domingo, maio 15, 2022

Deus não precisa de luvas

      “O Senhor dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará. Quebrantarei a Assíria na minha terra, e nas minhas montanhas a pisarei, para que o seu jugo se aparte deles e a sua carga se desvie dos seus ombros. Este é o propósito que foi determinado sobre toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás?Isaías 14.24-27

      Deus não precisa de luvas, mas os homens criam luvas para Deus, as religiões. Quando muitos acham terem acesso à palavra direta de Deus têm apenas adaptações, interpretações, não é a mão pura de Deus, mas algo que fica entre a mão e os homens. Uma mão pode ser usada com luva, mas com limites, a pele não está diretamente em contato com o que é manipulado, é o material da luva que está e esse não tem a sensibilidade e a flexibilidade da mão. Deus não precisa de intermediários para tocar os homens, nem os homens precisam de algo que lhes adapte o toque de Deus, mas são os próprios homens que criam luvas. 
      O problema mais sério, contudo, talvez nem seja a criação e o uso de luvas, mas as luvas não terem noção que são luvas, se acharem as próprias mãos, ou pior, até melhores que as mãos. Que as religiões ainda que comecem puras se degeneram com o tempo, isso é fato, e ocorre com todas, ninguém se iluda. O cristianismo, ainda que fundado sobre Jesus, revelação e redenção mais plenas do Altíssimo, também se corrompeu. O protestantismo não purificou o catolicismo a ponto da mão pura de Deus ser apresentada ao homem, ele apenas limpou uma surrada e suja luva, deixando-a menos grosseira, mas ainda uma luva. 
      Como as luvas são criadas? Devagar, como parte do processo de degeneração da religião original, mas o que gera a primeira versão de uma, ainda fina, é a institucionalização da fé. O cristianismo é a crença que mais gerou luvas justamente por ser a crença que pode experimentar a ação mais alta de Deus. Quando os homens viram que Jesus era um “produto” muito bom, que povos e reis se convertiam a ele, eles foram tentados e sucumbiram, quiseram lucrar com isso. Se afastaram de Deus e dessa forma não tiveram mais direito à mão, então criaram uma religião, com o mesmo formato, com função semelhante, mas só luva. 
      A luva por si só, ainda que seja de fios de prata, cravejada com esmeraldas, aparentemente até mais bela que uma mão, é vazia, não tem vida. Em sua misericórdia Deus até veste certas luvas e as usa para abençoar os homens, ainda que de luvas ele aja com limites, não seus, mas da fé de homens que não creem puramente nele, que não querem a mão, só a luva. Contudo certas luvas, apesar de terem o formato perfeito de uma mão genuína, não podem ser mais minimamente usadas por Deus, no lugar do Santo Espírito manipula tais luvas espíritos malignos e enganadores, que dizem ser Deus, mas são seres imitadores. 
      Os homens se acostumam com luvas, com o toque delas, com suas pomposas aparências, e muitos ao verem a mão de Deus a menosprezam, duvidam que seja mais poderosa que a luva. Felizmente outros, que com boa sinceridade procuraram nas luvas a Deus, percebem com o tempo a ineficácia das luvas, que elas são obras de homens, que ainda que se pareçam com a mão de Deus não os abençoa como eles precisam, assim passam a clamar pela mão viva e maravilhosa do Senhor. Deus é paciente, amou e ajudou no que pôde, mesmo dentro de limitadas luvas, mas sorri quando o homem desperta e o deseja mais que religião. 

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