terça-feira, março 14, 2023

Quebre o loop, siga em frente

      “Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso SalvadorTito 3.3-6

      Dois aprendizados que já compartilhei aqui e que sinto de repetir. Quando alguém é injusto conosco ou nos fere de alguma forma, se não perdoarmos e esquecermos, guardaremos uma mágoa que em algum momento desabafaremos sobre outra pessoa. Essa pessoa, por sua vez, recebendo nosso mal, que pode nem ter sido merecedora dele, se não o administrar corretamente também guardará uma mágoa, que em algum momento também será desabafada em uma terceira pessoa. 
      Nesse raciocínio existe um loop, um laço do mal, criando efeito que se tornará causa que se tornará efeito que se tornará causa e seguirá. Por isso Jesus enfatiza tanto no sermão do monte (Mateus 5-7) o perdão da ofensa, o amor ao inimigo, a bênção sobre o que nos persegue, esse é o único jeito de quebrar o loop do mal e iniciar um loop do bem. 
      Missão que todos recebemos neste mundo, esse é o primeiro aprendizado, quebrar loops do mal e iniciar loops do bem. Isso não interfere só em nossas vidas, mas também nas vidas dos outros, principalmente daqueles que se colocam como nossos inimigos, tanto no mundo quanto no plano espiritual. “Demônios” perdem a legalidade de vibrarem na mesma “frequência” que nós quando paramos de ser veículos do mal, eles não acham mais ressonância em nós e se afastam. 
      Mas quebrar o loop vai além de perdoar e oferecer a outra face, tem a ver também com estar aberto para mudar de opinião, aprender coisas novas, deixar as velhas para trás e seguir em frente aprendendo, numa renovação de vida espiritual, que tem implicações em nossa vida moral e social. Mudar e seguir mudando, eis o segundo aprendizado. 
      Os dois aprendizados são intrinsecamente conectados, quem não quebra loops do mal, cria desculpas para seguir magoado, acha nisso identidade de vítima que pode ser útil para quem não quer se assumir como agressor. Nessa condição de morte nos tornamos conservadores, achamos zonas de conforto em crenças estabelecidas, já que essas não cobram de nós mudanças que não queremos fazer. 
      Não se cresce sem se libertar, não se liberta sem encarar o novo, o desconhecido, não se conhece coisas melhores sem humildade, sem amor, sem santidade, sem fé, assim, conhecimento espiritual mais elevado não está relacionado com curiosidade intelectual, mas com virtudes morais. Quem não perdoa não abre portas, segue encarcerado naquilo que é, assim tem medo do que não sabe e nunca será melhor que é. 

segunda-feira, março 13, 2023

O céu vencerá o inferno

      “Invoquei o Senhor na angústia; o Senhor me ouviu, e me tirou para um lugar largo. O Senhor está comigo; não temerei o que me pode fazer o homem. O Senhor está comigo entre aqueles que me ajudam; por isso verei cumprido o meu desejo sobre os que me odeiam. É melhor confiar no Senhor do que confiar no homem. É melhor confiar no Senhor do que confiar nos príncipes. Todas as nações me cercaram, mas no nome do Senhor as despedaçarei.Salmos 118.5-10

      Já disse isso aqui e repetirei tantas vezes quantas o Espírito Santo me pedir: nosso inimigo não é o homem, ainda que esse possa se opor a nós, nosso inimigo é o nosso medo, e quando esse existe nem precisa o homem se opor, basta que haja insegurança em nossos corações. O salmista, existindo num tempo de guerras como modo de vida, até deveria e podia pedir a Deus que destruísse seus inimigos humanos e externos. Deus, contudo, permitiu que textos bíblicos como o acima ficassem na Bíblia como simbolismos, aliás, a Bíblia é na maior parte do tempo só metáforas de situações emocionais e espirituais, não regras para serem interpretadas ao pé da letra.
      Quem não se sente assim tantas vezes, amedrontado, preso, limitado a um buraco escuro, quente e mal arejado? Ainda que não esteja necessariamente e fisicamente em um lugar claustrofóbico e cercado por pessoas que o deixam desconfortáveis? E acredite, quando isso ocorre uma situação emocional interior em nós acha simpatia com espíritos malignos externos, o que faz com que nossa percepção de opressão se potencialize. Assim, podemos orar a Deus para que nos livre de nossos inimigos, mas não necessariamente homens no mundo, mas pensamentos, emoções e demônios em nossas mentes. Como já dissemos aqui, a existência é essencialmente mental. 
      Depois disso podemos entregar nas mãos de Deus todos os que sentimos que nos oprimem de alguma maneira, mas sempre com a visão do novo testamento, não com a do antigo. Nessa visão Deus ama igualmente todos os homens, mesmo os que se colocam como nossos inimigos, e quer abençoar a todos. Deus não destrói suas criaturas, nenhuma delas, mesmo a mais perversa, mas pode nos proteger de suas intenções e ações ruins. Deus sempre espera o arrependimento, de todos, por outro lado muitas vezes nosso juízo que coloca alguns como inimigos pode ser enganoso, ainda que Deus nos ouça e nos livre de toda a nossa situação mental de opressão. 
      Mas faça a coisa nessa ordem: peça libertação do medo, entregue possíveis inimigos nas mãos de Deus e depois tome posse de perdão e de amor por todos. A verdade espiritual mais profunda, e que muitos cristãos não entendem, é que o que vence as trevas e o mal é a luz e o amor. Deus não aniquila opositores, mas atrai-os para ele para que se tornem seus amigos, a intenção realmente espiritual da luz mais alta não diminui exércitos inimigos, mas aumenta o seu exército, anexando inimigos transformados como correligionários. No final só haverá um exército, de amigos de Deus caminhando para sua luz mais alta, eis o mistério, o céu vencerá o inferno. 

domingo, março 12, 2023

Vossa tristeza se converterá em alegria

      “Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria.João 16.20

      Seguir em direção a Deus dói, sim, achamos consolo, conhecemos a melhor paz, mas há sofrimento. O motivo é simples, perto de Deus somos iluminados e a luz moral do Altíssimo expõe nossas imperfeições, a verdade faz doer. Quem não quer seguir para Deus inventa motivos para dizer que ele não existe como ele realmente é, diz que crer no mundo espiritual é coisa de ignorante, que culpa é para fracos, com isso fica em trevas. Com as luzes apagadas não se vê defeitos, não se sabe a verdade, há o torpor da irresponsabilidade moral, que não assume erros nem sente culpas, assim não se sofre. 
      Quem quer ser feliz neste mundo sempre, prefere ficar longe de Deus, quem se aproxima do Senhor se aproxima da dor, mas só a dor aperfeiçoa, faz melhorar, e só quem busca melhorar entende a verdadeira razão de estar neste mundo. Pode ser duro o que vou dizer, mas não viemos para este mundo para sermos felizes, viemos para sofrer, viemos para sentir dor. Mas não se desespere, quem aceita humildemente esse tratamento, quem aceita a verdade e busca com todo o coração ser alguém melhor em Deus, acha a paz, é tratado de forma diferenciada pelo universo, sabe onde anda porque está na luz. 
      Você já deve ter percebido que algumas pessoas parecem não sofrer muito, isso acontece com gente diferente, de níveis financeiros e intelectuais distintos. Essas pessoas têm problemas, e acredite, piores que os daqueles que se aproximam do Senhor e assumem a verdade, mas elas conseguem se livrar da dor e seguirem em frente. Fazem isso principalmente jogando a culpa nos outros, dizendo que elas estão certas, que são as outras pessoas que não estão agindo corretamente. Já você, que segue para Deus, sente uma aflição constante, uma cobrança permanente, é a luz de Deus tratando tua vida. 
      É importante que fique claro que a dor dos filhos da luz, que não é de pecado não resolvido ou de ansiedade não entregue ao Senhor, existe, mas é curada na humildade, assim a luta do que segue para Deus não é para anular a dor, mas para permanecer humilde. Aquele que nega essa dor insiste na arrogância, coloca-se acima do sofrimento, foge do Senhor, por isso consegue ter no mundo mais alegria que os filhos da luz. Entretanto, na eternidade, onde todos são confrontados com a luz mais alta, onde não há como fugir do juízo, os que aqui sofreram corretamente terão alegria duradoura. 
      Temos vivido um momento onde a mensagem pregada pela mídia e outros poderes é de negação da dor, ninguém quer sofrer, ou pior, mostrar que sofre, a imagem nas redes sociais tem que exibir um ser humano sempre maquiado, bem vestido, festejando. Não negamos que o objetivo final do ser seja a felicidade, mas a verdadeira felicidade não se consegue neste mundo e muito menos do jeito que se é pregado. É preciso muita dor no plano físico, digerida da maneira certa, esculpindo valores morais na pedra dura do ego humano, para que se possa colher felicidade, e isso só no plano espiritual.
      Desculpe-me ser humano pós-moderno, não posso esconder de você a verdade, o evangelho de Jesus não é livro de auto-ajuda, palestra motivacional ou filme da Disney. Todo o dinheiro que se pode gastar em academias, dietas alimentares, cirurgias plásticas, viagens, bebidas, festas, roupas, tênis, celulares, remédios ou psicoterapia, não trará felicidade, só aumentará o buraco da alma para caber mais vazio. O arrogante que foge de Deus adentra mais as trevas, isso faz com que se engane mais, longe da luz do Altíssimo só há mentira. Quantos sofrem enquanto alguém não assume sua verdade?
      No texto bíblico inicial João registra o momento quando Jesus revela aos discípulos que eles ficariam sem ele, que isso os deixaria tristes, enquanto os outros estariam felizes, mas Jesus diz que depois os discípulos estariam felizes novamente com a presença do mestre. Vossa tristeza se converterá em alegria, como tantas passagens bíblicas, essa possui mais de uma camada de interpretação, a mais próxima dos discípulos naquele momento é que Jesus morreria e ressuscitaria, mesmo nessa interpretação há um milagre que os discípulos não estavam preparados para entender, só entenderiam depois.
      Mas a interpretação mais abrangente tem a ver com as vidas de todos os seres humanos, de todos os tempos, que creem em Deus e caminham espiritualmente em sua direção. A lição do texto segue o princípio que permeia todo o evangelho, que diz que se ganha quando se perde, que se vive quando se morre, assim só haverá alegria quando houver tristeza para se transformar nela. Mas como querem ter alegria na eternidade os que querem ter alegria no mundo, mesmo em nome do que muitos creem ser o evangelho? A lição não é alerta só para os do mundo, mas também para muitos da igreja. 

sábado, março 11, 2023

O Senhor peleja por nós

      “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver. O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis. Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco. E eis que endurecerei o coração dos egípcios, e estes entrarão atrás deles; e eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavaleiros.” Êxodo 14.13-18

      O texto bíblico inicial é o epílogo do livramento da nação de Israel do Egito. Podemos analizar esse episódio sobre vários pontos de vista, Israel, Egito, o faraó e os egípcios, o deserto, o milagre da abertura do mar e Canaã, são simbolismos para várias coisas em nossas vidas pessoais. Egito é uma condição de vida dura, onde muito se trabalha, mas pouco se recebe, onde se dá lucro para os outros não para si mesmo. É uma condição difícil, mas é para ser só uma fase, principalmente no início de jornadas, o lado positivo dela é que como uma família, a de Jacó e seus filhos, se transformou numa nação, nós como indivíduos crescemos e nos fortalecemos, preparados para atravessar um deserto e conquistar Canaã. 
      O faraó pode parecer um opressor injusto, mas no tempo certo é instrumento de Deus para fazer de uma família uma nação, todos nós temos nossos “faraós” em nossas jornadas. O correto é no momento adequado nos livrarmos dos egípicios, e esses, se forem sábios, saberem que devem deixar partir os que temem a Deus para serem livres. Se os egípcios de Israel tivessem tido essa lucidez, essa humildade, teriam ficado sem aqueles que de alguma forma lhes proporcionavam lucros, no caso de Israel como mão de obra escrava, mas ainda permanecido com alguma dignidade, mas não foi assim que ocorreu. Se Deus tem propósito na luz dos que o temem, também tem nas trevas dos que não confiam nele. 
      Israel, vendo os exércitos egípcios perseguindo-o teve novamente sua fé testada, e novamente falhou. Depois de ver tantos sinais que o todo-poderoso tinha feito para livrá-lo de seus opressores, saber que quando Deus quer ele faz e não é preciso temer, mas confiar e seguir em paz, Israel duvidou. Povo de dura cerviz? Sim, como eu e você. O próprio Moisés temeu, por isso Deus lhe respondeu, “por que clamas a mim? dize aos filhos de Israel que marchem, e tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco”. Nada de novo Deus tinha a dizer, a libertação de Israel já havia sido dada, bastava que Moisés e o povo seguissem com fé.
      Se o povo de Deus não creu, quanto mais os egípcios, depois de todos os sinais que viram o Deus verdadeiro fazer a favor de um povo seu, ainda insistiram na perseguição, achando que ainda poderiam voltar a subjugar Israel. Mas quem se rebela contra Deus tem o coração endurecido, olhos e ouvidos espirituais fechados, anda em trevas e caminha para uma humilhação maior. “Estes entrarão atrás deles e eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor”, não era uma situação onde seria perdida a liberdade conquistada, mas uma em que essa liberdade se estabeleceria por completo e os opressores seriam totalmente punidos. 
      Eis uma experiência que todos nós podemos viver, termos um grande livramento de Deus e depois sentirmos como se esse livramento fosse perdido. Mas quando isso ocorre é para nós confiarmos ainda mais no Deus que começou a nos libertar e entendermos que Deus intenta nos livrar mais ainda. Se os egípcios não tivessem vindo atrás poderiam ter dado a Israel uma sensação de liberdade, mas temporária, porque depois poderiam se fortalecer e voltar a atacar Israel. Deus queria dar a Israel não uma libertação temporária, mas definitiva, não era Deus interrompendo no meio uma obra, tirando o que havia dado, mas aumentando ainda mais a bênção, acabando com qualquer possibilidade do faraó oprimir de novo seu povo. 
      “Não temais, estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará, porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver, o Senhor pelejará por vós e vós vos calareis”, essa é uma das palavras mais poderosas da Bíblia, Deus a diz também a mim e a você. Estais quietos, sem murmuração, sem reclamação, sem tristeza, mas naquela paz profunda que se vive em silêncio. Vede o livramento do Senhor, quando Deus age nós assistimos, de camarote, quietos, porque não somos nós quem lutamos, mas ele, a glória por sua vez será só dele. Os egípcios que hoje vistes nunca mais os tornareis a ver, o que nos oprimiu por anos será só lembrança, nunca mais nos afligirá, estará submerso no fundo do mar. 
      Israel, quando viu o mar à frente e os egípcios atrás, talvez tenha se sentido novamente preso, oprimido, mas esse mar não era para oprimi-lo, mas para destruir seu opressor. Precisamos ter discernimento, o temos quando não olhamos para trás, para nossos opositores, para nossos erros, para a confiança errada em egípcios, que a princípio podem até nos ajudar, num momento de falta de suprimentos materiais, mas depois nos tornarão seus escravos. Mas também temos esse discernimento quando não olhamos para o mar à nossa frente, o Deus que quebrou a opressão pode abrir o mar, o mar do desconhecido futuro, de outros inimigos que poderão tentar nos impedir de entrar em Canaã. Olhemos para cima, para Deus. 
      Refletimos sobre os pontos de vista dos egípcios e de Israel, mas há um terceiro ponto de vista, de Moisés. Muitos de nós somos chamados como líderes por Deus para tomarmos a frente e conduzirmos outras pessoas às suas canaãs, de tais é exigido firmeza de propósito e confiança no Senhor que vigia na qualidade moral. Quem Deus chama Deus prepara, se Deus te colocou como Moisés em uma causa esteja preparado para ser cobrado, não por Deus, mas pelas pessoas, quando a fé delas for confrontada elas não cobrarão o Senhor, mas você. A quem tem chamada de Moisés é preciso certeza do que faz, serenidade que olha sempre para cima. Se mostrar-se fraco aquele que guia, como findará a jornada o guiado? 

sexta-feira, março 10, 2023

O cristianismo que me representa! (2/2)

      “E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus.João 1.36

      “E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais” (João 8.10-11). O cristianismo que me representa é o de Jesus não humilhando a mulher adúltera diante de tantos, mas perdoando-a e dando-lhe uma segunda chance. Quanta calma para reagir diante da fraqueza do outro, o oposto da nossa reação, que muitas vezes quer esconder nossos erros atrás dos erros alheios. Só com muita paz de espírito para portar-se assim, que inveja “boa” eu tenho desse Cristo, que nada tem a ver com o cristianismo de muitos que se chamam de cristãos.
      “Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos.” (Mateus 11.18-19). O cristianismo que me representa é o de Jesus ensinando pecadores de forma muito próxima, não se colocando como melhor que eles, mas como irmão deles. Que segurança para ser visto com gente menos apegada a valores morais, sem ter a vaidade de temer ser confundido com um deles, principalmente sabendo que líderes religiosos judeus estavam de olho nele, sempre procurando uma razão para matá-lo, esses sim, para aplacar inveja e vaidade enrustidas.  
      “E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta. Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.” “Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos). Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.” (João 4.6-7, 9-10). O cristianismo que me representa é o de Jesus, que ainda cansado tinha afeto para dar, muitas vezes vencendo preconceitos que até poderiam justificar ele não ter que ajudar alguém.
      “E foram ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele, por causa da multidão. E foi-lhe dito: Estão lá fora tua mãe e teus irmãos, que querem ver-te. Mas, respondendo ele, disse-lhes: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a executam.” (Lucas 8.19-21). O cristianismo que me representa é o de Jesus, que teve a coragem de dar as costas até para familiares próximos, abriu mão de ser entendido e aprovado por esses, porque escolheu saber e fazer a vontade de seu pai espiritual. Quantos acham que ser espiritual é seguir cegamente a religião da família, que sabem que não funciona, mas que não têm coragem de deixá-la, pois querem honra da sociedade, não de Deus.
      “E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.” (João 2.23-25). O cristianismo que me representa é o de Jesus que fazia milagres físicos por amor, ainda que soubesse que isso não mudaria o coração de homens imaturos. Esses só o buscavam por motivos materiais, não para serem seres humanos moralmente melhores, muitos dos quais depois engrossariam o coro dos que escolheram Barrabás para ser poupado, não ele, que não estariam com ele no final, quando ele mais precisasse. 
      “E, levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe: Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti? Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.” (Mateus 26.62-63). O cristianismo que me representa é o de Jesus calando-se diante dos ataques injustos e violentos dos homens, que se postavam como líderes religiosos exemplares, mas que não conheciam o amor de Deus. Por isso não temo me posicionar contra papa, padres, pastores, pregadores, religiões e cristianismos deste mundo, que ainda que numa condição de excessão Deus use para iluminar o ser humano, estão longe de serem o cristianismo do Cristo genuíno. 
      Conivente com o pecado, glutão, bêbado, herege, mau filho, passivo diante da injustiça, podemos acrescentar endemoniado, louco, além de insurgente político, não, o Cristo real não era bem visto, hoje seria “cancelado” nas redes sociais, poderia não ser crucificado, mas seria processado por líderes religiosos. Sim, a Bíblia precisa ser entendida com mais cuidado, com mais oração, com mais Espírito Santo, e algumas coisas poderiam ser até desconsideradas, mas Jesus, seus exemplos práticos de vida na sociedade, esses precisam ser praticados sempre. Eu amo Jesus, ele me representa, se ele não não fosse quem é, religiões não estariam de pé até hoje, por usarem, ainda que imperfeitamente, seu maravilhoso nome. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

quinta-feira, março 09, 2023

O cristianismo que não me representa (1/2)

      “Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós.I Tessalonicenses 1.5

      Muito do que se autodenomina cristianismo evangélico, que se diz baseado na tradição protestante e na Bíblia, não me representa, assim não tenho receio de dizer que não concordo com muitas coisas que cristãos e pastores dizem sobre o cristianismo. Por assumir isso muitos podem me ver como um desviado, mesmo como um herege, e isso não é verdade, desviados e hereges sob o ponto de vista de desviados e hereges não são desviados e hereges. Quem, então, é desviado e herege, eu ou os que se opõem aos meus pontos de vista? Os frutos bons que permanecem no tempo até o juízo na eternidade responderão a isso. 
      Longe de mim, mas muito longe mesmo, me comparar a um por cento do que foi o apóstolo Paulo, assim usar o texto bíblico inicial para me justificar nesta reflexão é totalmente inapropriado. Contudo, posso dizer que mesmo numa proporção muitíssimo menor, tenho provado uma experiência com Deus não só de palavras, mas de prática. Nem o escritor mais prolixo e talentoso, ou o maluco mais fora da casinha, teria tantas palavras para inventar como as que são postadas nesta página, e creiam, no momento de vida que estou, nem tenho mais energia artística para isso, só tenho a amizade de Deus para me alimentar. 
      Diz-se que anonimato dá coragem a medíocres, assim pode-se dizer qualquer coisa na internet, não discordo disso, e como isso tem sido usado principalmente para disseminar atualmente fake news e teorias conspiratórias. Mas creiam, não é o meu caso, púlpito virtual é ferramenta que veio para ficar, que pode ser usado com inteligência por muitos, mas que pode ser ainda mais útil para outros, com algumas limitações. Para mim é bênção de Deus que se adequa aos meus limites como escritor de sua palavra, mas também é bênção para o leitor que está longe e só tem acesso à palavra que está preparado para ouvir pela internet. 
      Oro muito pelo que escrevo aqui, e recebo aprovação de Deus pelo que posto com paz, vitória sobre o pecado e uma vida prática, minha e de minha família, de vitórias na realidade do mundo. Dito isso posso afirmar que o cristianismo de muitos não me representa, porque Deus tem dito a mim coisas diferentes que muitos dizem acreditar que Deus lhes diz. Nesse ponto algo importante e que muitos não entendem precisa ser dito: Deus não me ama mais que àqueles que pensam diferentemente de mim, esses recebem respostas de Deus tanto quanto eu, mas Deus pode dizer coisas diferentes a pessoas diferentes, eis um mistério. 
      Muitos podem falar: “você diz que Deus te falou uma coisa, mas eu busquei a Deus e ele me falou outra coisa, o que ele me disse bate com a Bíblia, o que você diz não bate”. Essa situação pode ocorrer por dois motivos: ou alguém está mentindo, dizendo que ouviu Deus falar quando não ouviu, ou alguém está num nível de escolaridade espiritual diferente. Deus fala com todos, mas não diz coisas profundas a quem não está preparado para entender, dizer seria mais prejudicar que beneficiar. Quando um diálogo chega nesse ponto, que revela um entendimento até lúcido, a conversa deve encerrar-se pelo que tem mais escolaridade.
      Ser espiritual é saber silenciar-se, Jesus homem fez isso muitas vezes. O Espírito Santo também faz isso hoje, com muitos que o buscam e que ainda que queiram saber certas coisas, não estão preparados para saber. Dessa forma quando alguém diz algo, que sabemos que é só a ponta do iceberg, mas que vemos que é sincero, não devemos humilhar ou escandalizar tal pessoa, só nos calar e respeitar, com temor a Deus e humildade. Como sabemos se muitos não são elegantes assim conosco, enquanto ingenuamente achamos que somos mais espirituais que eles, só dissemos a última palavra porque eles humildemente se calaram? 
      O cristianismo de muitos não me representa, e não estou dizendo com isso que as crenças desses não sejam sinceras, nem que Deus não cuide deles, só digo que fui além da superfície. Se você que me lê discorda de mim, não leia mais este espaço, siga na tua fé sincera, mas aconselho a manter a mente aberta e sempre orar a Deus para que te abra os olhos espirituais, caso eles não estejam abertos. Contudo, se o que você lê aqui te fala de alguma forma, e você nem precisa concordar com tudo, mas se te toca de algum jeito, busque mais a Deus, sem medo, peça que ele te mostre a verdade, ainda que contrarie algo que você crê hoje.

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a 2ª parte desta reflexão

quarta-feira, março 08, 2023

A vida imita a arte (2/2)

      “Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte, e aos teus tabernáculos.” Salmos 43.3

      Os termos “bonito” e “feio” precisam ser usados entre parênteses, no pós-modernismo, esses conceitos como estética, se tornaram relativos, ainda que haja referências morais absolutas de certo e errado. Limites, sempre é preciso limites para se achar o equilíbrio e se conhecer, no minimamente possível, a verdade. Ainda que muitos cristãos não entendam isso, que usem textos bíblicos que dizem que o Cristo é a verdade de forma equivocada, Deus não usou outro meio no planeta Terra para revelar sua verdade mais alta senão o Cristo. Se eu quiser pintar um quadro sobre minha existência, compor uma canção, escrever um livro, se fizer isso à luz de Jesus estarei mais próximo da verdade sobre mim. 
      Ainda que pelos mitos do Éden, de Adão e de Eva, possamos entender que originalmente pretendeu Deus construir uma humanidade perfeita na Terra, mesmo que só por sombras materiais temporárias das realidades espirituais eternas, fica claro na Bíblia, na história de Israel e mesmo na passagem do Cristo homem, que os finais foram tristes. Israel se dissolveu no cativeiro, Jesus foi crucificado, se o próprio Deus escreveu com final infeliz e teve a coragem de mostrar isso ao ser humano de todos os tempos no cânone bíblico. Por que, então, nós queremos ter a arrogância e a covardia de ver os outros lendo em nossas vidas romances com finais felizes? Nos achamos melhores que Deus? 
      Ao lermos algo sobre história da pintura podereremos achar que houve evolução e depois involução, mas não foi isso, o que houve foi uma construção, agregando pontos de vista, e depois uma desconstrução, descartando informações desnecessárias para entender, não a superfície, mas a essência. O trajeto partiu da matéria, a viu florescer, a presenciou morrer e depois se pôs a olhar além. Nisso evolucionismo de Darwin, psiquiatria de Freud, filosofia de Nietzsch, espiritualismo de Kardec, física quântica de Eistein, dentre outros, libertaram o ser humano do conservadorismo, entregaram o humanismo. O homem começou a olhar para dentro de si pelos seus próprios olhos, não pelos olhos dos outros. 
      Difícil definir modernismo artístico em poucas palavras, existem mais de um e alguns se opõem, mas sob um ponto de vista ele pretende subjetividade, que não verifica matéria fixa, mas a luz refletida nela. Assim uma mesma coisa pode ser vista de maneiras diferentes por pessoas diferentes em posições diferentes. Mas ainda há mais, agora não usando só instrumentos físicos, olhos e luz, mas a percepção emocional, mesmo na mesma posição um se alegrará com algo e outro ficará triste. Qual é a verdade? A verdade é aquela que cada um verifica, não a que o papa, o imperador ou qualquer instituição ou religião diz que é. Se verdade é relativa, beleza também é, depende dos olhos de quem vê. 
      A arte imita a vida ou a vida imita a arte? Arte humana busca beleza na matéria, é o homem imitando Deus quando esse atrai o espírito humano à evolução. Se a vida encarnada é arte divina, o homem cria arte terrena tentando imitar a arte divina, por isso muitos artistas chamam suas criações de filhos. A luz material permite interpretações diferentes da vida, o que confere riqueza e beleza à existência, isso é consolo de Deus para que enfrentemos cada dia com esperança nova, cada amanhecer parece raiar um novo Sol, ainda que saibamos que no final enfrentaremos a noite da morte. Mas só a luz mais alta de Deus pode mostrar-nos a verdade, essa não precisa mudar para ser nova sempre, ela é vida espiritual eterna.
      Que partes você tem cortado para que o filme de tua vida fique mais bonito? De ilusão também se vive, mas um dia todos teremos que enfrentar a visão multi-dimensional de Deus, com imagens de todos os pontos de vista e áudio completo e de qualidade, sem censuras. Na eternidade e sob a luz de Deus o filme será executado na íntegra, na versão do diretor de todos os destinos, com notas explicativas e tomadas adicionais que foram suprimidas pelos protagonistas, por essa versão é que seremos avaliados. Entretanto, tente ver teu filme na íntegra ainda neste mundo, mesmo as partes mais doloridas e vergonhosas, sei que não é fácil, mas ache perdão e paz e depois siga, produzindo melhores cenas. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

terça-feira, março 07, 2023

A arte imita a vida? (1/2)

      “Para o sábio, o caminho da vida leva para cima, para desviar do inferno, embaixo.” Provérbios 15.24

      Um filme que assistimos na TV ou no cinema é registrado por uma câmera, esse aparelho capta imagem e som, mas de maneira direcionada. Ainda que filmando um documentário histórico, não uma obra de ficção, enquadra uma área específica de imagem e colhe uma faixa restrita de áudio. Um filme não é a realidade, mas um corte dela pelo que filma, de acordo com intenções e preferências estéticas desse. Há truques clássicos, carros que aos nossos olhos se movem no filme pronto por um bom tempo numa longa rodovia, movimentam-se muitas vezes de um lado para o outro em uma estrada pequena, que na edição das filmagens parciais e curtas formam um único e longo trajeto. 
      Algo semelhante ocorre com filmagens em florestas, uma pequena área é filmada várias vezes, em ângulos e com os personagens se movendo em direções distintas, assim tomadas menores se transformam numa longa tomada numa floresta enorme e desconhecida. Muitas vezes o local nem é uma floresta real, mas só um cenário interno num estúdio, com plantas falsas ou plantadas em vasos, que a localização adequada do foco da câmera não revela, dando a impressão de serem árvores e outras folhagens verdadeiras em ambiente externo. Esse preâmbulo teve o intuito de mostrar uma metáfora, que pode ser usada para a maneira como entendemos e exibimos nossas vidas aos outros. 
      Ninguém escapa de interpretar a existência como um filme, um romance, um quadro ou uma canção, faz parte da alma humana expressar-se artisticamente, não só produzindo arte, mas se vendo como uma. Isso confere alguma integridade e alguma beleza à vida, dá relevância mesmo às existências mais medíocres. Mas talvez a matéria, todo o universo físico, seja isso, uma obra de arte de um Deus puramente espiritual, não é a realidade, só uma ilusão, e que maravilhosa ilusão é. O mistério está em entender por que Deus tem o propósito de aperfeiçoar criaturas espirituais eternas em limitadas passagens por um plano físico, que existe para virar pó, que tem na morte a única certeza.
      Acompanhar a evolução das artes plásticas, principalmente da pintura, é entender não só a evolução da arte, mas da própria psique humana. De esboços rupestres em cavernas, já uma tentativa de harmonizar esteticamente uma moradia, passando por pinturas unidimensionais sem fundo definido, onde só divindades e nobreza eram registradas e de forma esplendorosa, depois o realismo onde perspectiva é entendida e simples plebeus, muitas vezes em momentos pouco glamorosos, são registrados, até os modernismos, onde só percepções de sensações são assinaladas, aproximando-se mais da ótica real que o ser humano tem, é o homem evoluindo à medida que se olha e se conhece por dentro. 
      Isso também acontece na música, na dramaturgia, na literatura, das quais o cinema é evolução, mas a chamada arte moderna talvez seja a expressão artística mais humanamente honesta, apesar de ser esteticamente desconfortável e muitas vezes impossível de ser entendida, já que o objetivo dela pode ser esse mesmo. O que é mais “bonito”, um Rembrandt ou um Picasso? À primeira vista muitos dirão que é um Rembrandt, mas será que no século XXI podemos nos dar ao luxo da ingenuidade do homem do passado? Picasso é “feio”, mas será que o ser humano pode se ver interiormente mais ”bonito”, que a desconstrução que Van Gogh e Mondrian expressaram em quadros a óleo? 
      Para se construir uma história que evoluirá para o bem e se conseguir reter esse bem por um tempo significativo neste mundo, deve-se buscar o melhor ponto de vista, essa posição é por Jesus e de Deus. Se vivermos só sob o ponto de vista da matéria, depois avaliando o que vivemos só sob esse ponto de vista, a verdade é que construiremos historias infernais, espiritualmente disformes, sem estética moral, para o qual só restará a ilusão da arte humana para dar algum sentido. Olhemos para cima, achemos para Deus e deixemos que a luz mais alta venha e reflita em nossas vidas, espírito se verifica com o Espírito e só o Espírito de Deus para construir em nosso espírito a eterna e linda arte de Deus. 

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segunda-feira, março 06, 2023

Democracia é possível?

      “E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundoMateus 25.31-34

      “Democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do sufrágio universal. Ela abrange as condições sociais, econômicas e culturais que permitem o exercício livre e igual da autodeterminação política.Fonte

      Exalta-se a democracia, como um sistema justo para dar oportunidade de estabelecimento de liderança da sociedade, todos podem escolher e serem escolhidos, assim como aprovar ou não depois o que é decidido pelos escolhidos. Mas será que o mundo está preparado para a democracia? A democracia pode de fato fazer um mundo melhor? As respostas são não e não. Não está preparado pois Deus dá livre arbítrio moral a todos os seres humanos, assim cada um pode fazer uma escolha certa ou uma escolha errada. Se a maioria fizer a escolha errada, por um político corrupto e mal intencionado, a democracia terá que respeitar isso e receber os frutos amargos dessa escolha na maneira como esse político administrará a sociedade.
      Conclusão: não pode haver justiça e paz no mundo, não em sua totalidade e em todo o tempo. Quem mais deveria entender isso são cristãos, que usam ensinos bíblicos como normas para suas existências, aqui e na eternidade, por isso não deveriam se envolver como cristãos em política, mas só como cidadãos. Apoiar candidato porque se diz cristão, até pode, mas desejar que esse imponha princípios cristãos na sociedade é se opor aos não cristãos, é fazer a mesma coisa que fazem muitos não cristãos quando eleitos. Apesar da democracia dar liberdade à maioria de fazer escolhas políticas, eleitos não trabalham pela maioria, mas por todos, mesmo por quem não votou nele, eis outra faceta da democracia que muitos não aceitam. 
      Se não fosse assim democracia não seria democracia, mas autoritarismo de maioria contra minorias. Existe uma solução, respeito dos que ganham com os que perdem, e humildade dos que perdem com os que ganham, se há isso o homem entende a razão principal dele existir num mundo tão desigual. Quando todos são iguais, pensam do mesmo jeito, preconceitos e opressões ficam escondidos, entre amigos ninguém precisa ser melhor, todos são semelhantes, é quando temos que conviver com gente que pensa diferentemente da gente que temos que ser respeitosos e humildes. O propósito maior de Deus é aperfeiçoar o melhor em nós à medida que convivemos com diferenças, não há outro jeito de crescermos. 
      Cristãos que querem construir o céu na Terra, que desejam estabelecer o reino de Deus no mundo, colocando cristãos em posições políticas, não entendem o objetivo principal que Deus tem fazendo com que eles passem pelo plano físico. A vitória é ser luz nas trevas, não impor a luz sobre as trevas, a luz só será totalmente vencedora no plano espiritual e isso no “final dos tempos”, entendam como entenderem muitos o que seja “final dos tempos”. Aqui cabe-nos, repito, com respeito ao livre arbítrio e humildade com as diferenças, sendo maioria ou sendo minoria, darmos um testemunho pessoal de Deus, somos fortes como indivíduos que agradam a Deus, não necessariamente como instituição com posicionamento político. 
      “A democracia é o pior dos regimes políticos, mas não há nenhum sistema melhor que ela”, outros traduzem, “a democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as demais”, frase atribuída ao estadista britânico Winston Churchill. De fato democracia é o melhor jeito de se estabelecer justiça num mundo injusto. Entende isso quem tem humildade espiritual para ver a vida na Terra como ela realmente é, sem utopias ou ceticismos. Mas a verdade mais profunda é que o sistema perfeito para administrar os seres humanos, seja no mundo fisico, seja na eternidade, foi ensinado pelo evangelho de Jesus, chama-se amor. “O amor não faz mal ao próximo” (Romanos 13.10a), se pensarmos assim democracia talvez seja viável. 
      O texto bíblico inicial fala de uma divisão que haverá no juízo no plano espiritual, escolhas diferentes aqui conduzirão a finais diferentes lá. Tentar impor o cristianismo no mundo por ferramentas políticas é ir contra essa verdade, e pior, achar que o cristianismo é melhor e por isso deve prevalecer para dirigir a sociedade, na moral, na família, na educação, na saúde, na economia, é violentar a escolha diferente de tantos que não querem seguir o cristianismo das igrejas evangélicas, protestantes e católica, é tentar fazer um julgamento antes do tempo no lugar de Deus. Não tenho dúvida que Jesus é o melhor caminho para Deus, mas o cristianismo do mundo já demonstrou que não é, discordar disso é ser autoritário, não democrata.

domingo, março 05, 2023

Possessões demoníacas (2/2)

      “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.I João 4.1

      Quem tiver algum discernimento perceberá quando uma pessoa está possessa olhando seus olhos, ainda que não esteja esbravejando ou se comportando de forma violenta. Os olhos ficam vidrados, como se outro ser estivesse dentro da pessoa olhando por eles. É semelhante aos olhos dos bêbados e drogados, que também experimentam um tipo de possessão, álcool e outros elementos químicos escravizam e controlam. Prostitutas  e criminosos de maneira geral também têm olhos assim, a verdade é que possessão atualmente é algo mais sutil e mais comum que muitos acham ser.  
      Sensualidade exagerada é um tipo de possessão muito comum nos dias de hoje, nela se usa sedução sexual para controlar os outros, mas só quer controlar quem é controlado, a escravidão (assim como a tristeza) ama companhia. Ódio, contudo, é a vibração de possessão mais terrível, quando vemos pessoas perderem o controle de forma mais violenta, podem estar conectadas a espíritos rebeldes que vibram nessa frequência, assim há uma consonância que agrada o espírito do ser humano e um esprito externo, identidades diferentes se associam por um objetivo em comum.  
      Mas outros males também estabelecem sintonia com espíritos que vibram na mesma “onda” possuindo pessoas de formas diferentes, nem sempre com reações físicas externas mais visíveis. Aquela crença que diz “demônio do ciúme”, “demônio de prostituição”, “demônio da cachaça”, não está errada, mas a palavra inicial e final é sempre do homem, não do demônio. Demônios são reunidos em legiões que religiões espiritualistas, como o afroespiritismo, dão nomes específicos. Apesar de uma identificação individual, referem-se a famílias de espíritos, reunidos por afinidades. 
      Sempre que falo aqui sobre doenças psiquiátricas, deixo bem claro que não sou profissional da área médica, e que se alguém tem um problema assim ou conhece alguém que tenha deve procurar um psiquiatra, e se possível também um pastor sério, que creia no nome de Jesus, mas que respeite a ciência. Digo dessa maneira porque problemas de possessão demoníaca e psiquiátricos podem se confundir, assim como podem estar diretamente relacionados a disposições morais. Por exemplo, quem se deixa controlar pelo ódio pode ser possuído assim como construir transtornos mentais. 
      Uma depressão muito profunda pode ser só problema mental e afetivo, mas se não houver equilíbrio moral e força espiritual, pode sintonizar a pessoa com seres espirituais que vibram nesse malefício. É muito complicado definir regras e estabelecer limites, por isso é preciso muita cautela, o mais sábio é buscar seres humanos sérios em todas as áreas, científica e espiritual. Muitas vezes o lado físico cuidado por um profissional da área médica pode ter que agir antes que o pastor, se o corpo e o cérebro estiverem muito debilitados o espírito da pessoa não terá uma “casa” em ordem para reagir. 
      Nossas mentes são nossos templos espirituais (Mateus 12.43-45 e  I Coríntios 3.16), cuidar deles requer dois trabalhos. O primeiro é limpa-los, seja moralmente, com bons pensamentos e sentimentos, com perdão, paz, amor e humildade, seja fisicamente, com medicação psiquiátrica se for necessária. Mas não basta reconstruí-los e limpa-los, devemos ocupa-los com o Espírito Santo, fazemos isso orando e adorando a Deus, eis o segundo trabalho. Respeitando o Espírito ele mesmo nos ajudará a manter nossos templos limpos, sadios e úteis, impossibilitando qualquer nível de possessão. 
      Nos exemplos das passagens bíblicas abaixo vemos situações diferentes nos corpos e nas mentes de seres humanos interagindo com diferentes seres espirituais malignos. Em Mateus 9 o possesso estava mudo, dando a impressão de estar num estado cataléptico, talvez por depressão profunda, por isso a situação pôde ser revertida. Em Mateus 17 o endemoniado é denominado lunático, outra versão bíblica diz “ele tem convulsões e sofre muito”, parece um quadro que se assemelha à epilepsia. Nesse caso algo diferenciado é identificado por Jesus, uma casta de demônios que não sai com facilidade. 
      Em Lucas 4 uma outra identidade parece se expressar no possesso, parecendo um esquizofrênico, já Lucas 8 uma esquizofrenia mais séria poderia ser evidenciada, não com uma personalidade a mais, mas diversas, ou uma legião. É difícil saber o que é espiritual e o que é mental, é difícil saber como de fato Jesus curou ou libertou todas essas pessoas, se foi uma palavra de autoridade expulsando um entidade espiritual exterior sintonizada com a mente humana ou se a mesma palavra só “dispertou” a pessoa de uma disposição mental doentia, não havendo aí de fato possessão demoníaca. 
      Para os seres humanos mediamente sadios, mental e espiritualmente, um simples devaneio pode ser uma tentativa de possessão, podemos notar isso quando flertamos com fantasia sexual, com vingança ou com inveja. Parece que nossas mentes são puxadas para o mal, e se não dissermos não a tempo, pensamentos se transformarão em emoções e essas em ações. Por isso a importância de darmos lugar ao Espírito Santo, focando pensamentos e sentimentos nas coisas do alto, nas virtudes de Deus, nessa conexão somos livres e protegidos contra qualquer nível de possessão. 

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      “E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado. E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.” Mateus 9.32-33

      “Senhor, tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água; e trouxe-o aos teus discípulos; e não puderam curá-lo.” “E, repreendeu Jesus o demônio, que saiu dele, e desde aquela hora o menino sarou. Então os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, disseram: Por que não pudemos nós expulsá-lo?” “…esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum.” Mateus 17.15-16, 18-19, 21

      “E estava na sinagoga um homem que tinha o espírito de um demônio imundo, e exclamou em alta voz, dizendo: Ah! que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste a destruir-nos? Bem sei quem és: O Santo de Deus. E Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. E o demônio, lançando-o por terra no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal.” Lucas 4.33-35

      “E, quando desceu para terra, saiu-lhe ao encontro, vindo da cidade, um homem que desde muito tempo estava possesso de demônios, e não andava vestido, nem habitava em qualquer casa, mas nos sepulcros. E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando, e dizendo com grande voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-te que não me atormentes.” “E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-lhe que os não mandasse para o abismo. E andava ali pastando no monte uma vara de muitos porcos; e rogaram-lhe que lhes concedesse entrar neles; e concedeu-lho. E, tendo saído os demônios do homem, entraram nos porcos, e a manada precipitou-se de um despenhadeiro no lago, e afogou-se.” Lucas 8.27-28, 30-33

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sábado, março 04, 2023

O que é possessão? (1/2)

      “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.” Romanos 8.14-15

      Muitos cristãos evangélicos têm uma noção limitada sobre possessão demoníaca, vamos refletir um pouco sobre isso. Existem várias passagens bíblicas sobre experiências com chamados endemoniados, e diferente de como às vezes achamos, nem são tantas assim. A primeira coisa que precisamos entender é que o novo testamento registra interpretações do homem do primeiro século sobre possessão. Havia algum critério científico, médico, psiquiátrico? Não necessariamente, ainda que Lucas, por exemplo, tenho sido homem de ciência era limitado ao conhecimento de seu tempo. 
      Jesus homem tinha um discernimento espiritual avançado e uma inteligência intelectual diferenciada, eu creio nisso, mas ele não podia falar a um homem de seu tempo sobre coisas que esse não poderia entender. O que importa, e ainda importa, é que uma palavra de autoridade dita por alguém com vida consagrada a Deus, pode expulsar o espírito maligno, agora, se os casos relatados na Bíblia são de transtorno psiquiátrico, mais leve ou mais grave, de possessão maligna, ou de ambos, isso é uma outra questão, que nós hoje podemos entender melhor que os homens antigos. 
      Todo contato com o plano espiritual feito por seres humanos encarnados é feito através da mente, seja com espíritos malignos, outros seres espirituais, Deus, Jesus, o Espírito Santo. Nossas mentes são como receptores de ondas de rádio espirituais, captam à medida que vibram na mesma frequência. Depois que a mente entende pode influenciar todo o corpo, primeiro pensamentos e sentimentos e depois os membros físicos. Sei que cristãos evangélicos não costumam entender as coisas assim, mas é dessa forma que funciona, e isso não vai de forma alguma contra a Bíblia. 
      Quando concentramos em nossas almas grande quantidade de ódio, violência e vingança, carregamos nossas “baterias” espirituais, que podem se conectar com forças espirituais consonantes, “demônios” cujo trabalho está nessas frequências. Ninguém fica possesso sem querer, sem se deixar ficar, e para isso, apesar de ser efeito de fraqueza moral, é necessária muita força mental produzindo energia espiritual. “Demônios” não possuem a consciência do ser humano com facilidade, senão bastaria que qualquer um de nós desejasse qualquer pecado para sermos tomados pelo mal. 
      Moral e espiritual são áreas intimamente ligadas, isso é o que diferencia a visão cristã de espiritualidade de outras, como esotéricas e mágicas, nessas visões até se sabe que determinado nível moral atrai nível espiritual relativo, mas conexão com baixo nível espiritual é feita e não evitada. Falando de um jeito que o cristão entende, não se pode ter comunhão com Deus sem santidade, assim como Deus atrai-nos a ser mais santos e com virtudes morais mais altas. Dentre essas virtudes está o domínio próprio e a serenidade, enquanto que comunhão com espíritos malignos leva ao oposto disso. 
      Enquanto comunhão com Deus leva a valores morais do bem e da luz, o que popularmente é chamado de espiritualidade, comunhão com espíritos malignos conduz aos prazeres, vícios, egoísmos e maldades, do corpo material. Espírito maligno também é espírito e portanto também permite experiência espiritual, mas essa experiência abaixa o ser humano moralmente, o leva a perder o controle sobre si e a exaltar a ira, o ódio, a inveja, o ciúmes, o apetite desenfreado pelos prazeres do corpo, o sensualismo e tantos outros males. Deus torna o homem livre, o diabo torna-o escravo. 
      Muitos confundem o conceito de liberdade, ser livre não é poder fazer tudo o que se deseja, isso incluiria coisas prejudiciais, liberdade é poder não ter que fazer tudo, só as coisas benéficas. Livres podemos escolher “subir” para a luz mais alta, conectados e felizes, escravos caímos no caos das trevas, soltos, mas em sofrimento. Toda interação espiritual com as trevas pode ser chamada de possessão (ou obsessão) pois controla o homem impedindo-o de fazer a melhor escolha, já com a luz sempre torna o homem mais forte para que tenha controle sobre si e escolha seguir para Deus. 
      Existem vários níveis de possessão, e não somente aquele nível que a grande maioria de evangélicos conhece e chama de possessão. Assim, muitos podem frequentar igrejas, conhecerem as doutrinas bíblicas, cantarem louvores, se vestirem e falarem como cristãos, mas ainda assim terem algum nível de possessão. Por lado há líderes de religiões espíritas e de práticas mágicas e esotéricas que “trabalham” com outros espíritos, mas não ficam possuídos, se você orar em nome de Jesus e colocar a mão sobre suas cabeças eles não mudarão o tom da voz nem se jogarão ao chão descontrolados. 
      Isso não significa que esses não tenham conexões íntimas com espíritos das trevas, mas de alguma maneira eles conseguem manter-se sob controle. O Espírito Santo gera o bem, “sintonizados” nele somos ungidos com o seu fruto, já os espíritos rebeldes o são porque não querem subir para Deus, conectarem-se com o Espírito Santo, assim vibram em coisas ruins, obras da carne. Quem faz o mal pode sintonizar-se também com espíritos maus, e se o ser humano que faz o mal permitir, a conexão pode ir além de sofrer influências mentais, mas ter consciência e corpo subjugados.  

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sexta-feira, março 03, 2023

Diabo 5G (2/2)

      “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.Gênesis 3.6-7

      Na evolução do homem o pecado “evoluiu”, o “diabo” mudou, os “demônios” sintonizados pelo pecado do homem mudaram. A cabeça do homem muda e configura-se para “demônios” atualizados. Ainda assim, muitos púlpitos teimam em pregar só contra os pecados mais baixos, o que não é em si um erro, já que muitos que procuram igrejas evangélicas no Brasil hoje querem libertação de pecados básicos. O erro está em achar que o “diabo” parou aí, que só adultério, bebedice, ira, roubo e assassinato, são sua agenda. 
      O erro é impedir um camundongo de passar e deixar solto um paquiderme, pois isso hoje o “diabo” não quer tirar as pessoas das igrejas. Não digo que pecados básicos corram solto, não na maioria das igrejas, há uma atenção com adulterar, beber, fumar, matar e roubar, mas tirando isso muitos cristãos estão livres para viverem um cristianismo infantil. Isso só trata um nível de pessoas, quando são as do outro nível que liderarão o planeta no final. Ao “diabo 5G”, chamemos assim, grande parte das igrejas não combate. 
      Longe de Deus há trevas, e mesmo que as pessoas estejam munidas de informações científicas, de bandeiras sociais de respeito às minorias e não à intolerância, fazendo o que podem para respeitarem e manterem o planeta, terão vidas torturadas pelo mal. Ciência cura o corpo, até ajuda a acalmar a mente, mas não dá paz ao espírito. Pessoas num nível espiritual superior até superam pecados do primeiro nível com facilidade, mas na arrogância tentam vencer os pecados do seu nível com a ciência, não com Deus. 
      O fim voltará ao início, para as palavras da “serpente médium” (Gênesis 3), fechando assim o loopa serpente não propôs um mal direto ao homem, mas uma vida melhor através do conhecimento, o fogo do mito grego Prometeu. A ciência não é do diabo, mas pode ser usada como instrumento do mal quando afasta o homem de Deus. No fim será exaltado o conhecimento do homem para tentar construir um planeta melhor sem Deus. A estratégia do “diabo 5G” do final dos tempos, já nos foi revelada no início da Bíblia 
      O “diabo” não disse ao casal mítico que se comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal poderia usufruir mais os prazeres do corpo, comer, beber, fazer mais sexo, por exemplo, de maneira ilimitada, sem restrições morais. Não, pelo próprio nome da árvore, portanto sendo colocada no jardim por Deus e não pelo “diabo”, o fruto concederia “conhecimento”, semelhante ao que Deus possui. Note que o homem já foi tentado num segundo nível de pecado, portanto numa agenda do “diabo 5G”. 
      A última ilusão da matéria achará ter destruído Deus pelo ateísmo, não aceitará a relação pessoal com um Deus de amor que o evangelho de Jesus ensina, ainda que estará aberta às “boas energias” e ao auto-controle vindos da prática de meditação de religiões orientais. Mas isso será só uma tentativa, a última de uma era, ainda que apoiada por muitos, nesse momento os que viverem uma comunhão verdadeira com Deus sofrerão, não risco de vida, mas a pressão de grande parte da sociedade para negarem o que vivem. 
      Eu tenho algum receio de dar palavra como essa, muitos cristãos são imaturos, não buscam orientação do Espírito Santo, só querem leis para obedecerem cegamente. Assim, o perigo de dizermos que ciência poderá ser usada como instrumento do mal, é muitos usarem isso como álibi para serem negacionistas, verem o diabo na ciência e se colocarem contra aqueles que defendem a ciência. Quem faz isso comete o mesmo equívoco que os que usam ciência para negar a Deus cometem, o extremismo, que nunca é útil. 
      Será que a igreja está preparada para o “diabo 5G”? Penso que não, prova disso vemos hoje, quando muitos evangélicos apoiam lideranças cristãs e políticos que se dizem cristãos, mas que só combatem um “diabo” ultrapassado. Uma armadilha foi armada e muitos evangélicos caíram, olharam para trás e deixaram de ver o futuro. Olhar para trás é mais fácil, basta ler a Bíblia e obedecê-la ao pé da letra, isso bastou para o cristianismo antigo, que tentando ser usado hoje traz mais trevas que luz, conflitos que paz.
      Olhar para frente envolve trabalho, espiritual e intelectual, que confronta teorias com prática, mitos com verdade, fé com ciência, e que acha orando a Deus respostas diretas do vivo Espírito Santo. Mas calma, isso é só uma fase, logo passará, enganam-se os que acham que o confronto que um cristianismo faz hoje a um “diabo” envelhecido é o fim. No fim, que também será só o fim de mais uma era e não do mundo, teremos que enfrentar o “diabo 5G”, e esse será vencido com a virtude do Espírito Santo em todos os seres.

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quinta-feira, março 02, 2023

O diabo muda (1/2)

      “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.Gálatas 5.19-22

      O mundo hoje tem pessoas em níveis espirituais diferentes, esses níveis são diferenciados não pelas virtudes que as pessoas praticam e devam praticar, objetivos morais são os mesmos para todos sempre. A diferença está no tipo de “pecado” que as pessoas têm que superar para poderem ser virtuosas. Paulo dá uma relação de “pecados”, digamos assim, no que denomina obras da carne, opondo-se ao fruto do Espírito, citado no singular, mas que compreende um grupo de virtudes, conforme texto bíblico inicial. 
      As obras da carne são efeitos de escolhas erradas nossas, o fruto do Espírito é o efeito da obra de Deus em nós quando fazemos a escolha certa. Quando pecamos o fazemos por nossa exclusiva vontade, quando somos virtuosos duas vontades se associam, a nossa, querendo não pecar e permitindo que o Espírito Santo nos ajude nisso, e a vontade do Espírito Santo, manifestando as virtudes, o seu fruto, em nós. Se no pecado estamos sozinhos, nas virtudes Deus nos auxilia, assim só serão virtudes se houver também a ação de Deus. 
      O ponto importante do texto bíblico inicial ensina, não sobre os efeitos, aquilo que o homem pode ou não praticar, mas sobre a causa que o leva a praticar isso ou aquilo, a causa é a presença do Espírito Santo. Isso, ainda que com uma experiência real com o Espírito de Deus o homem possa errar, e mesmo que o homem não creia em Deus e nunca tenha provado comunhão com seu Espírito de forma plena, possa levar uma vida moralmente equilibrada, pelo menos socialmente, na aparência, naquilo que as pessoas veem. 
      O pecado mais importante do homem, do qual se origina todos os outros, é não crer em Deus. O ser humano poderá ter uma vida correta se não crer em Deus? Sim, mas só através de suas próprias forças, e ainda que vença certas fraquezas estará em trevas, mesmo que tenha certos controles terá uma alma perturbada, sem paz interior. Crer em Deus não é só acreditar em sua existência, mas confiar a vida a ele, receber perdão dele, fazer sua vontade, isso persistentemente até o fim da jornadas humana neste mundo. 
      O “diabo” mudou e muitos cristãos não perceberam. Por que ele mudou? Porque o homem mudou, sim, meus queridos irmãos evangélicos, por mais difícil que seja para muitos entenderem isso, o “diabo” não é um conceito absoluto, como é Deus, imutável nas virtudes mais elevadas, o “diabo” muda com o tempo. Para melhor? Por um lado até poderíamos dizer que sim, mas por outro lado pode se tornar mais sofisticado e sutil, assim, mais difícil de ser identificado. Se o pecado no homem muda o “diabo” muda também. 
      Como já dissemos, nossas mentes são receptores de ondas espirituais, comparando com frequências as mais baixas sintonizam espíritos malignos e a mais alta o Espírito Santo. Espíritos malignos fazem “trabalhos” distintos, mais ou menos conforme as obras da carne de Gálatas 5.19-22quando queremos um pecado um demônio específico pode entrar em sintonia conosco. Mas o fruto do Espírito Santo é citado no singular porque só há um Espírito, assim, sintonizados em sua frequência temos acesso a todas as virtudes.
      Vemos essa mudança do pecado e do “diabo” verificando o estilo de vida do homem antigo, de guerras sangrentas e constantes. Como você acha que era a psique de um ser humano que vivia numa sociedade que banalizava a violência e a morte? É certo que podia haver um contrapeso, o homem antigo era menos sensível que somos atualmente, assim era menos impressionado pela barbárie. Mas eis outra coisa que evangélicos precisam aceitar, quem deu evolução ao homem, mesmo moralmente, não foi a religião.
      Não estou me referindo a Jesus, esse foi, é e sempre será o caminho reto e direto para o Altíssimo, contudo, o catolicismo e o protestantismo não entregaram esse Cristo puro à humanidade, por isso a providência usou a ciência para colocar o homem novamente em sua trajetória evolutiva. Vivemos um tempo especialmente difícil, onde a velha ordem do cristianismo resisti à nova ordem da ciência, um conflito inútil. Quando essa guerra tiver fim, e quem tem que finda-la são os cristãos, Jesus será exaltado. 
      Quando me refiro à ciência me refiro à medicina, psicologia, antropologia, pedagogia, à ciência política e tantas tecnologias que tiraram o homem do trabalho duro do campo e o levaram aos centros urbanos. Essas ciências conduziram a humanidade a uma evolução civilizatória, trouxe a democracia, desconstruiu o sexismo, acabou com a escravidão, o homem parou de temer o “Deus” da igreja. Ainda temos problemas e o cristianismo não entendeu que seu lugar não é opor-se à ciência, mas houve evolução.

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a 2ª parte desta reflexão

quarta-feira, março 01, 2023

Podres poderes

      “Pois quem no céu se pode igualar ao Senhor? Quem entre os filhos dos poderosos pode ser semelhante ao Senhor?” Salmos 89.6

      Aqueles que acham que os responsáveis pela situação ruim da sociedade são maus políticos ou maus eleitores, seja no Brasil ou no mundo, se enganam. A ordem dos poderes no mundo é a seguinte, econômico, midiático e político, esses são os três principais, além desses temos outros dois secundários, da religião e da ciência, que podem ser manipulados pelos outros três. Isso significa que jornais, redes de televisão e publicidade, obedecem ao poder econômico e têm pouco interesse nos políticos, o poder político por sua vez também obedece o poder econômico, ainda que possa ser manipulado pela mídia.
      A religião, enquanto fé no espiritual, pode ser manipulada pelos três poderes principais, mas como intenção econômica, que sempre possuiu, pode manipular os outros poderes. Ingênuos os que veem religiões como puramente espiritual, nunca foi assim, principalmente no cristianismo, ainda que comecem puras, sempre se corrompem, todas elas. A ciência, contudo, pode possuir adeptos ainda mais ingênuos que a religião, pois esses creem que a ciência, por ser dona do ponto de vista mais verdadeiro, está acima dos outros poderes, não podendo ser por isso manipulada, mas ela é, ainda que tenha a mídia a seu favor. 
      A ciência precisa de investimentos para ser realizada, quem paga tem interesses e ideologias, financiará o que lhe for interessante para estabelecer na sociedade seus objetivos, isso nas mais diversas áreas. Assim certos remédios ganham investimentos e outros não, certas doenças são curadas e outras não, certos combustíveis são desenvolvidos e outros são mantidos, certos aprofundamentos históricos são feitos e outros temas são mantidos no desconhecido. Se há grana envolvida, para fazer algo ou para se ganhar com algo feito, há escolhas, há conveniências, não para o bem da maioria, mas para o lucro de alguns. 
      Economia como poder em si mesmo é algo mais recente, no passado da civilização ocidental os poderes religioso e político se misturavam, sacerdotes tinham poder político e imperadores se diziam legitimados pelo divino. Poder econômico era direito dos vencedores nas guerras e com poderes religioso e político, os outros se resignavam à opressão como seus destinos. Poder econômico só passou a existir independente de realeza e clero pelas revoluções progressistas da burguesia, que derrubaram o conservadorismo, permitindo a qualquer um que acumulasse riqueza, ser poderoso e interferir na sociedade, na política e na mídia. 
      O poder da mídia é a informação, ela também existia nos tempos mais antigos. Quando um novo faraó egípcio tomava poder, destruía as obras do faraó anterior e construía novas, ele erguia e mantinha com exclusividade monumentos de sua pessoa, de seu poder. Quem visse esses monumentos algum tempo depois, caso eles resistissem aos anos e não fossem destruídos por outro faraó, acharia que o faraó que os tinha construído fosse único e eterno, baseado na informação presente. A escrita, o jornal, os livros, enfim, a informação democratizada, ainda que também manipulada, daria às mídias poder em si mesmo. 
      Mídia é um poder que tem sido modificado nos últimos tempos pela internet e redes sociais, onde não é preciso ser profissional ou disponibilizar informação paga, qualquer pessoa pode criar uma informação e divulgá-la para todos em tempo real. Mas ainda que tenha autoria individual a informação é manipulada, e como tal cumpre a intenção de algum poder. O dono da informação pode até achar que divulga algo com independência, de acordo com suas ideologias políticas ou religiosas, mas mesmo ele pode não saber que é influenciado por um poder econômico, que se não o manipula, manipula sua religião e seu ideal político. 
      O filme de Orson Welles, “Cidadão Kane”, para muitos o melhor filme de todos os tempos, que conta história baseada no magnata da imprensa William Randolph Hearst, coloca um conceito da modernidade, informação é poder. Ainda que adeptos ingênuos creiam que a imprensa, ou parte dela, seja isenta e não responda a ninguém, ela tanto manipula como é manipulada pelo poder econômico. Há crentes ingênuos de todos os poderes, religioso, político, midiático, mas dinheiro compra tudo, e quando o poder alcança um nível, não é mais para adquirir mais bens, mas simplesmente para ser poder. Poder é fim em si mesmo. 
      Em quem confiar? Em Deus, mas no Deus verdadeiro, não naquilo que o poder econômico, o midiático, o político, o religioso e o científico dizem que Deus é, já que tudo que tem a mão do homem se corrompe, assim é preciso independência de pensamento e de escolha para achar Deus. Pensar e escolher implicam em não se abrigar debaixo dos poderes deste mundo, isso não é fácil, requer coragem, um compromisso pessoal com o genuíno Deus. O abrigo dos poderes deste mundo são sedutores, conferem aprovação de homens, desobriga de trabalho intelectual e espiritual, mas quem se liberta deles conhece o real todo-poderoso.