segunda-feira, junho 13, 2022

Finalize o loop

      “Mas a vós, que isto ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam; bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam.Lucas 6.27-28

      Muitos não fazem ideia do mistério poderoso que existe por trás do ensino do texto bíblico inicial, aliás, o centro do ensino de Cristo. Não se refere só a uma orientação moral, que por si só já pode ser um contrassenso a uma convivência social mais tradicional, onde o normal é gostarmos de quem gosta da gente e não gostarmos de quem não gosta. Mas Jesus ensina com ênfase, dando uma grande importância a um procedimento oposto em certa situação, justamente na mais difícil, amar os que se põem como nossos inimigos, fazer bem, dizer coisas boas e até orar pelos que nos fazem mal.
      Podemos entender o mistério se olharmos o tema sob a ótica da lei da causa e efeito, ou do colhe-se o que se planta, que é a mesma coisa. Nada é feito de forma impune no universo, no plano natural vemos hoje em dia a natureza respondendo a ações perniciosas dos homens, com aquecimento global, chuvas e temperatura desequilibradas, erosão e fragilidade do solo onde não houve respeito com o curso natural de rios. Todavia no plano moral que interfere não só com nossos corpos mas também com nossos espíritos, há recompensa para o bem e punição para o mal, tudo na mesma proporção. 
      Quando fazemos o mal para alguém criamos uma dívida moral que terá de ser paga, de algum jeito, assim alguém fará mal semelhante para nós. Se nos consertarmos a tempo, recebendo perdão por Cristo e agindo, caso o erro necessite de atitudes mais práticas para ser ressarcido, poderemos até anular parte do efeito, mas de alguma maneira sempre colheremos algum fruto ruim pelo mal que fizemos. Assim quando recebemos o mal de alguém em grande parte isso pode ser pelo fato de termos feito mal semelhante a alguém nesse mundo, o universo só está cobrando-nos uma dívida anterior. 
      Eu disse em grande parte, porque para explicarmos o mal que muitos parecem receber sem terem feito mal a outros neste mundo, parecem porque às vezes não é de fato sofrimento, teríamos que estudar assuntos que muitos cristãos não estão dispostos ou preparados para aceitar. Para esse caso cito as palavras de Jesus em João 9.1-3, entenda-se obras de Deus como algo sendo feito por causa de mistérios que muitos não conhecem, mas que podem explicar porque alguém nunca sofre por injustiça, todos merecemos nossos sofrimentos. Todos nós sofremos, a questão é como reagimos ao sofrimento.
      A primeira reação da maioria de nós é fazer sofrer tanto quanto sofremos, dar um troco imediato e na medida, mesmo que não seja para quem nos fez sofrer, queremos vingança. A vingança existe mesmo que só dentro de nossas almas, ainda que não a pratiquemos imediatamente, mas se persiste como intenção uma hora, de um jeito ou outro, em alguém, será realizada. O mal só existe pelo livre arbítrio humano, não tem corpo, mas acha um dentro de almas rancorosas e vingativas, assim se nos vingarmos passaremos ele à frente, então outra pessoa receberá o mal e também poderá desejar vingar-se. 
      É dessa forma que o loop do mal é estabelecido, e usando uma lei legítima do universo autorizada por Deus, causa, efeito, plantio, colheita, só tem um jeito de interromper esse loop, praticando o ensino de Jesus. Quando respondemos o mal com o bem anulamos o mal, recebemos aquilo que é justo recebermos, não desobedecemos o princípio de colher-se o que se planta, mas passamos a plantar o bem, não mais o mal. Nisso um novo loop se inicia, o bem que fazemos a alguém, alguém terá que fazer a alguém, sendo ou não nós, mas nós com certeza receberemos o mesmo bem, ainda que de outros. 
      Meus queridos e minhas queridas, amar o inimigo traz um benefício que não temos a noção de que proporção tem. Nos abençoa porque anulamos a vingança em nós e nos dá direito de colher o bem, abençoa quem nos fez mal porque a partir daí esse não terá mais direito ao mal, ou começa a fazer o bem ou fica “amarrado” e isolado “digerindo” o mal dentro de si. Mas também abençoa a muitos outros que poderiam ser agentes de continuidade do loop do mal, que agora poderão ser agentes do loop do bem, criado a partir de uma atitude nossa. O amor destrói um velho mal e cria um novo bem. 
      Tem uma enorme diferença entre o mal e o bem, o mal tem fim, o bem é para sempre, o mal é passageiro, o bem é eterno porque Deus é o bem, é eterno e todo-poderoso. Por isso não existem infernos e seres malignos eternos, só céu e seres de luz eternos. Admitir um mal eterno seria diminuir o poder de Deus, seria limitar a superioridade da benignidade, seria fazer menor o capacidade do amor, seria diminuir a missão e a posição espiritual atual de Cristo. Finalize o loop, seja agente do bem, de Deus, crie algo que será para sempre e levará cura a seres que você nem tem ideia que existem. 

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