quarta-feira, junho 30, 2021

Temor a Deus: o bem maior

      “Qual é o homem que teme ao Senhor? Ele o ensinará no caminho que deve escolher. A sua alma pousará no bem, e a sua semente herdará a terra. O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; e ele lhes mostrará a sua aliança. Os meus olhos estão continuamente no Senhor, pois ele tirará os meus pés da rede.Salmos 25.12-15

      Quatro versículos, muitas lições, numa passagem bíblica que não nos cansamos de ler, nem de sermos fortalecidos por seus ensinos. O que teme a Deus sabe quais são as melhores escolhas e tem forças para fazê-las. Escolhe mal quem não teme a Deus, ainda que tenha informações técnicas e conheça as orientações de cientistas e de homens experientes, sejam nas áreas que forem. Ouçamos os homens, principalmente aqueles com vivências práticas, mas temamos a Deus e só tomemos a decisão final baseados na palavra final do Senhor. 
      Temer a Deus é temer as consequências de nossas escolhas, não fazer só porque é conveniente no presente sem se preocupar com os efeitos disso no futuro. Temer a Deus é respeitar todas as pessoas, incluindo pecadores e inimigos, novamente porque não sabemos o tempo de cada um e se no futuro pecadores escolherão o caminho da justiça e inimigos restabelecerão alianças conosco. Temer a Deus é viver o presente dando cada passo ciente que Deus sabe, vê e avalia tudo, temer a Deus é confiar que Deus tem tudo sob seu controle sempre. 
      Muitos buscam prosperidade material, estabilidade econômica, conforto e honra para a família, mas isso tudo é consequência de quem teme a Deus. Dessa forma, ainda que tenhamos errado e construído menos, se com humildade temermos a Deus, o Senhor cuidará de nós até o fim, e dará a nossos filhos honras maiores que aquelas que nós mesmos provamos. Deus faz uma aliança com os que o temem, um concerto, um casamento, não baseado no que fomos, mas no que somos em quebrantamento e fé. Que bem é maior que uma aliança com Deus?
      Contudo, mais que provisão material e paz espiritual, Deus revela segredos aos que o temem, antes que o mal aconteça Deus mostra no coração dos tementes a ele que algo ruim pode ocorrer. Dessa forma, os que temem a Deus não são pegos de surpresa, não caem em armadilhas de homens, pois são avisados antes e a tempo de se prepararem e tomarem outro caminho, caso isso seja necessário. Saber o segredo do Senhor nos dá o direito de usar a mais poderosa das armas, a oração, que anula as setas do mal e destrói toda ferramenta diabólica levantada contra nós. 

terça-feira, junho 29, 2021

Homens: acusadores e acusáveis

      “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim.” 
Gênesis 3.7-8

      “E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.” 
Mateus 25.31-33

      Para entenderem melhor esta reflexão é importante que muitos evangélicos assumam aquilo que na prática creem quando interpretam Deus como juiz, e isso tem muito a ver com a figura descrita na passagem acima de Mateus e outras. Eu disse “assumam” porque muitos cristãos dizem que creem em certas coisas, mas não param para avaliar os detalhes dessas coisas, não casam essas coisas com outros ensinos bíblicos, e assim não percebem os contrassensos e impossibilidades existentes. A Igreja Católica, da qual o protestantismo na verdade nunca saiu, é culpada por aprisionar homens em interpretações infantis das verdades reveladas aos judeus e aos cristãos, e faz isso para controlar homens e ter poder no mundo. 
     Como o Deus, que os próprios cristãos creem como sendo onipresente, onisciente, onipotente e eterno, portanto, qualidades de um ser espiritual e não material, pode também ser um ancião de vestidos brancos, com longos cabelos e barbas brancos, sentado num trono para julgar a humanidade? Isso é uma metáfora, assim, ou cremos que toda a Bíblia deve ser interpretada ao pé da letra ou que é toda registrada em figuras. O que ocorre é que é mais fácil confiar nas tradições, afinal de contas elas abrigam contra conhecimentos que não se quer ter (por não se estar preparado para ter), assim seguem muitos cristãos crendo em histórias da carochinha, alimentando ainda mais a incredulidade dos que não querem seguir em direção a Deus. 
      Deus não acusa, não julga e não condena ninguém, os acusadores, os juízes e os condenadores são os homens no mundo e os seres espirituais do mal no plano espiritual. Diante dessas afirmações muitos podem usar textos bíblicos para contra-argumentar, como o citado acima de Mateus, contudo, lembro que a Bíblia precisa ser revista em muitos textos, que ainda que contenham na essência verdades divinas eternas foram escritos por homens e para homens de no mínimo dois mil anos atrás. Isso é o que dizemos aqui quando nos referimos à igualdade entre homem e mulher no casamento, à condição do homoafetivo não ser pecador só por ser homoafetivo, e sobre a não criação da Terra e do homem em seis dias de vinte e quatro horas.
      Nisso não negamos a tradição judaica-cristã, só incentivamos a reavaliação do que essa tradição construiu e se ainda é válida para o homem atual, Deus não muda, o homem, sim, e a ciência é o principal agente de mudança mental. Calma, aquele que crê nas doutrinas tradicionais do cristianismo, sob sua ótica, na prática, nada muda, continua existindo na eternidade a divisão de todos os seres humanos em dois grupos, quando são determinadas penas, seja para um céu, seja para um inferno. Não estou negando uma das bases da teologia cristã, não é o ponto de vista desta reflexão, mas estou sendo coerente com as virtudes de Deus que a própria Bíblia ensina, confrontando pena eterna de um juiz divino com amor divino eterno.
      Quando o homem está errado, em pecado, sente-se culpado, isso ficou claro desde o pecado original descrito em Gênesis, dessa forma sua consciência e os homens maus o acusam, além dos espíritos maus no plano espiritual, que normalmente a todos acusam, mas que acham no acusável legitimidade para suas acusações. Culpado o homem se afasta de Deus, o impuro não consegue permanecer na presença do santíssimo, pelo menos se tiver a mínima lucidez, e se não tiver se aproximará, não de Deus, mas de falsos deuses, para saciar sua fome do espiritual ainda que não queira pagar o preço para se aproximar de Deus. O preço é o arrependimento, senão continuará acusável, julgável e condenável pela própria consciência. 

segunda-feira, junho 28, 2021

Quem tenho, senão a ti?

      “Quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti. A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre. Pois eis que os que se alongam de ti, perecerão; tu tens destruído todos aqueles que se desviam de ti. Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor Deus, para anunciar todas as tuas obras.Salmos 73.25-28

      Em termos morais e consequentemente espirituais, se há obediência a Deus, há força, se há desobediência, há enfraquecimento, se há comunhão com Deus, há vitória, se há distanciamento de Deus, há derrota. Quando estamos em Deus, fazendo sua vontade, naturalmente somos fortalecidos e temos capacidade para vencer os apetites da carne, o egoísmo, a vaidade, a ira, porém, quando, por um motivo ou outro, não conseguimos nos colocar em Deus, não conseguimos obedecê-lo, ficamos vazios e vazios enfraquecemos. Quem mais força experimentou mais fraco poderá ser, se não vigiar no que conquistou. 
      Quem experimenta uma luta diária para conhecer, entender e fazer a vontade do Senhor, começando por orar para depois agir, sabe que nem sempre nos parece fácil achar a presença mais íntima de Deus. Muitas vezes, por mais que tentemos, que nos quebrantemos, mesmo que choremos e imploremos, parece, e eu friso, parece, que o Senhor foge de nós. Nisso, às vezes após uma busca esforçada para achar a Deus podemos cair numa frustração tão grande que nos leva a pecar desmedidamente, tentando achar prazer para encher nosso coração vazio e entristecido. Deus permite isso, para que aprendamos a persistir na busca. 
      A chave para achar a Deus está, não no esforço humano, mas no descanso no divino, achar a Deus em última instância depende de menos, não de mais, no silêncio, não nas palavras, e uma oração errada pode nos levar justamente a um cansaço mental que nos enfraquece. Uma busca errada, ainda que sincera, pode ser nossa carne tentando achar a Deus, não nosso espírito harmonizado com o Esprito Santo. A chave é deixar-se levar pelo Santo Espírito, é esse quem nos conduz ao Altíssimo, não que nisso não haja trabalho, mas é trabalho espiritual de se deixar navegar nas águas espirituais, não só esforço mental para crer.
      Entendo, que por mais que eu tente descrever a experiência, como toda busca espiritual, não pode ser formulada, só os que a experimentam através de uma vivência pessoal poderão entendê-la, mas sei que vida de oração é uma aventura infinita, a melhor de todas as aventuras que podemos ter. É ela que nos dá forças para vivermos os ideais morais que Jesus ensinou no sermão das bem-aventuranças. “Quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti, a minha carne e o meu coração desfalecem, mas Deus é a fortaleza do meu coração e a minha porção para sempre”. Que seja esse, o anseio de todos nós.

domingo, junho 27, 2021

“Ismos” ou indivíduos?

       “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim. Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu; mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste a mim. E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja neles, e eu neles esteja.João 17.22-26

     O cristianismo ou o cristão? O espiritismo ou o espírita? O budismo ou o budista? O islamismo ou o muçulmano? O socialismo ou o socialista? O homossexualismo ou o homossexual? Há diferença entre as duas coisas. O sufixo ismo adicionado a uma palavra pode significar não um indivíduo, mas uma religião, uma ideologia, uma causa, uma bandeira, um movimento (dentre outros significados, confira no link). Tomando esse sentido, principalmente quando se refere a religiões, sistemas políticos e ideologias, tenho certo cuidado em dizer que algo me representa. Digo que sou cristão, mas não defendo irrestritamente o cristianismo, defendo o homoafetivo, mas não muitas bandeiras do homossexualismo, respeito o espírita, mas tenho com esse o mesmo cuidado que tenho com religiões e instituições do protestantismo e do catolicismo. 
      Penso que Deus não autoriza nenhum ismo neste mundo como sua causa oficial, tenha a importância que pareça ter para os homens, mas com certeza ele ama todos os homens, sejam budistas, muçulmanos, socialistas e outros. Na área política, por exemplo, muitos movimentos que começaram com indivíduos sinceros em prol de causas necessárias, acabaram em bandeiras estúpidas, que usaram de violência para fazer prevalecer suas visões de mundo sobre os outros, e a mesma coisa ocorre na área religiosa, como tanto falamos aqui. Mesmo no meio das militâncias atuais por direitos humanos, por igualdade entre expressões sexuais e raças, a necessidade e o sofrimento do indivíduo são manipulados por grupos, que se começaram bem acabaram usando temas sociais importantes como armas para destruir quem pensa diferente. 
      Uma virtude não pode ser usada como arma, justiça e liberdade são direitos de todos, não só dos opressores por se verem mais fortes, como também não só dos oprimidos por acharem que têm direito à vingança, e se analisarmos sob um ponto de vista mais profundo, todos em alguma instância são opressores e oprimidos. Não estou com isso desculpando a civilização por ter escravizado africanos, isso foi e é uma opressão terrível que precisa ser paga. Infelizmente chegamos a uma triste conclusão, não existe igualdade no mundo sem que exista Deus nos corações dos homens, o que existe a longo prazo é só uma troca de poderes, tem sido assim em toda história da humanidade. Isso é para sempre? Creio que não, isso vai mudar, tão certo como existe um Deus que a todos atrai para sua luz mais alta, mas ainda vai demorar um pouco. 
      Nem as palavras mais sábias do universo na boca de quem tem um coração cheio de ódio tem legitimidade, e curar coração machucado só em Deus e sob autorização do homem. O mais correto seria, antes de defenderem movimentos coletivos, as pessoas executarem um movimento individual para serem tratadas e melhoradas, senão serão só belas bandeiras nas mãos de homens ruins, podem até começar bem, pela relevância do movimento, mas não darão em nada realmente de bom para a sociedade. É perigoso gente orgulhosa e não resolvida se esconder atrás de militâncias, grandes causas impõem respeito por si próprias, vê-se o coletivo e esquece-se do indivíduo que fica perdido nas fileiras, mas Deus vê o indivíduo, o universo conhece o plantio de cada um, e mesmo do campo mais belo não brota bom fruto sendo ruim a semente.
      Na verdade Deus não se importa com ismos, ele se importa com indivíduos, a causa de cada pessoa é importante para ele, e se entendermos isso veremos que a bandeira mais adequada é a do individualismo, ninguém é igual a ninguém, todos são importantes ainda que diferentes, nenhuma dor é maior que a outra, e todos têm direito à felicidade. Individualismo não é necessariamente egocentrismo, ao contrário, quem de fato se respeita, aos outros respeita, quem conhece a si mesmo e assume os próprios erros reconhecerá a causa do outro e dos erros desse terá misericórdia. Os ismos tentam justamente matar o individualismo, tratando as pessoas como manadas, ainda que com a autorização delas, mas viemos da eternidade sozinhos e sozinhos voltaremos para ela, Deus nos fez indivíduos que só podem achar coletivo construtivo em seu amor. 
      O único ismo que está em Deus é aquele que une os homens pelo Espírito Santo, não pelos homens, e toda religião no mundo foi criada e é mantida por homens, ninguém se engane sobre isso. Existem seres humanos que têm comunhão com o Deus único e verdadeiro através do Espírito Santo em lugares diferentes, não se iludam católicos e protestantes sobre isso também. A “igreja” que será salva é a que tem o selo desse Espírito, não carteirinha de membro oficial dessa ou daquela religião. A denominada oração sacerdotal de Jesus, que ele fez em seus últimos dias encarnado, registrada em João 17, ensina sobre isso, uma união possível entre homens pelo Espírito Santo e no amor de Deus, união que não milita por um ismo como melhor que outro, mas que glorifica a Deus e conduz todos a ele, eis uma causa digna pela qual viver. 

sábado, junho 26, 2021

Só um lugar para chorar

       “Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma está desejosa, e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo. Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde ponha seus filhos, até mesmo nos teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu.Salmos 84.1-3

     Por muitas vezes tenho levantado aqui críticas à religião, principalmente quando são só ferramentas de homens para manipular homens para obterem poder no mundo, nesse aspecto nenhuma religião está isenta. A verdade só é pura quando é lançada do céu por Deus e enquanto está caindo, mas como uma gota de chuva no momento que toca a terra, mistura-se a muitos elementos e já não é mais água, mas outra coisa, assim é com o princípio original de boas religiões. Não tem jeito de ser diferente, Deus não faz nada para mudar isso, principalmente por respeitar o livre arbítrio humano, mas isso não significa que os homens não tenham acesso à verdade e por isso percam a oportunidade de conhecerem a Deus. 
      Deus conta com nossos erros, só assim nosso orgulho e nosso egoísmo são confrontados e aprendemos a ser humildes, se recebêssemos tudo o que precisamos depressa e de uma vez não faríamos esforços, não valorizaríamos o que recebemos e fatalmente desprezaríamos as verdades mais preciosas pouco depois de as recebermos. Se a gota pura que vem do alto se suja com as impurezas da terra é para que, depois que Deus fez sua parte liberando a verdade, nós façamos a nossa separando água de outros elementos. Não basta recebermos algo que achamos ser uma verdade, temos que trabalhar nisso, nos esforçarmos, no final o que nos faz crescer não é colher a gota de água, mas purificá-la com o nosso trabalho. 
      Assim, as religiões, as igrejas, ainda que contaminadas pelas humanidades, têm seus lugares no plano maior de Deus, e nesse aspecto sempre são bênçãos do Altíssimo, pois são os lugares mais adequados neste mundo para recebermos as verdades e trabalharmos nelas. Por isso, eu não desprezo aquela pequena igreja, talvez dirigida por homens limitados intelectualmente, crentes em teologias que podem até serem partes de heresias, homens preocupados em sustentarem suas vidas com dízimos de gente simples, verdadeiras viúvas pobres de Mateus 12.42-44, mas gente sincera em seu culto, necessitada do amor de Jesus como qualquer outra pessoa no mundo, o trabalho de separar água de terra também lhe cabe. 

      Quando uma pessoa sofre, vendo que é difícil ganhar o pão de cada dia, sentindo que o egoísmo dos outros só quer tirar proveito do mais fraco, quando uma mulher abandonada por um homem é deixada sozinha para criar os filhos, quando um homem honesto e trabalhador que perdeu emprego que lhe dá um pequeno salário vê que políticos roubam milhões para terem muito mais que precisam, quando uma alma injustiçada, ao meio-dia de uma quarta-feira passa por um templo católico aberto e sem atividades, no centro de uma cidade, entra, Deus lá está. Sentada num dos últimos bancos, uma pessoa com uma alma em dores não se importa com o nome da religião, ela só quer um lugar quieto para chorar.
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consoladosMateus 5.4

      Somos mesquinhos demais, queremos ser donos da verdade, julgar as pessoas e ainda usar uma verdade de Deus (ou que achamos que seja) como álibi para isso, cremos que nossa religião é melhor que as outras, que a nossa leva ao céu e as outras ao inferno. Não tenho dúvidas que se entendermos e praticarmos o que Jesus ensinou nos encaminharemos, neste mundo e na eternidade, para Deus de uma forma especial, mas daí a dizer que o fato de eu ser batista, presbiteriano, assembleiano, católico ou de outra denominação cristã, me faz um ser humano com mais direitos a Deus que espíritas, religiosos orientais ou de outras religiões, é um engano. Jesus não ensinou isso, ensinou sobre amor e pureza de coração. 
      Não existe nenhuma injustiça da parte de Deus permitindo que as religiões, principalmente as cristãs, sejam o que sempre foram, sabe por quê? Porque não faz diferença, a salvação é individual, quem quer a Deus o acha, e Deus acha todos em qualquer lugar. O que as pessoas precisam é só de um lugar para se acalmarem e avaliarem suas escolhas, não importa onde seja, desde que evoque Deus e não seres espirituais do mal, rebeldes ao amor e à luz do Altíssimo (e mesmo isso precisa ser avaliado sem preconceitos). Depois disso o homem terá direito a outras escolhas para exercer seu livre arbítrio e se seguir querendo Deus dele continuará se aproximando, também, nesta ou naquela religião. 
      Meu querido, não se engane, os átrios do Senhor são a presença espiritual do Deus altíssimo, esse lugar não é delimitado ou exclusivo a um templo físico de uma religião específica, assim, se está sofrendo, ache um lugar, que dentro de teu entendimento seja um lugar agradável a Deus, ou que pelo menos não te atrapalhe de alguma forma, e busque. Faça isso o mais rapidamente possível, não espere mais para buscar a Deus, o mundo muda, nossos sentimentos mudam, a pouca força que hoje temos para achar a Deus pode não existir amanhã, e se hoje teu coração anseia pelo Senhor tua força basta. Deus é amor, sabe exatamente o que você precisa, você só tem que autorizá-lo a te abençoar, isso só você pode fazer.  

      “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; e não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.Mateus 3.8-9

sexta-feira, junho 25, 2021

Livres para seguirmos um Deus vivo

      “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Romanos 8.1-4

      Quem acompanha o “Como o ar que respiro” já leu aqui todo tipo de reflexão. Em uma o ponto foi ter coragem e lutar, em outra o conselho foi abaixar a cabeça e se desviar da oposição, num texto a orientação era estar firme em suas convicções, em outro a recomendação era saber quando mudar de opinião, numa reflexão o melhor caminho era trabalhar e muito, em outra o caminho mais sábio era esperar e não fazer nada. Se queremos a posição cômoda da lei não entenderemos pontos antagônicos, buscaremos uma regra geral para tudo, isso nos impede de pensar, de orar, de avaliar e entender qual a posição que devemos tomar em cada situação específica, isso faz da religião algo morto e retrocedido, não vivo e progressista. 
      Deus já orientou os homens com leis, os dez mandamentos são até hoje usados por muitos, que não conhecem o evangelho verdadeiro, como as melhores regras para orientar a religião. Entretanto, leis foram para o tempo da infância da humanidade, quando os homens não tinham inteligência intelectual e moral para achar equilíbrios, quando as ordens tinham que ser extremas e genéricas. Jesus ensinou que espiritualidade pode ser experimentada no interior do homem, a vitória não se obtém com armas materiais contra inimigos físicos, a lei de talião foi substituída pelo amor que perdoa os inimigos, e ainda que causa e efeito existam, não é o homem que deve cobrar o homem, mas o universo, ao cristão cabe confiar em Deus.
      Quem não quer viver o cristianismo através de diálogo constante com Deus pelo Espírito Santo, lutando todo dia em oração, se quebrantando, clamando, tirando do fundo da alma a melhor oração, aquela que é o reflexo da vontade de Deus, que é conhecida quando há busca fervorosa e sincera, não vive o cristianismo. Esse pode até viver uma religião, e se for assim procurará leis e regras para obedecer, fixas, dogmatizadas em algum livro de doutrinas. Contudo, o máximo que conseguirá é uma aparência de espiritualidade, não espiritualidade real, e aparência não vence o pecado, não consegue amar quem o incomoda, não tem forças para perdoar quem o machuca. O Espírito Santo é o evangelho verdadeiro e ele é vivo o tempo todo. 
      Essa espiritualidade viva e dependente do Santo Espírito exige dos que querem vivê-la paciência, quando somos confrontados não basta termos uma lei na ponta da língua, um versículo, um dogma, temos que perguntar a Deus o que é que ele pensa a respeito. Jesus encarnado tinha essa atitude, por isso muitas vezes não dizia nada e em grande parte de seu tempo ele orava. Quem quiser viver um cristianismo que usa uma lei como quem saca uma arma, pronta para ser disparada para anular um opositor, seja esse um tentador ou um inimigo em alguma instância, será no máximo um religioso e como tal possivelmente será um hipócrita. A lei não dá forças para ser obedecida, só condena os que não a obedecem (Gálatas 3.10).
       Infelizmente existem cristãos, já com anos de conversão e que em algum momento de suas vidas foram dependentes sinceros do Senhor, que atualmente morreram espiritualmente, passaram a confiar em si mesmos, no conhecimento de Bíblia e teologia que acumularam. Conhecem a religião cristã, mas substituíram leis mosáicas por leis evangélicas e seguem agora como escravos, não como livres. Seus corações já não experimentam uma comunhão viva com Deus pelo Espírito Santo, são desviados dentro de igrejas, não são transformados pois no fundo, ainda que não admitam, acham que já são bons o suficiente. Temo que muitos cristãos, com certeza do céu, provarão na eternidade, para surpresa deles, algo diferente. 

quinta-feira, junho 24, 2021

Forte para prosseguir

      “Qual é o homem que teme ao Senhor? Ele o ensinará no caminho que deve escolher. A sua alma pousará no bem, e a sua semente herdará a terra. O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; e ele lhes mostrará a sua aliança. Os meus olhos estão continuamente no Senhor, pois ele tirará os meus pés da rede.Salmos 25.12-15

      Viver no plano material é essencialmente uma interação com o tempo, somos seres relativos, não absoluto e atemporal como Deus é, portanto somos seres em perpétua mutação. A noção do tempo, contudo, não afeta só nossos corpos e os eventos nos quais temos que agir e com os quais temos que reagir, é mais que algo físico, temos em nossas mentes verdadeiras máquinas do tempo. Contudo, o tempo que se passa em nossas cabeças não casa necessariamente com a linha de tempo do mundo material, e esse assincronismo é causa de sérios problemas humanos. Já refletimos aqui sobre a existência ser mental (leia por exemplo “A existência é mental”), mas dessa vez quero focar na dificuldade que temos de largar o passado e prosseguir.
      Precisamos ser fortes para seguir em frente do jeito certo, apesar do que fizemos de errado e do que os outros fizeram de errado conosco, fazer isso é um dos principais segredos de felicidade. Não é fácil esquecer o mal, lembranças sujas e violentas grudam na gente, pecados que cometemos e que hoje tanta vergonha nos causam, mas existem também aquelas palavras, que alguém lançou contra nós como facas, que se transformaram em mais que injúrias de homens, mas em setas espirituais de espíritos malignos. Mas não pense que lembranças ruins ficam em nós porque tiveram causas fortes, o problema não é a força do mal dos outros, mas a força do bem que não retemos em nós, não é mérito do acusador, mas desmérito de quem se torna acusável. 
      Passado é rede que prende nossos pés e nos amarra, passado ruim encarcera na incredulidade, o bom iludi pela desesperança que algo melhor possa vir a ocorrer, ambos podem impossibilitar-nos de nos aventurarmos pela fé em Deus para que descubramos que no desconhecido pode haver algo mais excelente. O que liberta do passado? O segredo do Senhor, os que o recebem acharão forças para darem ao tempo seu devido valor, sabendo que maior é Deus, Senhor do tempo. Mas cuidado, não tente sozinho, ainda que numa disposição santa, libertar-se do passado, não tente simplesmente se convencer de forma racional que ele não é importante, não tente despreza-lo, fazer de conta que ele não existiu, ele pode ser bem vivo dentro de nós.
      O passado ruim pode seguir existindo bem forte em nossas mentes, se não buscarmos em Deus algo maior que retenha em nós a luz e a paz, só um crescimento espiritual constante, ainda que muitas vezes lento, pode segurar o bem. Deus se revela gradativamente aos homens, e tudo o que podemos saber e ser só conheceremos após nosso último instante neste mundo. É preciso ser forte para prosseguir, a vida pode parecer rápida, mas é longa, muitas vezes não temos ideia do quanto ela pode mudar, o mundo dá voltas e as posições podem se inverter, só Deus é sempre fiel e bom. O que teme ao Senhor, contudo, pousará no bem e a sua semente herdará a terra, isso significa tempo de descanso justo na velhice enquanto se vê filhos honrados em Deus. 

quarta-feira, junho 23, 2021

Forte para pedir perdão

      “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.Mateus 5.23-24

      Se nos achamos esforçados, trabalhadores, seja no mundo, nas causas sociais ou nas igrejas, mas não temos coragem de admitir um erro e pedir perdão a alguém, desculpem-me, mas não somos fortes, mas as mais fracas e covardes das criaturas. Não pense que devemos pedir perdão só quando cometemos um erro claro, que nos envergonhou diante dos outros, que pode colocar em risco alguma posição social importante para nós, muitas vezes só por política e conveniência para que continuemos aprovados por gente que consideramos importante e poderosa. 
      Um pedido de desculpas pode ser necessário só para não deixarmos uma indisposição entre nós e alguém, indisposição que pode ter sido criada nem por um erro claro nosso, mas muitas vezes só por um assunto que não foi bem entendido. Mas talvez esse seja o tipo de perdão mais importante, que é feito por amor, só em nome da paz, ele demonstra humildade, assumimos a consciência de que não somos melhores que ninguém e que não podemos fechar portas para ninguém. Contudo, se nosso orgulho for maior que essa necessidade de paz, quão fracos somos. 
      Muitos pedidos de perdão devemos fazer por obrigação, afinal de contas estamos errados, temos consciência disso, assim tenhamos a mínima sensatez de verbalizar isso, mas outros podemos fazer por escolha de amor. Não somos nós que estamos magoados com alguém, temos consciência de que não fizemos nada de errado, mas ainda assim sabemos que alguém está magoado conosco. Como sempre, ore antes e tenha sabedoria, ser humilde não é ser tolo, nem jogar pérolas aos porcos, mas se o Senhor orientar peça desculpas, ainda que não esteja errado.
      Já vi homens e mulheres capazes de qualquer sacrifício para terem uma vida digna e mesmo para servirem em igrejas, gente madura como ser humano, mesmo líderes, contudo, com uma dificuldade enorme para pedir perdão, parece que chegaram num ponto onde não cometem mais erros, ou pelo menos não os admitem mais para si mesmos. Construíram dentro de si mecanismos que sempre acham justificativas para seus tropeços, de modo que errados estejam sempre os outros, assim essas pessoas não se sentem mais na obrigação de pedirem perdão.
      Os que não pedem mais perdão, sem serem pessoas que vivem assumidamente longe de Deus e buscando só agradar apetites do corpo, se acham cristãos e de qualidade, dizem, “só me humilho diante de Deus, de mais ninguém”. Vivem um evangelho estranho, num individualismo equivocado, pensam que basta fé em Deus, não entendem que estamos no mundo para praticarmos espiritualidade no meio de semelhantes, só assim crescemos. Insulamento forçado não é a vontade de Deus para nós, ele pode nos enlouquecer pois impede-nos de conhecermos referências externas. 
      Por mais difícil que possa parecer, não tenha medo, peça perdão, e na humildade, sem inventar justificativas, verbalize e se cale, depois siga a vida desejando sinceramente o bem do outro. Deus se agrada especialmente dos que sabem pedir perdão, dos que lutam pela paz. Se ainda assim o outro não aceitar o perdão, se cale do mesmo jeito, entregue o assunto nas mãos de Deus e tente não pensar mais nele, não permita que um problema não resolvido do outro, ache em você um sócio. Quem nega perdão, a Deus nega, e passa a ser proprietário exclusivo do problema. 

terça-feira, junho 22, 2021

Forte para não lutar

      “Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor será convosco.II Crônicas 20.17

      Estejamos fortes o suficiente para não lutarmos, para podermos resistir à oposição do agressor injusto com serenidade. Por isso tinha Jesus uma vida de constante oração, não para estar forte numa batalha e vencer, mas para resistir a ela, calado e humilde. Ah, como somos seres enganados, queremos ser fortes para prevalecer, queremos estar no melhor de nossas formas, em todas as áreas, para sermos soldados superiores no ataque. Não entendemos que só estarmos de pé, no lugar e no momento certo, basta, não para lutarmos, mas para permitirmos que Deus lute por nós. 
      Nessa força não precisamos fazer nada? Precisamos, sim, lutar contra nossos principais inimigos, nós mesmos, resistindo ao egoísmo, à insegurança, à vingança e à autocomiseração, que podem nos fazer reagir do jeito errado, seja com agressividade ou com covardia. Quem acha que não é preciso ser forte para não fazer nada, engana-se, é, principalmente para não fazer nada do jeito certo. Para isso é preciso força adquirida num caminhar próximo a Deus, isso nos permite permanecer inabaláveis ainda que tenhamos que parecer, pelo menos a princípio, passivos diante de homens.
      Enfrentamos uma grande tentação quando estamos fortes, a de querermos exibir essa potência para os outros, principalmente quando é uma capacidade adquirida com esforço pessoal, por isso o evangelho diz que é mais difícil para o rico entrar no reino de Deus e mais fácil para o pobre. Entendamos o termo rico não só como o que tem mais bens materiais, mas também como aquele com capacidade intelectual, emocional e mesmo espiritual superior, esse será tentado pela vaidade para se impor diante do mais fraco e consequentemente exibir a si mesmo, não a Deus. 
      Mas quem é mais vencedor, o que vence os outros com suas forças e capacidades ou o que vence a si mesmo, principalmente a dor de ser mais fraco, mais limitado e mais pecador, não ainda em pecado, mas perdoado? O perdoado entendeu que se tem uma vida de paz e honra no presente é porque teve seu passado perdoado, principalmente por Deus e por ele mesmo, assim tem a obrigação moral de exaltar a potência do Senhor, não a sua. Cruel, contudo, é o que humilha um perdoado em Cristo, cruel e perigoso, esse não luta contra o pecador, mas contra aquele que o perdoou.
      Por isso bem-aventurado é aquele que teve seus pecados perdoados, isso significa que ele assumiu seus erros e confiou em Deus para começar uma vida diferente, esse tem em sua essência a consciência de que o homem nada é e de que Deus é tudo. Esse não humilhará ninguém, não entrará em batalhas para se exaltar, não dependerá da aprovação e da honra do homem no mundo por suas vitórias e capacidades. Esse descobriu o segredo da espiritualidade eterna, estar em Deus para seguir para Deus e a Deus exaltar, esse é forte o suficiente para não lutar e deixar Deus brilhar. 

segunda-feira, junho 21, 2021

Perto está o Senhor

      “Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e santo em todas as suas obras. Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade. Ele cumprirá o desejo dos que o temem; ouvirá o seu clamor, e os salvará.Salmos 145.17-19

      Algumas vezes dizemos, “parece que Deus está longe de mim, eu o procuro, mas não o encontro, por que isso”? Deus está sempre próximo daqueles que querem obedecer seu propósito, não porque ele seja prepotente e egoísta, mas porque ele é bom, sabe o que é melhor para nós e deseja que façamos isso para que sejamos felizes. Por isso, algumas vezes olhamos para um lado, não vemos Deus e nos desesperamos, mas não percebemos que ele está muito próximo, mas do lado oposto, não é Deus quem se afasta, somos nós que olhamos para o lugar errado. 
      Olhamos para o lugar errado porque de alguma maneira, por alguma razão, procuramos lá aquilo que achamos ser a coisa melhor a ser feita, isso por vários motivos. Podemos preferir fazer algo porque é mais fácil, porque será visto pelos homens, porque é algo que já fizemos e Deus aprovou, mas o Senhor pode estar querendo que façamos algo novo, que a princípio não será tão fácil de fazer e que muitas vezes não terá nenhuma aprovação ou ajuda humana. Novidade de vida em Deus é constante, e implica diretamente em encararmos o desconhecido para nós.
      Mas não se assuste, isso não é necessariamente algo complicado, muitas vezes aquilo que não estamos querendo aceitar é algo óbvio, que Deus já estava nos preparando para que nós fizéssemos há algum tempo, pode ser só algo que nossa humanidade não enxerga, ainda que esteja na nossa cara. Isso pode parecer difícil no momento que está acontecendo, mas depois acharemos até engraçado, como não vimos algo tão claro? Isso é só para nos lembrarmos quanto é importante termos uma visão espiritual e pela fé da existência, não só material e racional. 
      Aquele que anda constantemente com temor a Deus, em humildade, aberto para a manifestação espiritual de uma vontade do Senhor ampla e irrestrita, não terá dificuldades para fazer seu trabalho, seja aquele pela sobrevivência diária material, seja o espiritual para se ajudar e aos outros no amor de Deus, como diz o texto inicial, Deus “cumprirá o desejo dos que o temem”. Meus queridos, Deus está sempre muito perto de nós, sempre, se não o vemos é porque estamos olhando para longe, para os mundos, físico e espiritual, e não para dentro de nós.

domingo, junho 20, 2021

Faça porque é o certo a fazer

      “Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi abatido dentro do corpo, e as visões da minha cabeça me perturbaram. Cheguei-me a um dos que estavam perto, e pedi-lhe a verdade acerca de tudo isto. E ele me disse, e fez-me saber a interpretação das coisas.Daniel 7.15-16

      Nossa jornada com Deus é simples e sempre será, não precisamos de provas, os que pedem uma prova sempre pedirão uma outra, precisamos de uma oportunidade para entregarmos nossas vidas e as de nossos próximos nas mãos de Deus e seguirmos em paz. Caminhe com o Deus que te trouxe até onde você está, com uma fé sincera e um coração limpo, lave-se no seu perdão e procure, com toda a alma, manter-se santo. Deus se agrada dos que se quebrantam diante dele e que amam sua santidade, Deus cuida dos que não fazem exigências e só querem ser acolhidos pelo seu amor.
      O homem é mal, o mundo, tenebroso, os tempos são estranhos, lá longe no horizonte uma tempestade cinza se forma, já ouvimos os trovões, nós ficamos mais velhos e mais frágeis a cada dia, a morte é certa para todos, ninguém se engane. Mas ao que persiste em buscar ao Senhor, a vida eterna o abraça, e nela há consolo e esperança, Deus é bom, em todo o tempo, resiste aos soberbos e sorri para os que reconhecem suas fraquezas e esperam nele. Fique em paz, Deus se agrada de ti e vê tua luta, sabe de teus limites e faz por você aquilo que você não pode fazer se você deixar. 
      Nada falta para os que buscam fazer o bem pelo simples motivo disso ser o que é certo fazer, por nenhuma outra razão e mesmo sem esperar recompensa ou honra, a esses basta a paz que cai suavemente como chuva fresca no solo de seus corações sedentos por justiça. Bom é nos aproximarmos de Deus, em todo o tempo, ter nas madrugadas, sozinhos no escuro de nossos lares, enquanto nossas famílias repousam, encontros com o pai de amor. O Senhor está sempre com os braços estendidos e abertos, prontos para nos receberem, o Senhor é sempre paciente e misericordioso. 
      Não dependa de estar em paz para buscar a Deus, mas busque a paz sempre, não se acostume com menos, e creia, o Senhor sempre pode nos dar a paz, mesmo em meio ao vendaval, mesmo debaixo de relâmpagos. O vale da sombra da morte muitas vezes não pode ser evitado, mas não é por isso que devemos ficar nele, vales da sombra da morte são para serem ultrapassados, deixados para trás enquanto rumamos ao monte onde o Altíssimo habita. No cume do monte entenderemos o porquê da angústia, e saberemos que a dor do vale é infinitamente menor que a alegria do monte.  

sábado, junho 19, 2021

“Endemoniado” e “louco”

      “E, quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si. E os escribas, que tinham descido de Jerusalém, diziam: Tem Belzebu, e pelo príncipe dos demônios expulsa os demônios.” “Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando fora, mandaram-no chamar.” Marcos 3.21-22, 31 (por favor, leia todo o capítulo três para melhor entendimento)

      É senso comum que o que confere legitimidade a alguém é o apoio da maioria, e se for da minoria terá que ser a considerada mais sábia ou poderosa, mas isso pode não ser verdade. Por outro lado, o bom senso diz que é adequado ouvir conselhos, buscar referências externas e não confiarmos só em nossos pontos de vistas, não somos Deus e podemos nos enganar redondamente sobre as coisas. Infelizmente, nos dias atuais, as pessoas acham que os outros são privilegiados por poderem desfrutar de suas opiniões, elas querem ser “cristos”, mas não aceitam o preço que Jesus pagou para sê-lo. 
      Jesus não tinha apoio de ninguém. A liderança religiosa de sua época o considerava endemoniado, “tem Belzebu”, sua família talvez achasse que ele tivesse perdido a sanidade, “está fora de si”, mas ele obedecia autoridade superior e tinha segurança, de forma a não se importar com o que os outros diziam. É triste como aqueles que muitas vezes mais deveriam entender e apoiar nossa experiência com Deus, serem justamente os que mais nos desaprovam, e mais que isso, entendem de maneira oposta nossas vidas, tomando por mal, o bem, por insano, o lúcido, por inútil, o fiel. 
      Tenhamos, contudo, calma na generalização desse ensino, devemos, sim, ouvir a opinião dos outros, principalmente de cristãos, de pais e de irmãos, esses, mais provavelmente, podem ser os que mais nos amam e mais querem nos ajudar, enxergando, talvez, coisas que nem nós estamos conseguindo ver em nossas vidas. Principalmente quando se refere a problemas mentais, referências externas ao doente são de suma importância, já que enfermos psicológicos perdem referências, assim como oprimidos espiritualmente não podem entender com clareza, visto estarem cegos por um mal exterior. 
      Depois de nos lembrarmos desse porém de sensatez, saibamos, então, que se estivermos bem de saúde e sem influência de espírito ruim, estando nós em nosso perfeito juízo, e se isso for de fato a vontade específica de Deus para nossas vidas, podemos ser levados, não por nós, mas pela nossa vocação, a receber séria oposição, mesmo de cristãos e de família. Numa situação assim, onde sabemos pelos frutos que estamos obedecendo a Deus, e quem está em Deus sempre tem paz e produz bons frutos, precisamos não temer os homens assim como não tentar convencê-los sobre quem somos. 
      Cristo não tinha apoio da minoria, talvez mais importante para ele, mas ele tinha apoio da maioria? Durante um tempo pareceu ter, mas no final, não, se tivesse o povo teria feito algo para impedir sua morte, “e, respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos” (Mateus 27.25). Cuidado, os que confiam em apoios populares, a história já mostrou que eles existem por motivos fúteis e egoístas, dê pão e circo e o povo dará apoio, mas basta que o pão e o circo acabem, ou que outro dê um pão e um circo mais conveniente, e o apoio da maioria cessará. 
      Esta reflexão nos remete a outro tema, comum nos dias atuais, a polarização política. Muitas pessoas nos demonizam quando não concordam conosco, não aceitando que possa haver um ponto de vista diferente e talvez igualmente legítimo. Quando não podem destruir nossos argumentos tentam nos destruir. Que Jesus tivesse uma ótica religiosa diferente da religião oficial e um estilo de vida diferente daquele de sua família, tudo bem, mas que por isso ele estivesse a mando do diabo ou fosse louco são extremismos, usados por quem não tinha argumentos contra pontos de vista diferentes do seu.

sexta-feira, junho 18, 2021

Semelhantes se atraem

      “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem” João 10.27

      Semelhantes se atraem e diferentes se repelem. Mas ocorre algo interessante com muitas pessoas que têm em comum conosco os defeitos, elas nos criticam, não aceitam nos outros o que não aceitam nelas mesmas. Se tais pessoas fossem melhores, seriam diferentes, assim não nos condenariam, não promoveriam nossas fraquezas. Por que elas nos criticam, se tem os mesmos defeitos que nós? Porque jogando holofotes em nossos tropeços deixam na escuridão os delas, exibindo-nos, se escondem, colocando-nos como errados, se postam como corretas. Atraímos não só bons semelhantes, mas também os maus. 
      Entendamos uma coisa, aquela pessoa que mais nos incomoda é justamente aquela que é mais parecida conosco, pelo menos em nossas fraquezas e defeitos, assim, quando criticamos de maneira destrutiva alguém, é sobre nós mesmos que estamos falando. Projetamos nos outros os nossos erros, quando não queremos consertar esses erros, contudo, o inverso também ocorre quando nos assumimos e nos acertamos. Nesse caso, aprendemos que errar causa sofrimento, a nós e a outros, e assim queremos mudar e desejamos que as pessoas entendam essa nossa nova consciência, clamamos profundamente por misericórdia. 
      Crítica destrutiva está diretamente ligada à pessoa não resolvida, já quem se resolve prova misericórdia e assim quer ser misericordioso com os outros. Resolvidos procuramos semelhanças boas nos outros, seremos atraídos pelo bem, não pelo mal, para construir algo junto, não para destruir, buscamos por pontes, não por muros, desejamos fazer alianças que fortaleçam todos, elogiando, incentivando, amando, e esse bom plantio sempre colhe consideração igual de benignidade. Quem te atrai? Quem ocupa mais espaço mental em tua vida? Sente-se satisfeito em achar o lado bom do outro ou prazer tóxico no seu pior lado? 
      Todos temos qualidades e defeitos, coisas resolvidas e outras nem tanto, mas nossa atração maior revela nossa intenção mais profunda, se boa para o bem, se má, para o mal. Semelhantes se atraem, mas todos somos parecidos com todos em alguma instância. O caminho melhor é buscar a luz, achar prazer na luz e contribuir para que o próximo também esteja na luz. Isso não é um caminho fácil, nossa maior batalha é contra nossas trevas interiores, de maneira que os “demônios” não achem em nós frequências simpáticas com suas baixas vibrações, antes, sejamos limpas moradas para o Santo Espírito do Altíssimo.
      Quem anda com Jesus, com Jesus quer se parecer, quem tem vida profunda de oração, que dialoga com o Senhor pelo Espírito, apreende a maneira de Deus agir e reagir, a suavidade grave de sua fala, o fogo santo de seu olhar, a calma revigorante de seus pensamentos, o amor que o move sempre para nos acolher, ainda que sejamos crianças mimadas e teimosas, infiéis e desanimadas, que perdem a fé diante de qualquer ventinho de engano. Não adianta falar de Deus, escrever sobre Deus, estudar a respeito de Deus, tem que se ter intimidade com o Senhor, respondendo sim à sua atração para sermos semelhantes a ele. 

quinta-feira, junho 17, 2021

Quem teme a Deus tem ampla visão

      “A transgressão do ímpio diz no íntimo do meu coração: Não há temor de Deus perante os seus olhos. Porque em seus olhos se lisonjeia, até que a sua iniquidade se descubra ser detestável. As palavras da sua boca são malícia e engano; deixou de entender e de fazer o bem. Projeta a malícia na sua cama; põe-se no caminho que não é bom; não aborrece o mal.Salmos 36.1-4 (versão Almeida Corrigida e Fiel) 

      “Há no coração do ímpio a voz da transgressão; não há temor de Deus diante de seus olhos.” (versão Nova Almeida Atualizada)
      “Há no meu íntimo um oráculo a respeito da maldade do ímpio: Aos seus olhos é inútil temer a Deus. (versão NVI, Nova Versão Internacional)
Salmos 36.1

      Fiz questão de postar mais de uma versão bíblica do versículo um visto diferenças significativas nas traduções, mas que não alteram o ensino principal. Traduzir a Bíblia não é trabalho fácil, mas algo que confronta os tradutores é o cuidado para não ir por um caminho muito diferente das traduções mais antigas e tradicionais. Isso tem mudado nos últimos anos, uma visita a uma livraria evangélica nos colocará diante de muitas versões, é interessante fazer comparações, usar dicionários das línguas originais, que abrem os termos, permitindo-nos traduções “customizadas”. 
      Apesar da ênfase do “Como o ar que respiro” não ser estudo bíblico convencional, mas mais filosofia e reflexão sobre a prática cristã, sempre tentando responder à pergunta, “onde o cristianismo dos homens nos levou?”, pela graça de Deus tenho mais de trinta Bíblias em minha biblioteca, com versões diferentes. Creio que conhecimento bíblico profundo é o início do conhecimento de Deus, e não o fim, entretanto devemos começar certo para chegarmos ao melhor lugar, mas vamos à reflexão de hoje, completando a sequência de três palavras sobre o tema “temor do Senhor”. 

      Temor do Senhor estabelece referências, evita que nos enganemos superestimando o que é menor ou subestimando o que tem importância. Uma pergunta: quem enxerga melhor, quem caminha pelo vale, dando volta na montanha, ou quem está em cima da montanha? Ainda que veja as coisas menores, o que está acima pode ver tudo, já quem caminha só vê pouca distância à sua frente ou atrás de si. Quem busca a Deus e nele se refugia coloca-se num lugar espiritual alto e desse local tem discernimento das coisas, vê o que pode haver no final do caminho, sabe de efeitos e causas, não se ilude com as partes, enxerga o todo. 
      Temor do Senhor ensina-nos a não julgar as pessoas, e mais, a não condená-las, ele nos faz humildes, sabemos que não podemos desprezar ninguém e que todo mundo, em algum momento, pode precisar de todo mundo. Ele nos liberta das ilusões do mundo material, entendemos que a vida aqui é curta e passageira e que da eternidade espiritual viemos e para ela voltaremos. Temor do Senhor nos leva a louvar a Deus em todo o tempo, por tudo, a depender dele nas mínimas coisas, a saber que nada acontece sem sua permissão e que Deus ama a todos, mesmo àqueles que consideramos inimigos ou que se colocam assim contra nós. 
      Temor do Senhor vê irmãos em todos, nos liberta de preconceitos e nos dá uma disposição realmente espiritual, ainda que não saibamos tudo, ainda que estejamos limitados por religiões. Mesmo que numa religião descriminada pelas outras, por algum motivo, o que teme a Deus nunca está em trevas, de algum jeito alcança a verdade necessária para ser cuidado pelo Senhor. “Deus salva cristãos e condena os outros?” Afirmar isso é não temer a Deus, e é preciso não só não dizer isso, mas não sentir isso, vigiando dentro de nós com a mais pura e reta intenção. O amor de Deus só pode ser compreendido com temor a Deus. 
      Temor do Senhor é virtude que só pode ser retida no mais profundo do nosso ser, não pode ser falseada, inventada, manipulada, e quando existe é percebida, mas também só pelos que verdadeiramente temem a Deus, já os outros zombarão, desdenharão, duvidarão, ninguém pode ver no outro algo que não tem em si. O que teme, ainda que não seja entendido ou honrado, a todos entende, não pode ser enganado, só o espírito limpo tem visão espiritual abrangente pois Deus acha nele liberdade para manifestar a mais alta sabedoria. O que não teme a Deus está só e em trevas, será amante do engano visto que não amou o Senhor. 
      O que teme a Deus vê tudo e cala, o que não teme acha que vê e fala, o que teme é sábio, o que não teme é malicioso, o que teme para Deus caminha, o que não teme de Deus foge. O que teme a Deus tem medos? Sim, muitos, mas isso não é fraqueza, é sensibilidade espiritual, que lhe mostra o caminho melhor para prosseguir e conquistar, não as ilusões do mundo, mas o reino de Deus. O que não teme bate no peito e diz que mata um leão por dia, mas dentro de si teme a morte. “Porém o ímpio não irá bem e ele não prolongará os seus dias, que são como a sombra, porque ele não teme diante de Deus” (Eclesiastes 8.13).