quarta-feira, dezembro 14, 2022

Não perca tempo com ansiedade

      “E disse aos seus discípulos: Portanto vos digo: Não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo corpo, sobre o que vestireis. Mais é a vida do que o sustento, e o corpo mais do que as vestes. Considerai os corvos, que nem semeiam, nem segam, nem têm despensa nem celeiro, e Deus os alimenta; quanto mais valeis vós do que as aves? E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua estatura? Pois, se nem ainda podeis as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?Lucas 12.22-26

      Quando acontecer e se acontecer administraremos como nos for possível, enquanto isso não percamos tempo imaginando e sofrendo com fantasmas, mentiras, demônios e ladrões. Ansiedade é fantasma, não tem corpo físico porque não se realizou no plano material, mas teima em nos assombrar dentro de nós, invisível, em nossos sentimentos e pensamentos. 
      Ansiedade é mentira, não reflete fatos reais, mas suposições, exageradas, negativas, que talvez nunca existam de fato, mas que tentam nos convencer que são nossa realidade. Ansiedade é demônio, que ainda que seja mental e mal, se apossa de nossas almas para se manifestar pelos nossos corpos, nos conduzindo pelo mundo de forma transtornada. 
      Ansiedade é ladrão que rouba nossas energias, impedindo-nos de fazer o que realmente importa, que terá repercussões práticas e objetivas, que é produtivo e bom para nós. Ansiedade se vence com a mesma matéria que ela usou para existir, o nada, não dando a ela qualquer atenção ou importância, como damos à qualquer fruto ruim de imaginação.
      Está preocupado com o que se alimentará, com o que se vestirá ou onde morará? Trabalhe mais no presente, economize e não gaste dinheiro com bobagens, vícios ou vaidades. Está preocupado com tua saúde? Se alimente melhor, faça exercícios, se puder pague um convênio médico, fique em paz e não permita que ansiedade instale em você doenças.
      Está preocupado com teus filhos? Dê o melhor para eles em estudo, o que puder em lazer, mas tudo que pode em companhia que os cria de perto e não entrega essa tarefa a outros. Está preocupado com que os outros pensam de você? Aproxime-se mais de Deus, conheça-o, obedeça-o, agrade-se da eternidade, e o mundo e os homens perderão relevância. 
      Cuidado, ansiedade não é preocupação sadia, mas imaginação doentia, que nos leva a ser não o que somos de melhor, mas o que temos de pior, numa disposição apressada e manipulada. Vencemos ansiedade recebendo paz de Deus e a segurando, vigiando na santidade e no amor, olhando para cima, fazendo o que Deus deseja, não o que a ansiedade nos pede. 

terça-feira, dezembro 13, 2022

Vigilância, escolha que dá trabalho

      “Pela manhã ouvirás a minha voz, ó Senhor; pela manhã apresentarei a ti a minha oração, e vigiarei.Salmos 5.3

      Muitos se dão a muitos trabalhos, menos ao mais importante, vigiar em Deus pelas eternas virtudes morais. Assim, trabalham até estarem exaustos para terem riquezas materiais, mas não têm tempo para serem misericordiosos, estão sempre disponíveis e corajosos para empreenderem neste mundo, mas por isso se acham no direito de abrirem mão da santidade. Se informam, estudam, mantêm-se atualizados sobre tecnologias e modernidades, vivem pelo que seus olhos veem, desejam o que seus olhos veem, julgam os outros pelo que seus olhos veem, mas não descobriram ainda a aventura de viver pela fé, crendo num Deus invisível que tem o melhor para eles no outro mundo. 
      Ser santo e humilde dá trabalho, ninguém pratica essas virtudes vivendo de qualquer maneira, ainda que assíduo em cultos, ainda que ensinando e pregando a Bíblia, ainda que ministrando o louvor no canto e no instrumento, nenhum trabalho substitui o trabalho de vigilância por santidade e humildade. Por isso o evangelho exorta que aos ricos há dificuldades para entrar no reino de Deus (Lucas 18.25), assim como para ser sábio para Deus precisa-se ser louco para mundo (I Coríntios 3.18). “Nenhum servo pode servir dois senhores, porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro” (Lucas 16.13a), não se pode fazer duas coisas ao mesmo tempo. 
      Aqueles que seguem religiões orientais, como hinduísmo e budismo, sabem da importância de abdicar de certos direitos para vivenciar outros, sem renúncia neste mundo não nos preparamos adequadamente para o outro. Por isso essa teologia da prosperidade é inviável, é possível ser rico como cristão? Sim, trabalhando muito como qualquer outra pessoa, e como cristão pressupõe-se trabalho honesto. Mas podemos ser santos e humildes tendo esse foco de vida? Alguns até conseguem, mas isso não é e nem precisa ser para todos, contudo, por não aceitarem isso é que muitos param de vigiar, se tornam adoradores de Mamon, e criam um cristianismo herege para seguirem.

segunda-feira, dezembro 12, 2022

Sob rédeas curtas

      “Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome.Apocalipse 3.8

      Enquanto a única maneira de nos mantermos santos e vigilantes, for estarmos passando por uma tribulação, onde um problema não está resolvido, e estamos esperando uma resposta que só Deus pode nos dar, teremos necessidade de experimentar uma dor que só pode ser superada com vida de oração e humildade. Filhos rebeldes, volúveis, facilmente seduzíveis pelos vícios da carne, precisam ser mantidos com rédeas curtas pelo pai, não porque o pai goste disso, mas porque não existe outro jeito, se não for assim os filhos se perderão nos prazeres ilusórios da morte. 
      Infelizmente, muitos de nós, e eu me incluo entre esses, só tomam jeito quando não acham mais prazer no pecado, assim não têm outra saída senão manterem as virtudes morais pelo Espírito Santo. Podemos passar anos de nossas vidas assim, vivendo de qualquer jeito, ainda que frequentando cultos, e só buscando mais consagração quando um problema muito grave nos chega, então, após resolvido o problema, tornamos a viver de qualquer jeito. Mas isso tem um fim, Deus não pode permitir que nos enganemos para sempre, a vida passa depressa, a morte chega e com ela o juízo. 
      Um dia virá um problema, não sem solução, mas com uma solução que não será fácil de ser mantida, então, a dor será grande e intermitente. Só nos restará uma vida constante de consagração para obtermos o consolo do Espírito Santo, já que nenhum outro prazer do corpo ou do mundo nos consolará mais. Os que não são tão rebeldes, que não amam tanto a matéria, não precisam de um tratamento assim, poderão até ter algumas regalias do mundo, já que eles sabem administrá-las, não se perdem com elas, mantêm-se santos e vigilantes sem necessitarem das rédeas curtas do universo. 
      Se há dor, ela é necessária, o humilde suporta-a do jeito certo, teme a Deus, vigia na mente, domina desejos, escolhe mudar de vida e se mantém firme nessa decisão, como filho maduro, que tem os olhos em Deus, na eternidade, não neste mundo. O humilde agrada ao pai e é cuidado por ele, honrado por ele, e quando o mundo estiver em trevas e em grande confusão, ainda assim, terá a companhia de uma família simples, mas que o ama e o respeita, que serve a Deus com ele. Há luz para os que buscam a luz, há remédio de alegria para o humilde, que sara toda a dor.

domingo, dezembro 11, 2022

Deus, amigo para conversar (2/2)

      “Porque o perverso é abominável ao Senhor, mas com os sinceros ele tem intimidade.” Provérbios 3.32

      Cultivamos amizade com Deus quando conversamos com ele, informalmente, mas com muita calma, com muito respeito, com muito amor e com muita atenção, dizendo aquilo que o próprio Espírito Santo nos orienta dizer. Já tive momentos, seja por estar vivendo um tempo de descanso, seja por estar cansado, ou mesmo desanimado, depois de ter orado por muitos dias ao Senhor e recebido respostas maravilhosas, que pareceu-me não ter mais nada a dizer ao Senhor. Isso não deve nos satisfazer. Como não termos o que dizer para quem sustenta nossas almas? 
      Nesses momentos foi que descobri que podia, devia e precisava, ser mais que soldado ou servo, mas amigo do Senhor, assim, me pus a conversar com o Altíssimo. Ah, meus queridos, quantas coisas Deus tem a revelar aos amigos íntimos, quantos mistérios, quantas respostas que ninguém mais pode nos dar, num diálogo que nos levará a um outro nível de relacionamento com Deus, o de amigos. Todo crescimento exige trabalho, superação de uma zona de conforto, Deus, por outro lado, nunca nos força a nada, devemos querer ser seus amigos, com todo o nosso ser. 
      Descobrir a relevância de ser amigo de Deus está diretamente ligado a ser paciente e procurar uma paz que permanece. Muitas vezes achamos que a oração que nos cura é aquela em que falamos muito, choramos, rimos, enfim, experimentamos fortes emoções, isso é importante, mas não pode ser para sempre. Valorizar experiências com Deus pelos efeitos emocionais que elas deixam, pode ser só buscar desabafo de ansiedades e culpas, o maduro alcançará pela fé a paz e o perdão, entenderá que menos é mais quando se pratica uma amizade tranquila com Deus. 
     Ninguém gosta de gente que fala demais, que não sabe ouvir, que não coloca vírgulas e pontos em diálogos, que só quer desabafar e não conhecer o outro. Deus nos ama sempre, nele não há desgosto, ele também não tem limitações para se compartilhar diretamente conosco, mas ele também precisa de tempo e espaço para se expressar, assim como nós de tempo e espaço para ouvirmos e entendermos o que ele diz. Deus também pode estar querendo nos informar sobre problemas de outros, que precisam de nossas orações, isso devemos escolher ouvir em amor. 
      Cultivarmos amizade com Deus vale mais que sessões de psicoterapia com homens que cobram por minutos conosco. Sem paciência não se ama e sem amor não podemos ser amigos, assim, praticar essa conversa de amizade com o Senhor pede que paremos tudo, fora e dentro de nós, que respiremos fundo, que de preferência estejamos em lugares silenciosos, sem distrações. Tenho aprendido a falar com o Senhor sobre tudo, e entenda que não é mais o momento de pedir, mas de refletir profundamente na vida, tendo um amigo que nos escuta e nos responde. 
      Amigos precisam do nosso melhor tempo, assim, dê tempo ao Espírito Santo para te ouvir e depois te falar. Eu insisto nisso porque o ser humano já passou do tempo de se pôr só como filho e mesmo como servo de Deus. Os tempos em que vivemos, que sob um ponto de vista é um final de era, para não dizer dos tempos, urge por amigos de Deus que sejam luzeiros seus no universo, e quando digo universo abranjo nossa luz não só ao plano físico, mas também ao espiritual. Deus procura amigos como o profeta Daniel (Daniel 10.12), que vigiem pelo seu povo. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

sábado, dezembro 10, 2022

Você é amigo de Deus? (1/2)

      “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.João 15.15

      Muitos chegam a um terrível momento, quando não há mais nada a dizer a Deus, suas almas se calam e não no silêncio vivo do Espírito, que nos deixa sensíveis para ouvirmos a voz de Deus. Para muitos o silêncio é sintoma de morte, de uma existência que insistiu em desobedecer a vontade do Senhor, que enjoou de ouvir a mesma ordem repetidas vezes porque não a obedecia. Deus não morre, mas está sepultado em certos corações, acharam duro demais serem soldados e servos, não foram isso, nem descobriram o privilégio de serem amigos de Deus.
      O que você tem para falar com Deus quando não tem mais nenhum pedido urgente a fazer, depois que fez os clamores triviais e agradeceu pelo básico? Nada? Você não precisa ter intimidade com um general, com um patrão e muitas vezes nem com um pai, a esses basta respeitar, obedecer, solicitar algum auxílio quando preciso, depois educadamente agradecer. Contudo, com um amigo falamos de tudo, pois queremos estar perto dele, por um amigo mudamos, queremos agradá-lo assim podemos deixar de fazer certas coisas e fazer outras para ter mais conexão com o amigo. 
      Numa relação mais íntima, como a de casamento, indiferente se a relação está legalizada ou não, temos união física, mas nessa, há conexão no corpo, essa união, ainda que próxima, pode não implicar em amizade. O que mantém um casamento por anos não é o sexo, esse é físico, rápido, quanto tempo num dia usamos para uma relação sexual normal? O que mantém um casamento maduro é amizade. Não mudamos por causa de sexo, mas mudamos interiormente por um amigo, porque queremos compartilhar com ele mais que corpo ou metas neste mundo, mas essência moral. 
      Só quando descobrimos que podemos ser amigos de Deus, mais que soldados, servos ou filhos, é que entendemos a santidade e a espiritualidade mais profundas, como amigos dele queremos agradá-lo, sermos parecidos com ele, para podermos usufruir sua intimidade. Na amizade não nos unimos só por assuntos gerais em comum, materiais, mas trocamos substância moral e mesmo espiritual, é claro que numa troca com Deus somos mais beneficiados, ele tem mais a nos dar que nós a ele. Ser amigo de um Deus espiritual é ser um com ele, isso nos transforma de dentro para fora.
      Mas será que só nós somos beneficiados numa amizade com Deus? Quem ama não só dá, e Deus nos ama muito, também recebe. Deus não se torna mais Deus, mais todo-poderoso, mais santo, mais justo, mais bom, com a nossa amizade, mas seu poder, sua santidade, sua justiça e sua bondade se tornam maiores. Numa amizade íntima ganhamos o Espírito de Deus, recebemos suas virtudes que podemos compartilhar com outras pessoas, assim, de uma certa maneira, Deus se expande com a nossa amizade, pode atingir outros seres, tanto quanto nós crescemos com seu amor. 
      Os momentos iniciais de nossas orações nos abençoam, nos perdoam, abençoam nossos familiares e amigos mais próximos, levam contingências ao Senhor, agradecem a Deus pela vida eterna e por uma existência digna neste mundo. Contudo, é no momento da meditação, onde conversamos com Deus com mais calma, que crescemos e podemos abençoar os outros. Na verdade a maioria de nós não faz ideia do que esse momento íntimo com Deus produz, do poder que há em sermos espelhos limpos e disponíveis para receberem a luz de Deus e a refletirem no universo. 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão

sexta-feira, dezembro 09, 2022

Vestidos, despidos e revestidos

      “Pois sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos humanas, eterna, nos céus. E, por isso, neste tabernáculo gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação celestial; se, de fato, formos encontrados vestidos e não nus.” II Coríntios 5.1-3

      Um ser humano adulto e mentalmente sadio, tem naturalmente um pudor que o faz proteger sua nudez de pessoas e de lugares inadequados. Quem é pego com as partes íntimas à mostra sente-se envergonhado, só crianças inocentes e insanos não possuem esse pudor. Por isso Apocalipse 16.15, “eis que venho como ladrão, bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas roupas, para que não ande nu e não se vejam as suas vergonhas”, usa isso como simbologia para ensinar sobre quem for pego moralmente despido, despreparado em obras de virtudes elevadas no juízo.
      No juízo, pelo qual todos nós passaremos no plano espiritual, Deus nos avaliará pelas virtudes morais que tivermos conseguido anexar aos nossos espíritos por meio de persistentes obras. O texto de II Coríntios 9.6, “que o que semeia pouco, pouco também ceifará, e o que semeia em abundância, em abundância ceifará”, apesar do contexto se referir a coleta de bens materiais para necessitados, pode ser usado também para a prática de virtudes morais de forma geral, e nisso um aspecto nos chama a atenção, essa prática é por livre arbítrio, não por obrigação para sair do inferno. 
      Sabermos que semear mais ou menos é escolha nossa, e que isso implicará em “galardões” espirituais recebidos na eternidade, nos leva a ver a vida como um estado constante de vigilância, onde pode-se verificar necessidades e se dispor a atendê-las, ainda que não sejam aos olhos do mundo nossas responsabilidades. Enfim, não há momento para descanso enquanto estivermos vivos, Deus sempre nos desafiará com algo bom que podemos fazer para servirmos ao próximo em amor. Isso é nos revestirmos para não sermos achados moralmente nus no juízo. 
      Paulo reflete mais sobre esse ensino no texto bíblico inicial, usando a mesma simbologia. Casa terrestre e tabernáculo são símbolos para nossos corpos físicos, desse modo ele fala de morte do corpo e de um sentimento intrínseco a todo ser humano que tem vida neste mundo em comunhão com Deus, estar insatisfeito com esta vida e desejar ardentemente a outra. Assim, enquanto devemos ser vestidos por virtudes morais seremos despidos da capa grosseira e vã da matéria para sermos revestidos de um novo corpo espiritual. Seguindo, em II Coríntios 5.3-6Paulo reafirma o ensino: 
      “Pois nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, dando-nos o penhor do Espírito. Por isso, temos sempre confiança e sabemos que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor.” Quem nos chama para o revestimento e nos alerta sobre a temporariedade da matéria é o Espírito Santo, por isso viver o evangelho só no intelecto, não dando liberdade ao Espírito, limita nossa ótica de vida com Deus.
      O que nos satisfaz? Prazeres do corpo físico, comida, bebida, sexo? O que faz com que nos sintamos vestidos e protegidos? Boas e caras roupas, carros grandes, casas espaçosas? Ou lá dentro de nós existe, percebemos e valorizamos, uma saudade do Senhor, saudade de alguém, que apesar de estar vivo dentro de nós pelo Espírito Santo, ansiamos conhecer mais diretamente, sem véus, sem filtros? O que nos define como bons seres humanos não são riquezas deste mundo, mas esse desejo, que revela onde de fato onde está nosso coração, se em Mamon (Mateus 6.24) ou em Deus. 
      Novamente dou uma orientação, e acreditem, se eu tivesse autoridade daria uma séria exortação, visto a importância disso, mas não me foi dado esse direito, assim só sugiro: busquem experiências reais e maduras com os dons do Espírito Santo citados em I Coríntios 12. Paulo não proíbe os dons, muitos menos o de línguas espirituais, só orienta como usá-los com sabedoria. Sei que muitos que não querem os dons o fazem baseados no uso equivocado e imaturo que muitos chamados pentecostais fazem deles, mas isso não é desculpa. Dons do Espírito são chave para a verdade, creiam! 

quinta-feira, dezembro 08, 2022

Obediência com ou sem livramento

      “E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi. Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera.Gênesis 22.1-3

      Uma das histórias mais conhecidas da Bíblia, Deus dá a Abraão um filho em sua velhice e promete que desse filho nações seriam geradas, Deus faz o milagre, mas depois Deus pede que Abraão sacrifique esse milagre. O que foi mais provado em Abraão nessa experiência, sua fé? Não sei. Ele sabia que Deus poderia mudar de ideia? Acho que não, nós sabemos hoje porque conhecemos essa história pela Bíblia. Ele sabia que do jeito que Deus deu a ele um milagre em Isaque poderia dar outro milagre por outro filho? Talvez. O importante é que Abraão obedeceu, indiferente do que acarretaria obedecer à ordem, assim penso que o que mais foi provado em Abraão foi sua obediência imediata a Deus.
      Mesmo a fé forte e sincera pode ser usada para gerar conjecturas, mais para imaginar possibilidades, e assim, para achar saídas para possíveis consequências de uma ordem de Deus que foi obedecida. Mas e se Deus deixasse que o sacrifício ocorresse e não desse mais a Abraão filhos? Então, a promessa que Deus fez, que de Abraão nasceriam nações (Gênesis 15.1-6) não ocorreria. Deus seria menos Deus por isso? Não, Deus sempre sabe o que e como faz. Mas Deus não age de forma tão complexa que o homem não possa entender, Deus é simples e direto, e o que ele verdadeiramente promete ele cumpre. Saber isso poderia ter dado a Abraão fé para obedecer sem pestanejar, ainda que amasse Isaque. 
      Tenho aprendido, pelo menos até agora, que quando Deus quer que façamos uma coisa, por mais difícil que pareça, o Espírito Santo nos inclina para fazer essa coisa com paz e alegria, essa aprovação vem quase que imediatamente. Contudo, algumas coisas podem não ser a princípio tão fáceis e prazerosas, assim se Deus manda fazer não sentiremos a princípio algo bom. Nessa situação precisamos buscar com mais persistência a força do Senhor para obedecer. Abraão não deve ter sentido prazer em ter que fazer aquele sacrifício, justamente de seu filho único, algo tão importante para ele, mas ele obedeceu. Isso nos faz pensar que existem coisas que fazemos não com prazer, mas só por fé.
      Espiritualidade “nível dois” foi a que teve Abraão. “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras” (Mateus 16.27), esse versículo pode se referir a obras feitas nesse nível, que podem ser as que mais farão diferença na eternidade quando formos avaliados. Contudo, tenhamos cuidado, se sentirmos algo bom pode nos levar a agir sem pensar, por outro lado se tivermos uma visão distorcida da vida, se acharmos identidade em sofrimento, em nos fazermos de vítimas, isso também pode nos levar a fazer algo sem orar, só porque beneficiará os outros, não a nós mesmos. Na dúvida, ore mais, e se Deus pedir, espere antes de fazer. 
      Admiro Abraão, gostaria de chegar ao nível de espiritualidade dele, obedecer ainda que para sacrificar aquilo de mais precioso que tenho, e mesmo com a certeza que isso não será restabelecido. Isso é fé, não no livramento, mas que a vontade de Deus é sempre a melhor, ainda que percamos um direito dado a nós pelo próprio Deus. Tenhamos cuidado, coragem nem sempre reflete lucidez, mas irresponsabilidade tola, Deus não pede isso de nós, contudo, podemos escolher servir os outros em amor de forma prática, mesmo que não seja agradável. O valor de nossas escolhas, quem de fato quisemos servir e honrar com elas, só na eternidade saberemos, quando o Filho do homem vier na glória de seu Pai.

      “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.” Jeremias 10.23 

José Osório de Souza, 27/11/2021

quarta-feira, dezembro 07, 2022

Olhe para Deus e ele olha para você

      “Os meus olhos estão continuamente no Senhor, pois ele tirará os meus pés da rede. 
      Olha para mim, e tem piedade de mim, porque estou solitário e aflito.
      Olha para a minha aflição e para a minha dor, e perdoa todos os meus pecados. 
      Olha para os meus inimigos, pois se vão multiplicando e me odeiam com ódio cruel.
      Guardem-me a sinceridade e a retidão, porquanto espero em ti.
      Redime, ó Deus, a Israel de todas as suas angústias.” 
Salmos 25.15-16, 18-19, 21-22

      Conseguir segurar a paz é uma questão de focar os olhos espirituais no lugar certo, em Deus, entendido e crido da maneira certa, o Deus que sempre nos ama, nos perdoa e tem o melhor para nós, na hora e no lugar certos. Os meus olhos estão continuamente no Senhor, pois ele tirará os meus pés da rede, faça desse versículo teu princípio fundamental de vida. Olhando para Deus não somos presas do homem mal, não somos confundidos e sabemos fazer a melhor escolha, ainda que seja só esperar em silêncio pela orientação do Senhor, que não sabemos qual é, mas em que confiamos. 
      Deus enxerga nossa dor e não tem nenhum prazer em nos ver sofrer, ainda que saiba que a dor possa ser necessária para que sejamos aperfeiçoados. O Senhor sempre acredita em nós, seu olhar piedoso nos enxerga com a esperança do pai que sabe que o filho acabará fazendo a escolha melhor. Quando olhamos para Deus ele olha para nós, e o primeiro instante desse olhar nos leva ao arrependimento, nos perdoa e nos dá paz. Então, não nos sentimos solitários, mas abraçados pelo Espírito Santo, que ilumina nossas trevas, enxuga nossas lágrimas, tira nossos pés da rede, faz sorrir nossa alma tão doída. 
      Nós olhamos para Deus e nos sentimos protegidos. Se há boa sinceridade e fé reta, nosso espírito puro e limpo não terá dificuldades para receber e refletir a luz mais alta e clara do Altíssimo. Essa luz afugenta todos os inimigos, principalmente os espíritos malignos, que simpáticos a quem não teme a Deus e não gosta de nós, podem estar nos atormentando. Mas que trevas resistem ao humilde que não tem com quem contar a não ser com Deus? Humilde que não tem riquezas e fama, só sinceridade e retidão, só forças para clamar a Deus pedindo que olhe para ele e o redima de armadilha do mal.
      Redimir ou remir, é o ato de devolver a alguém a liberdade. Às vezes tribulações nos pegam de surpresa e nos lançam em buracos fundos, acontece subitamente, de forma que de um momento de alegria e liberdade nos vemos logo em seguida em outro, presos e aflitos. Nesse momento olhamos para baixo, aos lados, para trás e para frente e nada vemos, só escuridão, isso é aterrorizante. Mas então olhamos para cima, lá no alto a luz parece pequena, mas é forte, o suficiente para nos tocar e nos erguer. Depois disso basta mantermos os olhos em Deus e seguirmos pela fé, conectados com o Senhor.

terça-feira, dezembro 06, 2022

Espera, espera, espera em Deus

      “O Senhor , o Deus dos Exércitos, o Senhor é o seu nome; converte-te a teu Deus, guarda o amor e o juízo e no teu Deus espera sempre.Oseias 12.5-6

      O que faz sofrer é a dúvida, o que nos angustia na dúvida é a pressa para sabermos o que devemos fazer numa situação. Contudo, quando Deus diz espera significa permanecermos em paz ainda que não saibamos o que fazer, e não sabemos porque Deus ainda não disse-nos. Por que Deus nos manda esperar? Por que muitas vezes ele não responde imediatamente a uma pergunta nossa? Sendo que o que nós queremos é só saber qual a melhor escolha a fazer, aquela que o agrada e nos faz bem? Por vários motivos, mas um deles pode ser porque ele está nos tratando para sermos mais pacientes, então, aprendamos a ter paz ainda que não saibamos o que fazer, pelo menos não de imediato. Ter paz sem saber o que fazer é confiar em Deus.
      A pressa nos engana porque dizemos a nós mesmos que ela é legítima porque queremos fazer a coisa certa, assim a mantemos. Mas torturados pela pressa não temos paz, não conseguimos nem orar, e se oramos, falamos, mas não ouvimos a voz de Deus, e se ouvimos não aceitamos, porque Deus pode estar respondendo algo que a pressa não quer ouvir, espera. Nenhuma resposta de Deus também é resposta, ainda que não gostemos ou entendamos, mas para termos paz devemos confiar nela, como se a resposta fosse faça isso ou faça aquilo. Um ponto a entender é que muitas vezes uma solução não depende só de nós, mas de escolhas de outras pessoas, nas quais o Espírito Santo pode precisar de tempo para trabalhar sem pressa.
      Tudo é tratamento de Deus para vermos a existência sob o ponto de vista espiritual, não material, confiando no Deus invisível e não em capacidades e riquezas visíveis. Acho que a orientação que o Espírito Santo mais nos dá é espera, pelo menos para mim é, eu que sou muito ansioso. Mas num determinado momento de nossas vidas, Deus não poderá postergar mais, teremos que ser confrontados com nossa ansiedade para que a vençamos do jeito correto, confiando em Deus ainda que não saibamos como agir ou qual é a solução para uma questão. Não se desespere se a resposta parecer difícil de ser achada, pode ser só Deus dizendo: “espera, você não pode ter a resposta agora, mas pode confiar em mim e ficar em paz”. 

segunda-feira, dezembro 05, 2022

Mantenha o modo certo ligado

      “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda. Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos.Provérbios 16.18-19

      Algumas pessoas não são conscientemente cruéis ou frias, elas só fazem uma escolha que lhes parece melhor. Elas viram uma chavinha para acionar seu modo humano para fazer suas máquinas funcionarem, então, poderem enfrentar o mundo. Pessoas diferentes têm modos humanos diferentes para ganhar força adicional para lutar por suas vidas, umas têm o modo arrogante, outras o modo timidez, outras o modo sedução, outras o modo negação. Elas insistirão nesses modos enganosos enquanto não tiverem coragem para usar o modo divino, e esse é um só, o modo humilde. Muitas passarão toda uma vida antes de aceitarem que o modo humilde é o melhor, não só para enfrentar este mundo como o outro mundo.
      Acima citei quatro modos humanos em especial, o mais comum é o arrogante. Esse se fortalece ainda que tenha que passar por cima dos outros, com palavras ou ações, nele a pessoa se acha superior, nessa condição altiva e agressiva obtém forças. No modo tímido a pessoa se fecha, faz isso para se proteger contra inimigos que podem nem existir, mas que em sua visão insegura e distorcida ela acha que existem. O modo sedução usa a sensualidade, nesse tenta-se contornar e controlar situações conquistando as pessoas, seja com palavras, olhares e “jeitinhos”, ou mesmo com trocas mais ousadas. No modo negação a mentira é arma usada para não assumir diante de outros a verdade, que a pessoa pensa que a diminui ou a humilha. 
      O modo humilde é o único modo de vida eterna, os outros são de morte, assim precisamos aprender a manter a chavinha com ele ligada o tempo todo. Quem tem certas tendências, à arrogância, à timidez, à sensualidade, à negação, precisa vigiar para estar humilde, seja lá onde estiver ou com quem estiver. Isso dá trabalho, mas é preciso, se de fato queremos ser espirituais. Uma característica desse modo não é ser bobo ou se deixar ser subjugado, mas é ser verdadeiro de forma sábia, sem necessidade de usar armas, muletas, máscaras ou qualquer outro recurso para ser o que não se é. Deus nos ama pelo que somos de verdade, não precisamos ser mais que isso, assim se confiarmos no Senhor é possível sermos felizes no modo humilde. 

domingo, dezembro 04, 2022

Deu não rejeita o reto

      “Volta-te, Senhor, livra a minha alma, salva-me por tua benignidade.” Salmos 6.4
      “Apressa-te em meu auxílio, Senhor, minha salvação.” Salmos 38.22

      Não acho certo demonizar pessoas, tratá-las como más, vê-las como inimigas, e por outro lado, ver-me como bom e os que se opõem a mim como os que Deus deve destruir, o novo testamento não ensina isso. Todos somos seres humanos com livre arbítrio, que podem escolher coisas certas ou não, e muitas vezes o que parece certo para nós prejudica outro. Quando nos vemos como amigos de Deus, outros podem estar nos vendo como seus inimigos, e sendo assim esses podem estar pedindo a Deus que nos destrua, tanto como pedimos a Deus para destruí-los. A vida neste mundo é relativa, no ponto de vista de cada pessoa, nisso há enganos, armadilhas, egoísmo, só podemos enxergar a verdade quando conhecemos e praticamos o ponto de vista do Senhor, que vê a todos e a todos ama igualmente.
      Mas é indubitável, que com certas pessoas, por mais que procuremos ver as coisas sob o ponto de vista de paz e amor do evangelho, sentimos que elas se colocam claramente como nossas inimigas. Geralmente são pessoas que acham identidade em se oporem, não a todos, mas a nós em especial, assim, por mais que tentemos agir certo com elas, um forte clima beligerante prevalece. Com alguns parece que sempre estamos andando sobre ovos, por mais cuidado que tenhamos algo dá errado, e a relação descamba para uma guerra campal. Se nos calamos para não reagirmos da mesma maneira, o semblante dessas pessoas se transtornam, sintoma das almas torturadas que elas têm, nós saímos de uma simples conversa com elas doídos, muito angustiados, como se um carro tivesse passado por cima de nós. 
      Deus ama a verdade, mesmo que ela não seja boa ou certa, assim, em muitas situações, como cristãos maduros, devemos ter consciência de tudo o que levantei acima, que seres humanos não são inimigos a serem destruídos por Deus, que todos recebem igual atenção do Senhor em suas causas para que se saiam bem. Contudo, temos que ser verdadeiros com Deus, mostrarmos o que sentimos, verbalizarmos que uma pessoa está nos fazendo mal, que sentimos dela muita arrogância, um ódio injustificável, pelos menos sob nosso ponto de vista, contra nós. Muitas vezes é preciso pedir a Deus, com fé e com todo o sentimento, que ele destrua, não a pessoa, mas seu ataque, que ele quebre a cerviz do arrogante para que esse se torne humilde, nos trate com respeito, ou então, suma de nossas vidas. 
      “E o meu povo habitará em morada de paz, e em moradas bem seguras, e em lugares quietos de descanso.” (Isaías 32.18), a vontade de Deus é que vivamos em paz, se isso não está acontecendo conosco é porque algo está errado. Ou estamos vivendo em pecado, com erros não assumidos e perdoados, ou não estamos aceitando um tratamento de Deus, e tratamento sempre dói, ou não estamos lutando em oração de forma adequada por nossas causas. Perdão que nos traz paz e santidade, humildade para aceitar limites, e oração vitoriosa, eis as chaves para vivermos em paz, de forma segura, mesmo em meio a tantas lutas e injustiças neste mundo. “Eis que Deus não rejeitará ao reto, nem toma pela mão aos malfeitores” (Jó 8.20), causa reta sempre vence, já o arrogante se perde em confusão. 

sábado, dezembro 03, 2022

Pela glória de Deus

      “Eu não recebo glória dos homens, mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis. Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?” 
João 5.41-44

      Eu não recebo glória dos homens, essa convicção definiu a passagem do Cristo-homem no mundo. Moisés teve suas provas, preparado por oitenta anos, Davi enfrentou perseguição e viveu como marginal, mas num determinado momento ambos tiveram glória humana, um como codificador de uma religião e libertador de um povo, o outro como rei de uma nação e co-construtor, junto do filho, do Templo de Jerusalém. Quem esperava um messias como esses líderes se decepcionou, e pior, matou o Cristo, pergunto se esse equívoco não permanece até hoje, não no mundo, mas no cristianismo. 
      Quando um catolicismo se associa ao império romano para ter proeminência, quando constrói um Vaticano para se impor no mundo, quando muitos evangélicos erguem templos enormes e luxuosos, ou montam impérios na mídia com apoio de políticos para vender seus “produtos”, isso é buscar glória dos homens. Esse falso cristianismo, ainda que fale de Cristo, nome que tem poder em si mesmo, independente de quem o use, não pode entregar a melhor vontade de Deus para homem, assim não cumprirá a missão original que Deus deu a Jesus, alguém que não viveu pela glória de homens. 
      Você é chamado para seguir o exemplo de Jesus, assim, não dependa de reconhecimento humano para ser bom, nem alegue a falta dele para não ser. Seja bom sempre, indiferente do que os homens pensem, confie na glória que Deus dá, não em outra. Dependemos demais de sermos aprovados por homens, e ainda que nos achemos espirituais, que nos coloquemos como cristãos, muitas vezes vivemos mais para o mundo que para o Senhor. O que mais nos afasta de conviver, não só com família, mas com igrejas, é acharmos que não fomos reconhecidos pelos homens por nossas qualidades e esforços. 
      Ainda que não seja fácil, devemos aceitar de coração sermos motivados e mesmo termos alegria de viver, na confiança de que Deus nos vê e nos recompensa. Se não adquirirmos essa consciência nunca creremos de fato em Jesus, em tudo que ele revelou sobre o reino do céu, estaremos ainda vivendo para um reino do mundo, ainda que dentro de religião. Quem não busca a glória de Deus poderá facilmente ser presa do homem mal, que por dizer o que queremos ouvir nos seduz e nos usa para seus interesses, pondo-se como um “deus” em nossas vidas e nos afastando do Deus verdadeiro. 
      Quem não se firma na glória de Deus, não reconhece que só a honra que Deus dá importa, assim, não glorifica a Deus como Deus, e não prova o amor de Deus. Quem depende de aprovação humana para ser feliz, ama mais os homens que a Deus. Triste é viver nessa condição, numa agonizante frustração, glória falsa nunca basta, não liberta-nos pelo Espírito, mas prende-nos à ilusão material. O amor de Deus supre todas as nossas necessidades, físicas e emocionais, satisfeitos não nos importamos com o que os homens pensam, digam ou façam, mas ainda assim temos amor para respeitá-los.

sexta-feira, dezembro 02, 2022

Somos um com Deus (2/2)

      “Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo; e deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem. Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação. Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou.” 
João 5.26-30

      Será que realmente entendemos o que representa Jesus ser Deus? Há tantas implicações nisso que seria difícil refletirmos a respeito em poucas palavras, assim muitos simplesmente aceitam como dogma. Algumas óticas espiritualistas, que consideram Jesus Cristo, o apresentam como um espírito superior, que como homem deu o exemplo melhor de vida moral no mundo e que como espírito hoje está numa posição que conduz o ser humano a Deus como nenhum outro espírito pode. Mas ainda assim o veem como só um espírito superior, não como filho de Deus numa posição inatingível eternamente para todos os homens. 
      Mas o próprio Cristo disse que poderíamos ser um com ele na eternidade, estarmos na mesma posição que ele está, sermos tão filhos de Deus como ele é. João 17.21 é um texto que sempre cito, é uma passagem bíblica que expressa com clareza essa união “para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”. Isso implica em intimidade espiritual ou em unidade substancial? Quando há uma relação entre seres humanos há intimidade, mas se essa relação for física e heterossexual (fisicamente falando e sem nenhum juízo de valor) um novo ser é gerado unindo duas substâncias. 
      O que nos faz um com Deus não é crermos nele, isso é só o “namoro”, é só quando damos frutos de Deus pelo Espírito Santo que nos “casamos” com o Altíssimo. O Espírito Santo nos faz gerar e parir virtudes morais, que manifestam obras que servem aos nossos semelhantes, isso é o que evidencia nossa união com Deus. Jesus é Deus, nós podemos ter uma união com Deus por Jesus e através do Espírito Santo quando damos bons frutos que permanecem. Mesmo com toda essa explicação, comunhão espiritual com Deus é algo tão maravilhoso quanto profundo, que requer toda uma eternidade para se realizar plenamente. 
      Não devia ser fácil a Jesus, com seu conhecimento espiritual, passar ao homem do primeiro século um novo nível de espiritualidade, que ia além da velha aliança. A Lei mostrou o que podia e não podia ser feito em termos objetivos, em obras no mundo físico, Jesus falava de algo mais profundo, do espírito. Mas seu amor não tornou impossível sua tarefa, ainda que tendo que usar termos e conceitos facilitados. Depois de viver e morrer, a maior obra de Jesus foi “liberar” o Santo Espírito, com esse podemos entender coisas espirituais com ferramentas espirituais, e saber porque Jesus é Deus e todos nós podemos ser um com ele. 
      Infelizmente, se fazer milagre no sábado escandalizava líderes religiosos judeus do século um, mais ainda Jesus se dizer Deus escandalizava. E nós, o que nos escandaliza hoje? Não pensemos que as religiões cristãs e a Bíblia sabem toda a verdade, há ainda muito a se conhecer do mundo espiritual e da razão da existência humana na universo, não estamos nem no meio da jornada. Os humildes buscarão a Deus, respeitarão religiões e os limites de muitos homens com amor, mas entenderão que muita coisa que escandaliza hoje pode não ser saber proibido, mas só mais uma parte da verdade mais alta, a essa é o Espírito Santo que nos guia. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

quinta-feira, dezembro 01, 2022

Jesus é Deus (1/2)

      “E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis. Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer.” 
João 5.17-21

      Jesus voltar ao mundo como homem, respeitando os parâmetros de sua primeira vinda, é algo que com certeza não vai acontecer. A civilização hoje é outra, a ciência existe, o ser humano está diferente, assim a revelação espiritual mais elevada de Deus para o mundo contemporâneo tem outras prioridades. Jesus veio como homem no tempo certo, para que influenciasse a humanidade da melhor maneira possível, não poderia ter vindo nem antes, nem depois. Se a humanidade aproveitou ou não essa oportunidade, isso é outro assunto, mas a luz mais alta foi apresentada, quem quiser que se coloque sob ela e seja “salvo”. 
      Muitos cristãos amam romantizar a passagem de Deus-homem na Terra, pelo menos baseados na versão católica-protestante do que seja essa passagem, que pode não bater com a verdade, esses religiosos gostam de se achar melhores que muitos religiosos judeus do primeiro século. Entretanto, numa suposição, se Deus permitisse que seu “filho” encarnasse hoje, dizendo-se o próprio Deus, Jesus seria no mínimo ignorado, e no máximo, não torturado e morto, mas internado como maluco, provavelmente pelos mesmos cristãos que defendem o falso cristianismo, como defendiam religiosos judeus a velha aliança desviada. 
      Jesus não nasceu na realeza, ainda que da raiz de Davi, não era rico ou tinha alguma proeminência na sociedade de sua época, era só um professor da religião judaica, um rabino itinerante. Assim escolheu alunos (discípulos) e saiu andando com eles enquanto os ensinava, como era costume na época. Aos poucos foi sendo percebido como alguém especial, pelas palavras, pela prática do amor e principalmente, como sempre é aos olhos humanos das massas, pelos milagres físicos e exorcismos. Ainda assim, a percepção que a religião sacramentou do Cristo e que chegou a nós, foi construída depois, não durante a vida de Jesus. 
      Os que andavam com Jesus não o entenderam enquanto andavam com ele, tanto que o abandonaram durante sua prisão e sua crucificação. Foi a vinda do Espírito Santo que abriu a mente de apóstolos e discípulos? Eu gostaria de pensar que sim. Foi o mesmo Espírito Santo que guiou os escritores do novo testamento a se lembrarem das palavras do mestre com as relevâncias corretas, escrevendo os evangelhos e orientando as novas igrejas através das cartas? Eu queria muito acreditar que sim. Contudo, depois que uma gota d’água cai ao chão, ainda que nascida pura no céu, mistura-se com a terra e outros elementos e suja-se.
      Neste mundo nada fica imune à corrupção, nem o cristianismo ficou, aceitem isso cristãos católicos, pentecostais e protestantes. Entretanto, Jesus foi aceito e ensinado como Deus. Talvez porque o ser humano tivesse necessidade de crer assim, talvez porque tenha sido conveniente a homens que se colocaram como donos do cristianismo e que queriam usa-lo para manipular outros homens, ou talvez porque a verdade mais alta tenha se imposto pela inclinação do Espírito Santo. Importa é que, Jesus ser Deus e poder conduzir-nos de maneira especial a Deus, são ensinos que permanecem vivos até hoje, graças a Deus. 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão