sexta-feira, maio 13, 2022

Genuíno profeta de Deus hoje!

      “Portanto assim diz o Senhor: Se tu voltares, então te trarei, e estarás diante de mim; e se apartares o precioso do vil, serás como a minha boca; tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles. E eu te porei contra este povo como forte muro de bronze; e pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te guardar, para te livrar deles, diz o Senhor. E arrebatar-te-ei da mão dos malignos, e livrar-te-ei da mão dos fortes.Jeremias 15.19-21

      O homem espiritual discerne orgulho de sabedoria, sabe que não deve tomar a iniciativa com certas pessoas não por ser orgulhoso ou medroso, o que é a mesma coisa (o orgulhoso geralmente é um medroso disfarçado), mas porque é mais sábio, mais útil, e sendo assim, porque entende que Deus lhe dá essa orientação. Quem teme a Deus e quer viver o evangelho de amor algumas vezes pode se angustiar, sabe que é virtude do humilde tomar a iniciativa para estar em paz com o arrogante, essa é a regra, mas sente de Deus que em determinadas situações não deve se aproximar ou buscar diálogo, assim fica num dilema. 
      Quem não tem muito compromisso com o evangelho de amor não se sente em dificuldades numa situação dessa, se alguém lhe desagrada ele simplesmente se afasta, ou, então, toma a iniciativa e agride. Contudo, para o espiritual às vezes é preciso mais coragem para não fazer uma coisa do que para fazer, principalmente se o que pode ser feito é algo certo. O texto “não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem” (Mateus 7.6) é a orientação evangélica mais direta para uma situação onde o menos é mais (espiritual). 
      O texto bíblico inicial, numa lida rápida, parece conter um antagonismo, primeiro diz “se tu voltares, então te trarei, e estarás diante de mim”, dando a entender que uma iniciativa deve ser tomada, mas depois diz, “tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles”, então, podemos entender que uma iniciativa não deve ser tomada. Afinal, devemos voltar ou não? Quem volta a Deus e diante dele se humilha, não precisa voltar para o homem e ser humilhado, muitos precisam ir a homens porque não vão a Deus. Mas a frase “se apartares o precioso do vil, serás como a minha boca” dá a condição para que haja honra de Deus. 
      Não nos esqueçamos que o contexto da passagem é de chamada profética de um homem, eis uma missão que hoje muitos dizem ter e que outros, mesmo sinceramente, gostariam de ter. Contudo, ser profeta não é algo fácil nem prazeroso, e nos tempos atuais Deus chama a atenção de homens diferentes e de maneiras diferentes, assim o arquétipo de profeta bíblico não é aplicado. Para ser boca de Deus é preciso ter boca limpa, é o que é exortado em “apartares o precioso do vil”, muitos querem ser profetas, mas com o coração cheio de ódio, preconceitos e vaidades, poderão ser profetas de outros deuses, não do Altíssimo. 
      “E eu te porei contra este povo como forte muro de bronze; e pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te guardar, para te livrar deles”, além de coragem para confiar em Deus, não se preocupar com que os homens pensam, e ter pureza de intenções, atos e palavras, o profeta deve estar preparado para perseguições. Mas entendamos bem, não é porque somos perseguidos que somos profetas, muitas vezes somos odiados pelos homens porque somos seres indigestos, mal educados, grossos, sem amor, ainda que achando que podemos ser tudo isso porque estamos dizendo “palavras proféticas”. 
      O texto é claro quando diz sobre a origem da perseguição legítima, o próprio Deus, “EU te porei contra este povo”, mas diz mais, “como forte muro de bronze”, se Deus nos coloca em um confronto ele nos fortalece para passarmos por ele. “Pelejarão contra ti mas não prevalecerão”, que promessa que o profeta recebe, deve ser a palavra em que ele confie quando estiver no meio do ataque mais mentiroso e cruel dos que não querem ouvir a genuína palavra de Deus que ele está entregando. Tenhamos cuidado em almejar tal missão, muitos foram taxados de loucos e endemoniados e outros viveram na pobreza para serem profetas.
      Por outro lado, Deus não chama profetas por serem os seres mais eruditos e diplomáticos que existem, se fossem isso não dariam profetas adequados. Resistir à oposição e à descrença requer certa dureza, com os duros é preciso ser duro, ferro com ferro se afia. Elias, Jeremias, João Batista e outros, não eram os homens mais afáveis que existiam. Contudo, o maior de todos os profetas, Jesus, era puro amor, boca de doces palavras, modelo de ser virtuoso, talvez porque sua obra fosse única, precisava se revelar em ações. O que ele disse não era especificamente para o seu tempo, naquele momento ele só tinha que ser obediente.
      Jesus estabeleceu novo modelo de “profeta”, a urgência profética não é mais para uma nação no mundo hoje, mas para todos e para a eternidade. Por mais que aprendamos com os profetas do antigo testamento até João Batista no novo testamento, devemos focar em Jesus como exemplo, essa é a vontade mais alta de Deus. Em Jesus é onde as palavras iniciais de Jeremias mais se aplicam, ele teve coragem para confiar em Deus e não se preocupou com que os homens pensavam dele, tinha pureza de intenções, atos e palavras, e estava preparado para ser perseguido e até à morte. Queremos ser profetas? Nos miremos em Cristo. 

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