sábado, outubro 15, 2022

Será que funciona pra seus filhos? (76/92)

      “Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo ao qual escolheu para sua herança. O Senhor olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens. Do lugar da sua habitação contempla todos os moradores da terra.Salmos 33.12-14

      Muitos cristãos, pais de famílias, amam dizer o texto bíblico inicial, bem-aventurado o povo ao qual o Senhor escolheu para sua herança. Meu caros, eu quero dizer isso sobre minha mulher e minhas filhas, que são felizes porque recebem a herança de Deus. Mas qual é a herança do Senhor, seria dinheiro e bens? Não, isso vem na medida, mas não é o mais importante. A herança é elevação moral e clareza intelectual, de pessoas que fazem diferença no mundo por terem virtudes. Para isso Deus sempre funciona, ainda que as religiões não, busquemos o Senhor sempre, e construiremos famílias virtuosas e duradouras.
      A outra coisa que Salmos 33.12-14 diz é que Deus vê tudo, inclusive o que somos na privacidade de nossos lares. Há coerência entre o que somos lá e o que mostramos na igreja? Não estou dizendo que o que queremos mostrar na igreja seja o melhor, pode ser só um falso moralismo desnecessário. A segunda coisa que Deus mais ama em nós é sermos verdadeiros, mas a primeira coisa é vivermos uma verdade que o agrada. Talvez nossa religião não funcione porque estamos tentando viver uma verdade que não é nossa, e que nem Deus exige de nós, só as nossas culpas mal resolvidas é que exigem. 
      Sei que o que pretendo é difícil, visto que seres humanos só aprendem no tempo, errando e depois acertando, se é assim comigo, por que não seria com os outros? Mas a intenção desta reflexão é poupar tempo. Poupamos tempo quando exercemos a prática de pensar, avaliando se nossas escolhas atuais realmente estão funcionando, em se tratando de religião, se o que estamos ouvindo dentro de igreja reflete, pela menos numa parte considerável, nossa prática de vida e de nossas famílias. Não tenho dúvida que a genuína palavra de Deus sempre nos abençoa, mesmo em igrejas imperfeitas. 
      Se com todos devo ser misericordioso mais ainda com os que estão dentro de igrejas, Deus os ama profundamente e os atrai à sua luz mais alta em Cristo, contudo, pensemos melhor no que estamos fazendo com nossas vidas e de nossas famílias. Você pode ser alguém coerente, que tem alegria de ter filhos, que você criou em igreja, também frequentando cultos e de maneira sadia, mas entenda, isso não acontece com muitos. Muitos teimaram em ficar em igrejas estranhas, achando que cultos criariam seus filhos, não a vida real do dia a dia dentro de seus lares, assim se afastaram e os perderam. 
      Enfrentamos tempos difíceis, o mundo está super populoso, falta emprego e líderes políticos são em grande parte corruptos, além disso a liberdade irresponsável têm multiplicado pseudo-famílias, que pesa sobre alguns o trabalho de sustentar filhos. Faltam pais, faltam mães, falta maturidade, que com a ajuda da mídia que prega ideologias libertárias, produz indivíduos que querem só desfrutar e nunca servir. Muitas crianças e adolescentes são criados só pela avó, incentiva-se tudo para que cada um tenha seu prazer, menos evitar filhos quando ainda não se está preparado para criá-los melhor.
      As igrejas, principalmente as pentecostais, que recebem pessoas de níveis financeiros mais baixos, refletem a maior parte do mundo real. Enquanto católicos e protestantes tradicionais permanecem fechados em seus guetos, fora da realidade, distante de tudo que poderiam fazer como conhecedores do evangelho e com nível financeiro mais alto, lideres oportunistas e mal intencionados se aproveitam da culpa não resolvida para enriquecerem. Que importa a esses que crianças e jovens sejam atendidos de forma adequada, para serem e seguirem sendo bons cristãos no complexo mundo moderno? 
      Não, meus queridos, a religião cristã não funciona para muitos, não como é possível funcionar de acordo com o evangelho original de Jesus. Infelizmente muitos só vão aceitar isso tarde demais, quando verem filhos perdendo tempo em prioridades erradas, sem base moral e cultural para serem luzes no mundo, não só religiosamente, mas intelectualmente. Coerência se obtém com pés na terra e coração no céu, vivendo e andando no Espírito. Equilíbrio se conquista priorizando valores interiores e praticando-os, não sendo sepulcros caiados como os fariseus que queriam só aparentar. 
      Atualmente interação com cultura, arte e tecnologia, é imprescindível para ser cidadão do planeta, criar filhos longe disso é aliena-los, tornando-os despreparados para serem seres humanos produtivos e prósperos. Vejo pais em igrejas ensinando filhos a serem fiéis com agendas religiosas, se orgulham se veem seus filhos em “congressos” de jovens, liderando o louvor, orando em público, mas não se preocupam adequadamente com o bom desempenho escolar dos mesmos. O maior equívoco ocorre com casamento, querem que jovens se casem o quanto antes, com receio deles “pecarem”. 
      Existe um momento, e isso é mesmo antes de filhos terem vidas econômicas independentes e morarem em outras casas, que pai e mãe cristãos devem convidar filho para ir à igreja, não obrigar, respeitando caso a resposta seja, “não quero ir”. Acredite, se você criou seu filho sem hipocrisia, coerente com o que você é, ainda que ele não concorde cem por cento com tudo que é feito na igreja, ele irá à igreja. Nesse caso, como você, ele saberá tomar o que é bom, deixar para lá o que não é, enquanto faz suas escolhas no mundo, nos estudos, na profissão e na área afetiva, temendo a Deus, não à religião. 
      A verdade é que religião institucionalizada só funciona para líderes mal intencionados e como retorno material. A pastores e ovelhas sinceros do bem, que querem realmente a Deus, pode até funcionar no início, mas chegará um momento que Deus pedirá mais e a religião não terá para dar. Tenhamos essa consciência, aconselhemos os que não tem, e a esses sempre com cuidado, só Deus sabe o tempo de cada um, o que cada um está preparado para saber e ser, é preciso ser fiel no pouco antes de almejar mais. Mas tenhamos coragem para admitir quando a coisa não está mais funcionando.
      Sei que é difícil aos pais, para mim é difícil, mas nossos filhos são de fato o que se revelarem na juventude e na maturidade, infância e pré-adolescência são ilusões. Temos oportunidades únicas de ensinar nossos filhos aquilo que achamos importante, e isso ficará dentro deles para sempre. A escolha final, contudo, deve ser deles, não devemos tirar deles esse direito, ainda que os amando, orando por eles e aconselhando-os com respeito. Eu, contudo, creio que uma boa criação transforma alguém, talvez não em curto prazo, mas sempre dará aos filhos portos seguros para onde retornarem. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

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