segunda-feira, setembro 20, 2021

Só pelo prazer?

      “Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.Isaías 53.3-5

      Como o Cristo Jesus conseguiu exercer por três anos um ministério, vivendo, ensinando, amando, com paciência, com esperança, com calma, com alegria, sabendo que no final lhe aguardava algo terrível, extremamente doloroso e cruel? Ainda se ele soubesse que o que construiu por três anos o ajudaria de alguma maneira, não para livrá-lo da morte, mas pelo menos para dar a ele companhia de amigos que o apoiassem, gratos pelos milagres, curas e maravilhas que provaram através de seu trabalho, mas não.
      Se ele olhasse só para o final poderia achar até que era inútil se esforçar tanto, amar tanto, se sacrificar tanto, afinal muitos dos que foram abençoados por ele fariam parte do coro que escolheria livrar o criminoso Barrabás em seu lugar. Mas ele cumpriu sua missão até o final, e só colheu de fato um resultado bom depois que ressuscitou, a salvação de toda a humanidade. Jesus não teve nenhum prazer como recompensa, sua passagem no mundo foi dor e injustiça, e ainda assim foi o modelo de homem perfeito. 
      Ah, como estamos distantes desse ideal de vida, somos seres viciados em prazer, tudo o que fazemos é visando prazer, ainda que trabalhemos e soframos um pouco, o fazemos porque sabemos que logo depois poderemos desfrutar algum prazer. Somos seres mimados, imaturos, todos carnais, ainda que disfarçados de espirituais, não estamos preparados para sofrer. Alguns visam prazeres baratos, outros mais caros, outros ainda mais sofisticados e eruditos, não materiais mas intelectuais e artísticos, mas sempre prazer egoísta. 
      Mas mesmo religiosos visam prazeres, ainda que seja cantando louvores, usando os dons espirituais, ainda que não seja prazer diretamente no corpo, mas querem sentir na alma êxtases resultantes de experiências espirituais. Será que nós cristãos, se Deus nos dissesse que não teríamos mais que o suficiente para estarmos fisicamente vivos e que ainda assim teríamos que ser santos e servir os outros, sem esperar nenhum prazer como pagamento, pelo menos neste mundo, será que ainda assim seríamos cristãos? 

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