segunda-feira, novembro 14, 2022

O Senhor é o meu pastor

      “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará.” Salmos 23.1

      A essência espiritual do homem é ser ovelha, não é ser pastor, pastor só existe um, Deus. Isso revela muito mais que simples hierarquia, que posicionamento de general e soldado, de senhor e servo, de chefe e empregado. Isso revela a vocação de sermos mansos, pacíficos, abertos a uma orientação superior, admitindo que não sabemos tudo, mas que existe quem sabe, e que esse nos ama e nos conduz. Ser ovelha não é ser “manada”, termo atual aplicado a quem se deixa conduzir por políticos ou religiosos, sem questionar e obter com isso conhecimento mais profundo e verdadeiro. Ser ovelha é ser humilde. 
      O homem não se sente satisfeito, independente de sua situação financeira ou nível intelectual, por ser auto-suciemte, quem acha que independência material traz satisfação ilude-se. Por outro lado, ainda que o pastor conduza ovelhas à liberdade e à independência material, elas aprendem que seu alimento principal não está no mundo, mas no Espírito, o Santo Espírito vem de cima, do Altíssimo, não da Terra. A simbologia pastor e ovelhas não sugere submissão estúpida, mas reconhecimento inteligente de prioridades, materialistas e ateus não entendem isso. Ser ovelha é muito bom, é se permitir ser cuidado por Deus.
      O Senhor é o meu pastor, nada em faltará! Diga isso com alegria, com muita satisfação, ainda que com muito temor a Deus, sem vaidade e com humildade. Deus se alegra em que estejamos felizes, o Senhor não é só uma energia, uma luz alta, pura e poderosa, mas fria, Deus é pai de amor que se agrada com os que o agradam e a esses ajuda sempre. Creia, há uma conexão especial entre os seres humanos que se colocam como ovelhas em Jesus. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10.27-28).

domingo, novembro 13, 2022

Mente firme em Deus

      “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti, porque ele confia em ti.Isaías 26.3

      Muitos enfrentam uma confusão constante dentro de si, isso torna a paz algo impossível. Não acontece necessariamente por se estar cometendo erros morais graves, mas tentar viver assim nos mantém fracos, deixando-nos mais propensos a errar. Na confusão de mente se busca nos prazeres do corpo algo que possa amenizar a dor, para que se possa enfrentar a vida. Assim, um loop estabelece-se, a dor leva a busca de prazer, que faz errar, que causa mais dor, que de novo pede por prazer, que gera mais erro e que causa mais dor. Não é vontade de Deus que existamos assim, é possível cura, se houver humildade e força de vontade podemos achar a paz e segurá-la. 
      O trabalho não é fácil, muitos desistem no meio do caminho, não desistem da vida, mas de Deus. Achar a paz é achar o ser interior e assumi-lo, muitos não têm coragem de fazer isso porque para esses parece que isso é humilharem-se demais diante de homens. “Quem não toma a sua cruz e não segue após mim, não é digno de mim, quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida, por amor de mim, acha-la-á” (Mateus 10.38-39). Os que desistem não serão menos, mas mais, se esforçarão mais, para serem mais diante dos outros, mas não acharão paz porque fogem de seus seres interiores. Achar paz é achar vida, vida só se tem harmonizado com Deus. 
      Mantermos nossas mentes firmes em Deus só conseguimos fortalecidos com a unção do Espírito Santo, se tentarmos isso sem Deus poderemos até adoecer psicologicamente. Batalha espiritual é mental, mas não é vencida com armas mentais, mas com espirituais. Não confundamos, contudo, enfermidades mentais com essa confusão que muitas vezes nos atormentam, se forem doenças psiquiátricas devem ser tratadas com medicação e orientação médica adequada, não só com oração. Confusões espirituais, contudo, se permanecerem por muito tempo sem tratamento, podem fazer adoecer nossas mentes, assim também necessitaremos de tratamento físico.
      Sempre procuro fazer essas ressalvas, ninguém despreze ciência ou tente tratar área física só com reformas morais e espirituais, essas são importantes, mas dependendo do caso, orientação médica deve ter relevância, principalmente no início do restabelecimento. Tratado ou tratando o corpo, cuidemos do espírito, conduta moral correta, libertação de vícios, vida de oração, levam-nos à cura plena. Quando cito o termo unção lembro que oração correta não deve cansar-nos, enfraquecer-nos, esvasiar-nos, mas alegrar-nos, motivar-nos, preencher-nos positivamente, impressionando sentimentos com um santo prazer. É isso que fortalece-nos para firmarmos a mente.
      Temos que readaptar nossos seres, se estavam acostumados a se perderem em devaneios, devem focar em Deus, em virtudes, em coisas boas e possíveis, na realidade, no presente, num dia após o outro. Isso requer humildade para aceitar limites, mas também confiança em Deus, que sabe quem foi, quem é e quem precisa ser. Uma mente firme em Deus se reconstrói melhor, experimenta um novo nascimento espiritual e vê o espírito amadurecendo num novo ser. Quem começa esse caminho de cura terá que se esforçar no início, mas à medida que for caminhando se verá mais seguro, mais estável, e conseguirá segurar uma paz verdadeira em Deus.
      Ninguém se sinta menor por ter que enfrentar fraquezas, Deus as permite para que dependamos mais dele e assim sejamos fortes para a sua glória. Felizes os fortes por e em Cristo. “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” (I Coríntios 1.26-29)

sábado, novembro 12, 2022

Me tem feito muito bem

      “Até quando te esquecerás de mim, Senhor? Para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando consultarei com a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo?
      Atende-me, ouve-me, ó Senhor meu Deus; ilumina os meus olhos para que eu não adormeça na morte; para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra ele; e os meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar.
      Mas eu confio na tua benignidade; na tua salvação se alegrará o meu coração. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.
Salmos 13

      Quem procurar em muitos dos salmos por ensinos claramente positivos e de incentivo emocional, terá dificuldades, achará em alguns versículos declarações pessimistas e incrédulas, só em outros achará o que a maioria espera da Bíblia, testemunhos otimistas e crentes. Isso ocorre porque uma das principais características dos salmos, muitos deles composições de Davi, e o termo composição aplica-se porque originalmente são poesia, não prosa, letras para músicas, é serem desabafos intensos. As emoções do escritor vão sendo expressadas aos poucos e com muita honestidade. 
      Quem de nós não inicia muitas vezes uma oração totalmente desorientado, agoniado, amedrontado, descrente mesmo de Deus, achando que o Senhor nos deixou sozinhos, à própria sorte diante de tantos que se colocam como nossos inimigos? Não era diferente com Davi, que como o artista do quilate que era, tinha a sinceridade corajosa de dizer o que sentia a Deus e de compartilhar isso com outras pessoas, em composições que fazia para uso público. Que diferença da atitude de muitos de nós, que hipocritamente só queremos mostrar em público imagens satisfeitas e resolvidas. 
      Muitos cristãos fazem hoje a distinção, ao meu ver desnecessária, entre música secular e música religiosa. É certo que muito do que se autodenomina música hoje em dia não é arte, nem expressão emocional honesta, é só “canto de acasalamento” grosseiro e vulgar. Mas existe muita música, chamada secular, boa, com uso correto da língua, com harmonias e melodias ricas, mas principalmente, descrevendo experiências emocionais, sociais, afetivas, sinceras e reais. Pois bem, essa boa música secular pode se encaixar em muitos salmos, pelo menos nas primeiras partes deles. 
      O salmo 13 é um bom exemplo da oração gradativa tão presente em Salmos, que parece que começa com alguém no fundo de um escuro poço e depois encerra no mais alto céu. Nos versículos 1 e 2 Davi declara medo por achar que Deus se esqueceu e fugiu dele, e por isso não consegue mais achá-lo, Davi diz que está muito triste e que está derrotado e humilhado por seus inimigos. Essa é a descrição de alguém sendo disciplinado por Deus, não porque o Senhor o puna, mas porque Deus se afasta dele. Mas será que Deus se afasta de alguém em algum momento?
      Não, somos nós, homens, que nos afastamos do Senhor. Contudo, a declaração de Davi assumindo sua dor, sua verdade interior, abrindo suas entranhas e expondo a Deus, sem meias palavras, é só o primeiro passo de sua busca ao Altíssimo. Nos versículos 3 e 4 Davi já começa a se levantar, depois de se mostrar ele pede a Deus que se mostre a ele, agora a incredulidade começa dar lugar à fé. Atende-me, ilumina meus olhos para que eu não adormeça na morte, para que meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar, nisso Davi reconhece sua situação, mas clama que Deus o ajude. 
      Nos versículos 5 e 6 um Davi diferente, daquele do início do salmo, se apresenta, ele diz confio na tua benignidade, na tua salvação se alegrará meu coração, ele já contempla a alegria rertornando. Meus queridos, as palavras são limitadas, lentas, não acompanham a ação do Espírito Santo, e creia, enquanto Davi fala Deus age. O que permitiu isso não foram as palavras em si, mas a atitude interior de Davi, de humildade e fé. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem, encerra assim o compositor seu salmo, como se a felicidade fosse coisa que já acontecesse há tempos.
      A oração verdadeira transporta-nos no tempo, do passado de morte sem fim para um presente eterno de vitória, quando o Espírito Santo nos eleva, o pior pesadelo parece nada, a luz do Senhor nos acorda para as maravilhas do plano espiritual. Inimigos? Não temos inimigos, só opositores tolos, perdidos em seus próprios pesadelos, batendo cabeças, nada poderão fazer contra nós porque estamos na luz de Deus e eles não se sentem confortáveis na luz. Mas a frase final nos revela outro segredo da vitória espiritual, o louvor, quem adora se protege de medos e de tentações, santifica-se e cresce. 

sexta-feira, novembro 11, 2022

Aprendamos com Davi

      “Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado.Salmos 51.1-2

      O salmo 51 registra a oração que Davi fez após ser repreendido pelo profeta Natã (II Samuel 11-12) por ter adulterado com Bate-Seba e mandado matar Urias seu esposo. O pecado foi sério, as consequências à altura, mas Davi o assumiu, ainda que tardiamente e só após ter tentado acobertar o erro inicial com mais erros. Um trágico exemplo de como vergonhas podem se tornar vergonhas ainda maiores, se não houve pronta humildade para assumir as primeiras. Davi pede perdão a Deus com a certeza que isso seria suficiente para purificá-lo totalmente, isso fica claro na passagem. Por pior que seja o erro cometido o mínimo que podemos fazer é assumi-lo, confessá-lo a Deus e confiar na eficácia do perdão do Senhor.
      Davi poderia ter novamente a mesma atenção e a mesma proteção de Deus que tinha antes de pecar? Sim, contudo, fica a lição a todos nós, mesmo que haja paz com o perdão, os efeitos de certos pecados não desaparecem, devemos conviver com eles, ainda com mais humildade que a exercida para assumirmos o erro. Quem já não cometeu erros sérios, com consequências que não podem ser desfeitas? Deus não deseja isso a ninguém, mas em muitos casos pode ser a única maneira de sermos quebrantados e confiarmos no Senhor. Lições trágicas sofrem os teimosos, que ainda que tenham provado a honra de Deus, como provou Davi no estabelecimento de seu reinado, se esquecem dessa honra e não vigiam adequadamente.

      “Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares. Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.” Salmos 51.3-5

      Nesses versículos Davi especifica sua confissão, sua condição de pecador imundo, e principalmente, verbaliza contra quem pecou em primeiro lugar, contra Deus. Confissão de pecado não pode ser genérica, mas detalhada, sentindo toda a seriedade que implica o erro. Interessante que Davi diz que conhece suas transgressões, mas parece que nos esquecemos que estamos pecando e desagradando muito a Deus em algumas situações, como quando Davi desejou e possuiu a mulher de outro homem. Que não cheguemos a estarmos fracos assim, por isso vigiemos, nos fortaleçamos em Deus, enxerguemos o pecado antes dele acontecer, e fujamos dele, bem depressa, senão as consequências serão terríveis.
      Que diferença a honestidade de Davi, concordando que qualquer juízo que Deus executasse seria justo e ele receberia sem reclamar, da atitude de muitos jovens hoje em dia, não admitindo erros, jogando a culpa nos outros, não assumindo responsabilidades pessoais, achando-se sempre certos, cheios de direitos. Por isso tantos não conhecem o verdadeiro Deus, ainda que frequentem igrejas, não são humildes e não amadurecem. Davi chega ao fundo em sua confissão quando reconhece que sua essência é pecaminosa, desde seu nascimento, parece exagerado, mas representa bem a situação de quem foi surpreendido e duramente exortado. Davi faz tudo que pode para recuperar sua posição anterior a seu erro.

      “Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria. Purifica-me com hissope, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve. Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste. Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.” Salmos 51.6-10

      Depois de enfatizar sua condição de pecador, Davi enfatiza a santidade de Deus, confia na eficácia do perdão do Senhor e clama para ter novamente a alegria de viver de quem agrada a Deus. Ah, meus queridos, muitas vezes só valorizamos certas coisas quando as perdemos. Mas creiam, é muito ruim viver em pecado, traindo pessoas, desejando o que não é nosso, tendo o que não nos pertence. Em se tratando de sexo errado é adultério e roubo, e no caso de Davi, também homicídio. Um abismo chama outro abismo, se o homem se deixar levar por prazeres egoístas, pela carne, desprezando o Espírito, acabará em morte e como dizem alguns, num horroroso “carma”. Quanto temos que pecar para acordarmos? 
      O versículo dez é muito bonito, vai ao cerne do problema, que não está nos órgãos e sentidos do corpo que interagem com os apetites, mas no interior emocional, mental e espiritual do homem. Davi deseja de novo o homem que era antes de pecar, que ele perdeu, não no adultério ou no homicídio, mas antes. Adultério e homicídio foram só trágicas causas de seu afastamento de Deus, afastamento que não o levou à guerra junto do exército de Israel e o amarrou ociosamente no palácio. Creia, ninguém comete um grande erro assim, da nada, avisos são dados e muitos, mas não são ouvidos, até que algo sério ocorre e revela o grande desvio do homem de Deus. Aprendamos com toda essa triste história de Davi e nos cuidemos. 

quinta-feira, novembro 10, 2022

Nosso sal tem sabor?

      “Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.Mateus 5.13

      Nossa vida tem sabor? Que sabor tem? Que sabor gostamos que ela tenha? Várias coisas podem dar sabor às nossas vidas. Passamos muito tempo ao sabor das paixões, essas conferem tons fortes e vivos, que preenchem nossos dias, fazem com que nos sintamos vivos, relevantes para o mundo, para outras pessoas. Nos apaixonamos por um ofício, por uma profissão, por uma carreira, por um dom, nos esforçamos para conhecer essas ferramentas bem e sermos competentes no uso delas. Essas estão diretamente relacionadas com retornos financeiros, e dinheiro sempre dá sabor às vidas, compra-o, ao menos. 
      Mas é indiscutível que o que dá mais sabor às nossas existências neste mundo são nossas relações afetivas, por amor fazemos muitas bobagens, mudamos de cidade, de estado, de país, trocamos até carreiras promissoras para estar mais perto de alguém. Bem, pelo menos era assim para a minha geração, mas parece que para jovens bem formados dessa última geração, vida profissional tem sido prioridade, muitos têm preferido ficar solteiros, ainda que tendo relações íntimas ocasionalmente e sem compromisso. Muitos hoje não querem estar presos a nada a não ser a eles mesmos, mas será que as vidas desses têm sabor? 
      No texto bíblico inicial entendemos que sabor não é efeito de algo, mas algo que causa efeito em outras coisas, assim, paixões mudam nosso humor, nosso emocional, isso nos confere temperos que podem influenciar outras coisas. Apaixonados podem trabalhar melhor, ou pior, que seja, mas se tivermos vivendo uma paixão tudo o que tocarmos ganhará um sabor. A figura do sal tem um significado especial, não se come sal puro, ele é usado para dar sabor, e mesmo assim deve ser usado na medida certa. Mas isso se o sal estiver com suas características vivas, caso contrário, todo o sal do mundo não dará sabor aos alimentos. 
      O melhor sabor é o moral, ungido no Espírito Santo, esse dará mais que gosto, liberará o melhor dos seres humanos, e o melhor é eterno, não é vão e deste mundo. O resto, ainda que não seja necessariamente errado e tenha espaço e tempo em nossas vidas, é uma espécie de simulação da unção  espiritual. É importante entendermos que experiência espiritual não é algo fechado, parado, contido, frio, mas ainda que seja centrado e controlado é fogo que arde e não queima. A verdadeira experiência espiritual com o Deus Altíssimo nos confere o sal mais puro e saboroso, capaz de dar bom gosto ao mundo e aos seres humanos. 
      Unção envolve áreas moral, espiritual e emocional, é prazer de se estar em íntima ligação com Deus pelo seu Espírito. Mas a unção genuína só existe quando há qualidade moral, alguém de fato ungido tem capacidades espirituais, virtudes morais e emocionalmente sente-se iluminado, muito satisfeito. Quem está bem consigo, com Deus e se sente bem, com facilidade influenciará as outras pessoas, seja com palavras ou com atitudes, a estarem bem. O sal que Jesus se refere é essa unção, outros sabores, como as paixões, acabam conforme envelhecemos, mas o sabor da unção perdura e melhora, independente do tempo de vida.
      Interessante que o fim do sal com sabor e do sal sem sabor é o mesmo, a terra. Um salgará a terra e a influenciará para ter o seu sabor, o outro será pisado pelos homens e se tornará terra, será influenciado por ela. Isso propõe uma escolha de atitude, influenciar ou ser influenciado. Todos nos sentimos às vezes sal sem gosto, ainda que nossa vida no geral esteja de acordo com a vontade de Deus, parece que não nos resta outra coisa senão cairmos na terra e desfalecermos. Ao invés de procurarmos sabor nos vícios do corpo, o melhor é orarmos a Deus, buscarmos com todo o coração a unção do Altíssimo, que dá sabor ao nosso sal.

      “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes.Jeremias 33.3

quarta-feira, novembro 09, 2022

Deus é sol e escudo

      “Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.Salmos 84.11

      Por isso amamos a Bíblia, em poucas palavras nos são apresentados ensinos preciosos de vida eterna. Deus é sol, o que entendemos disso? O Sol brilha, forte, sempre, alimenta toda a natureza com seu calor. Ele é fiel, ainda que a noite venha, e em alguns lugares do planeta possa durar bastante, o dia chega, o Sol nasce no horizonte, a vida se renova, a esperança segue firme, fortalecendo os homens em suas lidas diárias no trabalho de ganhar o alimento.
      À luz do Sol o homem tem melhores condições de ser produtivo, não precisa de luz artificial, sabe onde anda, aproveita melhor seu tempo. Deus é Sol moral que orienta nossas escolhas, mostra-nos o que é certo fazer porque é o melhor, para nós e para os outros. Sob a luz espiritual mais alta os seres espirituais do mal fogem, tentam achar algum local nas trevas para se esconderem, quem anda no sol divino é protegido por ele, purificado por ele, acalentado por ele. 
      A mesma luz mais alta de Deus é escudo contra o mal, quem faz o que é certo vence o que está errado só pelo fato de agradar a Deus. Não precisamos empunhar armas contra os arrogantes e egoístas, gastarmos nossas forças agredindo-os, os retos não atacam ninguém, nunca. Nossa ferramenta de guerra é obedecer a Deus, com isso naturalmente um escudo se forma ao redor, embaixo e acima de nós, de maneira que as armas inimigas não possam nos tocar.
      Nada é tirado dos que andam na retidão, andarmos retamente é andarmos humildes diante dos homens, mas convictos com Deus, com calma no mundo, mas perseverantes na busca do Altíssimo. O reto não mente nem que lhe custe a vida, não perde tempo com polêmicas ou com defesa própria, se cala, confia em Deus pois sabe o Deus que tem. A esses Deus não negará nada porque esses sabem o que, como e quando pedir, para eles a vida melhora sempre. 
      Interessante que o texto não diz nada é negado, mas nada é retirado, parece que nossa dificuldade maior não é conquistar coisas, mas manter o que conquistamos. Assim, a disciplina que sofremos quando nos afastamos de Deus, não é deixarmos de ganhar, mas perdermos o que ganhamos. O reto nem precisa ganhar, mas o que tem multiplica-se. Ainda que nada mais possa fazer para ver suprida sua necessidade, Deus fará com que aquilo que ele tem baste.
      Graça dá o Senhor aos retos. Graça nos remete a dois sentidos, um é ganhar algo sem ter pago um preço, gratuitamente, mas os retos pagam um preço, creem em Deus de todo o coração e vivem vidas santas e humildes. O outro sentido é alegria de quem é feliz sem precisar de motivos, pelo menos de motivos materiais, graciosamente, retos são alegres sempre, se maravilham com as obras constantes de Deus porque têm olhos e ouvidos espirituais abertos. 
      Glória dá o Senhor aos retos. Glória é um brilho diferenciado, uma condecoração, não física, mas espiritual, advém não de riquezas do mundo e de honra de homens, mas de prática de virtudes morais diante de Deus. A verdadeira glória de cada ser só reconhece os realmente espirituais, os outros verão o que querem ver, serão enganados com falsas glórias, serão vaidosos e céticos, ainda que se achem bons religiosos, não conhecerão a glória de Deus. 

terça-feira, novembro 08, 2022

Andar no Espírito

      “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.Gálatas 5.22-26

      Andar no Espírito é praticar três pilares da espiritualidade: oração realmente espiritual, mente vigilante e amor puro. Oração espiritual recebe unção que capacita e consola, não é só expressão intelectual, mas direta conexão com Deus por Jesus no Espírito Santo, que entrega um bom e poderoso sentimento. Mente vigilante fecha portas às vozes dos espíritos maus, às invejas dos homens maus e aos prazeres descontrolados do corpo, focando em Deus e em sua vontade, conquistando paz e santidade. Amor puro entrega sem pedir algo em troca, com paciência, elegância e buscando a glória de Deus, não do ego.
      Viver no Espírito é orar e louvar a Deus, focar no Altíssimo e amar sempre. Andar no Espírito é prática, é colher no passo a passo e no dia a dia o que se confessa como vida na oração. Não basta sermos fortalecidos em oração, acessarmos a vontade de Deus para nossas vidas e nos sentirmos muito satisfeitos com isso, temos que refletir isso em nossas relações diretas com a realidade, com as pessoas, com os negócios. Por isso à orientação de Paulo sobre viver e andar em Espírito, segue “não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando e invejando os outros”, frutos doces e que permanecem precisam ser colhidos. 
      Pode parecer óbvio, mas muitos conseguem entender os pilares da espiritualidade na oração, naqueles maravilhosos momentos de quebrantamento no coletivo das igrejas ou na privacidade de seus lares, contudo, não conseguem pôr em prática. Por isso estão sempre repetindo provas, voltando ao passo inicial da carreira cristã, isso até pode persistir por um tempo, mas depois pode enjoar, fazendo com que muitos desistam de praticar espiritualidade. Prática requer um andar cuidadoso, onde se retêm na alma a vontade de Deus e a confronta com a realidade à medida que se caminha. Isso requer fazer as coisas com calma. 
      Enquanto na oração as coisas podem ocorrer na velocidade do Espírito Santo, esse é rápido para agir e nem precisamos de muita racionalidade para entender, mais se sente que se pensa, o convívio com a realidade do mundo material requer tempo. Dessa forma, pôr teoria em prática exige paciência com nós mesmos e com os outros, mais pensar que falar. Se recebimento da unção é algo mais espiritual que intelectual, a prática do que se recebeu requer racionalidade, não para entender e fazer as coisas do jeito humano, mas para destrinchar o ensino recebido do Espírito Santo e pô-lo em prática, em cada atitude e em cada palavra.

segunda-feira, novembro 07, 2022

24 horas com Deus

      “Eu, porém, invocarei a Deus, e o Senhor me salvará. De tarde e de manhã e ao meio dia orarei; e clamarei, e ele ouvirá a minha voz.Salmos 55.16-17

      Não olhemos para dentro de nós, mas para Deus. Nosso interior é local pouco confiável, principalmente quando não foi cheio do Espírito Santo. Pela manhã, quando acordamos, é um momento muito humano, uma noite mal dormida, sonhos de todas as espécies, lembranças do dia anterior e velhos medos do futuro, podem se assentar dentro de nós. Por outro lado temos compromissos a cumprir, pouco tempo para meditações e leituras da Bíblia, assim uma oração rápida e com convicção é útil para nos nivelarmos espiritualmente. O principal é olharmos pela fé para o Altíssimo, não para nós. 
      Lá pelo meio do dia, quando já nos adaptamos à realidade, conversamos com pessoas, as coisas começam a fazer sentido, já estamos sentindo mais as prioridades e nossa mente já está envolvida com a roda viva da vida, empurrando-nos à frente. Mas nesse momento uma atitude mental também de fé é importante para não nos perdermos, podemos cair tanto por nos sentirmos fracos quanto por nos acharmos fortes. Depois chegamos ao final do dia, em casa, cansados fisicamente, mas é à noite, após um banho e uma refeição, que busca por espiritualidade pode ser mais frutífera e fortalecedora.
       Num lugar protegido de interferências e distrações, principalmente auditivas, relaxemos e busquemos a Deus com tempo. Momentos como esse é que nos darão noites de sono tranquilas e que nos permitirão acordar no dia seguinte preparados para enfrentarmos a vida. Vivermos vinte e quatro horas perto do melhor de Deus neste mundo é desafiador, não é fácil, mas é o segredo para que nos preparemos para termos direito ao melhor do Senhor na eternidade. Nada acontece por acaso, sempre há esforço perseverante envolvido, mas aos homens de boa vontade a felicidade é viável.

domingo, novembro 06, 2022

Sem amor estreita-se a visão

      “Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade; abençoai aos que vos perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram.Romanos 12.13-15

      De baixo para cima enxergamos o Deus Altíssimo, focando nossos olhos espirituais em linha reta e centrada nas regiões espirituais mais altas em Cristo, acima dos seres espirituais. Contudo, é olhando na mesma altura, e abrindo a visão, que enxergamos os seres humanos com amor. Só o amor abre nossa percepção do semelhante, sem ele nossa visão estreita-se e entendemos o outro egoisticamente. Essas definições talvez tenham sido um pouco místicas, mas quem tem a experiência de fazer uma oração diferenciada de fé, que redunda numa resposta certa e completa, entende o que quis dizer com olhar espiritual reto e centrado no Altíssimo.
      O ponto dessa reflexão, contudo, é a maneira como olhamos nossos semelhantes: com visão estreita ou com visão aberta? Quem não ama distancia-se, olha com frieza, seleciona só o que quer ver, que não vai comprometê-lo ou incomodá-lo. Quem olha estreito vê com filtros, não quer enxergar a realidade. Você quer saber se usa esse olhar? Responda: como você olha um mendigo numa calçada? Nem dá muita atenção, pensa, mas tem preparadas algumas considerações para interpretar a situação, de modo a não se envolver com a questão, para não ter que ser solução e não sofrer? Quem olha assim olha sem amor, enxerga estreitamente o semelhante. 
      Não temos que sair por aí resolvendo todos os problemas do mundo, nem podemos fazer isso, o mendigo foi um exemplo, ainda que nada façamos numa situação assim, não significa que não temos amor. Mas existem situações, bem triviais, em nossas vidas, em que Deus nos permite exercer amor. A visão estreita sempre olha de cima, a aberta olha na mesma altura, mas podemos também olhar de baixo, isso indica algum problema emocional em nós não resolvido, só Deus merece ser olhado com temor. Visão estreita é arrogante, na mesma altura é equilibradamente amorosa, mas a de baixo pode até conter amor, mas também conterá medo, que limita o amor. 
      Sem amor estreita-se a visão e nós fugimos da escolha mais espiritual, que interage com algo ou alguém como Jesus homem interagiria. Escolher o que ver e concluir sem refletir muito é mais fácil, mas contemplar toda a questão envolve trabalho emocional. O olhar aberto ouve antes de falar, não julga mal e torce pelo melhor. O olhar amoroso não vê inimigos nem em quem assim se coloca contra ele, mas vê alguém com uma ferida que precisa ser curada, não toma como pessoal nem a ira e nem a inveja mais estridentes. Olhar aberto abraça, o estreito despreza, o aberto não se acha parte do problema, mas da solução, por isso não tem necessidade de se defender. 
      Visão estreita a ninguém se associa sem que isso lhe traga alguma vantagem, mesmo que seja só para poder dizer depois a quem ajudou que esse lhe deve favores. A visão aberta vê todos os seres humanos como irmãos, tem uma ótica espiritual e eterna da humanidade, não vã e mundana. O que abre os olhos espirituais para enxergar o semelhante toma a iniciativa para amar, ainda que seja só para clamar anonimamente por alguém diante de Deus. Eis a maneira de ajudarmos muitos que nos impressionam por sofrerem tanto, orando, contudo, se pudermos ajudar financeiramente, o façamos, hoje, pobreza de tantos no mundo, é problema de todos. 

sábado, novembro 05, 2022

A cor do amor

      “Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para estes certamente cheiro de morte para morte; mas para aqueles cheiro de vida para vida.II Coríntios 2.15-16a

      Para a esquerda está na moda ser legal, por isso tanta publicidade usando diversidade de raças e sexualidades para agradar a causas sociais. Já para a direita cristã está na moda ser estúpida, cansou de se achar vítima, assim vinga-se posicionando-se politicamente. Mas enquanto a esquerda dá lugar de fala a vítimas reais, que sofriam preconceitos e opressão legitimamente, a direita cristã sai da posição que não devia ser de vítima, mas de humildade, e se desvia para um empoderamento extremado e equivocado. 
      Se alguém é negro, homoafetivo e cristão, pelo que pode lutar? Como negro pode lutar por igualdade, como homoafetivo por liberdade, mas como cristão deve viver em humildade. Percebe as diferenças? Por causas humanas e deste mundo luta-se com armas deste mundo, mas causas espirituais devem prevalecer com experiências espirituais. A diferença existe porque espírito não tem sexo ou cor, só níveis moral e intelectual, ainda que isso não impeça cristão de lutar por direitos de todos os seres e pelo bem do planeta. 
      O mais sábio é tentar não usar lugares inadequados para causas indevidas. Luta por igualdade de cor e de sexualidade não deve envolver religião, pois são relevâncias para seres humanos de religiões diferentes e mesmo sem religião. Quando dizemos religião, dizemos todas, afro-espíritas não têm mais legitimidade de lutar pelos direitos de afrodescendentes que cristãos. Ainda que o catolicismo tenha origem na Itália, não é exclusivo de italianos, como não é o protestantismo de alemães ou o Candomblé de africanos. 
      Religião, apesar de ter origem e ser fundamentada em fatores culturais e sociais de um povo, pode ser escolhida por seres humanos de qualquer origem, continente, país, raça ou tribo. Ou não? Ou só afrodescendentes podem ser da Umbanda e do Candomblé? Assim devemos separar cultura de origem africana de religião dessa origem, pode não ser fácil, mas é necessário, senão estaremos tirando da religião sua principal função, permitir a qualquer ser humano relacionar-se com o divino, o místico e o espiritual. 
      Já o compartilhar Deus, e o termo não é lutar por Deus, já que Deus não precisa e nem pede que ninguém lute por ele, deve ser feito com humildade, com ações não com discursos. Espiritualidade deve aparecer em nós como perfume, suave e especial, discreto, mas vivo. Digo isso não só a evangélicos, mas a todos, espíritas, afro-espíritas, muçulmanos, budistas etc. Imagine um mundo onde assembleianos lutassem pelos homoafetivos, onde umbandistas lutassem pelos luteranos, imagine, seria um wonderful world.
      Se cada fala estivesse em seu lugar e uma não tentasse tomar o lugar da outra, teríamos causas sociais de mãos dadas com causas morais, ciência amiga da religião, tudo harmonizado para que um ser humano completo e equilibrado cuidasse bem dos mais desfavorecidos e do planeta Terra. Contudo, os seres humanos ainda tendem à prepotência, todos eles. Quem esteve embaixo quer estar em cima, e fará com os que estavam em cima o que fizeram com ele. Sem temor a Deus não há igualdade, liberdade e humildade. 
      O mundo está mudando e mudará ainda mais, a direção já está sendo mostrada. Daqui a algum tempo ainda haverá problemas, mas a igualdade será maior, primeiramente física depois em outras áreas, a mistura maravilhosa de raças igualará os corpos àquilo que já existe nos espíritos. Se preconceituosos reclamam de verem tantos afrodescendentes em propagandas de TV, aceitem, no futuro não se verá mais brancos, mas também não se verá mais negros, só misturados. O ser humano do futuro só terá uma cor, a cor do amor.  

      “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro.” Apocalipse 7.9-10

sexta-feira, novembro 04, 2022

Amar é paciência para ouvir

      “O coração do sábio instrui a sua boca, e aumenta o ensino dos seus lábios. As palavras suaves são favos de mel, doces para a alma, e saúde para os ossos.Provérbios 16.23-24

      Se você gosta de explicar as coisas seja professor, jornalista, ou então crie um blog como este aqui e compartilhe textos. Se tuas palavras encontrarem olhos ou ouvidos acharão quem as leia ou as escute, e você encontrará utilidade para teu talento. Contudo, nas relações interpessoais normais, entre familiares e amigos, explicações poucas vezes ajudarão alguém, as pessoas não são facilmente abertas para explicações. Na maior parte das vezes teremos que ser mais ouvidos que bocas, amando em silêncio e esperando pacientemente o momento certo para nos aprofundarmos em certos assuntos. 
      Ainda que saibamos que alguém está com um problema e entendamos que podemos ajudar com respostas, respostas legítimas que já provamos para nossas próprias vidas em Deus, as pessoas dificilmente são convencidas por explicações dos outros. Só elas mesmas podem se convencer, quando escolhem isso, assim é melhor sermos facilitadores de oportunidades para que elas mesmas se ouçam e encontrem as soluções. Amar é ter paciência para ouvir, isso pode não ser fácil, principalmente para pessoas que, com eu, gostam de explicar as coisas, mas amar também é sacrificar prazeres pessoais. 
      A maneira como Deus trabalha no tempo, quem entende isso acha paciência e consegue amar. Somos apressados, queremos convencer as pessoas e já, e muitas vezes bem intencionados, por sabermos que o que temos a dizer realmente funciona. Mas a vida só acaba quando termina, é certo que pode acabar antes que achamos, por isso temos que estar vigilantes em Deus para não deixar para depois uma urgência. Muitas pessoas precisarão ser confrontadas ainda que não queiram, porque o tempo urge, mas na maior parte das vezes precisamos aguardar, orando por elas e as ouvindo com calma.
      A glória é de Deus, não nossa, e é mesmo quando usamos palavras verdadeiras de Deus. Muitas vezes nossa pressa em falar as coisas, é muito mais por vaidade que por amor, muito mais para mostrarmos às pessoas o que sabemos e somos, que sermos instrumentos de bênção de Deus nas vidas das pessoas. A cura maior é espiritual, nela nós muitas vezes nem necessitaremos aparecer, as pessoas nem precisarão saber que tivemos algum papel em sua cura, às vezes só precisaremos exercer um papel indireto e secreto. O importante é a pessoa ser abençoada e o nome de Deus ser glorificado, não o nosso.
      Uma característica do amor é procurar nos diálogos pontos em comum, que constróem pontes entre as pessoas. Alguns, contudo, parece sempre buscarem pontos de discordância, estão mais interessados em estabelecer vaidosos conflitos, não pagam os preços de conterem, ao menos um pouco, seus argumentos, para que haja, não sua derrota, mas empates elegantes. Quem quer se conectar joga luz sobre o outro, e mesmo quanto se coloca o faz de maneira a não ofuscar o outro. Essa atitude planta antes para poder ser ouvido depois, já que se preparou terreno com atitudes abertas e amistosas. 

quinta-feira, novembro 03, 2022

Amor não se compra

      “Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.I João 3.16-18

      Amor pode ser convertido em ajuda financeira, mas dinheiro não compra amor. Ajudar os outros materialmente é uma honra que deve ser conquistada, com humildade e amor, quem não tiver essas virtudes até poderá auxiliar alguém com dinheiro, mas não será gesto de amor. Não sendo amor não se entrega graciosamente, se pede exigindo pagamento, ainda que seja só de adoração e medo, isso torna escravos ainda mais encarcerados. 
      Adoração e medo mantêm homens escravos, só o amor liberta, auxílio financeiro que se dá por amor liberta porque não pede retorno de quem não pode dar retorno, assim proporciona libertação. Liberto o ser humano trabalha para construir sua independência e não ter mais que depender materialmente dos outros, mas ainda assim, se também tiver o puro amor, será eternamente grato ao que o ajudou sem segundas intenções, só por amor.
      Quantas coisas podemos fazer por gratidão, e nossa maior gratidão é a Deus, que nos dá tudo que precisamos, não o que queremos, sem pedir algo em troca. Somos gratos a Deus ou um instante depois dele nos dar algo já nos esquecemos? Com os homens, contudo, tirando nossos pais, é difícil exercermos gratidão, porque nós homens não sabemos dar sem cobrar. Contudo, aí está o mistério do amor, ser generoso mesmo com quem não merece.
      Esse é o amor que Deus busca em nós, desinteressado, recompensado só por existir, será que há espiritualidade mais alta? Amar cobre multidões de pecados, toca o coração do Altíssimo de maneira especial, transforma o mundo. Só tem uma coisa tão difícil aos homens quanto amar, pensar, e não só para decidir o trivial, mas para conhecer a Deus e não ser manipulado por homens. Contudo, quem ama, conhece a Deus, mesmo sem muito pensar.
      Homens não tentem comprar amor com músculos, carrões e grana, mulheres não tentem comprar amor com beleza exterior e sensualidade. Pais não tentem comprar o amor de seus filhos com escolas particulares ou com qualquer presente material, parentes não tentem comprar seus parentes com empréstimos a juros. As pessoas precisam antes do nosso respeito, então, do nosso amor, depois, se possível, de nossa grana. 

quarta-feira, novembro 02, 2022

Obra de evangelista

      “Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.II Timóteo 4.5

      Não há maior alegria que a que sentimos após fazermos a “obra de um evangelista”. Termos a oportunidade em Deus de falarmos a alguém sobre a vida eterna, alguém devidamente preparado para ouvir, entender, reter e praticar a vontade de Deus para sua vida, é muito recompensador. Isso pode não ser fácil de ser iniciado, é preciso consagração e sensibilidade para saber quando ir e o que dizer, mas enquanto é feito e principalmente depois de ser feito, nos satisfaz como nada mais. Faz com que nos sintamos no centro da vocação de Deus para seus luzeiros no mundo. 
      Você não precisa fazer isso em todo o tempo, muito menos como mandamento de religião, mas peça a Deus para que te dê de vez em quando uma oportunidade para fazer a obra de evangelista. Deixe para lá todo preconceito que você possa ter sobre o assunto, evangelizar não deve ser de maneira alguma só ganhar novos membros para tua igreja, fac-símiles de você mesmo. Ser instrumento para compartilhar a vontade de Deus às pessoas é muito mais que isso. Preocupe-se com o outro, não com tua religião ou com você mesmo, apenas seja palavra de consolo e de esperança.
      Muitas vezes não temos ideia de como existem, próximas a nós, pessoas abertas para a verdade mais alta de Deus, gente só aguardando que um evangelista seja luzeiro e reflita nela a luz mais alta do Senhor. Quando fazemos a obra de um evangelista do jeito correto, a obra não é nossa, a pessoa já estará preparada por Deus e a palavra que ela precisa ouvir sairá fácil de nosso coração, porque Deus já a gerou antes em nós. Será palavra de vida, não só teoria, será pão espiritual novo e quente, para saciar a fome das almas. Ao que entrega o pão só lhe restará um maravilhoso regozijo. 
      Por outro lado, falar na hora errada é esforço desnecessário, cansa quem fala, enfada quem ouve, a ninguém alegra, dá mais testemunho inadequado do evangelho que útil. Por isso são necessárias sobriedade e paciência, andando sempre conectado a Deus para estar pronto a obedecer quando for hora certa. Só Deus sabe o momento adequado de se dizer e de se ouvir. Entregue o desejo de realizar esse trabalho a Deus e ele vai te mostrar quando ser evangelista, alguém nem precisará mudar de religião, mas se você obedecer a Deus, com certeza alguém mudará de vida para melhor. 

      “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” Marcos 16.15

terça-feira, novembro 01, 2022

Mansidão vence o medo

      “Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu para que temas o homem que é mortal, ou o filho do homem, que se tornará em erva?” “E ponho as minhas palavras na tua boca, e te cubro com a sombra da minha mão; para plantar os céus, e para fundar a terra, e para dizer a Sião: Tu és o meu povo.” 
Isaías 51.12, 16
      “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” 
Mateus 5.5

      Vencemos o medo com mansidão. Isso parece opor-se ao senso comum, que diz que se vence medo com força, mostrando-se mais forte que o que se teme, posicionando-se ativamente de forma ofensiva. Por esse ângulo mansidão parece algo fraco e passivo. Mas quem disse que não é preciso coragem para ser manso, principalmente diante do medo e violência externa? Talvez precise-se mais até que para ser beligerante. 
      Não fazer nada pode exigir mais segurança, mais certeza, mais fortaleza, que ser ativo e fazer as coisas, ou atacar um inimigo, já que resposta ofensiva pode ser só fuga do medo, não enfrentamento de fato. Aquilo que destruímos não precisamos enfrentar. Deus, contudo, não deseja que nenhuma de suas criaturas sejam destruídas, mas enfrentadas com mansidão, mudando suas naturezas para melhor, fazendo de inimigos, amigos.
      Enfrentar o que tememos com mansidão não é ser passivo, não espiritualmente, exige vida consagrada a Deus, portanto trabalho moral para se praticar virtudes. Exige também vida de oração constante e vigilante, dominar nossa ira, nossa inveja, nossa insegurança, nossa vaidade, a necessidade de nos justificarmos. É trabalho duro, mas que pode nos fortalecer para vencermos nosso principal inimigo, nós mesmos. 
      Só quem se vence é manso e não tem medo, assim não verá nos outros o que não vê em si, um inimigo. Precisamos ter noção do perigo, dos argumentos de quem se opõe a nós, mesmo do mal que alguém pode nos fazer, por isso devemos ser cautelosos e cuidadosos, mas não medrosos. Quando não há beligerância há paz, se vence uma guerra com paz, não com mais guerra. O manso desarma o inimigo só pelo olhar.
      Depois o manso conclui a vitória com palavras de vida, Deus põe suas palavras na boca do que não teme, porque ele está apto para usá-las. Com mansidão se herda a Terra, se conquista o mundo, se planta no céu, isso não tem a ver com prosperidade material e riquezas físicas, ainda que ao manso não falte vida digna aqui. A conquista não é escravos para senhores, mas de espíritos para Deus, de almas para o céu, de vidas para a eternidade.