sábado, novembro 06, 2021

Às vezes é melhor nos afastarmos

      “E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.João 2.23-25

      Às vezes, a dificuldade que temos com uma pessoa, não é aceitar sua escolha, mas conviver com o fato da pessoa não assumir essa escolha e as consequências dessa, assim ao problema desrespeito se adiciona falsidade. Custo-benefício, eis um termo que usamos muito em tecnologia e negócios, escolher um equipamento com um preço que não seja tão caro, ainda que não seja o mais barato, mas que renda mais que os baratos e quase tanto quanto os caros. Em nossas relações afetivas funciona de forma semelhante, muitas vezes não estamos preparados para suportar certas relações, elas podem nos fazer mais mal que bem, tirar de nós o nosso pior, por isso precisamos nos afastar e assumir as consequências disso.
      Obviamente, fazer isso é assumir um distanciamento de uma pessoa, perder alguma aprovação ou alguma espécie de influência que essa pessoa possa ter sob o grupo social que temos em comum com ela. Como efeito de nosso distanciamento poderemos sofrer críticas injustas de alguém que não quer se afastar de nós, ainda que não goste de nós. Se longe temos o benefício de não sermos desrespeitados e consequentemente não sermos tentados a expor uma reação errada, temos o custo de aceitar que o afastado possa não entender nosso afastamento e ainda nos caluniar. Ninguém, contudo, consegue estar bem com todos e ainda ser o seu melhor, temos que ter sabedoria para assumir e administrar nossos limites em paz. 
      Numa relação assim há duas pessoas sofrendo sem necessidade, uma sendo desrespeitada e outra sendo desrespeitosa, ou o que desrespeita muda de atitude, ou esse se afasta, ou se afasta o desrespeitado. Se a pessoa que nos desrespeita não se afasta, se quer continuar perto, nos agredindo e não quer assumir isso diante dela e dos outros, e se for questionada poder até dizer que somos nós que estamos errados, não ela, nós devemos tomar a iniciativa e assumirmos por ela. Coloquemos um ponto final e nos afastemos em prol de nossa sanidade, já que gente assim, que não gosta da gente mas quer continuar perto da gente, pode nos levar à “loucura”, temos que ter coragem e seguirmos em paz, a despeito do que a pessoa pensar. 
      Jesus nos dá exemplos de situações assim em seu relacionamento com os maus líderes religiosos de sua época, esses não gostavam dele, tinham inveja dele, viam que ele conseguia fazer algo que eles não conseguiam, ser coerente. Jesus vivia o que falava, sem hipocrisia, isso era luz e luz sempre incomoda os que estão em trevas, mas seus inimigos ao invés de se afastarem dele estavam sempre perto, vigiando-o, querendo achar uma brecha em sua coerência para acusá-lo. Algumas pessoas só crescem rebaixando os outros, por isso ficam perto de nós, vigiando-nos, no fundo somos referências para elas, por mais que elas não queiram admitir. Jesus, contudo, tinha intimidade com Deus, nisso discernia as intenções dos homens.
      É melhor nos afastarmos daquelas pessoas que não querem construir algo bom conosco, nos invejam por não admitirem para si mesmas que as incomodamos com a nossa luz, procuram minuciosamente erros em nossas vidas, elas só crescem se nós formos diminuídos, e se não de fato, pelo menos em suas mentes doentias. Tenhamos a coragem de assumir o que algumas pessoas não assumem, nos afastemos, discretamente, sem mágoa, sem agressividade, e se por algum motivo tivermos que nos relacionar com elas, conversar com elas, sejamos cautelosos. Tenhamos educação e amor, digamos só o necessário e sigamos em paz, sem tomar para nós lixo que elas possam vir a jogar sobre nós, que é delas e que não nos pertence. 

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