sexta-feira, abril 26, 2019

O bom, o mau e o mal

      “E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; E não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.” João 2.23-25

      Quem não se incomoda com o mal ou é muito bom ou é mau!

      Quem se incomoda não é nenhuma dessas coisas, ainda que não se venda para fazer alianças com os maus, não é bom o suficiente para se por acima do mal, não em todo o tempo. Existe, dessa forma, uma diferença, algumas pessoas são más, outras são o próprio mal. O diabo não é um ser mau, ele é o mal, a própria maldade, a essência, a iniciativa primordial que cria o mal e influencia o universo. Alguns homens são semelhantes (ou querem ser), não são apenas maus, mas influenciam os outros com a maldade, manipulam os outros, mesmo através de coisas aparentemente boas. Esses são os que querem mais que dinheiro, eles querem poder, e poder vicia, quem o tem nunca está satisfeito e sempre quer mais. 
      Essa tentação tem os artistas, os políticos e mesmo os líderes religiosos. Artistas porque fazem arte para apresentá-la a outros, se esses os aplaudem, a missão artística foi bem sucedida, e nisso nada de errado existe, contudo, alguns podem ficar viciados em aplausos, e podem querer receber isso mesmo sem merecimento, só pelo simples fato de serem artistas. É nesse momento que artistas vendem a alma e tentam comprar as almas dos outros para serem adorados, quem quer adoração não quer bens, quer poder, o poder de ser um deus. Querer ser deus sem sê-lo é algo diabólico, é pura maldade mesmo que faça, repito, coisas boas para ter esse poder. 
      Políticos são parecidos com os artistas, precisam de aprovação popular para fazerem seus trabalhos, a princípio para serem eleitos, esse retorno deveria ser algo natural, quando políticos trabalham de forma correta, servindo o povo que o elegeu, usando de forma adequada recursos recebidos dos eleitores pelo estado. Contudo, muitos, para que possam roubar dinheiro que não é deles, enganam os eleitores, e mesmo depois de terem roubado bastante, continuando enganando para serem reeleitos. Isso é mais que ganância, é obsessão por poder, é querer um lugar de deus, é o mal, e como nosso país tem sido afligido por essa maldade.
      O mais terrível, contudo, é pastores caírem na tentação e tentarem ser o próprio mal, e repito, não necessariamente fazendo coisas más, não todas. Muitos pregando bênção, milagre, vitória, cura, o fazem para manterem poder sobre as pessoas, para terem templos cheios, para arrecadarem mais dinheiro, mas também, numa queda moral e espiritual finais, para serem adorados. Fazem isso por vaidade, para serem maiores que outros pastores, por insegurança emocional e por desvio do verdadeiro propósito de Deus para suas vidas, mas fazendo isso se tornam mais que homens maus, se tornam mini diabos, o próprio mal.
      Mas todos nós, em alguma instância, podemos cair na tentação de querer ser o mal, chamado de “complexo de lúcifer”, basta que achemos um prazer maior na admiração das pessoas, que achemos que fama, como fim em si mesma, é mais importante que ser e fazer o bem, que aparência é mais importante que essência e que quantidade é melhor que qualidade. Assim, quem não se incomoda com o mal ou é muito bom ou é mal, porque o mal usa de qualquer coisa, sem escrúpulos, para alcançar seu objetivo, ele é frio e carrega o mal em seu coração. 
      Bom, contudo, a ponto de estar acima de todo o mal, só Jesus, a quem seguimos e persistimos em conhecer mais e mais. O texto inicial revela uma situação que Jesus viveu bastante e que era uma tentação para que o adorassem antes do tempo, sim, porque Jesus podia exigir tratamento de Deus, ser adorado como tal, porque mesmo encarnado ele era Deus. Mas ele sabia que não era o momento, que mesmo muitos daqueles que o buscavam por milagres e o admiravam por isso, o crucificariam no final. Jesus não caiu na tentação de ser o mal, pois mesmo pra ele, ser adorado antes do tempo seria um erro, não sucumbiu à vaidade, nem precisava de qualquer espécie de auto-afirmação.
      Mas Jesus também conhecia o coração humano, quem busca ser o mal, quem se fia na adoração humana, cairá numa armadilha, se o homem é infiel em adorar a Deus, que é sempre fiel, é muito mais infiel em adorar homens, que nunca poderão suprir de fato suas necessidades como falsos deuses que podem ser. O adorador de falsos deuses é volúvel e facilmente é seduzido por um novo engano, por um outro falso deus, deixando o primeiro só e frustrado. O diabo sabe disso, por isso está sempre inventando novos deuses, novas modas, novos engodos para aprisionar os tolos que trocam a glória do Deus altíssimo pelo brilho falso e menor dos falsos deuses. Honremos os bons, evitemos os maus, fujamos do mal, mas adoremos só a Deus, o próprio bem. 

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