Os justos herdarão a terra (1/2)

      “Os que esperam no Senhor possuirão a terra.

      Os mansos herdarão a terra.

      Os ímpios puxam da espada e preparam o arco para abater os pobres e necessitados.

      Mais vale o pouco do justo que a abundância de muitos ímpios.

      Não serão envergonhados nos tempos difíceis e nos dias da fome se fartarão.

      O ímpio pede emprestado e não paga; o justo, porém, se compadece e dá.

      Aqueles a quem o Senhor abençoa possuirão a terra.

      Jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão.

      Os justos herdarão a terra e nela habitarão para sempre.

      Espere no Senhor e ande nos seus caminhos; ele o exaltará para que você herde a terra.”

Salmo 37, versículos 9, 11, 14a, 16, 19b, 21, 22a, 25b, 29 e 34a 

      Os dez versículos acima, selecionados do Salmo 37 (versão Nova Almeida Atualizada), citam os termos possuirão ou herdarão a terra, além de outros termos também relacionados a necessidades materiais, como pobreza, abundância, fome, emprestar e mendigar. O salmo é uma das passagens mais belas da Bíblia em versículos como o 4, 5, 23 e o 24, “agrade-se do Senhor e ele satisfará os desejos do seu coração, entregue o seu caminho ao Senhor , confie nele, e o mais ele fará”, “o Senhor firma os passos do homem bom e se agrada do seu caminho, se cair, não ficará prostrado, porque o Senhor o segura pela mão”. O versículo 37, em especial, é um que amo, “observe aquele que é íntegro e reto, porque o futuro dele será de paz”.

      Com insistência tenho dito aqui que a Bíblia em sua totalidade pode ser palavra de Deus se entendida do jeito certo, racionalmente colocando os textos como registros históricos de homens antigos, conforme contexto histórico antigo. Mesmo que possamos entender certos entendimentos morais como vontade de Deus, era o que homens antigos entendiam como vontade de Deus, e nisso estão temas tão repetidos aqui como sexualidade e família. Mesmo as palavras de Paulo às igrejas cristãs no novo testamento, devem ser consideradas com cuidado, e repito, isso não é reavaliar a palavra de Deus, mas o que homens antigos entendiam ser palavra de Deus para seus tempos. A palavra final de Deus é a do vivo Espírito Santo.  

      O mais triste é vermos evangélicos hoje, querendo pôr ensinos bíblicos na prática, interpretando-os ao pé da letra, como se o contexto cultural e social atual fosse o mesmo de séculos atrás. E muitos que fazem isso ainda se consideram mais santos, mais ungidos, mais “bíblicos” que outros, porque, por exemplo, demonizam e condenam homoafetivos ou colocam a mulher como inferior ao homem. Não podemos ler a Bíblia como palavra direta do Deus vivo para nós hoje! Mas Deus usa a Bíblia para nos falar diretamente? Sim, e como, eu sou orientado, consolado e reanimado por textos bíblicos todos os dias, muitas vezes sem me ater a contexto histórico, só ouvindo e obedecendo pelo que sinto em meu coração objetivamente. 

      Se há um texto que deixa claro a visão do ser humano dos tempos bíblicos, sobre vida vitoriosa e o plano de Deus para o homem, é o salmo 37. Ele não fala de eternidade, de salvação no céu e perdição no inferno, a passagem também não cita virtudes morais como fins em si mesmas, mas como causa para se ter o favor de Deus para ser abençoado no plano físico. Essa era a visão de Israel, do povo judeu, aliás uma ótica religiosa que estabelece uma diferença entre espiritualidade ocidental e oriental. Enquanto para o judeu o homem devia estar jovem e forte para vencer guerras e trabalhar na terra, outros povos, ainda que também limitados a seu tempo, queriam envelhecer para se isolar e buscar o reino espiritual e eterno.

      Virtudes espirituais como fins em si mesmas, não só para sermos aprovados por Deus e recebermos dele dádivas neste mundo, eis o ponto. “Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas lhes serão acrescentadas” (Mateus 6.33), dizemos a nós mesmos que entendemos isso, mas somos dissimulados, queremos ser bons só por conveniência, para não nos faltar dinheiro. “Porque o Reino de Deus consiste não em palavra, mas em poder” ( I Coríntios 4.20). Não digo que seja fácil tirarmos os olhos deste mundo, precisamos trabalhar, sustentar famílias, não vivemos aqui de lindas pregações, mesmo de experiências espirituais extasiantes, mas vivemos eternamente por Deus se priorizarmos valores eternos. 

      O que muitos protestantes e evangélicos entendem hoje como cristianismo é só uma “evolução” do judaísmo, e ainda que Jesus tenha vivido no mundo e esteja disponibilizando (pelo Espírito) no céu a mais verdadeira e eterna religião, para todos os povos e de todos os tempos, muitos cristãos insistem em desviar a nova aliança para muitos fundamentos da velha aliança. Por isso teologia da prosperidade, por isso fé na fé, por isso “artistas” gospel, pregando e cantando para lotarem templos onde se troca dízimos por riquezas no mundo, por isso tanto valorização do Templo de Jerusalém e mesmo da nação de Israel. Muitos teimam olhar para trás, quando o Espírito Santo nos dá a visão do futuro, e isso já há quase dois mil anos. 

Leia na postagem de amanhã

a 2ª parte desta reflexão

Não desista de ser espiritual (7/7)

      “E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.” II Tessalonicenses 3.13

      Muitos podem ser bons religiosos por muito tempo, outros estão prontos para defender suas convicções sempre, mas ter a espiritualidade que de fato agrada a Deus, que é útil nas mãos do Senhor, não só para trabalhar em nossas vidas, mas também para servir os outros e honrar o nome do Altíssimo, bem, isso pode não ser tão fácil, não em todo o tempo e até o fim. Contudo, há recompensa para o que persiste em amar, em levar luz às vidas dos outros, em ser instrumento de paz, de serenidade, para dar novas oportunidades, não só para que façamos amigos, mas para que as pessoas sejam levadas a serem amigas de Deus. Não desistamos de ser espirituais, insistamos nisso a cada dia, façamos disso nosso motivo de vida principal. Para quem busca o reino de Deus em primeiro lugar nada falta, Deus supre, Deus dá graça, Deus conduz a um final feliz. Por mais difícil que isso pareça, basta-nos dar o primeiro passo com coragem, depois o prazer de estarmos fazendo a vontade maior de Deus nos fortalecerá para que persistamos até o fim. 

Não faça guerra (6/7)

      “Aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a.” I Pedro 3.11

      Ser pacificador é construir pontes, não muros, é buscar o que se tem em comum com o outro, não os pontos polêmicos, e se o outro manifestar alguma diferença, respeitá-la, procurando nela um ponto de vista que não temos e que por isso pode nos fazer crescer. Diferenças não são motivos de conflitos ou razão para afastamento, mas oportunidades para ver a vida de um novo jeito. Ser realmente espiritual, não só religioso, moral ou convicto de alguma crença ou ideologia, é fazer a paz sempre, é lutar, não fora e com os outros, mas dentro de si e pelo outro, para que o outro seja honrado, seja ouvido. Quem fala se ouve e pode mudar, já que os únicos que podem nos mudar somos nós mesmos. Guerras espirituais não se vencem com lutas, com ofensivas, com dominação e diminuição de um lado, mas com paz. No mundo espiritual a luz vence só por existir, sem fazer mais nada, e os que estavam nas trevas, se forem humildes, virão para a luz, não como inimigos, mas como amigos dos antigos opositores que persistiram na luz e na paz.

Não feche a porta (5/7)

      “Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão.” Provérbios 17.17

      Ser espiritual é andar com Deus, Deus caminha conosco sempre com muito amor. Uma das principais características do amor é a paciência, que não se apressa em colher, que não faz exigências, mas que se move passo a passo. Quando se sabe que o melhor só será conquistado no tempo e com trabalho, não se fecha portas, não para uma missão que só será encerrada quando partirmos daqui. Dessa forma, ainda que tenhamos certeza em Deus de como certas pessoas deveriam proceder para serem mais felizes, e nós, em nossas presunções arrogantes sempre achamos que sabemos o que o melhor para as vidas dos outros, ainda assim caminhemos com calma, deixando a porta de nossos corações sempre aberta. Não é fácil conquistarmos a confiança de certas pessoas, principalmente de parentes, e são esses que mais precisam de nós, por isso Deus os pôs perto de nós. Esses confiarão em nós se sentirem que nossos corações estão abertos para eles, mas às vezes só depois de terem comprovado isso por muito tempo.

Não precisa ser profundo sempre (4/7)

      “O coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração o espírito se abate.” Provérbios 15.13

      Ser espiritual é ser leve, para isso nem sempre podemos nos relacionar com as pessoas falando sobre assuntos pesados, profundos, muitos não estão preparados para isso, não ainda. O espiritual saberá falar de amenidades, das coisas do mundo de forma geral, tomando a iniciativa para saber como o outro está, não esperando que o outro tome. Isso é dar, não receber, é respeitar o perfil do outro, muitas vezes endurecido porque foi só assim que ele conseguiu enfrentar e vencer a vida. Só Deus sabe os preços que cada um de nós paga para estar de pé e sobreviver às injustiças e solidões da existência. Isso não significa ser malicioso, falar inconveniências deselegantes e sujas, criticar os outros, o sábio pedirá ajuda do Espírito Santo para conduzir um relacionamento com paciência, de forma a abrir portas, não fechá-las, preparar o terreno para receber a melhor semente, a palavra de Deus. Calma, a vida é longa, ainda que passe depressa, obedeçamos o Senhor do tempo que sabe como cada um precisa ser tratado. 

Não acuse, seja leve (3/7)

      “O óleo e o perfume alegram o coração; assim o faz a doçura do amigo pelo conselho cordial.” Provérbios 27.9

      Fazemos a vontade de Deus nos relacionando gentilmente com as pessoas, Deus não nos coloca no mundo para enriquecermos materialmente, ainda que possamos receber isso enquanto andamos com Deus. Na verdade, enquanto trabalhamos para sustentar a nós e a nossas famílias no mundo, Deus nos confronta com vidas, que tanto nos ajudam como necessitam de nossa ajuda, o que levaremos para a eternidade não é dinheiro ou status, mas relacionamentos, aquilo que fizemos e dissemos e que ficou registrado nos corações dos outros. Nessas relações somos espirituais quando somos leves, ser leve é buscar assuntos e atividades que façam bem, que entreguem graça, que tirem de todos suas melhores versões, o melhor sorriso, a melhor reação, deixando nas memórias as melhores lembranças. Talvez não seja tão importante convencer as pessoas que há um inferno depois, basta o inferno daqui, mas elas podem ser conduzidas ao céu pelas mãos gentis de amigos que se relacionam com elas com leveza. 

Não cobre moralidade (2/7)

      “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.” João 7.24

      O que desejamos, uma religião que nos esconda dos remorsos e nos proteja das incertezas, ou viver uma espiritualidade útil aos planos divinos? O propósito principal de Deus é abençoar as pessoas, ajudá-las em suas necessidades e levá-las a entender que só praticando valores morais elevados se acha paz e vitória. Para sermos ferramentas desse propósito devemos mostrar às pessoas a pessoa de Deus, não a nossa, contudo, fazer isso não é falar de religião e de Bíblia, nem diretamente de Deus, mas mostrar na vida prática valores morais. O primeiro valor é o amor, quem ama não cobra benefícios para si, mas beneficia gratuitamente o outro, não julga mal, não faz alguém sentir-se mal, ainda que esteja errado, mas procura entender os motivos, os valores, os sonhos, os esforços, as intenções do outro, exaltando sempre o que há de bom na realidade do outro. Se eu e você não gostamos de cobradores, os outros também não gostam, que possamos dar aos outros aquilo de melhor que nós mesmos desejamos receber, paciência e honra.

Não fale demais de religião (1/7)

      “O que guarda a sua boca conserva a sua alma, mas o que abre muito os seus lábios se destrói.” Provérbios 13.3

      O mundo hoje tem informação demais sobre o cristianismo, muitas pessoas, ainda que com alguma boa sinceridade, perderam o medo de falar sobre Bíblia, sobre Deus. O evangelho cristão protestante no Brasil, chegou num ponto que já havia chegado nos E.U.A. há algumas décadas, virou cultura, o que já tinha ocorrido com católicos ocorreu com evangélicos. Isso tem seu lado bom, não negamos, mas o lado ruim é que palavras deviam ser confirmadas por ações, e não é isso que vemos muitas vezes em nossas vidas, não temos vergonha de nos identificarmos como cristãos, mas praticamos um cristianismo que muitas vezes envergonha o Cristo. O mundo não precisa da doutrina de nossas igrejas, o mundo precisa de exemplos práticos do evangelho, paciência, santidade, misericórdia, justiça, de seres que ouvem mais que falam, que servem, não buscam ser servidos. Falemos menos de religião, vivamos mais o amor puro e a santidade interior, é disso que o mundo necessita. 

Vaidade da virtude (5/5)

      “Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação.” Romano 15.1-2

      Quem se domina não se ache superior ao que não se domina. Algumas vaidades são exibidas, lançadas na cara dos outros, muitos trabalham muito para isso, não para terem estabilidade material, mas para se exaltarem sobre os outros pelo que têm. Contudo, algumas vaidades são reservadas, verbalizadas somente com algumas pessoas, ainda que sentidas diante das multidões. Assim, vemos seres humanos discretamente altivos, considerando-se sinceramente superiores porque falam menos, exibem-se menos, na aparência, no traje, no carro, na residência que possuem. Esses até fazem caridade, e são úteis nas mãos de Deus para abençoar quem precisa, contudo, serão surpreendidos na avaliação da eternidade, foram fortes demais e não se viram como fracos e dependentes de Deus.  

Vaidade da religião (4/5)

      “Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus.” Romanos 14.5-6

      Quem não faz não se ache melhor que o que faz. A vaidade, a tentação final, à qual, mesmo aqueles que venceram muitos males e foram vitoriosos no final, podem sucumbir. Quem trabalha se acha melhor que quem não trabalha, quem estuda se acha melhor que quem não estuda, quem ora se acha melhor que quem não ora, quem conhece a Bíblia se acha melhor que quem não conhece a Bíblia, quem vai à igreja se acha melhor que quem não vai à igreja. Não pensemos que a vaidade por valores materiais é pior que a vaidade por valores intelectuais, e muito menos pior que vaidade por valores morais ou espirituais. Vaidade entroniza o ego, glorifica o homem, julga mal os semelhantes, e tanto faz se o vaidoso está numa festa, numa universidade ou num templo cristão. 

Vaidade do trabalho (3/5)

      “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o sono.” Salmos 127.1-2

      Quem faz não se ache melhor que quem não faz. Feliz o ser humano que trabalha todos os dias e pode levar para casa sustento e abrigo para aqueles que ama, felizes homens e mulheres que dividem essa honra por igual, criando filhos sem preconceitos para que respeitem a todos, não de acordo com o conservadorismo religioso, mas na luz mais alta de Deus. Mas ninguém duvide das maneiras misteriosas como Deus cuida de seus servos, assim como do trabalho que o Senhor pede de seus amigos, as maneiras podem não ser as mais comuns, nem o trabalho, puramente físico. Dos espirituais Deus pede trabalho espiritual e a esses sustenta materialmente com o mesmo cuidado que tem pelos que trabalham só materialmente, cada um em sua vocação, todos temendo a Deus. 

Vaidade do saber (2/5)

      “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.”  I Coríntios 2.14-15

      Quem sabe não se ache mais que o que não sabe. Dizem que saber é saber que nada se sabe, que o o que mais sabe tem ainda mais consciência que está muito longe de todo o saber e das verdades mais profundas, sejam morais, intelectuais ou espirituais. Por isso um cuidado e um temor há no fundo do olhar do que sabe mais diante de Deus, pois é o que mais sabe que é pequeno e que o Senhor é grande, que é pecador e que Deus é santíssimo, e que aproximar-se do Altíssimo exige ainda mais cuidado, assim como enche nossas almas de mais temor. O que sabe, sabe o preço que pagou por isso, esse preço exige resignação e quebrantamento, ainda que coragem e fé, e requer muito mais que esforço físico e intelectual, pede olhos espirituais que enxergam o invisível. 

Vaidade do ter (1/5)

      “Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” Romanos 12.3

      Quem tem não se ache mais que o que não tem. Facilmente somos seduzidos pela aparência externa, basta estarmos com uma roupa melhor, com um celular melhor, num carro melhor, que nos sentimos superiores. Não sejamos hipócritas, nada há de errado em nos sentirmos satisfeitos com o que conquistamos, diante de Deus e dos homens, com nosso trabalho honesto, mas devemos vigiar a humildade, mantê-la sempre. Ser humilde é temer a Deus, vendo-o sempre como origem e destino de tudo o que somos e temos, e respeitar os outros, não julgando mal ninguém. O que temos, os outros podem ter, o que os outros perderam, nós também podemos perder, o mundo dá voltas e só Deus sabe o início, o meio e o fim de cada ser humano nesta vida. 

Guarde só o bom que é teu (7/7)

      “O coração conhece a sua própria amargura, e o estranho não participará no íntimo da sua alegria.” Provérbios 14.10

      Guarde o que você merece, nem toque no que você não merece. O que vem de Deus é bênção, nos faz bem ainda que seja uma exortação. Saibamos discernir o que de fato Deus nos dá, não roubemos dádiva alheia, nem tomemos como nosso recalque do outro. Saibamos discernir aquilo, que apesar de ser direcionado para nós, mesmo ser direcionado para um ponto fraco nosso, para um erro que já cometemos, assim, uma verdade, não é para nós, não é de Deus, portanto não devemos tocar e muito menos reter. Se já pedimos perdão a Deus e fizemos o possível para termos o perdão dos homens envolvidos, não tomemos como nossa acusação de quem, sentindo-se acusado, quer se compensar acusando-nos. 

      Em nossas vidas no mundo cada um é responsável por levar o lixo acumulado de suas casas para fora, para que o lixeiro passe e recolha. Não podemos invadir lar alheio, procurar e pegar lixo alheio, para levá-lo para fora, ainda que estejamos bem intencionados. Também não podemos pegar o lixo de nossas casas e jogar nas casas dos outros, cada um é responsável por seu próprio lixo. Na vida podemos cometer erros que interferem nas vidas de outras pessoas, e não só nas nossas, podemos quebrar alianças e machucar gente que nada tem a ver com nossas escolhas erradas. Mas recebermos perdão de Deus e fazermos o possível para recebermos perdão dos homens, é o suficiente para levarmos nosso lixo para fora.

      Quando não nos resolvemos em Deus, mantemos lixo em nós, lixo guardado apodrece e cheira mal, assim com o tempo nem nós o suportamos. Contudo, por não querermos nos livrar do lixo do jeito certo, podemos tentar jogá-lo nas pessoas, achando que elas têm o dever de serem nossas lixeiras, ou insanamente alegando que o lixo não é nosso, mas delas. Atitude de agredir, julgar e condenar os outros, é atitude de quem não se livrou de seu lixo do jeito certo e quer responsabilizar outros por ele, tenhamos cuidado com esses, não tomemos para nós lixo que podem nos lançar. Vigilância em fé e em paz em Deus, que nos permite andar em segurança, livra-nos de tomarmos posse de lixo que não nos pertence.