sexta-feira, abril 26, 2024

Que cor tem o além para você?

      “E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.Gênesis 1.3-4

      Penso que todos nós já nos imaginamos morrer e ver o que há depois do plano material. Alguns se sentem claustrofóbicos com isso, visualizam uma escuridão sem começo e sem fim, onde nada se vê e se cai num abismo infinito, sem chão, sem referências, sem luz. Sabe o que você verá quando morrer? Exatamente o que gerou em você quando estava vivo no plano material. Muitos, informados e saudáveis, bons cidadãos e trabalhadores honestos, escondem dentro de si trevas, medos, vaidades, mágoas, ódios, ainda que guardem isso a sete chaves. Bem, depois da morte todas as salas fechadas da alma serão abertas, e se elas forem maiores que a luz que guardamos em nós provaremos escuridão. 
      Algo precisa ficar claro, todos nós, todos mesmo, somos seres em constantes conflitos internos, lutam dentro de nós carne e espírito, luz e trevas, egoísmo e amor, vaidade e humildade, o que nos define não é ausência de conflitos. O que nos define é quem é vitorioso na maior parte do tempo nessas lutas, trevas ou luz. Deixa tua luz brilhar, em primeiro lugar dentro de você, fora é só consequência simples e natural disso. Mas lute, com todas as tuas forças contra os desejos descontrolados e inadequados do corpo, contra a inveja e o rancor, contra o passado errado e o futuro incerto, viva agora na presença de Deus, perdoado, amado, iluminado, satisfeito e pronto para fazer as coisas melhores e certas, com fé, em paz. 
      Em Deus sempre há luz, nunca há trevas, assim trevas só existem para o que fecha os olhos, esse nada vê e fica a mercê dos próprios medos e devaneios. É assim aqui, será assim lá, creia nisso. Você também já deve ter tido aquela experiência de oração onde parece que uma luz alta e muito clara emana sobre você, quando você ouve aquela palavra que parecia impossível, mas que Deus te dá, de consolo, de vida, não de morte, de esperança e de muita clareza. É essa experiência que você tem que perseverar em ter, ela não é ilusão religiosa ou coisa da tua cabeça, é a luz do Espírito Santo se manifestando a você como é possível que se manifeste neste mundo, mas se há luz em você aqui, haverá muito mais lá.

quinta-feira, abril 25, 2024

A boa, agradável e perfeita vontade de Deus

      “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.Romanos 12.2

      A vontade de Deus é fruto doce e satisfatório, ainda que especial e singular, fazê-la é mais que mera opção de vida, é a própria vida, a melhor e eterna vida, contudo, só temos acesso a esse fruto quando nos damos ao trabalho de subir uma árvore e apanha-lo. Se não fizermos esse esforço ainda teremos fome, mas nos acomodaremos ao fruto velho e colhido por outros homens. Se o fruto não for novo e tirado do galho por quem vai comê-lo perde seu valor, e cada um deve colher e provar um fruto exclusivo que Deus tem para ele. A vontade de Deus para sua vida só você e Deus sabe, homens podem até ajudá-lo a descobrir e a fazer essa vontade, mas tua conexão é com Deus, não com homens, teu Senhor é Deus e somente ele. 
      Quem diz que a vontade do Senhor para si é difícil e insatisfatória, ou não conhece a vontade de Deus ou é rebelde, amante de próprias vontades e dos prazeres do mundo. Ninguém nasce pronto para fazer a vontade do Senhor, ainda que alguns a pratiquem antes, mas em algum momento de nossas vidas neste mundo temos que aceitar que só temos vida cumprindo o que Deus tem para nós. Para isso um trabalho deve ser feito, a árvore deve ser conhecida e escalada, não a árvore dos outros, não cobiçando o plano de Deus para os outros, mas descobrindo e subindo a própria árvore. Muitos escalam árvores altas achando que a vontade de Deus é só trabalhar muito, outros optam por árvores baixas querendo trabalhar menos.
      Só uma busca sincera e humilde a Deus no Espírito Santo pode nos mostrar exatamente em que árvore devemos subir, que crença precisamos ter, mesmo saber que igreja dentro de uma denominação podemos frequentar. Mas isso é só o início da escalada, no final a busca é solitária e assim deve ser, para nos livrarmos de todos os filtros e ilusões do homem e olharmos para o Altíssimo. Contudo, quando alcançamos o fruto e o comemos entendemos que valeu a pena o trabalho, a vontade de Deus é boa, agradável e perfeita, nos fortalece e nos faz ser úteis. Deus não quer sacrifícios, não precisa deles, só quer liberdade para viver em nós em amor e santidade, só isso pode trazer-nos paz e nos dar vitória no mundo. 

quarta-feira, abril 24, 2024

Seus mandamentos não são pesados

      “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus, e todo aquele que ama o Pai ama também ao que dele foi gerado. Assim sabemos que amamos os filhos de Deus: amando a Deus e obedecendo aos seus mandamentos. Porque nisto consiste o amor a Deus: obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados. O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é que vence o mundo? Somente aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus.I João 5.1-5

      Após quase dois milênios de cristianismo e de quase dezessete séculos de catolicismo e protestantismo, não temos dificuldades para crer que aquele homem, filho de carpinteiro, nascido na Judeia e crucificado aos trintas e três anos, era mais que um religioso israelita de qualidade moral diferenciada que operava milagres, ele foi um filho especial que Deus enviou para salvar a humanidade. Mas não era assim no momento em que João escrevia o texto bíblico acima, por isso ele, Paulo e outros escritores do novo testamento, precisaram enfatizar tanto a posição espiritual exclusiva de Jesus como o Cristo de Deus. Mas além dessa lição de contexto histórico, temos a atemporal, essa fala sobre o amor, novo nascimento e fé. 
      Primeiro João exorta que o mesmo amor que o judeu dedicava a Deus devia dedicar a Jesus, mas ele se aprofunda no amor, exorta que quem ama obedece, assim não basta crer, tem que praticar. Contudo, o que me chamou a atenção foi a afirmação “seus mandamentos não são pesados”, até que ponto entendemos e aceitamos isso? Ou até achamos que a vontade do Senhor é boa, deve ser buscada, mas está tão distante que nos acostumamos a nunca obedecê-la totalmente? Muitos não obedecem a Deus porque confundem o que Deus pede deles com aquilo que homens religiosos dizem que Deus pede. Religião, mesmo a cristã, e Deus são coisas diferentes. Por não entenderem isso muitos se revoltam com Deus por algo que ele não disse. 
      O texto inicial enfatiza outra coisa, a necessidade de um novo nascimento espiritual para que sejamos conectados a Deus, esse nascimento só ocorre pela fé em Jesus. O propósito principal de Deus com o evangelho foi disponibilizar uma porta direta à sua posição mais elevada por meio de Jesus, até podemos ter acesso ao mundo espiritual, mas usando “outras portas” não nos ligaremos a Deus. A primeira vez que essa conexão é feita é chamada de novo nascimento e só o novo nascido vence o mundo. Somo seres frágeis e inconstantes, o mundo é habitado por seres humanos em estágios morais diferentes, portanto não há amor, paz e justiça aqui. Só nossa fé em Deus por Jesus vence a maldade do mundo e a nossa fraqueza. 

terça-feira, abril 23, 2024

Livre-se de pendências

      “Quando, pois, vais com o teu adversário ao magistrado, procura livrar-te dele no caminho; para que não suceda que te conduza ao juiz, e o juiz te entregue ao meirinho, e o meirinho te encerre na prisão. Digo-te que não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro ceitil.Lucas 12.58-59

      O texto acima revela um mistério, entendendo-o nos livramos de inferno ainda aqui, e aqui é mais fácil de nos livrarmos que lá. Neste mundo podemos caminhar com opositores, na eternidade essa oposição nos será cobrada, Jesus orienta a nos acertarmos com adversários ainda aqui, não esperar chegar lá. Se estivermos certos podemos até esperar o juiz, mas se existe adversário, pode existir problema não resolvido, consequentemente haverá a necessidade de juiz para que justiça seja feita. Quem de fato anda corretamente não comparecerá diante de juiz, não no tribunal de Deus, se alguém tem algo contra nós e não sabemos, ou se já fizemos tudo que podíamos para resolver a questão, o problema é do outro, não nosso. 
      Dois pontos sobre esse ensino, às vezes alguém tem algo contra nós e nem temos noção disso, pode ser porque somos insensíveis ou displicentes, mas pode ser porque de fato nada fizemos de errado. Se o outro for um cristão educado, deverá tomar a iniciativa para se acertar conosco, ainda que se sinta o lesado na situação. Isso é muito difícil de ser feito, quando nos sentimos vítimas sempre achamos que a obrigação de se acertar conosco é do que achamos ser o agressor. Mas se nos conhecemos e sabemos que temos a tendência de nos ferir com qualquer coisa, melhor é perdoarmos o outro e pararmos de inventar motivos para nos vitimizar. Amadurecer é preciso, em algum momento, aceitemos isso ou continuemos infantis.
      Por outro lado, e esse é o ensino do texto inicial, não deixemos pendências na vida, tentemos acertar, com tudo que nos é possível, indisposições deixadas pelo caminho. Quando temos que fazer isso o Espírito Santo nos incomoda para tal, o obediente não esconde sujeira debaixo do tapete, se sabe que existe algum desconforto com alguém, ora sobre o assunto. Deus é sábio e nos conduz de maneira sábia, assim não precisamos sair forçando aproximações com pessoas que talvez não nos queiram tão perto. Mas na hora que o Espírito Santo orientar podemos parar e bater um papo, dar um telefonema, sem cobrar ou se sentir cobrado, em paz e com respeito. O bem puro sempre dá bons frutos, o tempo e a eternidade mostrarão isso. 

segunda-feira, abril 22, 2024

Menos açúcar

      “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação.II Timóteo 1.7

      Quem tem cuidado, ou quem é obrigado a ter cuidado com a saúde depois que constatou que está com nível alto de glicose no sangue, evita açúcar, seja o direto, ou aquele que é transformado a partir de carboidratos, gorduras e outros. O ponto é, podemos passar tanto tempo adicionando açúcar aos alimentos, ao café, ao leite, aos sucos, que na verdade não estamos usufruindo o sabor real dos alimentos, mas só açúcar. Quando paramos ou diminuímos o uso do açúcar descobrimos que certas coisas têm um gosto que não sabíamos que tinham. A princípio pode parecer estranho, difícil para se acostumar, mas com algum esforço conseguimos, então, além de melhorarmos nossa saúde, começamos a provar sabores novos.
      A experiência acima pode ser metáfora para nossas vidas morais e espirituais. Podemos passar muito tempo de nossas vidas viciados em certos prazeres, que se tornam fugas e consolos para dores não resolvidas, ou não aceitas, já que nem toda dor tem solução, precisamos só aceitar e viver bem apesar delas. Vício é mercadoria de escambo, troca-se uma dor por algo que só a princípio é bom, mas que depois torna-se dor pior se não for saciada, assim, ao invés de nos preocuparmos com a dor inicial, que nos levou ao vício, convivemos com a dor da abstinência do vício. Troca-se uma dor por outra, não querendo o alimento puro, adicionamos açúcar e acabamos com problema maior que a não aceitação do alimento natural.
      Crescimento espiritual e limpeza moral têm a ver com abrirmos mão dos “açúcares” afetivos, exageros que não são a realidade, mas que a adocicam para que consigamos conviver com ela. É difícil para quem passou a vida viciado em açúcar livrar-se dele, mas é preciso, senão a “diabetes emocional” pode nos levar a amputações, cegueira, perda de órgãos etc, que em termos morais e espirituais é ter uma existência em parte, infeliz, doente. Açúcar não é ruim, se fosse não o usaríamos, muitas coisas na vida são prazerosas deste o início, por isso nos acostumamos a elas e achamos que não podemos viver sem elas. Contudo, não são “normais”, são excessos, não trazem vida, trazem morte. Que “açúcar” tem feito mal a você? 

domingo, abril 21, 2024

O que é errado no sexo?

      “Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.I Pedro 1.14-16

     Se quisermos resumir o que é errado em sexualidade, podemos dizer isso em duas palavras: violência e poligamia. (Não entrarei no tema homoafetividade, mas está subentendida minha opinião a respeito). Ainda que a intimidade da relação sexual entre adultos tenha lá suas peculiaridades, qualquer agressão, física ou verbal, não é certa e não é necessária, o amor verdadeiro é profundamente respeitoso. Mas o ponto desta vez é poligamia, sabemos que ela era praticada mesmo por personagens importantes do antigo testamento, contudo, não querendo justificar, mas explicar, era um tipo diferente da poligamia daquela que muitos praticam hoje. A prática atual é que não é certa, já que relacionamento monogâmico nos desafia, através do corpo, a exercer virtudes morais.
      Atualmente mídia e ideologias defendem o direito de todos a tudo, essa liberalidade é confundida por muitos cristãos com libertinagem contra a santidade de Deus, assim para negar um extremo caem em outro. Como em outros assuntos, extremando as coisas, as pessoas perdem a lucidez para exercerem escolha que seleciona entre o que é certo e o que não é, é mais fácil usar uma lei. Se a lei antiga proibia tudo, a lei nova libera tudo, em muitos casos, contudo, o correto está no equilíbrio. A poligamia atual já teve outros nomes, casamento aberto, troca de casais, “ficantes”, até o mais novo, poliamor. São nomes diferentes para deixar livre o prazer do corpo para não viver o propósito principal do ser humano no mundo, evoluir moralmente. 
      Mas o nome para toda essa liberalidade irresponsável é um só e antigo, prostituição, ainda que sexo promíscuo com qualquer um não receba dinheiro em troca. O ser humano tem direito a prazer físico? Tem. Mas por que o prazer do corpo deve ser dominado, não liberado? Porque o espírito não tem prazer físico para experimentar, pelo menos não o prazer que o leve a seu objetivo principal na existência, aproximar-se de um Deus espiritual, eterno e santíssimo. Um grande passo de maturidade é não fazer algo, não porque seja errado socialmente ou porque seja-se obrigado a não fazer, mas porque se quer. Escolhe-se fazer porque entendeu-se intelectual e moralmente que é melhor, e o melhor só é conhecido sob a luz de Deus.

sábado, abril 20, 2024

Enquanto isso a vida acontece

      “Na verdade, todo homem anda numa vã aparência; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas, e não sabem quem as levará. Agora, pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em ti. Livra-me de todas as minhas transgressões; não me faças o opróbrio dos loucos.” Salmos 39.6-8

      A vida acontece enquanto esperamos pelo Senhor. Para que esperamos? Podemos achar, pelo menos no início, que é para a vida acontecer, mas não é, é para evoluirmos espiritualmente para a outra vida. O que é a vida? Comprar e pagar coisas materiais? Parece tolo, vão, mas na prática a vida da grande maioria das pessoas é isso. Somos seduzidos pelos desejos da carne que veem o que o mundo oferece e querem, muitas vezes nem para usufruirmos, mas só para mostrarmos aos outros que temos. Por isso alimentamos religiosidades e frequentamos cultos tantas vezes, por motivos materialistas, exercemos fé, dizimamos, nos consagramos, decoramos louvores e Bíblia, fazemos caridade, mas para termos coisas aqui. 
      Não podemos generalizar, alguns não são assim, não usam religião para materialismo, alguns entendem a prioridade do espírito sobre a matéria, o propósito maior da passagem neste mundo. Mas muitos, no afã de usufruirem e terem, não percebem que suas vidas passam e que suas jornadas acabam sendo isso, é só quando a relevância espiritual da existência é entendida que começam a esperar em Deus por valores melhores. Para receberem coisas materiais? Não, para serem seres humanos mais limpos e pacientes, assim começam a construir o céu dentro deles no mundo. Enquanto isso a vida acontece, área profissional, estudo, amizades, casamento e trabalho têm importância, mas como cenário de fundo.
      Se o que acontece é secundário, o primário, a realização da espera melhor, só acontecerá após a morte, assim não se espera para ter algo aqui, mas para ter algo para levar para lá. A espera é constante porque o alvo é distante, conhecer a Deus e receber sua iluminação para servir os outros em amor. No início até achamos que a espera vai acabar, dessa forma pode nos frustrar vermos que após a subida de um degrau, um próximo degrau se apresenta, mas é nisso que reside a aventura de existir, caminhar rumo ao alto. Nesse processo Deus nos dá forças e dádivas, para que sejamos motivados a seguirmos perseverantes, mas não nos enganemos, coisas materiais são só o que acontece enquanto esperamos em Deus. 

sexta-feira, abril 19, 2024

Deus cumpre o que promete

      “E o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda; e só estarás em cima, e não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do Senhor teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e cumprir.Deuteronômio 28.13
      “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?” Números 23.19

      Com mais de sessenta anos de vida e com mais de quarenta e cinco convivendo de perto com tribos diferentes de protestantes e evangélicos, tomo certo cuidado com triunfalismo e prosperidade na vida cristã. Sim, creio que Deus nos conduz em paz e dignidade à medida que seguimos perto dele, mas já entendi que viver neste mundo é morrer, para si mesmo, para vaidades e egoísmos. Assim, o melhor de Deus para nós segue o exemplo da vida do Cristo homem, sermos incompreendidos por homens, mesmo (ou principalmente) pelos religiosos, termos que perder muito para ganharmos o principal, que poderemos levar para a vida além. Por isso entender ao pé da letra que seremos neste mundo cabeça, não cauda, é engano. 
      Mas não serei duro demais dessa vez, quem já não recebeu o texto de Deuteronômio 28.13 como palavra de consolo de Deus em momento de angústia? Eu recebi, por isso o estou citando aqui, contudo, creio que o cumprimento real e pleno da promessa desse versículo só ocorrerá na eternidade. Estarás em cima, não debaixo, entendo isso como posição moral e espiritual de luz, não como ser mais rico ou superior de alguma forma a outros seres humanos física e financeiramente neste mundo. Nesse entendimento espiritual precisa ficar claro que quem sobe é para servir a mais pessoas, que precisam mais de auxílio que quem sobe, portanto Deus coloca em cima os maduros, humildes, santos e amorosos para servirem melhor e mais.
      Números 23.19 completa Deuteronômio 28.13, Deus promete vitória a quem o obedece e é para crermos nisso, até o fim. Por mais que pareça durar uma prova, se agradarmos ao Senhor ele nos recompensará, mesmo aqui e com bens materiais justos. Muitas vezes até obedecemos, pudera, já não resta-nos forças nem para pecarmos, portanto obedecemos como única opção, contudo, nesse final de processo podemos estar tão debilitados que não nos lembramos mais das promessas de Deus. Mas Deus não se esquece, é pai de amor, contempla nossas débeis estruturas, vê que somos pó, sabe até onde pode nos provar, não para que morramos, mas para que morra o mal em nós, para então nos honrar e nos fazer cabeça, não cauda. 

quinta-feira, abril 18, 2024

Transbordante

      “Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo.Lucas 6.38

      Se Deus nos respondesse com exatamente aquilo que pedimos, já seria bom, aliás, se é resposta de Deus, pode ser qualquer coisa, se tivermos humildade entenderemos que qualquer coisa de Deus é tudo que precisamos. Contudo, a bênção de Deus não é exata, ela é transbordante, mas isso, digo novamente, para os humildes e que temem o nome do Senhor. Quem pagou o preço para esperar em Deus, e não saiu apressado tentando resolver a coisa do seu jeito, ainda que não tenha parado de perseverar em amor e santidade, e de fazer a sua parte no trabalho, quando Deus faz a parte dele sente que não precisava de tanto, que Deus poderia ter dado menos que já seria suficiente. Bens materiais têm limites, graça e amor de Deus não têm. 
      Quem confia que Deus dá o que é necessário, quem se fia no que Deus é, não no que dá, sempre receberá mais, mede Deus com generosidade, será medido igualmente por ele, usando o texto bíblico inicial. Quem pede o tempo todo e nunca recebe o suficiente, quem pede errado ou usa errado o que recebe, corre um sério risco. Ainda que busque a deus para receber (e não Deus), ainda que com “fé” (fé equivocada), ainda que mude de igreja procurando pastor que pregue a palavra de prosperidade material que gosta de ouvir, um dia poderá desanimar e desistir (Tiago 4.3). Não é Deus que não o atendeu, mas ele que confiava num deus errado, contudo, se for humilde achará o Deus que dá de forma transbordante e será grato, não rebelde.

quarta-feira, abril 17, 2024

Gratidão!

      “Eu te louvarei, Senhor, com todo o meu coração; contarei todas as tuas maravilhas. Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo.Salmos 9.1-2

      Quando te faltar forças, até fé, louve a Deus. Não precisa dizer alto, cantar ou orar, basta sentir, com sinceridade e convicção. Ninguém é o mesmo o tempo todo, a vida é sequência de fases distintas, como estações do ano. Numa fase o tempo está aberto, a chuva cai na medida, podemos plantar, colher, mas em outra o céu se fecha, faz frio, falta chuva, o homem do campo sabe bem, se a natureza não coopera, nada se pode fazer. Nosso emocional é semelhantemente variável, Deus sabe disso, e quando é tempo de esperar e fazer menos, é sábio guardarmos as forças que temos para nos mantermos limpos moralmente e pacientes. Deus nunca nos deixa sem forças para sermos santos e termos paz, se obedecemos suas palavras de vida.
      Mas podemos ser gratos a Deus, adorarmos seu nome no Espírito Santo, essa é a adoração mais pura, não é racionalização mental nem êxtase passional, ainda que sintamos e entendamos intelectualmente. O fato é que não é mero esforço humano que nos deixa vazios e cansados, mas é conexão espiritual com Deus, e ligados com o Altíssimo há uma via de duas mãos, o buscamos e o Senhor nos alimenta. Alimentados por Deus temos forças para fazer o que ele nos pede, e quando estamos fracos basta que o adoremos, gratos por tudo que ele é e faz. Que nos falte tudo, menos gratidão, gratos somos humildes e humildes passamos pelos outonos e invernos da vida em santidade e paz, certos que Deus está no controle. 

terça-feira, abril 16, 2024

Por fora como por dentro

       “O infiel de coração sofre as consequências dos seus próprios caminhos, mas quem é de bem é recompensado pelo seu próprio proceder.Provérbios 14.14

     O que buscamos fora de nós está diretamente relacionado com aquilo que somos dentro de nós, ainda que nossas palavras digam outra coisa. Por que algumas pessoas estão em religiões com acesso mais próximo a anjos e demônios, digamos assim, não porque sejam más, mas porque interagem com conceitos espirituais profundos e desconhecidos, e ainda assim são gente de bem, fazendo o bem e experimentando uma paz inabalável? Por que outras pessoas, num cristianismo tradicional mais seguro, ainda que mais elementar, até dizem que são crentes e cristãs, mas têm na prática filhos mal criados, casamentos em frangalhos, vidas profissionais sempre na corda bamba? Pode inverter os exemplos também, não trará empecilho para o raciocínio, o fato, é, achamos o que somos. 
      Acha demônio quem carrega demônio em si, ainda que pareça fazer tudo certo, que jure que faz tudo certo, há mentira em sua vida e mentira sempre atrai trevas. Isso explica porque alguns fazem questão de nos passar um marketing pessoal de uma coisa, mas na prática vemos outra coisa em suas vidas. Dentro de nós só nós mesmos e o Espírito de Deus têm acesso, a esposa não tem, o marido não tem, os pais não têm, o pastor não tem, o padre não tem, o psicólogo não tem. Só expurgando do nosso interior toda a treva é que achamos e ficamos na luz. Por isso, mesmo em religião cercada em grande parte mais por demônios que por anjos, muitos estão protegidos, enquanto outros, na “casa de Deus”, têm o mal em si e são infelizes.

segunda-feira, abril 15, 2024

Misericórdia com sonhos alheios

      “Permaneça o amor fraternal. Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos. Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo.Hebreus 13.1-3

      Que Deus tenha misericórdia de nós, que temos tão pouca misericórdia com os outros. Cada ser humano neste planeta, em toda parte do mundo, do mais afortunado e bem suprido com recursos, bens, educação, saúde, alimentação e moradia, ao mais esquecido por outros, sobrevivendo em lugares sujos, expostos às intempéries, a doenças, à exploração, cada ser possui um sonho. Seres humanos querem ser felizes, ainda que seja para terem uma refeição diária e um lugar para repousar o corpo depois de se esforçarem tanto para terem tão pouco. Nós respeitamos o sonho dos outros, os auxiliamos para realizarem seus objetivos de felicidade, ou só julgamos e condenamos, tentando isentar-nos de responsabilidades? 
      Muitas vezes o que para nós parece pouco, mesmo desnecessário, e nisso não está quem faz algo inexpressivo (para nós), mas mesmo em quem faz muito e é até honrado na sociedade por gente importante em alguma área, enfim, como olhamos com displicência disfarçando inveja, para o esforço de tantos tentando realizar seus sonhos. E ainda que não admitamos, não invejamos só por alguém fazer algo importante diante dos homens, mas podemos invejar só por haver boa sinceridade, uma simplicidade e uma humildade que nos faltam e que leva muitos a serem felizes, às vezes com o que aos nossos arrogantes olhos é pouco. Só experimentamos misericórdia quando a damos, tenhamos respeito com sonhos alheios. 

domingo, abril 14, 2024

Por quais motivos viver? (7/7)

      “Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração contente o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras. Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça.Eclesiastes 9.7-8

      Um dia desses me peguei feliz, eu, que tenho tendência melancólica, que se não vigiada vira depressão, senti-me eufórico. Contudo, quando a verdade mais alta do Espírito Santo bateu em mim, tão rápida como uma sensação, mas que prestando atenção entendi ser uma palavra de exortação, me senti envergonhado. Calma, não leve ao extremo essas palavras, estou bem, foi uma experiência boa, mas que me fez pensar nos motivos que nos levam a querermos viver e morrer. Cansados dos homens, ainda que não sejamos melhores que eles, e muitas vezes até piores, desanimamos, vemos tanta falsidade, tanta injustiça, tanto jeito torto de viver, dia a dia, que queremos até partir daqui para o além, achando que lá será diferente.
      Pensamos, “a vida seria mais fácil se as pessoas fossem retas, falassem com clareza e buscassem soluções olhando para os nossos olhos, ao invés de falarem por trás, mentindo para manterem aparência e seguirem com problema não resolvido”. Enfim, o mundo é lindo, o que estraga é o homo sapiens, que muitas vezes tem pouco de humano e muito menos de sábio. Contudo, basta comprarmos um celular novo, ou no meu caso que sou músico, um instrumento ou um software musical novo, para acharmos motivos para viver. Foi o que fez que eu me sentisse envergonhado, entender que por motivos realmente importantes, como amar as pessoas, quero fugir, mas para “curtir” um brinquedo novo quero viver para sempre.
      Não leia essas palavras como um peso, Deus é pai de amor, na verdade no momento que escrevo este texto estou cansado e no fim de um período. Deus, mais que eu mesmo, que muitas vezes exijo de mim mais que posso, sabe de meus limites, e o que me deixou feliz, apesar de material, foi bom e necessário. Por mais que queiramos ser cristãos corretos, aceitemos que vivemos em corpos físicos num mundo material, precisamos de certas alegrias e de certos prazeres, não é pecado, o próprio Deus dá-nos com alegria. Mas entendamos que tudo isso é só o que fazemos enquanto aprimoramos nosso espírito com virtudes morais, são essas, não os “brinquedos”, que levaremos para a vida além para serem avaliadas.

“Conjecturas sobre o além”,
reflexão em sete partes
José Osório de Souza, 24/06/2022 

sábado, abril 13, 2024

Do cinza ao multicolorido (6/7)

      “Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.João 20.19

      Se preferir, entenda este texto só como uma ficção cristã, ainda que contenha uma esperança sincera, pessoal e percebida no Espírito Santo sobre como será o céu, mas você não precisa considera-lo informação teológica técnica de acordo com que o cristianismo entende como será a eternidade. 

      Morrer, acordar para eternamente viver, o que há antes da morte é ilusão, só uma sombra. Existir no mundo, sonhar que se é sombra, limitar-se ao cinza da luz filtrada pela matéria, que há atrás do ser real, que dorme enquanto está encarnado e recebe a luz do Altíssimo. Essa luz nunca para de ser emanada, mas se a sentíssemos no corpo quando estamos na matéria não resistiríamos, ser sombra protege enquanto se é provado. O ser real é multicolorido, de um jeito que enquanto somos sombra não fazemos ideia. Antes da morte aqui somos impedidos de ver a luz pelo nosso próprio ser espiritual, nossa consciência adormecida que não olha para a luz que está à frente, mas para a sombra atrás, achando que a realidade é a sombra. 
      Toda beleza e prazer que experimentamos na matéria, o nascer do Sol, a alternância das estações, o abrir perfumado das pétalas das flores, o doce sabor das frutas, a comida simples, quente e gostosa da mãe, o vinho bom, a suave briza marinha que toca nossos rostos enquanto afundamos os pés na areia molhada da praia, a água salgada das ondas que bate em nossas pernas, o entardecer dourado, o aparecimento das estrelas e da lua, o mistério da noite, o sorriso silencioso do ser amado, a luz pura dos olhos das filhas, o sonho dos jovens, a calma dos velhos com as almas limpas de toda culpa, a canção mais tocante, a ficção mais arrebatadora, tudo isso é só uma sombra cinza comparado à realidade que nos espera após a morte.
      Após a morte os sentidos captam sons, imagens, texturas, cheiros, sensações e entendimentos todos de uma só vez, na matéria isso parece complexo, mas no espírito isso é simples. Não há necessidade de palavras ou textos, basta olhar e querer para ser, e não precisaremos ter para estar, pois estamos em Deus e isso basta. Após a morte o amor nos abraça sem limites, não é aperto de braços ao redor de corpos, mas interação de espíritos unindo-se num único ser. Fora da sombra entendemos de fato o que é o amor, somos o amor, nele nos movemos e podemos atrair outros para ele, existindo como emanação da luz do Altíssimo. Morrer é acordar, sair da sombra cinza e se reconhecer eterno e multicolorido, não temamos a morte. 

“Conjecturas sobre o além”,
reflexão em sete partes
José Osório de Souza, 24/06/2022