Gosto de escrever, muito, na verdade, gosto de falar, sou um falador compulsivo. Contudo o tempo, graças a Deus, está me permitindo ter mais controle sobre a língua, então só me restou mesmo escrever. Já escrevi de tudo, de prosa a poesia, e tanto textos seculares como cristãos. Não sei se escrevo bem, mas você tenha certeza de uma coisa, me esforço para por cem por cento de sinceridade nos meus textos. Sobre músicas e outros textos seculares meus, você pode conferir no site Outonos e Primaveras.
Após minha conversão, que ocorreu em 1976 (leia a respeito na postagem Conversão), como muita gente, eu fiquei um pouco radical. Imaturamente, desvencilhei-me de tudo que se referia à cultura do mundo. Como sempre gostei de música, joguei fora muito disco legal que tinha, assim como parei de escrever textos seculares. Nos anos 1980, fiz parte de uma igreja protestante tradicional, nela eu dirigi corais e grupos musicais, na maior parte das vezes alimentando esses ministérios com composições musicais próprias. Cheguei a entrar em estúdios e fazer gravações, nos românticos tempos dos estúdios analógicos, bons tempos.
Mas a minha história um dia veio à tona, e eu tive que trilhar o caminho que realmente me traria libertação. Dentro da hipócrita e superficial igreja evangélica que eu frequentava, isso não seria possível. Quero deixar bem claro que eu não estou registrando aqui uma regra de vida, vou compartilhar a minha história, para mim foi necessário que as coisas caminhassem deste jeito, felizmente ou infelizmente? Não sei, acho que nem importa. Essa história me levou a sair de um casamento e a deixar meu emprego como analista de sistemas, que eu levei por mais de dez anos. Comecei então a trabalhar como músico profissional, era o ano de 1991.
Na música secular, como os evangélicos chamam a música que não é gospel (ou cristã), eu toquei de tudo. Rock, axé, pagode, sertanejo, música de casamento, jazz, e também em todos os ambientes, de barzinhos a estádios. Tocar setenta músicas em uma noite era bem diferente dos dez louvores que eu tocava na igreja num culto dominical. Aprendi todos os gêneros e estilos, e perdi o preconceito, como profissional isso foi muito didático. Reconheci também, diferente do que achava quando só atuava dentro do “mundinho” gospel, que eu não era o melhor pianista do mundo. Nesse período compus muita música secular, letra e melodia, também foi uma experiência interessante.
Contudo, foi só no início dos anos 2000, com quarenta e poucos anos, que eu comecei a escrever textos seculares mais soltos e elaborados, iniciei com crónicas e depois parti para romances. Nesse momento eu já tinha repertório de vida para me arriscar com textos mais complexos, creio eu. Notei então que escrevia duzentas páginas com facilidade. Enquanto isso minha relação com Deus continuava, mais realista agora, eu o acompanhava, mas meio que à distância.
O tempo passou, eu agora, bem casado e com filhos, buscava um meio profissional mais seguro que a instabilidade aventureira do músico marginal. Montei um estúdio de gravação, tive uma escola de música, e finalmente trabalhei como suporte técnico para uma das maiores fábricas de instrumentos musicais eletrônicos e equipamentos de áudio do mundo. Fiz suporte via e-mail, então eu escrevia bastante, essa experiência também foi muito enriquecedora. Continuei compondo canções cristãs, mas já estava produzindo textos seculares de mais qualidade.
Todavia, num determinado momento, depois de ter tido uma crise séria de esgotamento nervoso e depressão, quando Deus me ensinou como viver de novo, agora de um jeito mais tranquilo, notei que minha produção de textos relacionados à vida com Deus começou a fluir mais. Não, não forcei nada, ninguém me forçou, nem igreja, eu simplesmente comecei a escrever mais sobre andar com Deus do que sobre a alma humana solitária. Isso porque era assim que eu estava vivendo na prática. Penso que este seja o momento para tentar diferenciar arte secular de cristã. Eu tento fazer as duas, sem perder a coerência, a minha coerência.
Acho que produzir arte secular é falar sobre a alma do homem. Refletir sobre as necessidades dessa alma, sobre seus sonhos, suas decepções, suas paixões. Em se tratando de alma, paixão é algo muito relevante, já que a alma se alimenta disso. Eu tento não julgar essa alma, apenas registro através de textos ou de músicas o que ela sente, seja a alma de um sacerdote ou de uma meretriz. Indiferente de se ter ou não uma experiência íntima com Deus, essa alma sempre terá sua dor e sua alegria, portanto sentimentos para que o artista registre.
A ótica da alma humana pode ser entendida de maneira clara naquele primeiro momento, que quem segue a Deus experimenta, num período de oração, quando se está apenas contabilizando os sentimentos. Nesse instante estamos olhando para dentro de nós, antes de nos colocarmos diante de Deus. Esse momento é muito importante, medimos nosso coração, não para entendê-lo, ele é complicado demais para ser entendido. Medimos para tentar, naquilo em que é possível, enxergar as emoções e toma-las com as mãos (emocionais), para poder então, mesmo que escorrendo muita coisa dentre os dedos, entrega-las a Deus.
Quando tomamos a iniciativa, entregando nossas angústias e expectativas a Deus, ele entra na história, então a coisa muda. Aí o impossível se torna possível, a fé importa mais que o entendimento, a paixão dá lugar à revelação do Espírito Santo. Mas o mais importante é que nesse momento a culpa pode ser retirada, a dor suportada e a paz sensível. Nesse momento os vultos fantasmagóricos e descontrolados da noite da alma, dão lugar à luz eterna da vida. Nesse momento, o vinho é substituído pela água.
O vinho alegra, mas em se tomando muito dele, enjoa, tira a lucidez, transforma euforia em depressão. A água, pura e fresca, mata a sede da alma, aquela necessidade que o vinho tentou suprir e não conseguiu. A arte secular é o vinho, pode até ser provado, em proporções pequenas, mas não saciará a sede da alma humana, é apenas para fornecer uma pequena dose de alegria. Falar do caminho com Deus, através da arte, é celebrar os atributos da água, que mata a sede, que nada mais é que a presença de Deus em nós através do Espírito Santo.
Interessante é que a água é natural e é mais simples que o vinho. Ela é encontrada pronta na natureza enquanto que o vinho é fabricado, e para ter qualidade, com uma série de cuidados. A arte cristã não é tão sofisticada como a secular, mas não precisa ser. Seu valor está na simplicidade. Nós enjoamos de tomar vinho, mas não de tomar água. Acho que é isso que está acontecendo comigo. Tomei vinho demais, agora quero só água. A água, além de matar a sede, nos limpa. Essa água nos é oferecida mediante a palavra de Deus. Ler a Bíblia é no momento algo fácil pra mim, a consequência disso é este blog, que poderia se chamar “Como a água que bebo”, ao invés de “Como o ar que respiro”.
Após minha conversão, que ocorreu em 1976 (leia a respeito na postagem Conversão), como muita gente, eu fiquei um pouco radical. Imaturamente, desvencilhei-me de tudo que se referia à cultura do mundo. Como sempre gostei de música, joguei fora muito disco legal que tinha, assim como parei de escrever textos seculares. Nos anos 1980, fiz parte de uma igreja protestante tradicional, nela eu dirigi corais e grupos musicais, na maior parte das vezes alimentando esses ministérios com composições musicais próprias. Cheguei a entrar em estúdios e fazer gravações, nos românticos tempos dos estúdios analógicos, bons tempos.
Mas a minha história um dia veio à tona, e eu tive que trilhar o caminho que realmente me traria libertação. Dentro da hipócrita e superficial igreja evangélica que eu frequentava, isso não seria possível. Quero deixar bem claro que eu não estou registrando aqui uma regra de vida, vou compartilhar a minha história, para mim foi necessário que as coisas caminhassem deste jeito, felizmente ou infelizmente? Não sei, acho que nem importa. Essa história me levou a sair de um casamento e a deixar meu emprego como analista de sistemas, que eu levei por mais de dez anos. Comecei então a trabalhar como músico profissional, era o ano de 1991.
Na música secular, como os evangélicos chamam a música que não é gospel (ou cristã), eu toquei de tudo. Rock, axé, pagode, sertanejo, música de casamento, jazz, e também em todos os ambientes, de barzinhos a estádios. Tocar setenta músicas em uma noite era bem diferente dos dez louvores que eu tocava na igreja num culto dominical. Aprendi todos os gêneros e estilos, e perdi o preconceito, como profissional isso foi muito didático. Reconheci também, diferente do que achava quando só atuava dentro do “mundinho” gospel, que eu não era o melhor pianista do mundo. Nesse período compus muita música secular, letra e melodia, também foi uma experiência interessante.
Contudo, foi só no início dos anos 2000, com quarenta e poucos anos, que eu comecei a escrever textos seculares mais soltos e elaborados, iniciei com crónicas e depois parti para romances. Nesse momento eu já tinha repertório de vida para me arriscar com textos mais complexos, creio eu. Notei então que escrevia duzentas páginas com facilidade. Enquanto isso minha relação com Deus continuava, mais realista agora, eu o acompanhava, mas meio que à distância.
O tempo passou, eu agora, bem casado e com filhos, buscava um meio profissional mais seguro que a instabilidade aventureira do músico marginal. Montei um estúdio de gravação, tive uma escola de música, e finalmente trabalhei como suporte técnico para uma das maiores fábricas de instrumentos musicais eletrônicos e equipamentos de áudio do mundo. Fiz suporte via e-mail, então eu escrevia bastante, essa experiência também foi muito enriquecedora. Continuei compondo canções cristãs, mas já estava produzindo textos seculares de mais qualidade.
Todavia, num determinado momento, depois de ter tido uma crise séria de esgotamento nervoso e depressão, quando Deus me ensinou como viver de novo, agora de um jeito mais tranquilo, notei que minha produção de textos relacionados à vida com Deus começou a fluir mais. Não, não forcei nada, ninguém me forçou, nem igreja, eu simplesmente comecei a escrever mais sobre andar com Deus do que sobre a alma humana solitária. Isso porque era assim que eu estava vivendo na prática. Penso que este seja o momento para tentar diferenciar arte secular de cristã. Eu tento fazer as duas, sem perder a coerência, a minha coerência.
Acho que produzir arte secular é falar sobre a alma do homem. Refletir sobre as necessidades dessa alma, sobre seus sonhos, suas decepções, suas paixões. Em se tratando de alma, paixão é algo muito relevante, já que a alma se alimenta disso. Eu tento não julgar essa alma, apenas registro através de textos ou de músicas o que ela sente, seja a alma de um sacerdote ou de uma meretriz. Indiferente de se ter ou não uma experiência íntima com Deus, essa alma sempre terá sua dor e sua alegria, portanto sentimentos para que o artista registre.
A ótica da alma humana pode ser entendida de maneira clara naquele primeiro momento, que quem segue a Deus experimenta, num período de oração, quando se está apenas contabilizando os sentimentos. Nesse instante estamos olhando para dentro de nós, antes de nos colocarmos diante de Deus. Esse momento é muito importante, medimos nosso coração, não para entendê-lo, ele é complicado demais para ser entendido. Medimos para tentar, naquilo em que é possível, enxergar as emoções e toma-las com as mãos (emocionais), para poder então, mesmo que escorrendo muita coisa dentre os dedos, entrega-las a Deus.
Quando tomamos a iniciativa, entregando nossas angústias e expectativas a Deus, ele entra na história, então a coisa muda. Aí o impossível se torna possível, a fé importa mais que o entendimento, a paixão dá lugar à revelação do Espírito Santo. Mas o mais importante é que nesse momento a culpa pode ser retirada, a dor suportada e a paz sensível. Nesse momento os vultos fantasmagóricos e descontrolados da noite da alma, dão lugar à luz eterna da vida. Nesse momento, o vinho é substituído pela água.
O vinho alegra, mas em se tomando muito dele, enjoa, tira a lucidez, transforma euforia em depressão. A água, pura e fresca, mata a sede da alma, aquela necessidade que o vinho tentou suprir e não conseguiu. A arte secular é o vinho, pode até ser provado, em proporções pequenas, mas não saciará a sede da alma humana, é apenas para fornecer uma pequena dose de alegria. Falar do caminho com Deus, através da arte, é celebrar os atributos da água, que mata a sede, que nada mais é que a presença de Deus em nós através do Espírito Santo.
Interessante é que a água é natural e é mais simples que o vinho. Ela é encontrada pronta na natureza enquanto que o vinho é fabricado, e para ter qualidade, com uma série de cuidados. A arte cristã não é tão sofisticada como a secular, mas não precisa ser. Seu valor está na simplicidade. Nós enjoamos de tomar vinho, mas não de tomar água. Acho que é isso que está acontecendo comigo. Tomei vinho demais, agora quero só água. A água, além de matar a sede, nos limpa. Essa água nos é oferecida mediante a palavra de Deus. Ler a Bíblia é no momento algo fácil pra mim, a consequência disso é este blog, que poderia se chamar “Como a água que bebo”, ao invés de “Como o ar que respiro”.