sexta-feira, setembro 10, 2021

Falsos cristos (2/2)

      “Não erreis, meus amados irmãos. Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” Tiago 1.16-17

      Nesta reflexão estou fazendo uma diferenciação entre os termos anticristo e falsos cristos, ambos até estão presentes na Bíblia, mas ainda que no final das contas o objetivo seja o mesmo deste texto, exortar cristãos sobre falsificadores, não existe uma distinção desses termos na Bíblia. Além do mais, aquilo que os apóstolos e outros escritores do novo testamento consideravam anticristo ou falsos cristos se referia mais a desvios doutrinários na igreja cristã primitiva do primeiro século, era outro contexto histórico e teológico. 
      O termo anticristo, diferente de falsos cristos, seria a negação do que Cristo é, seu oposto, para esse muitos se acham preparados para refutar, e é por essa razão que penso que o “mal” não está usando essa estratégia hoje. Muitos cristãos se preparam para o anticristo quando o mal está entregando falsos cristos, e falsos são bem parecidos, principalmente porque são sequestradores de símbolos cristãos, agora não mais dos objetos tradicionais do cristianismo, mas de teologias, costumes e outros valores protestantes.  
      Parte da estratégia do falso cristo é criar um anticristo para que as pessoas tenham algo para odiarem e se afastarem, enquanto se aproximam do falso. Que Cristo seguimos, o verdadeiro, o anticristo ou um falso cristo? Muitos ainda esperam o anticristo, e esses talvez sejam mais sinceros e verdadeiros que os que se deixam enganar por falsos cristos, pois creem que o mal será vencedor e não temem assumirem isso. Mas os que seguem falsos cristos acreditam que seguem o Cristo genuíno, eis a vitória maior do mal. 
      Não basta parecer ou dizer, tem que viver, e praticar o evangelho verdadeiro de Jesus não é fácil. É morte do ego, não exaltação desse mesmo que por motivos legítimos, é calar diante da ofensa, é não entrar em polêmicas ainda que se tenha conhecimento do argumento melhor que põe fim a toda discussão. É lutar por justiça no mundo e pelo direito, mesmo daqueles que pensam diferentemente de nós? Sim, mas com sabedoria e em amor, para testemunhar de virtudes morais, não para controlar homens e ter poder material. 
      Se o anticristo glorifica o “mal” ou o diabo, o falso cristo glorifica o homem, eis um critério para facilmente discernimos quem é quem. Se há eu demais no discurso, aliando a si mesmo exclusividades, “só eu posso liderar no caminho certo”, “só eu discirno a verdade”, “só do meu jeito é que a vida é correta”, ainda que aliando isso a Deus, é falso cristo sequestrando exclusividades que só Jesus possui (João 14.6). O anticristo não é um ídolo, é verdade espiritual do mal, já o falso cristo é um ídolo pois falsifica Deus. 
      A luz de Deus é clara e certa, se há confusão, se há mistura, se há impureza, não é a luz do Altíssimo. Ignorando isso muitos são presas do mal, veem versículos bíblicos, veem pastores e padres, veem tradição judaica-cristã, e acham que basta. Não veem que o que sequestra tudo isso é só um falso cristo, que não vive o evangelho verdadeiro, que não mostra em sua prática de vida, em palavras e ações, humildade, arrependimento, sabedoria, é só um homem transtornado querendo poder e usando outros homens. 
      O que mais me assusta na relação de muitos cristãos com a atual política do Brasil é a total inabilidade de verem a verdade. Será que o mal conseguiu subverter de tal maneira a “igreja” que os homens, ainda que ouvindo a Bíblia e adorando a Deus, se tornaram cegos? Mas também não foi assim com os líderes religiosos no século I, quando Jesus viveu no mundo como homem? Não foram justamente os que mais se diziam conhecedores e representantes de Deus os que torturaram e mataram o Cristo verdadeiro? 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão
José Osório de Souza

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