terça-feira, maio 17, 2022

O amor acha o humilde (1/2)

      “Ainda que o Senhor é excelso, atenta todavia para o humilde; mas ao soberbo conhece-o de longe.Salmos 138.6

      Quando o amor de Deus encontra a nossa humildade a paz é estabelecida, o caminho para a vida eterna se abre e entendemos o motivo maior da existência. É algo misterioso, como seres humanos não podemos dizer quem toma a iniciativa em primeiro lugar, o mais correto seria dizer que ambos, o ser humano e Deus, fazem isso ao mesmo tempo. Procurando ser espiritual e conforme a visão do cristianismo tradicional poderíamos dizer que a iniciativa é de Deus, Jesus homem foi isso, uma iniciativa de Deus para fazer algo que os seres humanos não poderiam fazer, dar um meio e um exemplo. 
      Mas se verificarmos que Jesus não veio milhares de anos antes, em algum momento da história logo após o pecado original mítico do primeiro casal no Éden, entenderemos que foi necessária alguma iniciativa do ser humano, preparando-o intelectual, moral e espiritualmente, para receber a iniciativa de Deus em Cristo. O cristianismo tradicional coloca responsabilidade demais em Deus e tira responsabilidade do homem, enfatiza a graça e a fé e diminui o valor de obras e trabalho moral. Sim, Deus pode tudo, mas só realiza tudo quando o ser humano faz por merecer, através de fé e obras.
      A nós neste mundo não compete entender certas coisas, principalmente porque isso não tem utilidade, se fosse para nós entendermos teríamos condições para isso e isso seria útil de alguma forma (e penso que quando for útil teremos condições). O que nos compete? Humildade, e uma das faces da humildade é aceitar limites, principalmente os físicos, emocionais e intelectuais, dessa forma, os que envolvem diretamente nossa vivência no mundo material. Existem limites espirituais neste mundo? Sim, mas menos que muitos pensam, mas também desde que se tenha humildade. 
      Quem quer se aproximar do plano espiritual já tem no mínimo noção que ele existe, e que se relacionar com ele é algo importante, portanto já possui alguma espiritualidade, não é ateu ou materialista, mas essa espiritualidade não é necessariamente a melhor. A melhor espiritualidade deseja Deus, seu amor, sua paz, sua vida, não só responder curiosidades sobre o mundo dos espíritos e entidades ou fazer alguma espécie de troca de favores com o mundo espiritual, para essa boa espiritualidade é imprescindível a humildade. É muito importante entendermos isso: falta de humildade nos afasta de Deus. 
      O humilde ainda que tenha acabado de pecar, busca a Deus, ainda que esteja emocionalmente confuso, persiste em buscar a Deus, e mesmo que esteja bem materialmente e afetivamente, procura a presença de Deus, sabendo que ela é melhor, é perene, e que as outras satisfações ou falta delas, são temporárias. O humilde teme a Deus em todas as situações e respeita todos os seres, humanos e espirituais, não quer usar nem desprezar ninguém, mas amar e servir. Essa humildade acha o amor de Deus e experimenta paz, então, põe-se no caminho do Espírito que conduz a Jesus onde há vida eterna. 
      A coisa mais poderosa e importante do universo ocorre quando um ser humano humilde se encontra com o amor de Deus, há uma explosão de luz que consola imediatamente o ser estabelecendo uma paz única. Esse encontro, que é espiritual, pode, contudo, não ser fácil, isso por causa da matéria, do nosso corpo físico, dos nossos limites. O ser humano deve persistir para achar dentro de si a humildade mais sincera e verdadeira, como quem procura uma pepita de ouro em meio a rochas mais duras. Mas imediatamente após achar será tocado pelo amor do Altíssimo e tudo o mais mudará
     Ainda que o Senhor é excelso, ainda que esteja numa posição espiritual alta de santidade impar e de poder soberano, ele atenta para o humilde, mesmo que a mente do Senhor esteja distante, muito mais que imaginamos, suas mãos estão próximas do humilde (perdoem as simbologias dos termos mente e mãos), mas ao soberbo conhece-o de longe, do arrogante tanto a mente quanto as mãos do Senhor estão distantes. Isso não impede Deus (com sua mente) de conhecer o arrogante, de amá-lo e de aguardar pacientemente que ele se torne humilde e se deixe tocar por suas mãos amorosas. 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão
José Osório de Souza

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