domingo, maio 08, 2011

Caverna de Adulão (poesia)

Veja em mim o que eu sou, suba o monte, venha a pé,
escondi-me por amor, meu amigo ainda és?
Fiz refúgio absurdo entre loucos, esquecidos,
meu arauto agora é mudo, eu nem tenho mais ouvidos.

A beleza da mulher que minh´alma refletia,
hoje é só fotografia apagada, como a fé.
Venha logo, traz o fogo, descongela a emoção,
me liberta deste engodo que deixou-me solidão.

Eu não quero mais palavras, jogos, caras, alegrias,
tudo acaba, tudo é farsa, eu só quero companhia.
Senta perto, não me olha, o silêncio seja o guia,
tua paciência o óleo que umedece minha vida.

Meu amigo, tão antigo, só contigo eu sou nós,
saiba, o que mais preciso é ouvir a minha voz.
Não me leve tão a sério, nem me diga que é normal,
que o tempo se encarregue de livrar-me desse mal.

Eu criei um mundo inteiro nesta gruta que me cerca,
não é nada verdadeiro mas é tudo o que me resta.
E depois de muito ouvir-me, fala algo leve, bom,
no meu rosto põe sorriso, faz abrir meu coração.      

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