sábado, abril 20, 2019

Bíblia do jeito certo (3ª parte)

        “Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.Êxodo 3.13-15

      O ensino correto de Gênesis sobre a criação através da evolução acompanhada pela vontade soberana de Deus deveria ser feito pelos pastores, o que acabaria de vez com essa batalha que na verdade não existe, entre fé e ciência, entre criação e evolução, o embate que existe é entre desinformados, dos dois lados, que julgam sem conhecer. Se temos fé para crer que Deus pôde criar tudo em sete dias de vinte e quatro horas, por que não termos fé para crer que Deus pode criar tudo em sete eras de milhões de anos através da evolução? Deus age e existe da mesma forma, só que assim haveria mais coerência com a ciência que também é fruto da inteligência do homem, uma criação de Deus. Eu creio da segunda maneira, mas se quer saber, isso não faz a menor diferença, nem diminui, sob nenhum aspecto, Deus. “Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.” (II Pedro 3.8).
      O melhor jeito de entender certos textos bíblicos é entender que Deus pode tudo, mas não manifesta tudo do jeito que achamos, ele pode, mas não faz, não fez e nunca vai fazer, porque não é assim que Deus funciona, que as coisas funcionam, que o homem funciona. Cristãos, se se consideram assim, genuínos e crentes, então usem a fé para crescerem no conhecimento de Deus, em sua sabedoria e em seu poder, não para limita-lo. Quem tem mais fé, o que crê que Deus criou o mundo, a natureza e o homem em sete dias de vinte e quatro horas, ou o que crê que Deus manifestou a matéria nos astros, nos planetas, nos satélites, no nosso mundo, na água, na luz, na terra, no reino animal, no reino vegetal, no homem e na mulher, através de milhões de anos de evolução? 
      Quem limita Deus a sete dias de vinte e quatro horas, antropomorfiza Deus, isso é tão equivocado quanto achar que Deus é um homem velho de barbas brancas, o conceito de macho e fêmea é inerente à matéria, Deus é espírito, está muito além disso. Deus também não envelhece, nem precisa de mãos pra tomar, pés para andar, boca para falar, ouvidos para ouvir, nem olhos para ver. Se queremos saber sobre a aparência e a essência de Deus estudemos mais a passagem de Êxodo capítulo 3, onde uma manifestação de “Deus” (o “Anjo” do Senhor na sarça que ardia mas não queimava) revela seu nome, o “Eu Sou o que Sou”, o grande “Eu Sou”, quanta verdade entregue sobre o maior dos mistérios, mas só aos que têm ouvidos para ouvir e olhos para ver, olhos e ouvidos espirituais, não físicos, e que sem medo de agradar a homens escolhem o solitário caminho do verdadeiro conhecimento espiritual. 
      Antropomorfismo, que é colocar Deus em formas físicas e com reações emocionais humanas, é uma maneira da alma humana interpretar visões e reações de Deus em suas mentes e corações. Por exemplo, o texto de Salmos 5.4-5, “Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniqüidade, nem contigo habitará o mal. Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade.”, foi registrado pelo salmista dizendo que Deus odeia, mas será que isso é verdade? Deus pode odiar, ou melhor, Deus precisa odiar? Sim, existe uma reação terrível para os que se afastam de Deus, isso pode ser interpretado como sofrer um enorme desagrado de Deus. Contudo, a palavra odiar, a reação humana de ódio, uma ira descontrolada e movida pelo mal, não é o termo mais adequado para definir a reação de um Deus infinito, todo poderoso, santíssimo, onipresente, justíssimo mas misericordioso se o buscamos debaixo do perdão que há em Jesus. 
      A Bíblia está repleta de antropomorfismos, e eles são úteis, mas são ferramentas para ensinamento de crianças espirituais, homens maduros deveriam ir além disso. Aliás, a presença desses antropomorfismos nos revela uma das “chaves mágicas” (me perdoem o uso do termo, mas ele é muito adequado) para entendemos não do que a Bíblia fala, mas como ela fala e quem na verdade fala através dela e a escreveu. Os apressados dirão, “a Bíblia foi escrita pelo Espírito Santo”, aos quais responderei, correndo com certeza o risco de ser mal interpretado, “não, a Bíblia não foi escrita pelo Espírito Santo, pelo simples fato do Espírito Santo não ter mãos”. Parece uma resposta tola? Mas não é. 
      Com certeza o Espírito Santo falou aos escritores bíblicos e de uma maneira pra lá de especial e exclusiva, começando por Moisés e chegando a João o evangelista, mas entre o espírito humano “ouvir” a voz do Espírito de Deus até as mãos humanas registrarem o texto através da escrita num antigo pergaminho, muitos “ruídos” interferiram nessa comunicação. Não tinha como ser de outra maneira, o ser humano encarnado é absolutamente limitado para ter uma comunhão perfeita com Deus, assimilamos esboços, rascunhos, subjetivos e superficiais, e o lado positivo disso é que homens diferentes, com doenças emocionais distintas acham curas variadas numa única e completa manifestação de Deus.
      A mesma palavra de Deus transmitida pelo Espírito Santo a homens diferentes terá registros finais diferentes, e não se apressem os inimigos de Deus e da Bíblia tentando achar nisso desculpas para tirar do cânone bíblico coesão espiritual. Ainda assim, com tantos “ruídos” na comunicação, a Bíblia mantém-se coesa e coerente, mas somente para os que a interpretam debaixo do Espírito Santo. Só quem inspirou os escritores originais pode fornecer o melhor entendimento sobre o texto, ou sobre a intenção que tinha no momento da inspiração do texto. A verdade é que palavras espirituais só se entendem com ouvidos espirituais, assim, ler a Bíblia do jeito certo implica em lê-la em oração, em intimidade com Deus, de outro jeito só será uma coleção de leis morais de contextos históricos, culturais, sociais, que nada mais têm a ver com a contemporaneidade. 
      A revelação mais clara sobre quem é Deus foi feita por João no capítulo 1 de seu evangelho, versículos 1 ao 4, “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.”. Quer saber quem é Deus? Deus é Jesus, que encarnado nos ensina o que de melhor podemos ser como filhos de Deus neste mundo. Como será que Jesus encarnado reagiria a certos entendimentos preguiçosos e egoistas que tantas cristãos têm hoje em dia sobre tantas coisas? Como Jesus entenderia o livro de Gênesis? 
      Sabe como? De um jeito que ainda hoje muitos não estão prontos a entender, assim que achem que Deus fez o mundo e o homem em sete dias de vinte e quatro horas e que evolucionismo é um sacrilégio, isso não é verdade, mas pelo menos mantém as pessoas crentes num Deus que tudo pode, mesmo que não faça tudo do jeito que as pessoas pensam que faz. Mas eu sinto que até o final dos tempos, o final mesmo, não esse que muitos acham que é, eu penso que só os que encarrarem a verdade de Deus de maneira madura e de fato espiritual, terão forças para suportar a tentação que virá sobre o mundo. As trevas serão grandes e mui ardilosas, só a luz pura de Jesus livrará os salvos de terem que pagar com a própria vida por aquilo que de fato acreditam.

Este estudo é compartilhado em quatro partes aqui no “Como o ar que respiro”, entre os dias 18 e 21 de abril, se possível leia na íntegra para entendimento completo, José Osório de Souza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário