sexta-feira, novembro 12, 2021

Como a sombra que passa

      “Senhor, que é o homem, para que o conheças, e o filho do homem, para que o estimes? O homem é semelhante à vaidade; os seus dias são como a sombra que passa.Salmos 144.3-4

      No dia 5/11/2021, em Caratinga/MG, num acidente de avião, morreu Marília Mendonça, aos vinte e seis anos, no auge da carreira, conhecida como a rainha da “sofrência”. A partida prematura comoveu o Brasil, vencedora do Grammy, compositora e cantora de voz forte, carismática, milhares de seguidores nas redes sociais. Apesar de jovem, artisticamente tinha postura de mulher madura, deu voz, em suas canções, a “causas” femininas, num tom que antagonizava ao tom mais masculino presente principalmente na música sertaneja. 
      A internet hoje faz isso com a gente, você não precisa ser fã de um artista ou de um estilo musical para conhecer alguém, saber de sua relevância. Mas mais que uma artista, se vai um ser humano, ainda tão cheio de energia, alguém que não veremos nunca mais, cujo brilho fica mais evidenciado com tantas imagens e vídeos disponíveis nas redes sociais. Como sexagenário sei que a vida passa depressa, mas quando vemos a passagem para o outro plano de uma luz artística jovem e tão forte, percebo que a vida pode ser curta demais.
      Quem tem filhos sabe disso, hoje estão nos dando trabalho para dormir, trocar fraudas e tomar o leitinho, e amanhã já estão fazendo vestibular, arrumando estágio, tendo responsabilidades como profissionais. Não criei minhas filhas para se casarem depressa, se acontecer, tudo bem, mas sempre lembro-as de darem prioridade a estudos e profissão, para fazerem diferença no mundo de maneira mais abrangente. Mas um dia estarão elas com compromissos afetivos sérios, e depois, quiçá, me dando a alegria de ser avô.
      Nós, que ficamos, podemos interpretar partidas, principalmente de jovens, como adiantadas, mas Deus sabe o que faz e sempre faz as coisas no tempo certo. Muitas coisas entendemos, outras fingimos que concordamos, mas algumas não aceitaremos nunca, contudo, viver é isso, administrar dor e é só na dor que crescemos. Na eternidade entenderemos tudo, de um jeito ou de outro, o véu será tirado, o mundo espiritual será desnudado diante de nós, veremos muitos que partiram antes de nós, haverá choro, mas também alegria. 
      “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios” (Salmos 90.12), quantos dias teremos para contar? Só Deus sabe, mas quem vive e anda no Espírito é orientado sempre, sabe o que fazer, onde e como, não é pego de surpresa nem pela morte, eu creio assim. Perto de Deus não deixamos pendências nem dívidas, não perdemos tempo com vaidades ou culpas, amamos quem realmente nos ama e respeitamos os outros com temor, enquanto Deus nos cura, nos ensina, nos sustenta e nos protege. 

José Osório de Souza, 5/11/2021

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