terça-feira, maio 31, 2022

Vinte anos de ensaio, vinte minutos de show (2/2)

      “Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o Senhor a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito. E porei a minha aliança entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente. Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo: Quanto a mim, eis a minha aliança contigo: serás o pai de muitas nações; e não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te tenho posto; e te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti” Gênesis 17.1-6

      Algo que me chama a atenção nas vidas de Abraão e Moisés (Êxodo 7.7) é a idade na qual eles, enfim, estavam preparados para servirem aos propósitos da providência divina, não eram nem um pouco novos, aliás, para os padrões atuais, eram bem idosos. Isso antagoniza com a ideia que equivocadamente temos de achar que a vida tem que se resolver rapidamente, se isso não acontece nos frustramos, desistimos e ficamos, qual crianças mimadas, desejando a morte. A morte chega para dois tipos de pessoas, para as que a merecem e para as que já gastaram todas as oportunidades que podiam ter para cumprirem suas missões. Não entendemos que muitas vezes o que chamamos de fim é só o novo e talvez o mais importante começo. 
      Não desista, talvez você esteja precisando só de um upgrade para cumprir tua missão, crer sem ver, receber novo nome e entender que ser amigo de Deus é melhor que ser amigo do mundo, como Abraão. Há um símbolo importante em receber novo nome, isso é uma das promessas aos salvos descrita no livro de Apocalipse (2.17). Espiritualmente nome é posição espiritual cuja mudança implica em aquisição de novos direitos espirituais, quando Abrão teve o nome mudado para Abraão foi colocado como “pai de muitas nações”. Só pela fé um homem de quase cem anos, sem filhos e com uma esposa de noventa anos (Gênesis 17.17), podia receber de Deus tal posição, mas ele creu e isso valeu para que nações e reis viessem a existir. 
      Não somos máquinas com datas de validade, somos filhos de Deus, se um celular a partir de um modelo não pode mais receber atualizações de sistema operacional, para nós não há limites se Deus quiser e puder agir. Deus sempre quer, mas nós precisamos autorizar, nem Deus vai contra nosso livre arbítrio, e muitos de nós só escolhem obedecer já envelhecidos. Contudo, bem-aventurados os que ainda que idosos, podem ser instrumentos do plano divino, para cumprirem suas missões de servir os homens. Por outro lado, tempo nada significa para Deus, ele nos usa com vinte anos ou com sessenta. Não faz diferença ele ter que esperar quarenta anos para estarmos prontos para uma missão, Deus não se cansa de esperar por nós, nunca. 
      Neste mundo, presos a corpo físicos, sofremos justamente por nos importarmos demais com o tempo, é claro que parte desse sofrimento é legítima, envelhecemos, adoecemos, ficamos mais frágeis e nossos corpos doem e nos limitam. Mas grande parte do nosso sofrimento, e que pode ser responsável por fragilizar nossos corpos, é sofrimento pelo orgulho, nos comparamos com outras pessoas e achamos que elas aproveitaram o tempo melhor que nós. Nos esquecemos do fato das pessoas virem a esse mundo com especificações diferentes dadas por Deus, portanto com provações diferentes, e consequentemente com oportunidades de configurações, updates e upgrades diferentes, assim sendo, tendo missões distintas. 
      Aceitarmos que não somos e não precisamos ser iguais a outras pessoas é vital para termos paz, assim, não precisamos nos sentir cobrados por ninguém, não se estivermos em comunhão com Deus. Se um parente é financeiramente mais bem sucedido que nós, que importa, se um colega tem mais facilidade para estudar e por isso é mais promovido profissionalmente que nós, que importa, se um irmão prega ou canta melhor que nós, que importa. Importa é descobrirmos em Deus quem somos, trabalharmos, com coragem e fé, para sermos melhores e melhores principalmente moral e espiritualmente, mais amorosos, mais justos, mais santos. Importa obedecermos e agradarmos a Deus, que nos fez e sabe o que temos que fazer e ser.
      Se puder leia os textos bíblicos com as histórias de Abraão e de Moisés, mas as histórias de Jó, José, Rute e Davi também são interessantes para entendermos quantas coisas e por quanto tempo o ser humano precisa passar para ser burilado pela vida e pelo mundo para estar pronto para uma missão. A regra é que a vida é longa e desconhecida, por tentar abreviá-la ou achar que pode ser previsível, é que muitos vivem sem nunca viverem, e permanecem só como figurantes da própria história, nunca experimentando o próprio protagonismo. Mas sempre há tempo, enquanto estamos por aqui, e muitas vezes só depois de vinte anos de ensaio, é que o palco se ilumina para que façamos vinte minutos de um show que mudará muitas vidas.

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão
José Osório de Souza

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