no início, mas que o atrai para a luz, existe a verdade de Deu dentro dele, já existe Jesus, o pleno redentor. 
      Quem olha superficialmente pode achar isso, que o cristianismo é uma religião de cobrança, de condenação, de inferno, mas isso só existe para quem não tem a verdade e ama as trevas, os condenados temem aquilo que pode revelar seu pecado (e existe muitos condenados dentro de religiões, mesmo nas cristãs). Os redimidos, todavia, querem ser iluminados, esclarecidos, têm fome e sede disso, não estão satisfeitos com suas condições originais nas trevas, eles não temem a verdade porque a amam, eles querem a luz, e a luz mais alta e santa. Esses não temem inferno ou condenação, esses não se sentem cobrados, mas curados, para esses o cristianismo é uma religião de vida, não de morte, de leveza espiritual, não de peso. Esses escolhem sem saber que foram escolhidos antes, por Deus, e não se sentem melhores por isso, privilegiados, mas são humildes de coração.
      Não vou levantar nesta reflexão os temas (polêmicos) sobre predestinação ou escolhidos, mas resumindo, quem pode ver os homens sob esses pontos de vista é Deus, atemporal e que conhece todos os tempos dos seres criados. Deus sabe quem se salva e quem se perde antes de alguém existir neste mundo, assim como conhece a verdade nos corações. Deus sabe se alguém, ainda que pareça perdido num determinado momento, julgado e condenado pelo mundo (e pelas igrejas), tem dentro de si a verdade que deseja profundamente ir para luz. Deus também sabe se alguém, que parece civilizado e religioso e que diante dos homens do mundo (e das igrejas) tem uma boa reputação, carrega no coração uma mentira, teme a luz, e sempre buscará em alguma instância as “trevas” para se esconder da verdade.
      Contudo, o melhor do cristianismo, na verdade sua única função, é Jesus, mais nada, um caminho reto e direto para o Deus altíssimo, para a vida eterna, para o melhor da eternidade com Deus, sem inferno, sem condenação, sem complicação. Mas infelizmente, quantos templos suntuosos, altares sofisticados, auditórios e palcos sofisticados, foram e são construídos, não para falar sobre Jesus, mas para entronizar homens, é isso que está sendo cobrado do cristianismo atual, sua volta à simplicidade suficiente de Jesus como único salvador e do Espírito Santo como única voz oficial do Deus altíssimo neste mundo. Cobrança, contudo, só existe para os que têm dívidas, religiões não pagam dívidas espirituais, só Cristo paga.

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José Osório de Souza, 31/05/2020

segunda-feira, agosto 03, 2020

Cristianismo cobrado (parte 1/7)

 Cobrança é necessária?

      “O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, que esquadrinha todo o interior até o mais íntimo do ventre.
  Provérbios 20.27

     Vivemos um momento, que já começou há algum tempo, onde “é proibido proibir” (como diz a canção de Caetano Veloso ainda dos anos 1960), nem podemos dizer com certeza que isso é o desejo da maioria das pessoas, eu penso que nem é, mas é o que a mídia e outras organizações, que querem se colocar no papel de sacerdotes, ocupando o lugar das religiões, principalmente do cristianismo, pregam. Várias questões podem ser levantadas sobre isso, como por exemplo, quem é mais cobrado, as crianças ou os adultos? Ou então, cobrança é necessária? Quando dizemos cobrança, aqui nos referimos principalmente à cobrança moral, a exigir das pessoas uma referência de certo e errado, a dar liberdade para se fazer as coisas. Todos podem fazer tudo? Algumas coisas? Quem o que estabelece limites? A mídia, as organizações internacionais, as religiões, o cristianismo, Deus? Deus é um ou muda de pessoa para pessoa?
      Civilidade implica em se viver o melhor possível em sociedade, se cada um de nós vivesse só em uma ilha não precisaria de regras, de leis, de limites, mas isso se estivesse desprovido de todo tipo de referência moral interior, e acima de tudo, de espiritualidade, de Deus. Ainda sozinho, um ser humano criado pelo meio social se sente cobrado e cobra, de si mesmo. Uma criança é considerada inocente moral porque não teve seu corpo e sua psique ainda no desenvolvimento físico máximo, o que ela faz não é considerado errado pelo simples fato dela ser criança. Assim, mesmo que dediquemos mais tempo para ensiná-la, principalmente nas áreas social e moral, não pesa sobre ela castigos legais mais sérios, ao mesmo tempo que se for uma criança “normal” (dentro do que se é possível ser normal e do que signifique isso), ela não fará coisas sérias demais para ser julgada pelas leis dos adultos, ela é inocente. 
      Um adulto é mais cobrado? Sobre isso também há dois lados, é mais cobrado e desobediências criminais podem ter sérias consequências, mas se ele for “normal” (e estamos de novo usando esse termo tão relativo e impossível de ter um significado absoluto) terá mais condições, mais informações, mais preparo para viver em harmonia com um grupo de pessoas sem que caia na disciplina da cobrança. Mas esbarramos nesta reflexão em alguns conceitos complicados de serem definidos, como “deus”, normal e liberdade, quanto mais ligados a conceitos amplos os termos são, mais difíceis são de serem definidos, talvez porque eles não devam ser definidos, só aceitos (ou cridos). O “deus” de cada um, cada um deve respeitar, mesmo que não seja o mesmo “deus”, e cristãos, aceitem isso com humildade, existem muitos “deuses” e mesmo o mais alto deles respeita-os no tempo e no espaço, assim não sejamos mais reais que o rei. 
      A liberdade de cada um, cada um deve permitir, desde que não agrida a sua liberdade, e para isso muitas vezes pode bastar não estar no lugar que pessoas que querem liberdades diferentes da nossa estejam, ou limitar essa liberdade a um meio onde só estejam pessoas com uma liberdade em comum, isso é civilizado. Obviamente crianças, inocentes, seres ainda não amadurecidos e com independência de escolha, devem ser protegidos das liberdades estranhas enquanto são ensinados na liberdade de quem os cria, que também precisa respeitar a liberdade da criança que um dia será um ser maduro e independente. Agora, normal, quem é normal? Ninguém, mas ser normal também se encaixa no conceito de liberdade, aliás ser livre é ter direito de ser pessoal, sem compromisso com normalidade estabelecida, mas aí somos limitados pela vida em grupo e pelo direito de outros também viverem suas normalidades.
      Contudo, preciso compartilhar um entendimento pessoal que tenho sobre cobrança, baseado em minha vida com Deus através de Jesus e pelo Espírito Santo. Ainda que um homem fosse criado sozinho em uma ilha, sem interferência do meio social, seja físico ou psicológico, ele teria dentro de si um espírito, que caminha com ele de eternidade à eternidade, de antes de seu nascimento (de sua encarnação) até depois de sua morte física, o “juízo”. Esse espírito procura por Deus, deseja o altíssimo, precisa de referências de luz e trevas, de bem e mal, de certo e errado, esses conceitos levam o homem a querer se amar, amar os outros e amar a Deus. Assim chegamos a um nível superior da cobrança, que não é humana, passageira, relativa, social, material, mas espiritual, divina, eterna, absoluta. Como eu disse no início desse parágrafo, esse é um entendimento pessoal, esteja à vontade para concordar ou não.
      Sobre o texto inicial, há algo no homem que testemunha a eternidade, a espiritualidade, o divino, isso o tempo todo, é o espírito humano. Podemos negá-lo, afirmar que cientificamente não se pode provar sua existência? Talvez, mas não podemos deixar de afirmar que existe uma parte no ser humanão, que vai além de corpo, de carne, de sangue, músculos, ossos, nervos, membros, órgãos e cérebro, que não podemos saber exatamente o que é, mas que existe. É o que faz valer a afirmação filosófica “penso, logo existo”, é o que nos diferencia dos animais irracionais, é nossa identidade, é o que se expressa artisticamente, mas é o que também produz e interage com os “religares”, as ligações com o espiritual. Essa parte do ser humano é um pedaço da eternidade em nós, do pai de todos os espíritos, é essa parte que nos empurra para uma espiritualidade mais alta e que nos cobra, não com dor ou estupidez, mas delicada e mansamente, como um sussurro, baixo, mas firme e claro, como sempre é a genuína voz de Deus. 

“O cristianismo está sendo cobrado”,
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acompanhe nos próximos dias as outras partes
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José Osório de Souza, 31/05/2020

sábado, agosto 01, 2020

O mal está nos extremos (estudo na íntegra)

O mal está nos extremos - Saul, o rei que o povo queria

      “Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações. Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor. E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles.” 
      “E falou Samuel todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe pedia um rei. E disse: Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós; ele tomará os vossos filhos, e os empregará nos seus carros, e como seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros.” “Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de servos. Então naquele dia clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o Senhor não vos ouvirá naquele dia. 
      Porém o povo não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei. E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras. Ouvindo, pois, Samuel todas as palavras do povo, as repetiu aos ouvidos do Senhor. Então o Senhor disse a Samuel: Dá ouvidos à sua voz, e constitui-lhes rei. Então Samuel disse aos homens de Israel: Volte cada um à sua cidade.
      “E havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis, filho de Abiel, filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afia, filho de um homem de Benjamim; homem poderoso. Este tinha um filho, cujo nome era Saul, moço, e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro homem mais belo do que ele; desde os ombros para cima sobressaía a todo o povo.”
I Samuel 8.4-7, 8.10-11, 8.17-22 e 9.1-2

     As pessoas gostam de se colocar nos extremos, por que isso? Porque é mais fácil, nos extremos assumi-se posicionamentos claros e simples, ou se é preto ou se é branco. O centro, contudo, é mais difícil, tem que se esforçar para achar o equilíbrio, para discernir entre as graduações de cores e ver qual é a melhor para uma situação específica. Outra vantagem preguiçosa de quem se coloca num extremo é colocar seus opositores exatamente no extremo oposto, novamente sem se dar ao trabalho de avaliar com equilíbrio. A verdade é que opostos se atraem para odiarem-se, e nada é mais próximo do amor que o ódio (a verdade, mesmo, é que o oposto do amor é o desprezo, não o ódio, no desprezo não se usa mais energia com alguma coisa, simplesmente se desconsidera algo como merecedor de qualquer reação, já no ódio usa-se a mesma energia que se usa no amor, ainda que para criticar, não elogiar, quem odeia importa-se com algo e faz questão de mostrar isso, mas voltemos ao ponto).
      Esse extremismo “burro” nota-se atualmente no Brasil na área política, principalmente desde que um candidato nas últimas eleições trouxe à tona o extremismo de direita, que andava escondido ainda sob o remorso da violência que a ditadura militar tinha exercido em nosso país. Na verdade a extrema direita nunca teve remorso, e quando achou legitimidade, numa extrema esquerda que perdeu a sua por causa da corrupção e de um candidato que não teve medo de se assumir como extrema direita, ressurgiu. O embate foi estabelecido, e diferentemente do que ocorreu nas últimas décadas, onde se opunham, ainda que falsamente, só esquerda e centro, teremos de agora em diante um confronto constante entre dois extremismos, o confronto mais “burro” e preguiçoso que existe. Mas o que isso tem a ver com o “Como o ar que respiro”? Tem a ver porque esse confronto diz respeito ao povo de Deus, nosso foco aqui não é avaliar o mundo, mas a Igreja.
      É preciso fazer isolamento social nesta pandemia da Covid 19 que veio para ficar enquanto não se descobrir uma vacina? Sim, mas sem extremismo, com sabedoria, aliás, se o brasileiro tivesse boa educação e bom senso nem precisaria de regras e multas. Quem realmente precisa, que saia de casa, mas quem não precisa, não saia, fazer mercado é imprescindível, mas saia uma pessoa só da família para isso, de preferência jovem. Nem acho que precisaríamos parar todo o comércio, não se as pessoas tivessem equilíbrio, mas se não há equilíbrio é preciso de regras extremas. Leis e extremismo, repito, é para gente com deficiência intelectual, popularmente chamada de “burra” (desculpem-me  linguajar). Equilíbrio está funcionando em alguns países europeus, como a Alemanha e a Suécia (pelo menos no momento em que este texto está sendo escrito), mas porque os povos desses países têm uma educação, social, intelectual, moral, bem diferente da do brasileiro em média e em sua maior parte. 
      Equilíbrio é para os equilibrados e nos extremos não há equilíbrio, assim um líder “negacionista” que defende o não isolamento e despreza a ciência, dá mau exemplo para grande parte do povo brasileiro que o vê como modelo, prejudica duas vezes, pelo que faz e pelo modo como faz. Ele até poderia defender seu posicionamento, mas com sabedoria, orientando o povo na maneira melhor para enfrentar essa tragédia mundial, mas de maneira alguma sentando num lado extremo demonizando o outro lado. Mas o pior disso tudo é que um povo que se diz cristão, que deveria ser espelho de sabedoria e bom senso, apoia esse extremismo, além de extremar seus opositores denominando-os de “comunistas” que conspiram contra um presidente, um país e um cristianismo. Não percebem que o diabo montou uma arapuca e muitos cristãos caíram como patos, e se é uma armadilha é porque tem características de engano, que parecem uma coisa mas são outras, senão não seria arapuca. 
      Algo que me deixa muito preocupado é a falta de temor que muitas pessoas estão tendo, desprezando totalmente a situação, agindo como se nada estivesse acontecendo. Tudo bem, pode sair, pode ir a comércios, mas ajam com cuidado, que se diminua o tom de voz, que se fale menos, que estejamos na realidade com uma atitude de cautela, e isso não é só efeito de um posicionamento íntimo de vigilância, mas é se proteger. Vejo gente rindo e falando alto em lugares públicos, sabemos que o Corona se transmite por gotículas que saem de nossas bocas não só quando espirramos, mas quando falamos também, o simples fato de conversar com alguém pode passar o vírus, mas alguns não só não se importam, mas fazem questão de serem mais enfáticos, para usar uma palavra mais elegante, naquilo que acreditam, sendo irresponsáveis com toda a sociedade. Nessa atitude, repito, tenho visto muitos evangélicos, muitos, atitude que se não for totalmente errada e no mínimo inconveniente. 

      O presidente do Brasil diz que existe um complô contra ele, que coisa doentia isso, e doentes são também os que acreditam nisso. Ele e o Brasil não são tão importantes assim para o mundo a ponto de O.M.S., China, E.U.A., Europa etc, se unirem para derruba-lo. Essa pandemia vai prejudicar a economia mundial? Sim, isso é inegável, nações poderosas do mundo já aceitaram isso e já estão colhendo os amargos frutos dessa verdade, assim ninguém vai culpar o presidente do Brasil por isso. Por outro lado, ele será culpado, sim, por pessoas morrerem por não fazerem isolamento social apropriado, que o próprio presidente nega em alto e bom som, ser necessário. E por que essa apologia da tal hidroxicloroquina como solução? Está bem claro que é um remédio com muitos efeitos colaterais e que só é recomendado em último caso e com aprovação mútua de médico e paciente, ele não pode ser prescrito de forma generalizada, não por enquanto. Mas o pior, repito, é que evangélicos e protestantes apoiam a maneira de governar nessa pandemia do atual presidente do Brasil. 
      Quem ganha quando gente que deveria ser equilibrada se coloca num extremo? O outro extremo, que acha álibis para desmerecer seu antagonista. Mas existe um terceiro grupo de pessoas, o grupo do centro, dentre os quais eu tento me posicionar, dentre os quais os cristãos deveriam, essencialmente como seguidores do evangelho de Jesus, se posicionar. Quem elegeu o atual presidente não foi os de extrema direita, não foi, foi os do centro que não quiseram apoiar o extremismo da esquerda, que se corrompeu. Contudo, e esse é o principal perigo para o atual presidente, para seus devotos e para os evangélicos que o apoiam, esse posicionamento sem equilíbrio que o líder brasileiro está tomando frente à pandemia esta desapontando esse centro. Numa próxima eleição a extrema direita não será vencedora, não num segundo turno quando muitos têm que se unir num único candidato, assim muitos do centro podem mudar de lado e eleger de novo a esquerda. Mas se politicamente isso é uma derrota para a direita, para o cristianismo também é.
      O descrédito que a direita está ganhando pode fazer voltar ao poder o lado que mais se posiciona contra os valores da tradição judaica-cristã, valores ainda importantes para muitos que não querem reavaliar suas crenças. Não existe vantagem nenhuma no extremo, e isso, ao contrário que muitos evangélicos pensam, não é negociar com o mal, não é andar parte na luz e parte nas trevas, não é ficar em cima do muro. Em primeiro lugar é preciso entender que equilíbrio é necessário para se viver neste mundo, é coisa prática principalmente para existência social com as diferenças de escolhas dos homens, diferenças que o próprio Deus permite e respeita e que chamamos livre arbítrio. Podemos até ter posicionamento espirituais, religiosos e morais, radicais, mas para nós, não para os outros, nem para os nossos filhos que também devem ter direito à escolha. Na política o equilíbrio é condição sine qua non porque se propõe a governar a todos com todas as suas divergências, tanto quanto isso é possível de forma civilizada e não violenta. 
      Por que tantos evangélicos, incluindo lideranças importantes deles, caíram na arapuca “presidente “cristão” mais extrema-direita”? Porque já vinham desenhando esse final há algum tempo, já vinham fazendo escolhas de culto, de fé, de igreja, de pastor, de palavras que queriam ouvir em detrimento de não ouvir outras, isso há algumas décadas, no Brasil pelo menos. Não, não se cai numa grande e derradeira armadilha assim, de um dia para o outro, o inimigo vai armando pequenas arapucas, aqui e ali, desviando as pessoas aos poucos, no início nem tirando do caminho estreito, mas levando as pessoas a olhar para os lados, mesmo que continuem caminhando para frente. O que as levam a olhar para os lados vai se tornando tão interessante que num determinado momento elas param, estacionam, depois disso, finalmente, saem do caminho e seguem pelas laterais, que sempre conduzem para trás. O momento que vivemos atualmente no Brasil para os evangélicos é esse, dando um passo fora do estreito caminho.
      Muitos cristãos está maravilhados com a possibilidade do cristianismo ter poder neste mundo. Como é plano de Deus? Não, só repetindo o que a Igreja Católica fez há centenas de anos. O povo de Deus, liderado por falsos pastores, caiu no pecado da ganância, amou mais o mundo que a Deus, e não fez isso buscando os prazeres da carne ou adorando falsos deuses. Não, o desvio foi mais sofisticado, o mal não armaria uma armadilha óbvia e fácil de ser achada, tinha que ser algo mais elaborado, como serão todas as estratégias das trevas daqui para o final dos tempos. Assim o inimigo construiu uma arapuca de ideologias bíblicas, baseadas em promessas do antigo testamento, na grandeza de Davi e Salomão como reis de Israel, usando a fé na fé que vence os inimigos e permite prosperidade econômica e social no plano físico. O candidato a presidente só instrumentalizou tudo isso, os líderes evangélicos acharam um político com chances de liderar o Brasil baseado naquelas heresias que eles já estavam doutrinando suas ovelhas.

      Quem acompanha o “Como o ar que respiro” sabe do posicionamento do blog com relação a envolvimento de cristãos com política, cremos que deve ser o mínimo possível, votando bem e evitando ter cargos. Mas na possibilidade de ter cargo político seria conveniente que o cristão não tivesse cargos em igreja, para que as coisas não se misturassem, por outro lado, mesmo nessa possibilidade, púlpitos não devem ser usados para promoção política em hipótese alguma. Sim, é sábio que as ovelhas sejam ensinadas a “dar a César o que é de César, e a respeitarem todo tipo de autoridade, mas usar influência como liderança evangélica para constranger ovelhas a votarem nesse ou naquele, em nosso ponto de vista é tão errado quanto permitir que poderes políticos tenham algum tipo de influência dentro de assuntos da igreja, obviamente dentro de assuntos que não ofendem leis. 
      Mas a questão não é só “técnica” e teórica, ela é muito mais prática, não pode haver comunhão entre luz e trevas, simples assim, dessa forma é muito difícil (para não dizer impossível) para um cristão verdadeiro conviver com um sistema político mundano tão envolvido em trocas de favores, corrupção e imoralidades. A maioria das pessoas não faz ideia da sujeira moral que existe em câmaras de vereadores, de deputados, em senados etc, envolvendo todo tipo de devassidão, sexo, drogas. Política interage com a pior vaidade humana, que é pior que dinheiro e bens, é simplesmente poder, controle sobre as pessoas. Baseado nisso, uma grande massa de evangélicos ser levada a apoiar um candidato porque se diz cristão e tem envolvimento com os evangélicos, é aliança que não deve existir, ainda que o candidato seja de fato cristão e um homem realmente praticante do evangelho, equilibrado, honesto, humilde e sábio. 
      Sim, podemos escolher alguém (e temos o dever cívico disso) e votar nesse alguém, como melhor opção dentre as que se apresentam num determinado momento, mas sem idolatrar esse alguém, sem venera-lo como um “mito”, não como cristãos, para nós isso é sacrilégio, ou deveria ser. Tudo o que ocorre no mundo, principalmente em suas lideranças, políticas, empresariais, tem que ser acompanhado com temor e vigilância pelos cristãos, nunca confiando demais, o mundo é território do mal, de um jeito ou de outro quem dá a palavra final nele, autorizado por Deus, é o diabo, não nos enganemos com relação a isso. Mas um povo cego pelas tantas heresias que falsos pastores lhes contaram pede um líder maior à altura de sua estultícia e desvio, quando se pede muito por algo, mesmo que seja algo ruim, esse algo é dado, não para a alegria, para a tristeza, os que viverem (e infelizmente isso não é só força de retórica nestes dias) verão.
      Aqueles que se colocam num extremo e veem teorias da conspiração no outro extremo, correm o risco de estarem cegos com relação a uma conspiração real, não teórica, acontecendo em seu próprio extremo. Se alguém crê que isolamento social na pandemia da Covid 19 é agenda da esquerda para dar impeachment no presidente, por que não pode crer que o negacionismo é uma maneira de desacreditar a ciência, colocar militares no maior número de cargos políticos possíveis, para então dar um golpe com base militar? Forças armadas são poderes para defender um estado, não um governo, contudo, o atual presidente tem trazido militares para defenderem seu governo, isso ninguém pode negar, isso é perigoso. Sobre as teorias de conspiração de ambos os extremos, não estamos dizendo que uma ou outra é real, podem ser só meras ilusões psicóticas de quem se coloca em extremo “burro”. 
      Israel pediu um rei conforme seus corações, lhes foi dado Saul, extremistas não querem Davi, muito menos Deus, mas Saul. Triste foi o fim de Saul, que dentre os pecados o maior talvez tenha sido o de perseguir o melhor escolhido por Deus para ocupar o cargo que nunca foi seu, que ele nunca teve sabedoria para exercer. O estúpido fica cego, não vê o óbvio na obsessão de querer ser fiel a homens que dizem o que ele quer ouvir, não a verdade de Deus, Saul não apareceu do nada, foi fruto de um anseio popular, da rebeldia dos corações dos israelitas, ele só potencializou o mal de um extremo. No Brasil já vimos isso acontecer uma vez, na esquerda, que levou o país à bancarrota, será que isso não está ocorrendo de novo, agora no outro extremo? Salvação só pode vir de Deus, de mais ninguém, enquanto isso não for vivido muitos serão enganados pelo mal que está nos extremos, e não nos referimos ao mundo, mas aos cristãos.

      O sistema político de Israel do antigo testamento, conforme a vontade inicial de Deus, deveria ser o teocrático, assim Deus era o rei da nação hebraica, Deus expressaria sua vontade, sobre todos os assuntos, sociais, militares, religiosos e mesmo de saúde e higiene, através da Lei e da tribo de Levi. Mas logo que chegou à terra prometida de Canaã, juízes foram levantados, continuando a liderança de Moisés e Josué, para governar Israel, começando com Otniel, passando por Débora, Gideão e Sansão e chegando a Samuel, o últimos juiz, um dos personagens mais importantes da história da nação hebraica. Nesse ponto o povo de Israel sucumbe à tentação das nações vizinhas, que não obedeciam o Deus verdadeiro. A raiz de todo pecado, a origem do erro, é olharmos para fora do plano de Deus, é tirarmos os olhos de Deus e acharmos prazer em algo que não é autorizado pelo Senhor. 
      Samuel tomou o pedido de Israel como pessoal, pudera, seus filhos o tinham desapontado para darem seguimento à sua missão, mas Deus sabe o que faz, se tivessem continuado poderia se estabelecer com isso uma monarquia que poderia fazer mais mal que bem e destruir as boas coisas que Samuel tinha construído com seu trabalho. Não reclamemos quando algo termina, pode ser Deus querendo guardar o que conseguimos fazer de bom até então, se continuasse poderia acabar mal, é melhor terminarmos algo na melhor fase, para que as lembranças sejam boas. Contudo, um profeta de fato íntimo de Deus como era Samuel, tinha seu coração sincronizado com o Senhor, ele se magoou com o pedido de Israel, mas Deus também não gostou, o sentimento de Samuel era o mesmo de Deus, “não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles”.
      Deus sempre trabalha em nós e conosco na luz, de forma clara, sem mentiras ou ilusões, assim ele resolveu dar a Israel o que ele queria, mas avisou o povo das consequências disso, de terem um rei humano, não divino, de invejar as outras nações e de desejar para ele aquilo que Deus não queria dar porque não era o melhor. Deus tem sempre o melhor para nós, confiemos nisso, ainda que não entendamos no momento, não invejemos ninguém, achando que o que o outro tem é melhor que o que temos. Aquele a quem servimos é de quem dependeremos, bom é servir a um Deus justo, sempre seremos tratados com justiça, mas o que serve a homens não tem segurança. Hoje o homem pode estar de bom humor e tratar bem, mas amanhã, não, o homem é volúvel e inconstante, egoísta e cruel. Deus avisou o povo, mas ainda assim ele insistiu em seu desejo, estava cego e pagou por isso.
      Estas palavras selaram o destino de Israel, “nós também seremos como todas as outras nações”, quando o povo de Deus não vê mais relevância em serem homens e mulheres diferentes, no molde de Jesus, quando ainda que vá à igreja, ore, dizime, pratique a religião, o faz para pedir a Deus valores, não de Deus, mas do mundo, prosperidade material, bens, posição social, o desvio está concretizado. Não, Deus não vai contra, na insistência Deus dá ao ser humano exatamente o que ele quer, não existe mais outra maneira de se aprender o melhor caminho que andar pelo caminho ruim e quebrar a cara. O pai celestial, de uma maneira espiritual, que nós que gostamos tanto de antropomorfizar o divino não entendemos de maneira correta, deve se “entristecer” com um pedido desses, que em outras palavras diz, “não quero ser igual ao Senhor, quero ser como as pessoas do mundo”. 
      Saul era um homem bonito, devia ser bem carismático, se era engano que o povo queria Deus permitiu que esse engano fosse grandioso. Assim pode acontecer também conosco, se insistirmos numa rebeldia, em desejar o que Deus não quer dar, acabamos recebendo, o que a Bíblia diz em Mateus 7.7? A fé sempre tem resposta (eis aqui um mistério), mas nem tudo que a fé conquista é do melhor de Deus, ainda que ele dê. Os que insistem em pedir e crer, depois de um não de Deus, saibam, se tivermos ouvidos espirituais abertos, Deus responde na primeira vez que pedimos, diz se quer ou não dar, os que insistem ou estão surdos ou são rebeldes. Mas pior que o não de Deus é o sim dado ao rebelde, é um mal disfarçado, que revelará a essência do ser humano, que o disciplinará duramente, o enganará até as últimas consequências, como um “belo Saul”, para que no fim quebrante o coração duro e o faça entender que o melhor é ser igual a Jesus.

José Osório de Souza, 21 de maio de 2020

sexta-feira, julho 31, 2020

O mal está nos extremos (parte 4/4)

Saul, o rei que o povo queria

      O texto que segue é a conclusão da reflexão “O mal está nos extremos”, que foi compartilhada nas últimas três postagens do blog. Quem tiver olhos verá paralelos entre uma história da nação de Israel do antigo testamento e a realidade do Brasil atual. 

      “Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações. Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor. E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles.” 
      “E falou Samuel todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe pedia um rei. E disse: Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós; ele tomará os vossos filhos, e os empregará nos seus carros, e como seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros.” “Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de servos. Então naquele dia clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o Senhor não vos ouvirá naquele dia. 
      Porém o povo não quis ouvir a voz de Samuel; e disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei. E nós também seremos como todas as outras nações; e o nosso rei nos julgará, e sairá adiante de nós, e fará as nossas guerras. Ouvindo, pois, Samuel todas as palavras do povo, as repetiu aos ouvidos do Senhor. Então o Senhor disse a Samuel: Dá ouvidos à sua voz, e constitui-lhes rei. Então Samuel disse aos homens de Israel: Volte cada um à sua cidade.
      “E havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis, filho de Abiel, filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afia, filho de um homem de Benjamim; homem poderoso. Este tinha um filho, cujo nome era Saul, moço, e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro homem mais belo do que ele; desde os ombros para cima sobressaía a todo o povo.”
I Samuel 8.4-7, 8.10-11, 8.17-22 e 9.1-2
      
      O sistema político de Israel do antigo testamento, conforme a vontade inicial de Deus, deveria ser o teocrático, assim Deus era o rei da nação hebraica, Deus expressaria sua vontade, sobre todos os assuntos, sociais, militares, religiosos e mesmo de saúde e higiene, através da Lei e da tribo de Levi. Mas logo que chegou à terra prometida de Canaã, juízes foram levantados, continuando a liderança de Moisés e Josué, para governar Israel, começando com Otniel, passando por Débora, Gideão e Sansão e chegando a Samuel, o últimos juiz, um dos personagens mais importantes da história da nação hebraica. Nesse ponto o povo de Israel sucumbe à tentação das nações vizinhas, que não obedeciam o Deus verdadeiro. A raiz de todo pecado, a origem do erro, é olharmos para fora do plano de Deus, é tirarmos os olhos de Deus e acharmos prazer em algo que não é autorizado pelo Senhor. 
      Samuel tomou o pedido de Israel como pessoal, pudera, seus filhos o tinham desapontado para darem seguimento à sua missão, mas Deus sabe o que faz, se tivessem continuado poderia se estabelecer com isso uma monarquia que poderia fazer mais mal que bem e destruir as boas coisas que Samuel tinha construído com seu trabalho. Não reclamemos quando algo termina, pode ser Deus querendo guardar o que conseguimos fazer de bom até então, se continuasse poderia acabar mal, é melhor terminarmos algo na melhor fase, para que as lembranças sejam boas. Contudo, um profeta de fato íntimo de Deus como era Samuel, tinha seu coração sincronizado com o Senhor, ele se magoou com o pedido de Israel, mas Deus também não gostou, o sentimento de Samuel era o mesmo de Deus, “não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles”.
      Deus sempre trabalha em nós e conosco na luz, de forma clara, sem mentiras ou ilusões, assim ele resolveu dar a Israel o que ele queria, mas avisou o povo das consequências disso, de terem um rei humano, não divino, de invejar as outras nações e de desejar para ele aquilo que Deus não queria dar porque não era o melhor. Deus tem sempre o melhor para nós, confiemos nisso, ainda que não entendamos no momento, não invejemos ninguém, achando que o que o outro tem é melhor que o que temos. Aquele a quem servimos é de quem dependeremos, bom é servir a um Deus justo, sempre seremos tratados com justiça, mas o que serve a homens não tem segurança. Hoje o homem pode estar de bom humor e tratar bem, mas amanhã, não, o homem é volúvel e inconstante, egoísta e cruel. Deus avisou o povo, mas ainda assim ele insistiu em seu desejo, estava cego e pagou por isso.
      Estas palavras selaram o destino de Israel, “nós também seremos como todas as outras nações”, quando o povo de Deus não vê mais relevância em serem homens e mulheres diferentes, no molde de Jesus, quando ainda que vá à igreja, ore, dizime, pratique a religião, o faz para pedir a Deus valores, não de Deus, mas do mundo, prosperidade material, bens, posição social, o desvio está concretizado. Não, Deus não vai contra, na insistência Deus dá ao ser humano exatamente o que ele quer, não existe mais outra maneira de se aprender o melhor caminho que andar pelo caminho ruim e quebrar a cara. O pai celestial, de uma maneira espiritual, que nós que gostamos tanto de antropomorfizar o divino não entendemos de maneira correta, deve se “entristecer” com um pedido desses, que em outras palavras diz, “não quero ser igual ao Senhor, quero ser como as pessoas do mundo”. 
      Saul era um homem bonito, devia ser bem carismático, se era engano que o povo queria Deus permitiu que esse engano fosse grandioso. Assim pode acontecer também conosco, se insistirmos numa rebeldia, em desejar o que Deus não quer dar, acabamos recebendo, o que a Bíblia diz em Mateus 7.7? A fé sempre tem resposta (eis aqui um mistério), mas nem tudo que a fé conquista é do melhor de Deus, ainda que ele dê. Os que insistem em pedir e crer, depois de um não de Deus, saibam, se tivermos ouvidos espirituais abertos, Deus responde na primeira vez que pedimos, diz se quer ou não dar, os que insistem ou estão surdos ou são rebeldes. Mas pior que o não de Deus é o sim dado ao rebelde, é um mal disfarçado, que revelará a essência do ser humano, que o disciplinará duramente, o enganará até as últimas consequências, como um “belo Saul”, para que no fim quebrante o coração duro e o faça entender que o melhor é ser igual a Jesus.

quarta-feira, julho 29, 2020

O mal está nos extremos (parte 3/4)

      O texto que segue é a terceira parte de uma reflexão em quatro partes, por favor, se possível, leia todos os textos para um melhor entendimento do assunto, que é liderança política nacional e atual pandemia do Corona vírus, obrigado. 

      Quem acompanha o “Como o ar que respiro” sabe do posicionamento do blog com relação a envolvimento de cristãos com política, cremos que deve ser o mínimo possível, votando bem e evitando ter cargos. Mas na possibilidade de ter cargo político seria conveniente que o cristão não tivesse cargos em igreja, para que as coisas não se misturassem, por outro lado, mesmo nessa possibilidade, púlpitos não devem ser usados para promoção política em hipótese alguma. Sim, é sábio que as ovelhas sejam ensinadas a “dar a César o que é de César, e a respeitarem todo tipo de autoridade, mas usar influência como liderança evangélica para constranger ovelhas a votarem nesse ou naquele, em nosso ponto de vista é tão errado quanto permitir que poderes políticos tenham algum tipo de influência dentro de assuntos da igreja, obviamente dentro de assuntos que não ofendem leis. 
      Mas a questão não é só “técnica” e teórica, ela é muito mais prática, não pode haver comunhão entre luz e trevas, simples assim, dessa forma é muito difícil (para não dizer impossível) para um cristão verdadeiro conviver com um sistema político mundano tão envolvido em trocas de favores, corrupção e imoralidades. A maioria das pessoas não faz ideia da sujeira moral que existe em câmaras de vereadores, de deputados, em senados etc, envolvendo todo tipo de devassidão, sexo, drogas. Política interage com a pior vaidade humana, que é pior que dinheiro e bens, é simplesmente poder, controle sobre as pessoas. Baseado nisso, uma grande massa de evangélicos ser levada a apoiar um candidato porque se diz cristão e tem envolvimento com os evangélicos, é aliança que não deve existir, ainda que o candidato seja de fato cristão e um homem realmente praticante do evangelho, equilibrado, honesto, humilde e sábio. 
      Sim, podemos escolher alguém (e temos o dever cívico disso) e votar nesse alguém, como melhor opção dentre as que se apresentam num determinado momento, mas sem idolatrar esse alguém, sem venera-lo como um “mito”, não como cristãos, para nós isso é sacrilégio, ou deveria ser. Tudo o que ocorre no mundo, principalmente em suas lideranças, políticas, empresariais, tem que ser acompanhado com temor e vigilância pelos cristãos, nunca confiando demais, o mundo é território do mal, de um jeito ou de outro quem dá a palavra final nele, autorizado por Deus, é o diabo, não nos enganemos com relação a isso. Mas um povo cego pelas tantas heresias que falsos pastores lhes contaram pede um líder maior à altura de sua estultícia e desvio, quando se pede muito por algo, mesmo que seja algo ruim, esse algo é dado, não para a alegria, para a tristeza, os que viverem (e infelizmente isso não é só força de retórica nestes dias) verão.
      Aqueles que se colocam num extremo e veem teorias da conspiração no outro extremo, correm o risco de estarem cegos com relação a uma conspiração real, não teórica, acontecendo em seu próprio extremo. Se alguém crê que isolamento social na pandemia da Covid 19 é agenda da esquerda para dar impeachment no presidente, por que não pode crer que o negacionismo é uma maneira de desacreditar a ciência, colocar militares no maior número de cargos políticos possíveis, para então dar um golpe com base militar? Forças armadas são poderes para defender um estado, não um governo, contudo, o atual presidente tem trazido militares para defenderem seu governo, isso ninguém pode negar, isso é perigoso. Sobre as teorias de conspiração de ambos os extremos, não estamos dizendo que uma ou outra é real, podem ser só meras ilusões psicóticas de quem se coloca em extremo “burro”. 
      Israel pediu um rei conforme seus corações, lhes foi dado Saul, extremistas não querem Davi, muito menos Deus, mas Saul. Triste foi o fim de Saul, que dentre os pecados o maior talvez tenha sido o de perseguir o melhor escolhido por Deus para ocupar o cargo que nunca foi seu, que ele nunca teve sabedoria para exercer. O estúpido fica cego, não vê o óbvio na obsessão de querer ser fiel a homens que dizem o que ele quer ouvir, não a verdade de Deus, Saul não apareceu do nada, foi fruto de um anseio popular, da rebeldia dos corações dos israelitas, ele só potencializou o mal de um extremo. No Brasil já vimos isso acontecer uma vez, na esquerda, que levou o país à bancarrota, será que isso não está ocorrendo de novo, agora no outro extremo? Salvação só pode vir de Deus, de mais ninguém, enquanto isso não for vivido muitos serão enganados pelo mal que está nos extremos, e não nos referimos ao mundo, mas aos cristãos.

segunda-feira, julho 27, 2020

O mal está nos extremos (parte 2/4)

      O texto que segue é a segunda parte de uma reflexão em quatro partes, por favor, se possível, leia todos os textos para um melhor entendimento do assunto, que é liderança política nacional e atual pandemia do Corona vírus, obrigado. 

      O presidente do Brasil diz que existe um complô contra ele, que coisa doentia isso, e doentes são também os que acreditam nisso. Ele e o Brasil não são tão importantes assim para o mundo a ponto de O.M.S., China, E.U.A., Europa etc, se unirem para derruba-lo. Essa pandemia vai prejudicar a economia mundial? Sim, isso é inegável, nações poderosas do mundo já aceitaram isso e já estão colhendo os amargos frutos dessa verdade, assim ninguém vai culpar o presidente do Brasil por isso. Por outro lado, ele será culpado, sim, por pessoas morrerem por não fazerem isolamento social apropriado, que o próprio presidente nega em alto e bom som, ser necessário. E por que essa apologia da tal hidroxicloroquina como solução? Está bem claro que é um remédio com muitos efeitos colaterais e que só é recomendado em último caso e com aprovação mútua de médico e paciente, ele não pode ser prescrito de forma generalizada, não por enquanto. Mas o pior, repito, é que evangélicos e protestantes apoiam a maneira de governar nessa pandemia do atual presidente do Brasil. 
      Quem ganha quando gente que deveria ser equilibrada se coloca num extremo? O outro extremo, que acha álibis para desmerecer seu antagonista. Mas existe um terceiro grupo de pessoas, o grupo do centro, dentre os quais eu tento me posicionar, dentre os quais os cristãos deveriam, essencialmente como seguidores do evangelho de Jesus, se posicionar. Quem elegeu o atual presidente não foi os de extrema direita, não foi, foi os do centro que não quiseram apoiar o extremismo da esquerda, que se corrompeu. Contudo, e esse é o principal perigo para o atual presidente, para seus devotos e para os evangélicos que o apoiam, esse posicionamento sem equilíbrio que o líder brasileiro está tomando frente à pandemia esta desapontando esse centro. Numa próxima eleição a extrema direita não será vencedora, não num segundo turno quando muitos têm que se unir num único candidato, assim muitos do centro podem mudar de lado e eleger de novo a esquerda. Mas se politicamente isso é uma derrota para a direita, para o cristianismo também é.
      O descrédito que a direita está ganhando pode fazer voltar ao poder o lado que mais se posiciona contra os valores da tradição judaica-cristã, valores ainda importantes para muitos que não querem reavaliar suas crenças. Não existe vantagem nenhuma no extremo, e isso, ao contrário que muitos evangélicos pensam, não é negociar com o mal, não é andar parte na luz e parte nas trevas, não é ficar em cima do muro. Em primeiro lugar é preciso entender que equilíbrio é necessário para se viver neste mundo, é coisa prática principalmente para existência social com as diferenças de escolhas dos homens, diferenças que o próprio Deus permite e respeita e que chamamos livre arbítrio. Podemos até ter posicionamento espirituais, religiosos e morais, radicais, mas para nós, não para os outros, nem para os nossos filhos que também devem ter direito à escolha. Na política o equilíbrio é condição sine qua non porque se propõe a governar a todos com todas as suas divergências, tanto quanto isso é possível de forma civilizada e não violenta. 
      Por que tantos evangélicos, incluindo lideranças importantes deles, caíram na arapuca “presidente “cristão” mais extrema-direita”? Porque já vinham desenhando esse final há algum tempo, já vinham fazendo escolhas de culto, de fé, de igreja, de pastor, de palavras que queriam ouvir em detrimento de não ouvir outras, isso há algumas décadas, no Brasil pelo menos. Não, não se cai numa grande e derradeira armadilha assim, de um dia para o outro, o inimigo vai armando pequenas arapucas, aqui e ali, desviando as pessoas aos poucos, no início nem tirando do caminho estreito, mas levando as pessoas a olhar para os lados, mesmo que continuem caminhando para frente. O que as levam a olhar para os lados vai se tornando tão interessante que num determinado momento elas param, estacionam, depois disso, finalmente, saem do caminho e seguem pelas laterais, que sempre conduzem para trás. O momento que vivemos atualmente no Brasil para os evangélicos é esse, dando um passo fora do estreito caminho.
      Muitos cristãos está maravilhados com a possibilidade do cristianismo ter poder neste mundo. Como é plano de Deus? Não, só repetindo o que a Igreja Católica fez há centenas de anos. O povo de Deus, liderado por falsos pastores, caiu no pecado da ganância, amou mais o mundo que a Deus, e não fez isso buscando os prazeres da carne ou adorando falsos deuses. Não, o desvio foi mais sofisticado, o mal não armaria uma armadilha óbvia e fácil de ser achada, tinha que ser algo mais elaborado, como serão todas as estratégias das trevas daqui para o final dos tempos. Assim o inimigo construiu uma arapuca de ideologias bíblicas, baseadas em promessas do antigo testamento, na grandeza de Davi e Salomão como reis de Israel, usando a fé na fé que vence os inimigos e permite prosperidade econômica e social no plano físico. O candidato a presidente só instrumentalizou tudo isso, os líderes evangélicos acharam um político com chances de liderar o Brasil baseado naquelas heresias que eles já estavam doutrinando suas ovelhas.

sábado, julho 25, 2020

O mal está nos extremos (parte 1/4)

      O texto que segue é a primeira parte de uma reflexão em quatro partes, por favor, se possível, leia todos os textos para um melhor entendimento do assunto, que é liderança política nacional e atual pandemia do Corona vírus, obrigado. 

     As pessoas gostam de se colocar nos extremos, por que isso? Porque é mais fácil, nos extremos assumi-se posicionamentos claros e simples, ou se é preto ou se é branco. O centro, contudo, é mais difícil, tem que se esforçar para achar o equilíbrio, para discernir entre as graduações de cores e ver qual é a melhor para uma situação específica. Outra vantagem preguiçosa de quem se coloca num extremo é colocar seus opositores exatamente no extremo oposto, novamente sem se dar ao trabalho de avaliar com equilíbrio. A verdade é que opostos se atraem para odiarem-se, e nada é mais próximo do amor que o ódio (a verdade, mesmo, é que o oposto do amor é o desprezo, não o ódio, no desprezo não se usa mais energia com alguma coisa, simplesmente se desconsidera algo como merecedor de qualquer reação, já no ódio usa-se a mesma energia que se usa no amor, ainda que para criticar, não elogiar, quem odeia importa-se com algo e faz questão de mostrar isso, mas voltemos ao ponto).
      Esse extremismo “burro” nota-se atualmente no Brasil na área política, principalmente desde que um candidato nas últimas eleições trouxe à tona o extremismo de direita, que andava escondido ainda sob o remorso da violência que a ditadura militar tinha exercido em nosso país. Na verdade a extrema direita nunca teve remorso, e quando achou legitimidade, numa extrema esquerda que perdeu a sua por causa da corrupção e de um candidato que não teve medo de se assumir como extrema direita, ressurgiu. O embate foi estabelecido, e diferentemente do que ocorreu nas últimas décadas, onde se opunham, ainda que falsamente, só esquerda e centro, teremos de agora em diante um confronto constante entre dois extremismos, o confronto mais “burro” e preguiçoso que existe. Mas o que isso tem a ver com o “Como o ar que respiro”? Tem a ver porque esse confronto diz respeito ao povo de Deus, nosso foco aqui não é avaliar o mundo, mas a Igreja.
      É preciso fazer isolamento social nesta pandemia da Covid 19 que veio para ficar enquanto não se descobrir uma vacina? Sim, mas sem extremismo, com sabedoria, aliás, se o brasileiro tivesse boa educação e bom senso nem precisaria de regras e multas. Quem realmente precisa, que saia de casa, mas quem não precisa, não saia, fazer mercado é imprescindível, mas saia uma pessoa só da família para isso, de preferência jovem. Nem acho que precisaríamos parar todo o comércio, não se as pessoas tivessem equilíbrio, mas se não há equilíbrio é preciso de regras extremas. Leis e extremismo, repito, é para gente com deficiência intelectual, popularmente chamada de “burra” (desculpem-me  linguajar). Equilíbrio está funcionando em alguns países europeus, como a Alemanha e a Suécia (pelo menos no momento em que este texto está sendo escrito), mas porque os povos desses países têm uma educação, social, intelectual, moral, bem diferente da do brasileiro em média e em sua maior parte. 
      Equilíbrio é para os equilibrados e nos extremos não há equilíbrio, assim um líder “negacionista” que defende o não isolamento e despreza a ciência, dá mau exemplo para grande parte do povo brasileiro que o vê como modelo, prejudica duas vezes, pelo que faz e pelo modo como faz. Ele até poderia defender seu posicionamento, mas com sabedoria, orientando o povo na maneira melhor para enfrentar essa tragédia mundial, mas de maneira alguma sentando num lado extremo demonizando o outro lado. Mas o pior disso tudo é que um povo que se diz cristão, que deveria ser espelho de sabedoria e bom senso, apoia esse extremismo, além de extremar seus opositores denominando-os de “comunistas” que conspiram contra um presidente, um país e um cristianismo. Não percebem que o diabo montou uma arapuca e muitos cristãos caíram como patos, e se é uma armadilha é porque tem características de engano, que parecem uma coisa mas são outras, senão não seria arapuca. 
      Algo que me deixa muito preocupado é a falta de temor que muitas pessoas estão tendo, desprezando totalmente a situação, agindo como se nada estivesse acontecendo. Tudo bem, pode sair, pode ir a comércios, mas ajam com cuidado, que se diminua o tom de voz, que se fale menos, que estejamos na realidade com uma atitude de cautela, e isso não é só efeito de um posicionamento íntimo de vigilância, mas é se proteger. Vejo gente rindo e falando alto em lugares públicos, sabemos que o Corona se transmite por gotículas que saem de nossas bocas não só quando espirramos, mas quando falamos também, o simples fato de conversar com alguém pode passar o vírus, mas alguns não só não se importam, mas fazem questão de serem mais enfáticos, para usar uma palavra mais elegante, naquilo que acreditam, sendo irresponsáveis com toda a sociedade. Nessa atitude, repito, tenho visto muitos evangélicos, muitos, atitude que se não for totalmente errada e no mínimo inconveniente. 

sexta-feira, julho 24, 2020

Três reações diante de uma crise

      “Então Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra. Depois veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Retira-te daqui, e vai para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem. Foi, pois, e fez conforme a palavra do Senhor; porque foi, e habitou junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã; como também pão e carne à noite; e bebia do ribeiro. E sucedeu que, passados dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido chuva na terra. Então veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Levanta-te, e vai para Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente.I Reis 17.1-9

      Com essa pandemia da Covid 19, a realidade nos confronta com um tipo, e eu disse tipo, de “apocalipse”, diante disso, listo três reações que as pessoas podem ter: mudarem de vida, não mudarem de vida porque não querem mudar, ou não mudarem porque não precisam. Qual dessas é a minha ou a tua reação? Alguns não esboçam reação, esses viveram toda uma vida assim, escondidos dentro de buracos, se acostumaram a desligarem-se da realidade. Por quê? Porque sofreram demais, foram agredidos demais e não acharam forças ou não escolheram achar forças para reagirem. Para esses a doença de um familiar, a bancarrota econômica do país, a poluição mundial, a falta de água, ou uma pandemia global é a mesma coisa, não lhes diz respeito. Esses se acomodam a zonas de conforto e lá ficam. 
      Zonas de conforto, todavia, são escolhidas por motivos diferentes, e muitos as escolhem nem por traumas pessoais, mas simplesmente por displicência, foram mimados, protegidos e sustentados durante todas as suas existências, sem que precisassem fazer muito esforço. Para esses também tanto faz, e esses são os que podem apoiar ideologias políticas convenientes que também negam a realidade, irresponsáveis seguem loucos que fazem aqueles que sempre sofreram na vida sofrerem mais e antes de todos os demais. Os que não querem mudar diante de uma crise, e que precisam mudar, não prejudicam só a si mesmos, mas aos outros, mas o que os apoia e lhes dá uma segurança para serem assim, um dia desmorona e os faz cair numa humilhação pública.
      O correto, o sábio, é todos nós, em alguma instância, quando confrontados por uma realidade ruim, avaliarmos as coisas, e em primeiro lugar a nós mesmos, para sabermos o que podemos fazer para mudar essa realidade, assim como para entender se de alguma forma nós contribuímos para que ela ficasse assim tão ruim. Isso é o que gente lúcida faz e é o que cristãos, que se dizem povo da luz, deveriam fazer. Contudo, no momento atual do Brasil onde coincidiu a pandemia com um presidente com determinadas características, muitos evangélicos teimam em não mudar de vida, ou em tentar combater uma situação, tão ímpar quanto séria, ou com negação ou com aquela fé apóstata que acha que pode tudo pelo simples fato de crer, pondo o poder no homem e não em Deus. 
      Mas temos um terceiro tipo de reação, que é exceção mas que não deveria ser, principalmente, repito, entre evangélicos, é aquela que não muda, significativamente de vida, porque não precisa. As pessoas com essa reação andam pelo caminho estreito do evangelho, têm intimidade com Deus, sabem o poder da obediência e da consequente santidade que só o obediente experimenta, essas pessoas estão preparadas para tempos ruins e quiçá derradeiros. Mas essas pessoas se aproximam ainda mais de Deus em momentos terríveis, se colocam na brecha por outros, falam menos, agem mais, não entram em polêmicas de arrogantes, rebeldes e vaidosos, se refugiam no Altíssimo. 
      Para essas pessoas Deus revela os mistérios, explica os motivos, essas pessoas não são enganadas por falsos profetas, por “messias” mentirosos e estúpidos, essas serão guardadas por Deus, como foi o profeta Elias (I Reis 17 e 18), essas, mesmo na maior das crises globais, serão sustentadas e alegradas. Quando Deus disciplinou Israel por causa do pecado do povo e do rei Acabe, será que não existiam pessoas no meio do povo, que como Elias, não estavam em falta com Deus? Sim, existiam, mas ainda assim sofreram com todos os demais a disciplina de Deus, a falta de chuva. A diferença é que esses, que não mudaram de vida porque sempre estiveram prontos, foram sustentados por Deus de maneira especial, como Elias, primeiro pelos corvos no ribeiro e depois pela pobre viúva.
      Parece humilhante um homem ser sustentado por uma mulher (e isso naquele tempo era bem mais sério), viúva (sem um marido que a ajudasse), pobre e com o filho doente? Não, não para Elias, e essa história de Elias sempre me intriga, quem quer ser ou se acha profeta que aprenda com esse que é um dos personagens bíblicos mais importantes. Mas por que não foi humilhante para Elias? Porque ele estava pronto, não precisou mudar, se achava no centro da vontade de Deus, era o homem que o Senhor estava preparando para uma missão única, destruir os falsos profetas, os de Baal, não de Deus, que enganavam o povo e seu governante. Quando Deus está no comando até corvos, animais ligados à morte, e uma pobre viúva, também tão próxima ao fim, servem de instrumentos de vida para que o servo do Senhor seja sustentado. 
      Uma pergunta precisa ser feita: que profeta temos sido nessa pandemia, os de Baal, que sempre dizem que não existe nada de errado, que não é preciso mudança, e que basta sermos como sempre fomos? Ou Elias, que sozinho se colocou contra os falsos, os rebeldes que seguiam o iníquo governante Acabe? Não entenda errado, qualquer semelhança entre a história de Elias e a do Brasil atual, em muitos pontos, pode ser mera coincidência, não estamos chamando esse líder de Acabe nem aqueles de profetas de Baal, mas reflitamos mais em Deus sobre o terrível momento que vivemos e o que precisamos mudar de fato para que a situação mude. Ou não precisamos mudar? Se for isso é porque tudo está certo e a pandemia mundial é só uma invenção para derrubar o presidente de uma nação em terrível crise econômica da américa latina. 

quarta-feira, julho 22, 2020

Deus e o Diabo

      “E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem.II Coríntios 2.14-15

      Muitos se enganam quando interpretam a oposição entre Deus e o Diabo, como diz o texto inicial, o verdadeiro conhecimento de Deus é como um bom perfume, deixa a vida mais agradável, entendamos, então, melhor: Deus e o Diabo estão numa batalha eterna? 

      Em primeiro lugar, não existe uma guerra de igual para igual entre Deus e o Diabo, Deus foi, é e sempre será vencedor, ponto! O Diabo e os demônios são criaturas, como os seres humanos, criador só existe um, Deus. Em algum momento do tempo os seres puramente espirituais (que não encarnam) também tiveram livre arbítrio e puderam escolher não estar na luz, ainda que mesmo assim tudo o que fazem requeira autorização de Deus. Assim, a partir dessa escolha são “usados” por Deus para fazer o trabalho “sujo”, digamos assim, nas vidas dos homens, isso compreende principalmente a execução de testes morais aos quais os homens são submetidos, começando pela tentação mítica de Adão e Eva no jardim do Éden. Dessa forma, o embate que existe, é no coração do homem, nesse, sim, há uma guerra onde os dois lados têm, autorizados por Deus, forças e chances iguais, o bem e o mal, a luz e as trevas. Cabe ao homem fazer a escolha, sob o livre arbítrio também dado por Deus, dessa maneira, em última instância, se o diabo tem alguma vitória é o homem quem dá e é no coração humano. 
      Em segundo lugar só existe um Deus altíssimo, mas existem vários diabos. “Tecnicamente” vários seres espirituais se rebelaram contra Deus, muitos acreditam que são quatro os maiores arcanjos caídos, Lúcifer, Beliel, Satanás e Leviatã (representantes dos quatro elementos) ainda que a Bíblia chame esses líderes genericamente de Diabo e que isso seja de fato o que importa para o cristão comum, para que ele possa expulsar e vencer o mal no nome de Jesus. O reino da luz é simples e único, já o reino das trevas é plural, complexo e dividido, contudo, esse entendimento não precisamos ter para estar em comunhão com Deus e termos vitória sobre os seres espirituais caídos. O bem é basicamente um, obedecer e adorar a Deus, o mal, contudo, é o resto, incluindo fazer o bem, mas sem estar em obediência a Deus e sem adora-lo por isso. Mas alguém pode de fato fazer o bem, aquele que permanece e dá frutos para eternidade, se não for debaixo da obediência de Deus e para a honra dele somente? Em alguma instância, não, todavia, aí está uma das grandes estratégias do Diabo, se não for a maior, para enganar o homem. 
      O bem é obedecer e adorar a Deus, e isso só pode ser feito de maneira completa através de Jesus Cristo, o mal obedece e adora o próprio homem, não necessariamente e diretamente o Diabo, mas tudo que foca no homem, como origem e fim, em última instância agrada ao Diabo. Entenda isso com clareza, o pior “diabo” não é satanista, mas é humanista e humanistas existem até no meio cristão (fé na fé é um jeito de glorificar o crente não Deus), esse é talvez o pior ardil do mal. A luz é sempre 100% boa, já as trevas se existirem em 1% é suficiente para que os outros 99% sejam borrados. Deus é sempre uno, singular, exclusivo, já os diabos se multiplicam e se recriam conforme os corações humanos. Isso significa que o bem, que parte de um coração não 100% na luz, não é considerado por Deus? Não, Deus é misericordioso e paciente, vê a sinceridade boa e a recompensa, o que ocorre é que essa recompensa se manifesta em níveis diferentes. O bem maior que terá o melhor fruto é crer em Jesus, disso advém a salvação eterna do homem, mas toda boa obra tem seu bom fruto, ainda que seja só no nível mais baixo, o mundo. 
      O que podemos dizer para concluir esta reflexão, não nos preocupemos com os diabos? Nos ocupemos com Deus e nos esqueçamos do resto? Contudo, muitos cristãos se ocupam mais em colocar a culpa de seus problemas nos outros, e principalmente no Diabo, que de fato conhecerem mais a Deus. Dizem que une muito mais as pessoas um inimigo comum que um amigo comum, quando alguém incomoda, rapidamente um grupo se junta para criticar esse alguém, ainda que esse grupo não seja um grupo de amigos que se considerem mutuamente. Mas criar um inimigo comum é estratégia do Diabo, Hitler fez isso quando colocou os judeus como inimigos de todos, todos se uniram debaixo de sua liderança, motivados, dentre outras coisas, por um ódio ao povo judeu. Cuidado, odiar o diabo não nos faz bons cristãos, amar a Deus é o que nos faz, contudo, o que cresce no conhecimento de Deus também é ensinado sobre as estratégias das trevas, para então agir na luz, não com preconceitos, mas com a verdadeira sabedoria espiritual, aquele conhecimento de Deus que é como um perfume.