quinta-feira, setembro 09, 2021

Sequestradores de símbolos (1/2)

      “Porque se levantarão falsos cristos, e falsos profetas, e farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os escolhidos.Marcos 13.22

      Um sequestrador é alguém que pega à força algo que não lhe pertence para usar para seus propósitos, podendo exigir um resgate para devolver o que pegou, é diferente de um ladrão que pega para seu uso e não pede resgate. A igreja católica sequestrou os símbolos do cristianismo, o protestantismo e igrejas evangélicas atuais também fazem isso, tomam algo que legitimamente não lhes pertence, porque eles não são e não querem ser de fato cristianismo, e devolvem caso os homens lhes paguem o preço. 
      É importante entender que os símbolos são coisas verdadeiras, não são falsificações, no cristianismo a cruz, os ensinos dos evangelhos, o nome de Jesus, do Espírito Santo, são verdades, e se os homens pagarem o preço para as religiões terão acesso a elas. Verdades divinas são pregadas em púlpitos e elas sempre abençoam os homens, mas para se ter acesso a esses púlpitos tem que se pagar o preço de se enfileirar como adeptos católicos, protestantes ou evangélicos, obedecer ritos, liturgias e dogmas, pagar dízimos etc. 
      Sequestradores competentes não tomam bens baratos, esses não dão muito lucro, tomam os valiosos, por isso o cristianismo tem mais seitas que outras religiões. Se existisse um Ecad divino, muitos homens seriam penalizados por usarem obras sem terem pago direitos autorais, e no caso de verdades divinas o pagamento é praticar aquilo que se prega. Por isso sequestradores de símbolos religiosos são hipócritas, ainda que saibam o valor do que sequestram só o tomam para lucro, cobram dos outros mas não vivem. 
      No Brasil temos visto um outro tipo de sequestrador, o que toma para depois pedir resgate os símbolos nacionais, a bandeira, o hino, as cores nacionais, a própria história e o patriotismo. Isso tem sido feito de maneira tão suja que cidadãos de bem e de fato patriotas e tementes a Deus, têm se sentido retraídos para saírem na rua com uma camisa amarela e verde, em que ponto chegamos. Quem identifica-se assim pode ser confundido com extremistas de direita seguindo um líder desqualificado para o cargo.
      Isso nos revela um fator importante sobre os tempos atuais, mas também nos mostra como são as estratégias que o “mal” pode utilizar para estabelecer seu intuito naquilo que muitos chamam de “final dos tempos”. Em poucas palavras a estratégia é: o mal não mais com cara de mal, mas com cara de bem. Não que isso não tenha sido usado antes, o catolicismo faz isso desde o século I, mas antes a grande maioria das pessoas não tinha discernimento para certas coisas, a humanidade estava ainda em sua infância. 
      O século XX mudou a humanidade, lhe deu direitos e facilidades para viver no mundo de forma mais igualitária, não que isso seja para todos, mas já poderia ser. Contudo, os tempos modernos também sofisticaram o mal, assim o termo falso cristo nunca foi tão apropriado. Um falso cristo não é um Cristo às avessas, um representante de tudo aquilo que constitui o arquétipo do mal, não é isso, e não entendendo isso é que muitos, que já estavam desviados e enganados, acham num falso cristo o Cristo verdadeiro.
      Quem tem não precisa sequestrar, basta ser, e ser cristão é refletir a luz mais alta e clara, que vence todo mal moral e toda treva espiritual, sem recorrer a qualquer espécie de guerra ou violência. Sequestro é atitude criminosa, em se tratando de símbolos cristãos é profanação, mas pode ser pior que quando é usado para fins políticos? Impossível mistura a de política do mundo com qualidade espiritual, até a ciência pode achar harmonia com a religião, mas a política só achará concordância com falsos cristos.

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão
José Osório de Souza

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