quarta-feira, março 27, 2024

Qual o tamanho do diabo? (7/10)

      “Ora, pois, fala agora aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Eis que estou forjando mal contra vós; e projeto um plano contra vós; convertei-vos, pois, agora cada um do seu mau caminho, e melhorai os vossos caminhos e as vossas ações. Mas eles dizem: Não há esperança, porque andaremos segundo as nossas imaginações; e cada um fará segundo o propósito do seu mau coração.Jeremias 18.11-12 

Desculpe-me os versículos um tanto negativos,
a ênfase da reflexão é o termo “imaginações”,
todos somos enganados por nossas imaginações
de vez em quando, nelas pode não haver esperança,
em Deus sempre há, se há conversão em nós.

      Histórias (ou estórias) de fantasmas, de monstros, em livros e filmes de terror, sobre o sobrenatural, sobre pactos com o diabo e sobre conjurações demoníacas, quantas coisas medonhas lemos, vemos e ouvimos nisso tudo. Se estudarmos a história da humanidade veremos que a ideia que o ser humano faz do diabo muda, a imagem mais popular que temos hoje de satanás (recomendo leitura do texto desse link, bem esclarecedor) foi construída pelo catolicismo da idade média. Mas essa ideia mudou conforme o medo do ser humano de um tempo, nos tempos mais antigos o medo era dos fenômenos da natureza, do raio, das tempestades, do vento, de desastres naturais e mesmo dos oceanos não mapeados e de meteoros e astros.
      Na antiguidade o medo era de exércitos inimigos de nações distantes, na idade média o medo da peste negra assolou a Europa, mas aproximando-se o século XX o medo tornou-se mais subjetivo, moral, psicológico, espiritual. A ciência colaborou curando muitas coisas e explicando outras, assim como descobrindo mecanismos, que ainda que invisíveis a olhos nus, existem dentro do ser humano e o influenciam, como vírus, elementos atômicos, e mesmo conceitos psicológicos como subconsciente e traumas. Ainda assim muitos insistem numa ideia antiga do diabo como sendo a verdadeira, não aceitam que o diabo tem o formato do mal que fantasiam dentro de suas mentes. Qual o tamanho do teu diabo? 

“Questões sobre o diabo”,
reflexão em dez partes
José Osório de Souza, 19/06/2022

terça-feira, março 26, 2024

“Sinto algo estranho” (6/10)

      “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” Jeremias 17.9-10 

      Você já deve ter dito, ou ouvido alguém dizer, “sinto algo estranho, não me passa boas impressões”, aliando algo, alguém ou alguma coisa, palavra ou atitude, a algo mau, diabólico. Até que ponto podemos confiar em nossos sentimentos e percepções? Na verdade podemos confiar, se uma percepção existe é porque fomos impressionados de alguma forma por algo diferente, o que não podemos é confiar em qualquer interpretação desse sentimento. Muitos fazem com que nos sintamos mal, não por serem maus para Deus, mas por nos deixarem desconfortáveis, e ficamos assim porque nos baseamos em nós, não em Deus. Quando baseados em Deus, percepção ruim pode de fato ser efeito de ação real de mal verdadeiro.
      Mas quem está pronto para esse discernimento? Mesmo quem busca esse discernimento em verdade e com esforço prova-o de forma gradativa, Deus sempre responde, mas de formas adequadas às limitações do que pergunta. Uns perguntam onde está o mal e Deus diz que está num país, outros fazem a mesma pergunta e Deus responde que está numa região do país, a outros responde que está numa cidade, finalmente a outros Deus diz que está num ser específico. Verdades genéricas também são verdades, mas protegem despreparados para verdades específicas. Para que verdades estamos prontos, já amadurecemos o suficiente para minúcias, ou Deus tem que nos tratar como crianças dando-nos só informações genéricas?

“Questões sobre o diabo”,
reflexão em dez partes
José Osório de Souza, 19/06/2022

segunda-feira, março 25, 2024

Com o diabo na cabeça (5/10)

      “E vos renoveis no espírito da vossa mente; e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.Efésios 4.23-24

      Há um medo intrínseco dentro de todo ser humano, isso desde que o primeiro homo sapiens recebeu um espírito, pôde ter comunhão com o mundo espiritual e interagir com o mundo físico diferentemente de como animais irracionais interagem. De que é esse medo? A mente pode ligar os pontos e aliar medo a coisas diferentes, a homens, à natureza, a espíritos, coisas visíveis e invisíveis, que existiram, existem ou existirão. Que nomes e formas são dados aos medos na mente dos seres humanos? Depende, da formação emocional, intelectual e religiosa da pessoa, da sociedade e da cultura onde vive, do momento histórico em que vive, do grau de desenvolvimento científico de seu meio e do acesso que tem a esse desenvolvimento. 
      Isso nos faz pensar até que ponto o que muitos dizem, pensam e escrevem, incluindo em textos religiosos, sobre o diabo, é sobre um ser real, ou é só criação de mentes humanas, isso ainda que de fato existam seres espirituais malignos e que escolhem ficar assim por muito tempo. Conexão espiritual se faz pela mente, seres espirituais malignos reais se aproveitam de mentes doentes, assim confirmam mentiras que essas criam sobre eles, se falassem a verdade não seriam maus, mentira vangloria o mentiroso. O diabo não pode ser um só para todos, examinemos mitologias de tempos e sociedades diferentes e constataremos isso. O mal é um, o diabo tem muitas caras, será então que podemos limitar o diabo ao conceito cristão? 


“Questões sobre o diabo”,
reflexão em dez partes
José Osório de Souza, 19/06/2022

domingo, março 24, 2024

E se o diabo não existisse? (4/10)

      “Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora? Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” Mateus 15.17-19

      Alguns dizem que uma das melhores táticas do diabo é convencer as pessoas que ele não existe, concordo com isso. O diabo existe! É real o suficiente para fazer muito estrago nas cabeças e nas vidas das pessoas. Entretanto, a questão é: que estética formal ele tem e que armas ele usa? Isso é muito variável e subjetivo. Por incrível que pareça uma figura que algumas pessoas chamam de Deus dentro delas, pode na prática estar fazendo mais papel do diabo em suas vidas. Quando se crê num “Deus” prepotente, cobrador e punidor, se crê mais na dor que um ser poderoso causa se for desobedecido que propriamente no ser e em seu amor. Muitos respondem, “você está fazendo apologia a um “Deus” que por amor aceita o pecado”. 
      Não estou! Quem quer viver em pecado não busca a Deus, se busca, não acha, e se acha não consegue continuar perto dele. Deus não faz sofrer quem lhe desobedece, é o desobediente que não quer assumir seu erro e deixá-lo que se afasta de Deus. Longe de Deus há inferno, simples assim, e há a companhia de seres, físicos ou espirituais, que também querem ficar longe de Deus, seres que podemos chamar de demônios, também simples assim. Deus nunca deixa de ser santo, assim como nunca deixa de amar e atrair o ser humano, mas só fica perto de Deus, num “céu”, quem se santifica e ama, novamente digo, simples assim! Que papel tem um ser que permanece por muito tempo mau, um “diabo”, nisso? Prejudica só a si mesmo.

“Questões sobre o diabo”,
reflexão em dez partes
José Osório de Souza, 19/06/2022

sábado, março 23, 2024

Deus precisa do diabo? (3/10)

      “Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.Isaías 45.6-7

      A premissa da teologia da tradição judáica-cristã, mais católica que judáica ou cristã, é a de uma eterna rivalidade entre dois polos. Dessa forma Deus é mostrado muito mais como Senhor dos exércitos, que sempre vence guerras aniquilando inimigos, que como Pai de amor, que redime a todos. Apesar do catolicismo ter alinhavado uma doutrina que tenta mixar o Cristo do evangelho de amor com o Senhor dos exércitos da velha aliança, se pararmos para pensar com cuidado isso é inviável, ou Deus é uma coisa ou é outra. Contudo, protestantes e evangélicos aceitam essa doutrina esquizofrênica como verdade, porque ela é razoável? Não, porque eles têm medo de pensar e pôr alguma dúvida nela, dúvida é do diabo, creem muitos.
      O Pai de amor não precisa do diabo, o Senhor dos exércitos, sim, não se pode ser vencedor glorioso em batalha sem ter oponente à altura. Luke Skywalker precisa de Darth Vader, ainda que esse seja seu pai, que ironia nessa ficção, mas com um mistério real. Se um deus precisa manter um mal eterno para ser deus, ele depende do mal, não é cem por cento poderoso e bom. Ou é fraco por não poder aniquilar o inimigo, ou é sádico que mantém criatura sua em infinito tormento. Um Deus cem por cento bom não precisa do diabo, seu amor é suficientemente poderoso para transformar todo mal em bem, ainda que demore uma eternidade, dando a todos sempre livre arbítrio. Se o diabo não existisse, será que muitos cristãos seriam cristãos? 

“Questões sobre o diabo”,
reflexão em dez partes
José Osório de Souza, 19/06/2022

sexta-feira, março 22, 2024

Confortável maniqueísmo (2/10)

      “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.Apocalipse 20.10

      O versículo acima é a última citação bíblica sobre o diabo, pela teologia cristã tradicional revela um dos eventos terminais da história da humanidade. Creio que ele tem um ensino importante de Deus para o ser humano, mas não penso que seja o ensino da velha e confortável interpretação maniqueísta da Bíblia. Essa entende que o mal do universo está centrado num único ser espiritual, que se não nasceu mau escolheu sê-lo e isso não mudará mais. Ainda que o ser humano tenha livre arbítrio para escolher em que lado quer ficar, se do lado do bem ou do mal, assim, se do lado de Deus ou do diabo, e se escolher o lado do diabo terá o mesmo e eterno fim que ele, o diabo e seus demônios não têm direito a livre arbítrio, não mais. 
      Esse entendimento cria, mantém e empodera o mal quase que com potências iguais a Deus, quase, já que no final ele perde. Católicos e evangélicos aceitam isso como dogma, e questionar isso, mesmo na menor instância, é se colocar do lado do diabo. Esse dogma mantém-se vivo pelo medo do diabo, já que mesmo quem não tem aquela comunhão mais profunda e gratificante com Deus, permanecerá vendo as coisas desse jeito com medo de sofrer as penas reservadas por esse Deus ao diabo. Assim caminha a cristandade, com pouca fé em Deus, mas com muito medo do diabo. Você já se questionou até que ponto se diz cristão e crê na Bíblia, não porque tem paz e vitória com isso, mas porque tem medo de duvidar disso? 

“Questões sobre o diabo”,
reflexão em dez partes
José Osório de Souza, 19/06/2022

quinta-feira, março 21, 2024

Por que há diabo na Bíblia? (1/10)

      “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.Gênesis 3.1-5

      O texto inicial contém aquilo que a tradição judaica-cristã considera a primeira citação bíblica do diabo, ainda que nenhum de seus nomes conhecidos seja usado. No antigo testamento o termo diabo não é citado, o termo satanás é citado 14 vezes, só no livro de Jó, e outras 5 vezes em outros livros, já o termo lúcifer é citado uma vez (“estrela da alva” em Isaías 14.12), belial, outro termo atribuído ao diabo, aparece 12 vezes. Nessa estatística usei uma versão tradicional da Bíblia, mas o número pode variar de versão para versão, mas nessa diabo aparece só 32 vezes em todo o antigo testamento. Outras citações no antigo testamento ficam por conta dos nomes dos deuses das nações não israelitas, baal, baalim, astarote, quemós, milcom. 
      No novo testamento, menor no texto e no tempo que descreve, consta pelo menos o dobro de citações de termos usados para diabo. Por que existe um diabo na Bíblia? Porque existia um diabo na cabeça das pessoas que registraram a Bíblia, e pelo que parece mais na cabeça das pessoas do novo testamento que do antigo. O monoteísmo não unificou Deus, mas os seres espirituais do mal, assim foi criado o maniqueísmo, a luta de um único Deus contra um único diabo. Mas “autorizando” santos como intermediários entre seres humanos e Deus, o catolicismo dividiu Deus como os judeus do antigo testamento não faziam. O mal se tornou um, o bem, muitos, será que dessa forma o catolicismo não distanciou Deus e aproximou o diabo? 

“Questões sobre o diabo”,
reflexão em dez partes
José Osório de Souza, 19/06/2022

quarta-feira, março 20, 2024

Politeísmos e monoteísmo (3/3)

       “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós. Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.Efésios 4.4-7

     A grande contribuição que a religião dos israelitas dos tempos do antigo testamento entregou ao cristianismo e à humanidade, principalmente à ocidental, foi o monoteísmo. Mas seriam os santos católicos um retrocesso, uma volta ao politeísmo? Não, ainda que para muitos possa ser. Repetindo, o ponto não é a forma do objeto usado para focar fé e espiritualidade, mas a intenção dentro do coração do que foca. Na verdade sempre houve e sempre haverá politeísmo, assim como sempre houve e sempre haverá um Deus superior às potestades e aos principados espirituais, todos os seres que existem no plano espiritual, anjos, demônios, desencarnados, entidades, seja lá o nome que se dê, dentro ou fora da tradição judáica-cristã. 
      Quem muda é o ser humano, que com o upgrade da ciência denomina seres espirituais com nomes diferentes. Panteão greco-romano, santos católicos, almas de mortos, anjos e demônios, não seriam a mesma coisa? A lição a aprender é que a evolução científica e emocional do ser humano cria imagens mentais diferentes de seres espirituais reais. Não pense que eu não queira concluir esta reflexão, mas não devo, faltaria com respeito com muitos e escandalizaria outros, o que posso é dar meu testemunho. Conecto-me com o Deus Altíssimo por Jesus, experimento essa conexão, falando e ouvindo, pelo Espírito Santo. Se esses nomes estiverem na relação manteremos contato seguro com o bem e a verdade maiores.

terça-feira, março 19, 2024

Ídolos e santos, a mesma coisa? (2/3)

      “Portanto dize à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Contaminai-vos a vós mesmos a maneira de vossos pais? E vos prostituístes com as suas abominações? E, quando ofereceis os vossos dons, e fazeis passar os vossos filhos pelo fogo, não é certo que estais contaminados com todos os vossos ídolos, até este dia? E vós me consultaríeis, ó casa de Israel? Vivo eu, diz o Senhor Deus, que vós não me consultareis. E o que veio à vossa mente de modo algum sucederá, quando dizeis: Seremos como os gentios, como as outras famílias da terra, servindo ao madeiro e à pedra.Ezequiel 20.30-32

      Talvez o principal motivo de protestantes e evangélicos condenarem tanto católicos por usarem santos como intermediários entre eles e Deus, seja a visão dos outros deuses e de ídolos que lhes é passada pela história de Israel no antigo testamento. Mas ídolos do antigo testamento e santos católicos são a mesma coisa? A diferença não está na forma do objeto usado para focar fé e espiritualidade, mas na intenção do coração do que foca. Uma criança no interior da Sibéria, que nunca ouviu falar de Jesus e que não recebeu a construção de nenhuma mitologia da tradição judaica-cristã, não pode, num momento de dor e solidão, orar ao Deus verdadeiro? Pode, e poderá achá-lo mais que muito evangélico em templos no Brasil. 
      Pode-se argumentar: “essa ignorância ingênua é válida para quem não tem conhecimento, no Brasil católico de hoje, o Cristo é apresentado como único caminho, se católicos não trilham por ele é por rebeldia”. Não necessariamente, a fé de cada ser é algo pessoal e fechado, católicos genuínos não abandonam suas crenças tanto quanto evangélicos não largam. Quando se quer crer, se acha motivos, obtém-se provas que a crença funciona, evangélico não duvide das experiências de fé que católicos têm crendo em Maria. Mesmo os chamados pelos judeus de falsos deuses e ídolos vazios construídos por outros povos, podiam receber boa intenção e estabelecerem contato com Deus, não com o diabo. Deus sabe do coração de cada um. 

segunda-feira, março 18, 2024

A todos fala de muitas formas (1/3)

      “Filhos dos homens, até quando convertereis a minha glória em infâmia? Até quando amareis a vaidade e buscareis a mentira? Sabei, pois, que o Senhor separou para si aquele que é piedoso; o Senhor ouvirá quando eu clamar a ele.Salmos 4.2-3

      Por que achar que Deus fala comigo e não fala com o outro? Por que devo me considerar mais espiritual ou mais digno por crer diferentemente do outro? Por que, como protestante ou evangélico, devo pensar que eu falo com Deus, enquanto que outros, incluindo católicos, falam com o diabo? Até que ponto é agradável a Deus achar que porque uso os protocolos protestantes, orando só em nome de Jesus, tenho um acesso privilegiado a Deus, que aqueles que falam através de homens e mulheres falecidos, ainda que canonizados por uma secular instituição cristã, os santos, ou mesmo por outros nomes e entidades, não têm? Será que Deus funciona assim, quem ora por Cristo ele ouve, quem não ora ele simplesmente desconsidera? 
      Você, evangélico, que olha com certa repulsa católico rezar para santo, tem na prática mais devoção, fé, frutos de amor, santidade e justiça, que o católico? Muitos protestantes e evangélicos têm pecado contra Deus, não por não viverem do jeito certo, mas por condenarem o jeito de viver para Deus dos outros. Deus me chamou no cristianismo protestante, depois me mostrou a intimidade dos dons espirituais, por nada abro mão de Jesus e do Santo Espírito, mas também, e isso a duras penas, Deus me ensinou a não condenar ao inferno católicos e outros religiosos. Ainda que no meu ponto de vista muitos percam por não usarem o caminho reto e exclusivo do Cristo, Deus chama pessoas em religiões diferentes por sábias razões suas.

domingo, março 17, 2024

O engano se repete (2/2)

      “Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça? Então disse Jesus à multidão: Saístes, como para um salteador, com espadas e varapaus para me prender? Todos os dias me assentava junto de vós, ensinando no templo, e não me prendestes. Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram.Mateus 26.53-56

      A igreja hoje comete engano semelhante ao que judeus cometeram quando Jesus homem veio. Os judeus interpretavam as profecias sobre a vinda de um messias como a vinda de um novo Davi, um rei liderando exércitos contra opressores de Israel, naquele momento, os romanos. Ao invés disso veio um homem comum, um professor, não um político ou militar, pregando amor aos inimigos. Hoje muitos evangélicos esperam uma segunda vinda equivocada do Cristo, e ainda que não esperem um messias físico liderando exércitos físicos, mas exércitos espirituais, creem que será uma vinda visível no plano físico, para fazer justiça contra inimigos, não só de Israel físico, mas do Israel espiritual, a igreja, “corpo de Cristo”. 
      Mesmo os apóstolos, selecionados dentre os discípulos, íntimos de Jesus, na maior prova não tiveram firmeza suficiente para enfrentar a situação corretamente. Penso que nos últimos anos o povo evangélico brasileiro, assim como outros cristãos, têm sido provados, mas infelizmente muitos têm sido reprovados nessa prova. O engano que existia, mas que restringia-se aos templos, veio a público quando um político se disse defensor da tradição judaica-cristã, ao invés de exercerem amor muitos preferiram usar espadas. Deve ser assim para que a verdade sobre o falso cristianismo venha à tona, que haja tempo para que arrependidos muitos possam provar o amor de Jesus, senão provarão a espada que eles próprios levantaram, oremos. 

sábado, março 16, 2024

Espada ou amor? (1/2)

      “Disse-lhes pois: Mas agora, aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e, o que não tem espada, venda a sua capa e compre-a; porquanto vos digo que importa que em mim se cumpra aquilo que está escrito: E com os malfeitores foi contado. Porque o que está escrito de mim terá cumprimento.” 
Lucas 22.36-37
       “Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam. E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.
Mateus 26.50b-52

      As duas passagens acima, interpretadas ao pé da letra, vendo a Bíblia só como uma lista de leis morais, contradizem-se, numa Jesus parece mandar comprar espada para que fosse defendido dos que viriam aprisioná-lo, na outra ele recrimina o uso de espada para defendê-lo dos que o estavam aprisionando. Em Jesus nunca há contradição, já a religião cristã de homens neste mundo pode “forçar” a interpretação de muitos textos, para criar entendimentos que homens acham mais convenientes a seus propósitos egoístas e gananciosos. Sem o Espírito Santo o ser humano não tem equilíbrio e lucidez, é extremista, assim tanto pode achar na Bíblia argumento para usar armas e violência como para ser passivo e manipulado. 
      Quem com espada fere com espada é ferido, eis a lei de plantio e colheita, de causa e efeito, ou como prefiram chamá-la, novamente ensinada. O velho “olho por olho, dente por dente” pode dar uma sensação temporária de solução, mas é só vingança. O mal só é anulado pelo bem, a violência e a injustiça, pelo amor. Ao ser humano cabe amar, eis o principal ensino de Jesus, e não tenhamos dúvidas, o universo, instrumento de Deus, sempre faz justiça, mas do jeito e no tempo de Deus. A nós cabe anular o mal dentro de nós e crer em Deus, há propósito para tudo, há no final honra e crescimento espiritual para o que confia em Deus e em suas orientações, não em sua visão humana, limitada e materialista da existência.  
      

sexta-feira, março 15, 2024

Mude porque há mais (4/4)

      “Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte, e aos teus tabernáculos. Então irei ao altar de Deus, a Deus, que é a minha grande alegria, e com harpa te louvarei, ó Deus, Deus meu.Salmos 43.3-4

      Alguns não mudam de opinião por crerem que já receberam o melhor de Deus para o homem. A jornada espiritual da existência possui várias armadilhas das trevas, e uso o termo por falta de outro melhor, nem acho que sejam armadilhas, só encruzilhadas para que aprendamos a fazer escolhas cada vez melhores. A 1ª está nas tradições familiares, a 2ª está na ciência, a 3ª está no desencanto e a 4ª está no medo do desconhecido. Nada há de errado nas bases morais e religiosas que recebemos de nossos pais, não se forem do bem, muito menos nada há de errado na ciência, pudera todos os seres humanos pudessem ser graduados e pós-graduados em alguma área, e mesmo o desencanto e o medo do desconhecido têm bons propósitos.
      Essas coisas são armadilhas quando se tornam zonas de conforto que nos fazem parar de caminhar, nos acomodarmos com algo que a princípio não é ruim ou mal, só fim de uma etapa. No desencanto é onde pode haver a grande iniciação espiritual, pois nele acordamos para muitas ilusões e mentiras. Contudo, é após termos nossas primeiras experiências de fé que somos confrontados com o desconhecido sem véu do Altíssimo. Apesar de iniciais, muitos podem passar toda a vida nessas experiências, achando-se religiosos maduros por isso. Mas esse início é momento de escolha, ou paramos na religião do mundo ou seguimos em direção aos conhecimentos mais profundos de Deus. Não pare, ainda há muito mais para saber e viver. 

Desafios para mudar,
reflexão em quatro partes
José Osório de Souza, 18/06/2022

quinta-feira, março 14, 2024

Mude porque pode (3/4)

      “Deveras todas estas coisas considerei no meu coração, para declarar tudo isto: que os justos, e os sábios, e as suas obras, estão nas mãos de Deus, e também o homem não conhece nem o amor nem o ódio; tudo passa perante ele. Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.Eclesiastes 9.1-2

      Alguns não mudam de opinião porque nunca tiveram opinião sobre algo e nem querem ter. Essa é uma disposição muito comum nos últimos tempos, niilista, o grau mais extremo da covardia, que não querendo ser hipócrita, o que é positivo, também não se aventura a crer. Crer não acerta de cara, nem é para acertar, e nem precisa, mas é pôr-se num caminho mais elevado que aquele que a ciência ilumina, o caminho eterno e espiritual. Há basicamente dois tipos de pessoas que se dizem ateias, as céticas que não creem no que a ciência não pode provar, e as revoltadas, que na verdade não são descrentes, mas opositoras aos crentes, assim não duvidam de Deus, mas do Deus dos outros, em grande parte, do Deus dos cristãos. 
      Eu disse pessoas que se dizem ateias, pois na verdade não creio que existam ateus, só quem não quer assumir qualquer crença por orgulho. O desafio do evangelista destes tempos, que se preferir pode chamar de “últimos tempos”, não é levar pessoas ao cristianismo, mas a Deus. O cristianismo do mundo, e que no mundo chegou a seu limite, permanecem nele os velhos covardes e hipócritas, que sabem que sua crença não funciona e não têm coragem de mudar, os loucos, que creem em qualquer coisa extremada para consolarem suas mentes doentes, e os materialistas, sim, há materialistas na religião, que querem usá-la para enriquecerem materialmente. Não adianta assistirmos tudo isso passivamente, temos que mudar.

Desafios para mudar,
reflexão em quatro partes
José Osório de Souza, 18/06/2022