sexta-feira, junho 03, 2022

Cura constante de Deus

      “Vede entre os gentios e olhai, e maravilhai-vos, e admirai-vos; porque realizarei em vossos dias uma obra que vós não crereis, quando for contada. Porque eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcha sobre a largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas.Habacuque 1.5-6

      Na maior parte das vezes andamos espiritualmente cegos, não vemos o que Deus está realizando, e Deus trabalha o tempo todo em nossas vidas. Não se assuste, mas o instrumento principal de trabalho de Deus é o sofrimento, assim, os que de alguma forma não se permitem sofrer, negam o trabalho de Deus. Sem Deus trabalhar não há cura, portanto permanecemos doentes e assim com mais sofrimento, não o útil e que leva à cura, mas o inútil e vazio. Não vou me aprofundar no contexto histórico do texto bíblico inicial, mas resumindo, Deus diz que a nação de Israel, que no momento era cativa pela Assíria, seria livrada por uma terceira nação, a Babilônia dos caldeus, mais forte e que libertaria Israel por ordem de Deus. 
      O ponto é a afirmação, “realizarei em vossos dias uma obra que vós não crereis quando for contada”, portanto o fato de Deus agir de maneiras que nos são desconhecidas. Uma forma mais óbvia de interpretar o texto como lição para nós hoje é em áreas materiais. Se estamos andando com sabedoria, mas ainda assim falta a nós e a nossa família o mínimo para termos vidas materiais dignas, sigamos vigilantes, mas crentes. Não nos fiemos no que os olhos veem, nas possibilidades conhecidas, mas confiemos que Deus pode nos abençoar de maneiras que achamos extraordinárias, que denominamos milagres. Isso pode ser um aumento de salário, um novo emprego, enfim, algo que não sabemos e que já pode estar sendo providenciado. 
      Contudo, nossas jornadas no mundo, nossa convivência com necessidades e surpresas, nossas relações com outras pessoas, nossas escolhas afetivas e profissionais, tudo isso pode ser instrumento de Deus. Para quê? Para aperfeiçoar nosso caráter, nosso homem interior, nosso espírito. Se não doer não funciona, assim um trabalho novo do Senhor em nossas almas sempre causará, a princípio, sofrimento. Não confunda essa dor com culpa por pecado, mesmo com tratamentos injustos dos homens, com as aflições do mundo, isso pode ser usado. Mas Deus trabalhando em nós dói porque é sua mão extraindo algo ruim que está profundamente encravado em nós, tanto que achamos que faz parte de nós e que não podemos existir sem. 
      Interessante como nos apossamos de coisas ruins achando que são coisas boas, imprescindíveis, de muletas, achando que são pés, de óculos, jurando que são olhos, o espírito não precisa de artifícios. A questão é que não sabemos o que é necessário no tratamento, do gosto amargo que o remédio poderá ter, mesmo de efeitos colaterais, ainda que passageiros, mas desagradáveis. Enquanto você espera a resposta de emprego, achando que uma necessidade material tua precisa e será satisfeita pela mão de Deus no universo, o Senhor pode estar trabalhando para que você aprenda a ser paciente. O paciente não sofrerá com a ansiedade, e não buscará fuga nos vícios para dar prazer ao corpo que dói porque a alma não sabe esperar. 
      O que é mais importante, o emprego ou a paciência? Ambos, e viver neste mundo é achar o equilíbrio entre a matéria e o espírito, entre a sobrevivência diária no plano físico com honestidade e trabalho, e o aperfeiçoamento moral de nossos espíritos. Mas não nos esqueçamos, na eternidade não seremos julgados pelas nossas posições profissionais, mas pelo nosso nível moral. Melhorar dói, e dói o tempo todo, assim temos que buscar o Senhor o tempo todo. Aquela oração especial que fazemos no final do dia é de suma importância para aceitarmos e assentarmos o trabalho do Senhor dentro de nós, e quando estamos no ápice de um trabalho interior de Deus pode não ser fácil sairmos dessa oração em paz e confiantes. 
      Fé ajuda a abrir a porta, mas são as obras que nos fazem passar pela porta e conhecermos o que há dentro da sala. Não basta crer e estacionar, ficar contemplando o conhecimento de Deus, precisamos interagir com ele, colocá-lo em prática, ter coragem para vivenciar novos entendimentos, nos livrar de hábitos antigos que ficaram na sala anterior. Muitos param na porta porque ela mostra o desconhecido, assim até olham a próxima sala, mas com medo voltam atrás, afinal já estavam bem acostumados e confortáveis com o que havia na sala anterior. Mas a cura pede que sigamos em frente, com fé e trabalho que persistem em entrar ainda que o local seja desconhecido, só crescemos desafiando o desconhecido. 

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