quarta-feira, outubro 05, 2022

Os segredos do coração (66/92)

      “O nosso coração não voltou atrás, nem os nossos passos se desviaram dos teus caminhos, para nos esmagares onde vivem os chacais e nos envolveres com as sombras da morte. Se tivéssemos esquecido o nome do nosso Deus ou se tivéssemos estendido as mãos a um deus estranho, será que Deus não teria descoberto isso, ele, que conhece os segredos dos corações?Salmos 44.18-21 (Nova Almeida Atualizada)

      Durante minha vida já tive quatro pontos de vista diferentes sobre a morte. O primeiro deles aconteceu em minha juventude, eu nem pensava no assunto, ainda que muitos de meus caminhos fossem caminhos vãos e de morte, achava que nunca morreria. Mas não é assim com muitos de nós? O segundo ponto de vista foi o pior e mais difícil de ser superado, já mais maduro, pelo menos no corpo, comecei a ter consciência da culpa, que quando não bem resolvida deseja a morte por achar que só ela pode livrar da dor de viver, esse é um ponto de vista bem covarde.
      O terceiro ponto de vista veio depois de um tempo que eu tinha superado o segundo, já tinha resolvido a culpa, já não culpava os outros, a lucidez tinha me achado e eu a segurava, mas nesse momento comecei a me achar no direito de morrer. Isso é irresponsabilidade, principalmente com os que nos amam, que ficariam sozinhos caso partíssemos antes do tempo. Atualmente tento segurar o quarto ponto de vista, tem características de todos os outros, não penso na morte, ainda que tenha consciência que a dor seja grande e que minha atuação neste mundo já esteja no último ato. 
      A orientação que vem verdadeiramente de Deus, principalmente quando passamos de certa idade, nos conduz a uma vida saudável em várias áreas, ela é para pensarmos na morte da maneira mais correta, não desejando-a, mas se preparando adequadamente para ela. Nos preparamos para a morte vivendo melhor, não é caindo em depressão, nos afastando dos outros, concentrando tristeza e celebrando doenças. Quem de fato anda com Deus não se prepara para um fim, mas para um começo ainda melhor, não para a morte, mas para a vida eterna, para a melhor eternidade com Deus.
      O céu é posição espiritual de luz, não de trevas, quem se prepara para a morte do jeito certo vive ainda melhor neste mundo, coloca-se na luz e nela a verdade é exibida sem medo, deveríamos viver assim sempre, não só na velhice. Infelizmente vejo gente sofrendo muito no final, por quê? Porque os segredos de seus corações vêm à tona e eles não são bons. Passaram a vida fugindo de si mesmos, então, quando não podem mais prevalecer pelo que empreendem no plano físico, percebem que não têm mais nada, estão vazios dentro de si, reputação, religião, tudo é falso. 
      Reconhecem que construíram castelos de cartas sobre areia num campo aberto exposto aos ventos. Quando eram mais novos podiam se esforçar e manter tudo de pé, mas no final, não há mais forças, e tudo vai ao chão. Podemos dizer como o salmista no texto bíblico inicial, que não retrocedemos para as vaidades, nem nos desviamos para o egoísmo, que não adoramos os deuses deste mundo? Que por isso Deus não pode pesar sua mão sobre nós, pois nada temos para esconder dentro de nós e todos os segredos de nossos corações são agradáveis ao Senhor? 
      Em outras palavras isso é dizer, estou pronto para morrer e para enfrentar a luz mais alta de Deus, ela não revelará nada que eu já não tenha mostrado a Deus, tudo foi provado, fui aprovado, errei, mas admiti, me apossei de perdão, alcancei a paz e nela permaneci. O inferno começa aqui, assim como o céu, na eternidade não haverá mágicas, seremos o que já somos, trabalhemos aqui para melhorarmos e agradarmos a Deus. Nada agrada mais o Senhor que a verdade. Não, ela não precisa ser boa, todos nós temos terríveis verdades, mas ela precisa ser assumida, o quanto antes.
      Por isso, “não tenhas inveja dos homens malignos, nem desejes estar com eles”, “com a sabedoria se edifica a casa e com o entendimento ela se estabelece” (Provérbios 24.1, 3). Não tenhamos inveja de ninguém, menos ainda dos que parecem dar-se bem, ainda que não vivendo totalmente de acordo com a vontade de Deus. Muitos até edificam uma família, um negócio, mas não conseguem estabelecê-lós, seus finais serão de vergonha. “Os ímpios não subsistirão no juízo”, “ porque o Senhor conhece o caminho dos justo” (Salmos 1.5a, 6a). Já o final do humilde é sempre de honra. 

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