quinta-feira, novembro 18, 2021

Como um passarinho

      “Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?João 11.40

      Se nos sentarmos na grama de um jardim e permanecermos lá quietos e calados por algum tempo, pode ser, que em algum instante, um passarinho pouse bem perto de nós, e numa situação ainda mais difícil, pode ser até que pouse sobre uma de nossas mãos, aberta e relaxada sobre a grama. Contudo, pelo menor gesto, ao mais baixo som, mesmo por uma respiração mais profunda, ele será espantado, voará para longe. A nós só restará olhá-lo de longe, voando livre no céu.
      Assim é com uma experiência mais profunda com o Espírito Santo, requer de nós muita paz, muito silêncio, muita consagração, muita fé, muita perseverança. Mas ao mesmo tempo que é trabalho espiritual, é abrir mão de esforço físico, emocional, do ego, de fazer qualquer tipo de troca com Deus, de achar que temos algum direito por termos algum crédito, algum merecimento. Podemos ver a “glória” de Deus? Sim, é possível, mas é algo tão poderoso quanto delicado. 
      Por que é assim? Porque assim como pássaros foram criados para voarem livremente, e por serem frágeis têm o instinto de ficarem longe de homens ou de quem possa lhes fazer algum mal, nós seres humanos, vivendo encarnados no mundo, não podemos entender e conviver com total plenitude com o mundo espiritual e com o Espírito Santo de Deus. Ainda assim podemos ter profundas experiências com Deus, se nos dermos ao trabalho de “não trabalharmos”. 
      O texto desta reflexão parece vago, impreciso? Pois ele é, experiências mais profundas com Deus não podem ser padronizadas, o caminho para elas não pode ser detalhado, como um mapa para se chegar a um lugar. No máximo podemos dar a direção geral, como com uma bússola, dizer que um local está ao norte, mas detalhes só descobre o que se põe a caminho e por si mesmo experimenta como as coisas funcionam para aquilo que Deus pode mostrar especificamente a ele. 
      Uma coisa eu sei, “um passarinho pode pousar em nossas mãos”, e quando isso acontece é maravilhoso, diferente de tudo, faz toda a nossa vida ter sentido, entendemos coisas que por muitos anos carregamos dentro de nós como mistérios. Quando “vemos a glória de Deus” queremos experimentar isso de novo, mas é só a partir da segunda vez que começamos a entender como as coisas funcionam, a trabalhar para “não trabalharmos”, e que isso é só o início de uma jornada. 

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