quinta-feira, abril 18, 2019

Bíblia do jeito certo (1ª parte)

      “No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro. 
      E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi. E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.

Gênesis 1.1-8


      A maioria dos evangélicos que lê a Bíblia não faz ideia dos mistérios existentes só nesses primeiros oito versículos de Gênesis, no que foi criado nos dois primeiros “dias divinos”, a extensão dessas “eras”, e o que de fato é abismo, trevas, águas, luz e céu. Se soubessem os evangélicos, não demonizariam a ciência como fazem muitos, e por outro lado, se soubesse a ciência, não menosprezariam os cientistas, muitos deles pelo menos, aos cristãos. Deus nunca erra, o homem, sim, engana-se sempre, traído pela vaidade e pela má vontade de conhecer de fato os grandes mistérios e a si mesmo, o homem está mais interessado no que vai comer ao meio-dia e com quem vai dormir à meia-noite. O homem não entende a criação do universo, não entende a criação da natureza, não entende a criação dele mesmo, não entende o que é a árvore do conhecimento do bem e do mal, não entende a própria queda... antropomorfiza tudo, paganiza tudo, vê só a serpente, não o arcanjo, não o querubim, não os Elohim... assim está fadado a cair de novo, e de novo...

      “E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.” 
      “ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” 
      “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.”
Gênesis 2.9, 16-17, 22-23

      Para quem usa a afirmação “Deus criou só homem e mulher”, baseada numa interpretação equivocada do livro de Gênesis, para defender sexualidade, vai uma conclusão lógica: então, de acordo com essa ótica, se “Deus criou só homem e mulher”, além de não ter criado originalmente homossexuais e seres humanos com outras disposições sexuais, Deus também não criou doentes mentais, esquizofrênicos, deficientes físicos e tantos outros homens e mulheres que nascem com enfermidades, deformidades físicas, transtornos psicológicos, ou que adquirem essas características durante a vida por esse ou aquele motivo, como diabetes, depressão, impotência masculina, esterilidade feminina etc. Entendam que não estou comparando, generalizando ou diminuindo nenhuma dessas características, apenas citando peculiaridades.
      Pergunto aos que interpretam a Bíblia ao pé da letra, sem levar em conta o contexto histórico e cultural, e sem aprender o que a Bíblia ensina de melhor, os princípios de moral, respeito e liberdade, e não as leis sociais de povos de lugares e tempos específicos: vocês também tomam como regra aquilo que o antigo testamento ensina sobre mulheres estéreis, por exemplo, como elas eram consideradas por suas dificuldades em gerar filhos? Pois se condenam ao inferno de maneira genérica homoafetivos, deveriam também desprezar tudo o que foge desse modelo utópico e enganoso que vocês pensam que seja o ser humano adequado para Deus, seja sexualmente, emocionalmente ou fisicamente, mesmo que numa época fossem desconsiderados socialmente até por Israel, o chamado povo de Deus, como as mulheres estéreis.
      Os princípios da Bíblia podem ser atemporais, se os entendermos pelo Espírito Santo, e não como leis fechadas. Os ociosos espiritualmente, que não buscam a Deus, mas acham numa interpretação tradicional um jeito fácil de parecerem espirituais e cristãos, interpretam ou deveriam interpretar I Coríntios 14.34-35, “As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.”, como uma regra que proíbe mulheres de falarem nas igrejas e de serem submissas a seus maridos, quase que como escravas, uma realidade social da época em que Paulo escreveu o texto.
      Não, meus queridos e queridas, eu preciso repetir e repetir essa verdade, os evangélicos, e principalmente e em primeiro lugar os pastores, precisam parar de pregar nos púlpitos aquilo que nem eles vivem, e não vivem não por serem pecadores em desobediência à palavra de Deus, mas porque na prática e no evangelho não funciona mais mesmo. Ainda assim pregadores têm medo de dizer que a Bíblia está totalmente certa quando entendida seus princípios, mas que ela não pode ser olhada como livro de regras e que muitas das leis que os cristãos tiram da Bíblia, principalmente nas áreas sexual, familiar e social, não devem ser obedecidas hoje.
      Por que isso, será porque Deus mudou? Por que o pecado está invadindo as igrejas e a Bíblia está sendo desvirtuada? Porque é o final da tempos? Não, não é por nenhum desses motivos, e os que pensam que é, só dão mais lugar ao diabo, pregam um evangelho falso, e criam mais álibis para tantos odiarem o cristianismo e não fazerem parte de igrejas cristãs. É porque a Bíblia é o início de nosso aprendizado sobre Deus, não o fim, é porque a palavra de Deus é o Espírito Santo, não um conjunto de normas tiradas do cânone bíblico, é porque o ser humano do século XXI já está maduro o suficiente para entender a vontade de Deus de forma mais abrangente, coisa que não estava nos tempos de Moisés ou de Paulo. 
      Mas se a igreja evangélica protestante insistir em tradições ultrapassadas, crendo numa palavra escrita morta e não na palavra viva do Espírito Santo, só estará repetindo o que a Igreja Católica faz há mais de 1.600 anos, dominando e controlado pela ignorância, pela falsa moralidade e pela hipocrisia de quem matou o Espírito em seus corações e ficou à mercê de heresias e paganismo. A igreja evangélica protestante atual, pelo menos em sua maioria, ainda não caiu no paganismo, o Espírito Santo, principalmente nas pentecostais, ainda é presente, misericordioso e vivo, mas não abusem, a distância não é grande entre a heresia, mais leve que seja, e o paganismo da idolatria e de ritualismos. 
      Acima de tudo é preciso nos dias atuais termos uma vida de oração realmente no Espírito Santo que nos conduza à intimidade de Deus, que nos permita ouvir a palavra genuína do Senhor, que leve a conhecer de fato a vontade do Altíssimo, mas isso é para os que querem e têm coragem de seguir a Deus, não aos homens religiosos. Esses conhecerão mistérios escondidos na Bíblia e entenderão que ela na verdade nunca esteve errada, nunca foi superficial, nunca foi contra a verdadeira ciência nem nunca se limitou a um conjunto de leis morais ultrapassadas.

Este estudo é compartilhado em quatro partes aqui no “Como o ar que respiro”, entre os dias 18 e 21 de abril, se possível leia na íntegra para entendimento completo, José Osório de Souza .

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