domingo, novembro 28, 2021

Imprevisibilidade da vida

      “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.Jeremias 10.23

      Às vezes estamos caminhando bem, andando certo, afinal, chegamos num ponto de nossas vidas onde já aprendemos o principal, já sofremos o suficiente com nossos egoísmos, sabemos da paz que existe no calar, no esperar, no dar a outra face. Contudo, sem que estivéssemos esperando, de um lugar que não sabemos nem onde é, uma seta do mal nos é lançada, então, desmoronamos, desanimamos, ainda que estejamos amadurecidos o suficiente para não entregarmos os pontos. A dor é grande, a esperança apequena-se, a fé desequilibra-se, parecemos afundar e perder o chão, mas nosso coração quer agradar a Deus, ainda que soframos, ainda que não entendamos e nem saibamos como acabará a experiência. 
      Em momentos assim não conseguimos orar, e na verdade não é para fazermos o que já fizemos, apenas aguardarmos, mesmo doendo, mesmo que as luzes pareçam se apagar e nossos olhos nada vejam, numa situação assim o justo permanece com os olhos em Deus. Quando os sentimentos faltam, os pensamentos falham, os ouvidos espirituais perdem a acuidade, creiamos, sem exigir justificação, apenas passemos pelo momento como por um luto, onde nada se pode fazer se não aceitar e esperar. Como amadurecemos quando passamos por experiências assim sem pecar, sem apelar para o consolo de um prazer físico passageiro, nem reclamar ou duvidar, não do Deus que nos trouxe até onde chegamos sempre fiel e misericordioso. 
      Podemos passar muito tempo de nossas vidas achando que já temos uma experiência profunda com Deus, quando na verdade só fomos, até então, crianças fazendo trocas, quando doía mudávamos algo em nossas condutas para agradar o pai e ter dele de novo aprovação. Mas o adulto experimenta dor sem ter feito nada diretamente para merecê-la, sabendo que nada pode dar em troca para que ela suma. Jesus experimentou isso no Getsêmani, até pediu, mas Deus não impediu que ele passasse pela sua maior prova. Quando estaremos prontos para isso? Para sofrer não como crianças, mas como adultos, não por mesquinharias, por bobagens, mas por algo maior, algo que só Deus sabe o que é e que importância tem? 
      Experiências assim nos colocam em nossos devidos lugares no universo, nos mostram que nada somos, que não temos controle das coisas, muito menos de nossas vidas, que não somos maiores nem mais importantes que outros, e que só Deus sabe de tudo e tudo controla. Por isso, devemos confiar nele, não em nós, não naquilo que conquistamos, não em nossos bens, não em nossas reputações, não nas alianças sociais que fizemos, tudo isso vai por terra se Deus em sua onipotência estala os dedos. Experiências assim nos ensinam a sermos humildes, a amarmos mais as pessoas, a nos prepararmos melhor para a eternidade, da qual viemos sem nada e para a qual retornaremos também sem nada, só com nossa fé no Senhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário