terça-feira, abril 23, 2019

Pessoas são diferentes

      A afirmação parece simples, óbvia, as pessoas são diferentes, mas na prática não pensamos assim, e o pior é que nos pomos geralmente como referência para os outros, seja para o bem, seja para o mal. O que é pecado para um pode não ser para outro, e não me refiro a pecados básicos e convencionais, digamos assim, não sempre, aqui os de fato espirituais entenderão. O que algumas pessoas fazem corretamente com facilidade, outras têm dificuldades para fazer, o que não representa tentação para alguém, pode ser uma tentação terrível para outro. O que pode ser uma porta para um abismo profundo para alguém, por exemplo uma taça de vinho para um viciado em drogas e álcool, pode ser só um momento de relaxamento sem maiores consequências para outro.
      O importante é não julgar, achar que porque é fácil para nós, tem que ser fácil para o outro, ou por outro lado, não projetar no outro um defeito de caráter nosso, por exemplo taxar o outro de orgulhoso, quando os orgulhosos somos nós. Pessoas são diferentes, muitas bem melhores que nós e algumas até piores, mas a referência é Jesus, ele é a luz para todos, enquanto nós só devemos ter misericórdia uns dos outros, generosos uns para com os outros, não nos achando deuses que sabem tudo e que conhecem os corações. Só Deus conhece, e ele sempre dá novas oportunidades para que as pessoas acertem assim como espera sempre que estejam fazendo o melhor.
      “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria”, o capítulo 9 de II Coríntios se refere a coleta de ofertas materiais, aliás um texto bíblico que as igrejas evangélicas devem seguir como ensinamento para o tema e não textos do antigo testamento como Malaquias 3.10-11. Contudo, o verso 2 citado, pode ser usado como princípio para muitas coisas, incluindo as idiossincrasias humanas que fazem com que cada oferta, cada entrega, cada trabalho, cada ministério e mesmo cada dom espiritual, seja diferente.
      “Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente.”, Romanos 14.4-5 também nos faz uma exortação séria sobre julgar um servo que não é meu, nem seu, mas de Deus. Paulo, o possível escritor da carta aos Romanos, trata no texto sobre a conversão de alguns judeus ao evangelho, que diferentemente dos não judeus, pensavam que mesmo convertidos deveriam continuar obedecendo às leis da antiga aliança. 
      O autor não julga, nem proíbe essa atitude, antes ressalta que aquilo que alguém faz para Deus os outros não devem condenar, mesmo que discordem e mesmo que não façam. Na verdade, muitas coisas, mesmo morais, fazer ou não fazer não fazem diferença, não para Deus, mas se alguém acha importante que faça. Mas o que faz não condene o que não faz, nem o que não faz não se ache mais espiritual que o que faz, as pessoas são diferentes, Deus é senhor de pessoas diferentes, mas a todos trata com igual amor e dá iguais oportunidades e honra.
      “Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar”, atentemo-nos, contudo, a Mateus 18.6, devemos tomar cuidado com aquilo que para nós é liberdade, que isso não escandalize outro cristão que não tem essa liberdade. Esse cuidado devem ter principalmente os que servem nas igrejas, os com ministérios, os que pisam o que é chamado de “altar” (mesmo que no novo testamento esse conceito se refira ao coração e não ao palco e púlpito dos templos). Que minha diferença não faça mal a ninguém e seja aprovada pelo Senhor. 

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