terça-feira, maio 14, 2019

Se Deus manda, não seja tímido

      “E Eliseu estava doente da enfermidade de que morreu, e Jeoás, rei de Israel, desceu a ele, e chorou sobre o seu rosto, e disse: Meu pai, meu pai, o carro de Israel, e seus cavaleiros! E Eliseu lhe disse: Toma um arco e flechas. E tomou um arco e flechas. Então disse ao rei de Israel: Põe a tua mão sobre o arco. E pós sobre ele a sua mão; e Eliseu pós as suas mãos sobre as do rei. E disse: Abre a janela para o oriente. E abriu-a. Então disse Eliseu: Atira. E atirou; e disse: A flecha do livramento do Senhor é a flecha do livramento contra os sírios; porque ferirás os sírios; em Afeque, até os consumir. Disse mais: Toma as flechas. E tomou-as. Então disse ao rei de Israel: Fere a terra. E feriu-a três vezes, e cessou. Então o homem de Deus se indignou muito contra ele, e disse: Cinco ou seis vezes a deverias ter ferido; então feririas os sírios até os consumir; porém agora só três vezes ferirás os sírios.” II Reis 13.14-19

      A Bíblia é uma grande coleção de parábolas, quantas e quantas metáforas, que se tornam simbologias eternas para o homem, nas histórias, estórias e mistérios dos personagens bíblicos. Quem tiver olhos para ver que veja, e aprenda o que Espírito Santo quer nos ensinar com o livro mais esplêndido escrito, o mais importante, o mais lindo. Nossos inimigos hoje não são vencidos com guerras, com matança, mas com virtudes, à medida que andamos como Jesus encarnado andava, mas Deus ainda nos livra como livrou o rei de Israel na passagem acima. 
      Eliseu, em seus últimos dias de vida, recebe a visita do rei de Israel, que respeito esse monarca tinha pelo profeta, o rei sabia quem era ele, reconhecia a unção de Eliseu, que poder um homem mesmo debilitado por uma enfermidade mortal mostrava. Penso em mim, em nós, que deixamos nossa fé se abalar às vezes por coisas tão pequenas. Antes mesmo de entender a simbologia que o profeta começava a lhe mostrar quando lhe pediu para tomar o arco e as flechas, o rei já solicitou ao profeta que pussesse sua mão no arco, ele queria o poder de Deus que estava sobre Eliseu.
      Mas talvez isso já revelasse a timidez do rei, talvez mostrasse a confiança do rei mais no profeta que em Deus, talvez... Seja como for, de nada valem armas se Deus não as autorizar, orientar e usar, a flecha de livramento contra os inimigos e empecilhos é a flecha do Senhor, e nenhum outra, essa foi a primeira lição que Eliseu ensinou, é Deus quem livra, a ele pois a glória e a mais ninguém. Por mais ungido que seja o homem, é Deus quem nos livra, o profeta morreria, mas Deus é eterno. 
      Mas a simbologia profética tinha uma segunda parte, Eliseu pediu ao rei que ferisse a terra com as flechas, isso na verdade era um teste para ver até onde ia a fé e a coragem do rei. Deus não precisa ser provado, o homem, sim, Deus sempre faz o melhor, mas será que o homem tem fé e discernimento para entender o agir do Senhor em cada situação? O rei feriu a terra três vezes, era pouco, Deus tinha autorizado mais, Deus tinha uma bênção maior que exigiria do rei mais força, mais iniciativa. 
      Eliseu ficou indignado e então explicou a metáfora, o rei tinha sido tímido, covarde, se ele tivesse entendido a vontade de Deus teria ferido a terra cinco, seis vezes, pois assim o Senhor lhe daria vitória sobre seus inimigos, os sírios, em uma proporção maior. A vontade do rei, todavia, era pequena, ele teria vitória, mas menor que aquela que Deus queria lhe dar, não porque o poder do Senhor era menor naquele livramento, mas porque a vontade do rei era pouca. 
      Pouca fé manifesta, pouco poder, eis a lição que Eliseu nos ensina nesses seus últimos momentos de vida. Se Deus mandar esteja certo de entender até onde deve ir, não mais, com estupidez, mas também não menos, com timidez. Se Deus mandar, abra a porta na direção certa, como a janel para o oriente do rei, entre marchando e adorando, com convicção, sem medo dos homens, mas certo de que Deus mandou e lhe dará livramento. 

segunda-feira, maio 13, 2019

O que devemos, o que queremos, o que podemos fazer

      “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, Remindo o tempo; porquanto os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.Efésios 5.15-17

      Algumas coisas fazemos porque precisamos fazer, e não temos escolha, são deveres de homens e mulheres responsáveis que querem independência. Nossa sobrevivência física neste mundo, nosso trabalho, estudo, sustentar filhos, acordar cedo e ser produtivo, são necessidades materiais, podemos até fazer outras coisas, mas o mais conveniente, o mais sábio, é nos esforçarmos. Façamos isso principalmente na mocidade e na maturidade, para que na velhice tenhamos descanso e colheita daquilo que já não teremos condições de plantar. Deveres nunca são totalmente agradáveis, doem e cansam, além de nos confrontar com as injustiças desse mundo, mas sempre serão deveres de homens de bem.
      Algumas coisas queremos fazer, simplesmente porque nos dão prazer. Feliz o homem que gosta do que faz e faz o que gosta, para esse a vida será mais leve, ele achará alegria mais facilmente, mesmo na labuta diária pela vida. Contudo, muitas coisas nos dão prazer e fazemos sem esforço, e é muito importante que descubramos essas coisas e as usufruamos, para equilibrar a vida e achar sentido neste mundo. Quem não acha prazer nesta vida como poderá achar na outra? O prazer mais puro, contudo, satisfaz-nos por inteiros, no corpo, na alma e no espírito, e nunca é fruto de egoísmo cruel, visto que não machuca os outros em nenhuma instância. O prazer mais puro alegra todo o universo.
      Outras coisas contudo, podemos fazer por escolha, não são fáceis e muitos vivem, até que bem, pelo menos neste mundo, não as escolhendo. Os que fazem certas escolhas aringirão um nível diferenciado na existência, serão mais que seres humanos sobrevivendo no planeta e usufruindo prazeres. Andar com Jesus é a escolha principal que podemos fazer, ela muda a ótica de deveres e prazeres, muda as prioridades e conseguimos entender e fazer o que Deus quer que façamos. Saber escolher uma boa profissão e depois um bom companheiro ou companheira para se viver até o fim, são segundas escolhas importantes, fundamentos que nos facilitam nos deveres e nos prazeres.
      A palavra remir significa livrar, libertar, resgatar, assim remindo o tempo significa resgatando o tempo, livrando-o de um uso errado, ou pelo menos inadequado para um momento. Os momentos da vida não são sempre os mesmos, existe tempo para deveres, tempo para prazeres e tempo para prioridades, acima de tudo, espirituais. Descobrir em que momento estamos e ter coragem de vivenciar esse momento sem medo e a tempo, é prudência, é sabedoria, é experimentar uma vida abundante. Assim, entendamos que a vontade de Deus é que tenhamos vidas plenas, completas, com todos os momentos, desde que vividos do jeito certo e no momento mais adequado. 

domingo, maio 12, 2019

A igreja e os doentes psiquiátricos

      “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.” Mateus 16.27

      Algumas coisas não devem ser testemunhadas, mesmo que sejam grandiosas bênçãos para nós, é melhor que fiquem em segredo, entre nós e Deus, e talvez compartilhadas com mais algumas pouquíssimas pessoas. Isso por vários motivos, um deles é que certos pecados, mesmo deixados e perdoados, podem jogar estigmas sobre que os experimentou, muitos não têm maturidade para saber sobre eles, poderão julgar mal as pessoas quem os viveu, assim não é conveniente. 
      Contudo, preciso deixar aqui uma orientação, tenhamos cuidado com o julgamento que fazemos de quem comete alguns pecados na igreja, mesmo depois de convertidos, e que chegam até a escandalizar muitos com isso. Eu não penso que uma pessoa com boa saúde mental e convertida de verdade chegue a pecar de um jeito que escandalize a igreja, se nos dermos ao trabalho em misericórdia de nos aproximarmos de quem erra, para ajudar não para condenar, saberemos a verdade.
      Os que caem, caem por dois motivos, ou porque nunca foram salvos, mesmo que encenem personagens religiosos bem convincentes, chegando mesmo a terem cargos e posições em ministérios, ou porque talvez tenham problemas mentais sérios. Se existe uma doença psiquiátrica, a pessoa pode ser salva, e se tiver alguma maturidade emocional terá responsabilidades sobre seus erros, mas ainda poderá ter dificuldades com vida social e civilizada por causa da enfermidade. 
      Podemos culpar um deficiente físico por não poder correr? Não. Da mesma maneira temos que ter mais cuidado em culpar, como se fosse uma pessoa sadia, alguém por exemplo com transtornos psicológicos como bipolaridade, esquizofrenia, depressão profunda etc. Ignorância científica existiu  e ainda existe, principalmente com relação a doenças mentais, mas falta de amor não deve haver num lugar que se diz corpo de Cristo, grupo de pessoas sobre o qual Espírito Santo de Deus tem  autoridade.
      Estejamos mais atentos, na família, principalmente na igreja, às pessoas, existe muita gente com problemas psiquiátricos que nós não damos o devido respeito, antes entregamos cargos e exigimos atitudes de pessoas com saúde. Se alguma delas peca, não consegue ser fiel num casamento ou cai num vício qualquer, simplesmente a julgamos como adúltero e viciado, quando na verdade nem sabia que era doente. Não estou dizendo que uma coisa justifica a outra, mas que devemos ter mais cuidado. 
       Doenças mentais não são facilmente averiguadas, principalmente pelos doentes, não é um rim que dói, um pulmão que não funciona bem, quando o mal é na mente as referências de normalidade são desajustadas justamente no local usado para verificar a normalidade. Um esquizofrênico não sabe que é esquizofrênico no início de sua doença e muitos vivem por anos doentes, errando, sentindo-se culpados, sem que ninguém de fora os ajude. Alguns não suportam tanta dor e se matam, mesmo em igrejas. 
      Somos “nós”, que nos achamos “normais”, que devemos perceber essas deficiências e proteger as pessoas, em primeiro lugar delas mesmas. Sim, existem pessoas que persistem no erro, que têm condições de serem normais mas escolhem o erro vez após vez, e se há alguma consciência de maturidade, pecado será cobrado como tal, com todas as implicações sociais e espirituais dele. Mas doenças emocionais e psiquiátricas são dura realidade, que infelizmente muitas igrejas cristãs insistem em menosprezar. 

      “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Romanos 8.1

sábado, maio 11, 2019

Andai - Temor - Tempo - Peregrinação

      “andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinaçãoI Pedro 1.17b

      A Bíblia é maravilhosa, incrivel como num pedaço de versículo, já que só citei a parte b de I Pedro 1.17, pode haver sabedoria tão simples quanto profunda, reflitamos sobre quatro palavras do texto, que ensinam princípios importantes sobre andar com Deus. A primeira é andai, na vida não é sábio parar, diminua a velocidade, mas continue pedalando, para frente, o equilíbrio está em se manter em movimento, quem para, cai, para um lado ou para o outro, como quando andamos de bicicleta. A vida é se mover sobre um veículo de duas rodas, não de quatro, assim entendemos que tudo tem sempre dois lados, dois extremos, sabedoria e a felicidade existem em não se acomadar em nenhum lado, mas seguir no centro estreito e reto.
      A segunda palavra é temor, temor a Deus, o que é isso? Não é ter medo de Deus, como o horror que sentimos de algo desconhecido e que pode nos fazer mal, ainda que a santidade de Deus possa nos amedrontar. Temor a Deus é saber que o Senhor tudo vê e tudo conhece, nada pode ser escondido dele, assim quem tem essa atitude não faz o que quer, para qualquer um, mas age com responsabilidade sabendo que somos pesados por um Deus justo e bom para todos. Contudo, não nos enganemos, muitos ateus e materialista agem, na prática, com mais temor que muito cristão, ainda que a sabedoria deles não adore ao Senhor nem os salve.
      Tempo é a terceira palavra, viver é administrar o tempo, conhecer os momentos, fazer a coisa adequada no tempo certo. Tempo é uma consequência do pecado, se não houvesse pecado não haveria tempo, envelhecemos porque o tempo passa e passa porque pecamos. O plano original de Deus era diferente, o homem teria muito tempo sobre a terra, mas quando o pecado foi escolhido isso mudou, ainda assim as gerações pré-diluvianas viviam mais tempo, centenas de anos. O pecado nos rouba o tempo, envelhece mais depressa, mas quando estamos felizes parece que o tempo não passa, por outro lado todo o tempo do mundo parece pouco quando estamos com quem amamos. Somos escravos do tempo, do relógio, e quando vamos ver a vida passou e nosso tempo aqui já se foi.
      A quarta palavra é peregrinação, somos peregrinos neste mundo, andarilhos numa jornada finita. O termo peregrino é poético, mostra que não devemos nos achar donos de nada, que tudo é passageiro, mas que a vida também pode ser uma aventura à medida que caminhamos com pureza achando prazer e alegria nas novas e boas descobertas. O peregrino doma o tempo, envelhece devagar, pois não se acomoda com a morte desse mundo, não morre no tédio da matéria, ainda que caminhe com responsabilidade (com temor). O cristão peregrino acha alegria sempre, novidade sempre, se renova no Espírito do Altíssimo e ainda que sinta atrás de si um vento forte, não cai, atravessa a brisa leve que vem da frente e que bate em sua face lhe dando um frescor gostoso de vida nova e limpa, à medida que peregrina por esta caminhada terrena. 

sexta-feira, maio 10, 2019

Vem pra graça você também

      “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça? Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.” Romanos 6.14-18

      Alguns cristãos têm muita dificuldade para entender que foram chamados para viver debaixo da graça de Deus, não da Lei. Debaixo da Lei é impossível de se viver, a Lei não existiu para salvar, mas para evidenciar ainda mais o pecado e a incompetência espiritual humana para salvar somente pela obediência a uma coleção de regras morais e religiosas. Ainda assim, muitos cristãos transformam o evangelho em leis, desprezando o poder do Espírito Santo, distanciando-se da misericórdia de Deus, não entendendo e não se privilegiando da graça do Senhor. Contudo, o que de fato significa a graça de Deus só podem entender e praticar cristãos realmente maduros e espirituais, do contrário ou serão crianças libertinas ou infantes hipócritas, andando como escravos de homens e não na liberdade de Deus. 
      Graça de Deus e a verdadeira liberdade são conceitos intrinsecamente relacionados, se existe um, existe o outro, um não é possível sem o outro, o contrário disso é lei e servidão, e servidão não a regras excelentes, mas à hipocrisia de quem não obedece e nega isso. A carta aos Romanos, provavelmente escrita por Paulo, é O tratado do novo testamento sobre a graça em Cristo substituindo a Lei mosaica, não só para Israel, mas para todos os homens. O texto inicial começa com a afirmação “porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”, ele deixa claro que a Lei não liberta, antes, prende. Só debaixo da graça há liberdade, não porque não se peça, mas porque temos não somente perdão pleno de pecados mas também forças pelo Espírito Santo para não pecar.
      Respeito todas as verdentes religiosas cristãs, não tenho dúvidas que Deus enxerga filhos sinceros e deles cuida em muitos caminhos religiosos, mesmo em não cristãos, ninguém se engane com relação a isso. Contudo, quantos vivem debaixo de leis e não da graça, não só perdendo tempo com isso, exigindo deles mesmos o que Deus não exige, mas também, muitos deles, achando-se melhores que outros por obedecerem leis que os outros não obedecem. Isso acontecia no primeiro século com os judeus convertidos e acontece hoje em dia com aqueles que têm costumes de roupas e aparência física, corte de cabelo etc, que guardam sábados e outros ritos e dias, leis acrescentadas, migradas ou não da velha aliança judaica, que se não são erradas, são desnecessárias. 
      Viver na graça, contudo, não é ser liberal na área sexual, na bebida e na comida, usufruir prazeres físicos e terrenos em detrimento de busca de virtudes espirituais eternas, como foi dito, graça e liberdade só entendem e vivem os realmente maduros espiritualmente. Caminho para se experimentar a graça, uma maneira de se saber se estamos debaixo da graça ou de leis, é averiguar até que ponto nos importamos com a opinião de homens, e me refiro aqui a homens cristãos, principalmente líderes. Homens não podem usar a vedadeira graça para dominarem sobre outros homens, mas podem usar leis. Já o que obedece leis o faz para ser aprovado por homens, assim como faz porque é mais fácil, leis basta ler e tentar praticar, já a graça se conhece com intimidade com Deus, isso exige consagração e oração.
      Quem decide seguir a Deus e não a homens religiosos será liberto das leis e começará a entender a graça de Deus. Na graça há perdão sempre, há segundas oportunidades sempre, há respeito a individualidades, enquanto que sob a lei homens nivelam todos igualmente e criam manadas que não pensam e não têm vontade própria por serem mais fáceis de serem manipuladas. A graça não separa, mas une, não nos prende em templos e grupos, mas nos faz evangelistas no amor que vivem no mundo para ilumina-lo, mesmo que não façam parte dele. A graça busca mudança interior, e não uniformização exterior, a graça nos faz amigos de Deus, não escravos ou soldados, a graça nos revela um Jesus Deus que se fez homem para que homens pudessem viver em Deus e por Deus uma vida de real liberdade.

quinta-feira, maio 09, 2019

“Eu sabia mas não vivia”

      “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem.” Mateus 24.27

      “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo.Marcos 13.32-33

      “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” I Tessalonicenses 4.16-17

      Temo que muitos depois que o arrebatamento tiver ocorrido farão está triste constatação, “eu sabia, mas não vivia”, cristãos, frequentadores de igrejas ou desviados brigados com Deus, mas também muitos pastores e teólogos, estudiosos e entendidos da Bíblia. Quem de fato será arrebatado? Tenho certeza que os inocentes serão, crianças e deficientes intelectuais, por exemplo, mas quanto aos demais só sabe Deus o pai. O arrebatamento não é o fechamento do céu, digamos, assim, mas é um livramento inicial de uma situação terrível que todo o planeta Terra passará para os que realmente precisam ser livrados ou merecem ser livrados. Haverá salvação após o arrebatamento, mas o preço para isso será muito alto. 
      Sábio, contudo, é estarmos o melhor preparados sempre, não basta ser noiva e virgem, como diz a parábola das dez virgens em Mateus 25, é preciso também estar com a lâmpada cheia de azeite, eis a chave do grande mistério sobre quem será arrebatado. O que representa o azeite? Uns dizem que é unção, outros que é o batismo no Espírito Santo ou os dons espirituais, outros ainda podem dizer que é o verdadeiro conhecimento da verdade de Deus. Eu penso que é uma sincera e profunda intimidade com o Altíssimo, uma amizade com Deus, como a de Enoque ou Abraão. Os arrebatados não participarão das bodas do cordeiro? Quem convidamos para uma festa especial senão aqueles que são nossos amigos mais íntimos?
      Assim, mesmo que os dias estejam difíceis, ainda que os homens te desapontem, mesmo que as igrejas se percam em hipocrisias e heresias, e ainda que o mundo e os anjos caídos te ofereçam os mais deliciosos manjares, as melhores explicações, as maiores honras, busque Deus. No silêncio de seu quarto, na sala, enquanto a família dorme, clame ao Senhor. Arrependa-se, tome posse de perdão, perdoe e adore a Deus, com todo o teu coração e com todo o teu entendimento. Derrame-se diante do pai que cuida de ti, que te compreende, que nunca te abandonou, que sempre foi teu amigo, não desista da fé pura e simples do evangelho, achegue-se a Deus mais e mais, ele é fiel e te livrará de todo o mal. 

      “Porém tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi descendência de Abraão, meu amigo; Tu a quem tomei desde os fins da terra, e te chamei dentre os seus mais excelentes, e te disse: Tu és o meu servo, a ti escolhi e nunca te rejeitei. Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.Isaías 41.8-10

quarta-feira, maio 08, 2019

Mais sobre gostar e amar

      Outra palavra que sempre repito aqui, porque a repito sempre para mim mesmo, às vezes a solução não está em insistir em gostar de alguém , por mais que isso pareça espiritual. Às vezes a solução que cura é assumir de forma clara que não gostamos, Deus não exige de nós que gostemos de todos, amar, sim, mas isso é diferente de gostar. Assim não nos sintamos obrigados a gostar de alguns, principalmente familiares. Um não gostar honesto é muito melhor, principalmente para a nossa saúde emocional, que um falso amar. Amar é abençoar a pessoa espiritualmente, orar pela pessoa, desejar o bem para ela. Gostar é concordar com a pessoa, apreciar seu modo de vida, suas palavras, principalmente sentirmo-nos bem com o jeito como a pessoa nos trata. Contudo, é principalmente de familiares mais próximos, que nos sentimos obrigados a gostar, e isso é certo e normal, a Bíblia nos orienta a respeitar e honrar a família, principalmente pais. 
      Mas nem sempre, infelizmente, isso é possível, alguns familiares se fazem piores inimigos que estranhos que nenhum laço de sangue têm conosco, dessa forma assumir diante de Deus que não gostamos de certas pessoas é libertador, o Senhor nos permite isso, aprova isso. Deus nos conhece, sabe de nossos limites, tentar parecer espiritual dizendo certas coisas não leva a nada. Um não gosto sincero, todavia, é um um caminho reto e melhor para um amor genuíno, já que começamos com a verdade, não tem nada que o Senhor mais ame, que seja melhor terreno para cultivo e nascimento de virtudes, que a verdade. Muitos de nós sofremos por muito tempo, no desejo sincero de sermos espirituais e obedientes a Deus, tentando sentir o que não conseguimos, ser o que não somos, cristãos puros e fortes que podem amar a todos e não guardar mágoas de ninguém.
      Isso às vezes é só uma vaidade “espiritual”, por mais antagônico que isso pareça, não queremos admitir para nós mesmos que não somos cristãos suficientes para amar a todos, ou que alguém não é importante o suficiente para que não consigamos amá-lo. Nessa disposição adoecemos e não achamos paz, simplesmente porque tentamos fazer algo legítimo, mas do jeito errado, do nosso jeito, sozinhos. Só tem cura quem admite doença, só é internado no hospital quem se interna, só tem alta os que se sujeitaram ao tratamento adequado administrado por profissionais competentes. Depois que assumimos o que de fato sentimos e somos, achamos consolo em Deus, Deus só é autorizado a trabalhar em nossas vidas depois que permitimos. 
      O primeiro passo é dizer não gosto desta pessoa, mas depois disso, o cristão espiritual terá o coração aberto para que Deus o fortaleça para amar. Amor só nasce na paz, paz estabelece-se com a verdade. De alguns, todavia, mesmo que façamos tudo certo, nunca conseguiremos gostar, e isso acontece porque não depende de nós, isso acontece porque alguns não gostam de nós e muito menos nos amam, e não nos amam porque não se amam e nem a Deus, mesmo que não admitam, mesmo que sejam ou se digam ser cristãos. Desses convém nos distanciarmos, entregarmos suas vidas nas mãos de Deus e entendermos que são problemas que não nos pertencem e que nada podemos fazer para resolver. Deus entende isso, sabe quando um filho seu foi ao seu limite, por isso dá forças para que ele siga em paz, bem longe do que na verdade não ama e não quer ser amado.

terça-feira, maio 07, 2019

Deus nos toma para si

      “E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.” Gênesis 5.22.24
       “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.I Coríntios 2.14-16

      O que têm em comum essas duas passagens bíblicas? O que tem Enoque em comum com o salvo em Jesus Cristo, selado com o Espírito Santo? Enoque é um mistério, andou com Deus e sumiu pois Deus o tomou, o que exatamente significa isso? Os cristãos interpretam como alguém que foi arrebatado ainda encarnado, ainda em vida material, para o céu espiritual. Deus o tomou antes da morte porque ele, ao que parece, tinha alcançado neste mundo tudo o que podia em termos espirituais e assim ganhou direito, antes do tempo da maioria, de estar eternamente com o Senhor no céu. 
      Para os esotéricos, ocultistas, cabalistas, Enoque é um personagem singular, que alcançou uma evolução espiritual diferenciada entre os humanos, que pôde ter recebido conhecimentos sobre mistérios do universo, dos seres espirituais. O livro apócrifo atribuído a ele contém ensinamentos que não se encontram no cânone de 66 livros da Bíblia protestante, e entre outras coisas fala de anjos e arcanjos com informações que vão além das conhecidas pela maioria dos cristãos, se é verdade ou não, se é do Enoque bíblico do livro de Gênesis ou não, não se tem certeza. 
      Na primeira carta de Paulo à igreja de Corinto o apóstolo-teólogo diferencia o homem natural, não convertido, do homem espiritual, convertido e na plenitude do Espírito Santo. Paulo diz que o homen natural não pode compreender as coisas espirituais, assim entendemos que o não convertido, o não restaurando pelo sangue de Cristo e que portanto não possui a ótica do Espírito Santo, esse ser humano pode ler a palavra de Deus registrada na Bíblia, pode até gostar dela e respeitá-la, pode mesmo se esforçar e praticar muitos dos ensinos morais do evangelho, pode ser um religioso praticante e sincero de uma igreja cristã, mas na verdade não entende de fato a relevância das palavras de Jesus. 
      O homem natural, por mais que considere o cristianismo, sempre o achará só mais uma religião, não verá nele a exclusividade de entregar ao homem salvação e comunhão com Deus, o homem natural nem acha que precisa ser salvo, muito menos que haja necessidade de existir um salvador. Já o salvo e selado com o Espírito Santo tem a mente de Jesus, entende o mistério da redenção, e leva uma vida, luta por valores, faz escolhas que para o homem natural parecem loucura, visto que esse não pode entender o homem espiritual. O homem espiritual quer agradar a Deus, deseja estar sempre limpo diante do Senhor, por isso se arrepende e sofre com o pecado, o pecado já não é algo natural para ele, como é para o homem natural.
      O ponto em comum que o cristão verdadeiro tem com Enoque é que ainda que o cristão ande fisicamente no mundo, ainda que caminhe entre os homens em carne e osso, existe como se não existisse. O cristão não é deste mundo, não mais, mesmo que seja conhecido, não pode ser entendido, é um homem espiritual, e é assim que tem que ser. Ainda que como novos nascidos em Cristo tenhamos direito a vidas dignas, com o conforto material necessário para uma existência feliz, e que para isso possamos nos sair bem nas escolas, nas universidades, nas empresas, na vida secular, não devemos e não precisamos levar tão a sério este mundo, suas vaidades, suas ilusões, seus prazeres. 
      O Senhor nos arrebatou espiritualmente no momento em que nascemos de novo, e nossos corpos são templos de Deus, aguardando a eternidade onde estaremos para sempre junto do Senhor. Cada um de nós será um tijolo de matéria transformada que formará um imenso e infinito templo de Deus. Assim, nunca nos coloquemos debaixo do mesmo jugo que o homem natural, se pecarmos, somo perdoados por Deus e o homem natural que não entende isso não tem o direito de nos julgar ou culpar, se fomos perdoados por Deus, andemos seguros, com o desejo de não pecar mais, mas em paz. O homem natural vai nos entender? Não, e é assim que tem que ser se fomos, a exemplo de Enoque, tomados por Deus para com ele vivermos, como que invisíveis para o mal, a falsidade e as mentiras deste mundo.

segunda-feira, maio 06, 2019

Misericórdia quero!

      “Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes.Mateus 12.7

      Não sei quanto a você, mas eis acima um versículo que preciso ler sempre, como eu tenho a tendência de julgar mal as pessoas, de condená-las, de ser duro, de procurar culpados, tratar os outros da mesma maneira como eu me senti tratado. Veja que eu disse “me senti”, pois além de querer dar um retorno ruim, muitas vezes quero fazer isso tendo como justificativa eu achar ter sido tratado de maneira ruim, sem que isso seja de fato verdade. Muitas vezes me coloco como vítima sendo que na verdade o inocente é o outro, que está sendo injustiçado por mim. Fiz questão de colocar esse início de reflexão na primeira pessoa, assim se este texto não servir pra você, que bom, mas ao menos serviu para mim, eis algo que precisamos fazer mais, usar enxada ao invés de pá, trazer a exortação para nós e não a jogá-la nos outros.
      Sei que já disse isto aqui, mas preciso repetir, misericórdia muitas vezes nem abençoa objetivamente o outro, pois muitas vezes ele nem fica sabendo que está precisando de misericórdia ou que nós estamos dando isso a ele. Misericórdia abençoa em primeiro lugar e principalmente o misericordioso, uma unção gostosa de humildade, de generosidade, de bondade, desce ao coração do que vê o outro com misericórdia, trazendo cura, deixando paz, libertando de mágoa, de vingança, deixando a alma leve e limpa. Assim, sejamos misericordiosos, sejamos misericordiosos, sejamos mais misericordiosos, que eu seja mais misericordioso, dando o que quero receber, tomando a iniciativa da comunhão, do diálogo, sempre que for possível no Espírito Santo. 
      O texto inicial é de um evangelho, palavra de Jesus, mas é citado também em Oseias no antigo testamento, e ele deixa claro, principalmente para o povo de Israel que tem na lei e nos sacrifícios da velha aliança a base de sua religiosidade, que misericórdia é mais importante que sacrifício. Repito, quantos sacrifícios fazemos para simplesmente não exercer misericórdia, sacrifícios que não têm valor pra Deus, principalmente quando o que Deus deseja de nós não são sacrifícios, mas somente que tenhamos misericórdia de alguém, a mesma misericórdia que também queremos e necessitamos receber. Não nos esqueçamos disso, nos lembremos sempre, sejamos misericordiosos, vencendo o medo, o rancor, agindo com misericórdia.

domingo, maio 05, 2019

Casar e seguir casado hoje

      “E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.Lucas 10.27

      Casar em Deus e depois manter o casamento em Deus é muitas vezes difícil, principalmente nos dias de hoje de tanta infantilidade de gente que não quer crescer e só pensa no próprio prazer, apoiada por uma mídia que empodera o indivíduo, desrespeita a família para manipular e caluniar a tradição judaica cristã. Muitos, mesmo dentro de igrejas evangélicas, casam errado e na maior parte das vezes porque se apressam, e infelizmente incentivados por pais e pastores que preferem casar imaturos que dar lugar para vida sexual fora do casamento. Depois acontecem os divórcios, situação que muitas igrejas também não administram de forma correta, piorando ainda mais uma situação que começou errada. 
      Mas os que conseguem amadurecer em Deus e casarem-se certo, têm então o desafio de manter esse casamento, uma manutenção duradoura só é possível à luz do evangelho. O Espírito Santo ensina ao homem e à mulher atuais que um casamento é a harmonia de duas partes inteiras, não é a união de duas metades, e, repito, no Espírito Santo, isso é possível, dois seres humanos inteiros chegarem a um entendimento pra viverem juntos, criarem filhos e serem felizes. Isso é viável sem que nenhuma parte seja reprimida ou domine sobre a outra, achando na autoridade maior do altíssimo humildade e respeito para que todos sirvam sem que ninguém seja senhor além do Senhor Deus.
      Sim, abre-se mão, mas não de identidade, de individualidade, mas de egoísmos, num casamento feliz o prazer é compartilhado junto, assim como sonhos e dificuldades. Num casamento em Deus o diálogo é sempre aberto, honesto, mas chegando sempre a um entendimento, através de perdão e decisão de transformação. Nesse aspecto que reafirmo que casamento não é a aliança de duas metades, mas de dois inteiros, e isso funciona com mudança de ambos, com deixar de ser o que se foi numa criação familiar anterior errada, numa vida de solteiro mimada, para melhorar e fazer feliz o outro. Nisso se acha no homem e na mulher diferenças maravilhosas, sem que um se considere com mais direitos que o outro. 
      Casamento é o lugar onde mais Deus trabalha em nossas vidas para nos amadurecer, nos ensinando a dividir obrigações, dentro e fora do lar, em partes iguais. Quem conquista um casamento feliz e estável será um profissional melhor, uma ovelha melhor, um amigo melhor, e mesmo um filho e irmão melhor, já que um bom presente melhora até nossos relacionamentos familiares do passado. Casar é bom e fazer um casamento continuar bom no tempo é melhor ainda, isso é real, é a vontade de Deus, e é objetivo de vida de homem e mulher de bem que têm caráter e que querem ser mais que crianças, que adolescentes, que jovens, que namorados, que filhos, mas esposo, esposa, pai e mãe, felizes e agradáveis ao Senhor. 
      No início deste texto poderíamos usar várias passagens bíblicas para ilustrar o tema, passagens que se referem diretamente a casamento, contudo, foi usado um texto sobre o amor, cujo princípio abraça grande parte dos mandamentos mosaicos. Por que isso? Porque o cristão moderno entende um pouco mais a vontade de Deus para o casamento, para o homem e para a mulher, assim essa passagem está mais de acordo com o plano do Senhor que muitas, contidas na Bíblia, mas que se referem a um contexto histórico e sociológico diferente, onde o ser humano, mesmo cristão, ainda via de forma equivocada muitos ensinamentos de Deus. Deus não muda, o homem sim, os realmente espirituais compreenderão isso. 
      Hoje podemos entender que homem não deve dominar sobre mulher, que mulher não é inferior ao homem, que a liderança do casamento é compartilhada, e que ambos têm obrigações financeiras e domésticas iguais, tanto dentro de casa como no mundo. Assim a orientação mais adequada para um casamento feliz não é tomar ao pé da letra textos como I Timóteo 2.11-12, “mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio”, mas os que ensinam sobre um amor igualmente recíproco entre seres humanos, seja entre homens, entre mulheres, entre homens e mulheres, dentro ou fora de casamento.

sábado, maio 04, 2019

Objetivo diabólico maior

      “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome. Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão. E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.Mateus 24.9-13

      Não nos enganemos, o principal objetivo do diabo não é ser mal, pior que Deus, mas melhor que Ele, mais sábio, mais liberal, mais tolerante, mais moderno, mais amoroso. Os mitos de várias religiões registram isso há milhares de anos, como por exemplo o mito grego de Prometeu, que já falamos aqui no blog. Seja em um Titã dando ao homem o fogo, ou em Lúcifer dando o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal à humanidade, o mistério que nos revelam essas metáforas é que o diabo pretende dar ao homem o que Deus não quer dar, a ciência, que permitiu o desenvolvimento do ser humano no planeta Terra. Bem, essa pela menos é a interpretação que o diabo faz desses eventos mitológicos, é a maneira como ele quer ser conhecido pelos que o buscam através da alta magia, do esoterismo mais elevado, é sua estratégia mais profunda.
       O ponto, contudo, nesta reflexão, é entender que no final dos tempos o diabo não se levantará contra Deus com perseguições violentas e explicitamente físicas, como fez nos primeiros séculos no império romano, no coliseu, nas chacinas terríveis de cristãos, não, não será assim. Se bem que o mesmo império que perseguiu, acabou abraçando e adaptando o cristianismo ao seu paganismo, no final, contudo, não será assim, aliás, essa estratégia já tem acontecido há algum tempo, iniciou-se no século XIX com o renascimento da magia e do ocultismo, o nascimento da pregação da “nova era”. Muitos cristãos, insensíveis a esse entendimento, têm interpretado o final dos tempos de forma equivocada, ensinados por pastores e pseudo teólogos que não buscam um entendimento no Espírito Santo, mas uma ótica conveniente às suas vaidades e desvios. Assim, enquanto se preparam para uma perseguição que não ocorrerá, estão totalmente despreparados para a realidade, que já bate nas posrtas das igrejas cristãs. 
      O diabo alegra-se com isso, isso facilita seu trabalho, na confusão criada pela mentira, a luz se apaga e as trevas ganham espaço. É tão verdade que a estratégia do diabo tem ficado mais sofisticada que aquilo que era escondido em ordens secretas e de conhecimento exclusivo de “iniciados”, hoje é compartilhado em livros acessíveis a qualquer um, e mais ainda, em PDFs gratuítos disponíveis para download na internet. Definitivamente o diabo não esconde mais sua religião maior, baseada no Hermetismo e nos esoterismos oriental, o Hinduísmo, e ocidental, a Cabala judaica, fundamentos de toda bruxaria. A igreja católica inquisidora não existe mais para queimar magos, cabalistas e ocultistas, e a igreja protestante não tem força política para fazer isso, mesmo que seja uma enorme estupidez. Perseguições violentas e extremas só fazem criar mártires, isso aconteceu com o cristianismo e também com membros de ordens secretas, vide “cavaleiros templários”, o diabo não usará está arma novamente.
      Contudo, enquanto os adoradores de arcanjos têm aprimorado seus conhecimentos, aprofundado suas experiências, muitos cristãos têm se tornado mais infantis, superficiais e até pagãos, à medida que adoram a forma, e não a força, a aparência, e não o interior, a matéria, e não o espírito, seja nos santos dos católicos ou nas ideologias materialistas e humanistas dos protestantes evangélicos. Ainda assim, crianças espirituais se acham ungidas e prontas para a volta de Jesus, só porque falam mais em línguas estranhas ou porque conhecem mais a fundo a Bíblia. A perseguição que se iniciará no arrebatamento, o primeiro evento do final, pegará a muitos de surpresa, muitos que esperavam um coisa e veio outra, uma perseguição que já estabeleceu suas bases nos poderes desse mundo e muitos ainda não entenderam. Tantos cristãos preocupados em não terem a “marca da besta” em seus corpos, quando já foram marcados ideologicamente em suas mentes, mesmo que se achem crentes corretos. 

      Quem de fato terá direito ao arrebatamento, a primeira leva, digamos assim, dos escolhidos por Deus para ser livrada do final terrível do planeta? Os verdadeiramente inocentes? Sim, com certeza, crianças, doentes mentais e muitos que mesmo doutrinariamente equivocados o são na ignorância, dentro de seus limites de entendimento espiritual, emocional e intelectual, e que ainda assim vivem com temor a Deus, e existem muitos nessa condição, talvez a maioria, os pequeninos de Deus, guardados pelo altíssimo com muito amor. Cuidem-se os que sabem mais, principalmente pregadores, desses será cobrado mais, coerência entre o que falam e o que vivem, mas mais ainda entre o que pregam para os outros viverem. Contudo, os verdadeiros profetas de Deus, não esses estereótipos do antigo testamento, que na maior parte das vezes são mais pessoas com transtornos psiquiátricos que profetas, eles existem nos tempos atuais, perseguidos por igrejas protestantes evangélicas oficiais, seguem solitários exortando os cristãos sobre a verdade. 
      O segredo por trás de o que será o fim, como será a perseguição e quem será perseguido, está em entender o texto “sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome”, o que é de fato não negar o nome de Jesus, o que é o nome de Jesus, para mim e para você, de verdade? Para muitos defender o nome de Jesus é ser assíduo em templos, para outros é ter cargos em igrejas, para uma grande parte é interpretar a Bíblia ao pé da letra e crer no que muitos pastores dizem ser a vontade de Deus. Para muitos é lutar contra o pecado, é não consumir bebidas alcoólicas, é condenar divórcio e homossexualidade, para outros é se vestir de maneira diferenciada, não compartilhar arte secular, é ter uma identidade cultural diferente da do “mundo”. Muitos dos que pensam e agem assim são os inocentes citados acima, são respeitados por Deus e colherão bons frutos de sua sinceridade realmente pura, não nos enganemos, Deus conhece o que eatá na profundidade do coração humano.
      Muitos até têm posições que achamos extremas, mas eles as têm para si mesmos, dentro de templos, e não incomodam quem pensa diferentemente, nessa humildade há sabedoria. A questão é não julgarmos, existem outros que têm a cabeça mais aberta, enxergam a espiritualidade de uma maneira mais ampla, veem pontos em comum do cristianismo com outras religiões. Mas também têm o coração mais aberto, entendem que Deus pode achar “filhos de Abraão” mesmo em quem não vive no centro da doutrina comum e principal das religiões cristãs. Muitos sabem que Deus salvará e até arrebatará pessoas que aparentemente estão totalmente fora do arquétipo de evangélico ou protestante atuais. Que ninguém, contudo, ninguém se considere melhor que ninguém, mais espiritual, no direito de gritar isso ou aquilo, antes, o que pensa conhecer a Deus que mostre na prática de vida obras realmente dignas de seres humanos arrependidos e perdoados por Jesus. 
      Tenhamos cuidado, nos tempos atuais o indivíduo tem prioridade, as pessoas não são consideradas só por fazerem partes de coletivos, de bandos, tendo poucas e definidas escolhas de vida para fazer e nas quais serem felizes, a diversidade é a nova lei, lei que o “diabo”, ou o que pensamos ser ele, sabe usar a seu favor. Assim, mesmo entre os salvos, o que é ser odiado pelo nome de Jesus para um pode ser diferente do que é para outro, para alguns algo fácil de suportar pode ser muito duro para outros. Eu sei o que o nome de Jesus é para mim, andando com ele por mais de quarenta anos, posso dizer que o sigo, naquilo que é principal, não por fé, mas por conhecimento, já experimentei a ação do Senhor de forma clara e incontestável vezes demais para depender só de uma fé básica. Mas sim, para continuar caminhando com Jesus, crescendo, enfrentando novos desafios, sigo por fé, uma fé que sei que não será desconsiderada por Deus, nisso aprendi a conhecer a estratégia do diabo além do óbvio e a me preparar para o final. 

sexta-feira, maio 03, 2019

Crer, fazer e adorar

       “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” 
João 3.16
      “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.
Tiago 2.26
      “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração
Efésios 5.19

     A religião verdadeira de Deus permite ao homem agir em três harmoniosas instâncias: fé, obras e adoração. Entra-se na comunhão com Deus pela fé no nome de Jesus como único intercessor entre Deus e os homens. Crer não é um pulo no escuro que nos faz cair num abismo, sim, a princípio pode até ser um pulo no escuro, mas não para nada, alcançamos um lugar espiritual de luz através da verdadeira fé. O que busca de todo o coração e com todo o pensamento acha pela fé a paz, a cura, uma vida eterna. Agir de uma forma nova, melhor, depois de uma experiência assim, é consequência natural, essa é a diferença do evangelho em relação a qualquer outra religião, ele nos transforma de dentro para fora e opera doces frutos de justiça e misericórdia em nós. Quem diz que crê mas não mostra obras, mente, mas quem pratica, mesmo as melhores obras, mas não o faz em Deus e para Deus, pode ser um bom cidadão, mas ainda não nasceu de novo pela genuína fé em Jesus Cristo. 
      Contudo, o terceiro ponto desta reflexão é o que mostra se alguém de fato tem uma vida de fé e obras no Deus verdadeiro, o homem perdoado adora a Deus, ele é levado pelo Espírito Santo a isso, sente necessidade disso, e tem um prazer único adorando a Deus. Um dia alguém me disse, creio em Jesus e pratico boas obras, mas não o adoro, a pessoa que me disse isso considerava um rebaixamento adorar a Deus. Essa pessoa não era convertida, mas infelizmente muitos cristãos, e muitos convertidos, que se limitam a uma experiência mais intelectual com Deus, se privam da bênção poderosamente libertadora que existe na adoração a Deus, uma experiência que nos cura emocional e fisicamente, além de nos colocar numa ligação íntima e plena com o Altíssimo através de seu Santo Espírito. Quem quiser receber dons espirituais, precisa em primeiro lugar se liberar emocionalmente diante de Deus em uma adoração completa, aliás, a manifestação de dons espirituais é antes de tudo uma libertação emocional, já que os dons estão espiritualmente implícitos em nós a partir do momento que nos convertemos e recebemos o selo do Espírito Santo. 
      Por que alguns demoram anos para, nas palavras dos pentecostais, serem “batizados” nos Espírito Santo? Porque não se soltam, não se mostram, não se entregam emocionalmente na presença de Deus. Por isso penso ser sábio a igreja liberar manifestação de dons espirituais, via de regra, em reuniões mais íntimas, onde estão presentes os membros e os que estão buscando a “plenitude”, para usar um termo da igreja tradicional, do Espírito Santo. Agindo assim não se corre o risco de escandalizar os que ainda não buscam ou não entendem essa preciosa experiência, como visitantes não convertidos que precisam ser evangelizados, antes de qualquer coisa. Mas depois de crer e praticar, adorar a Deus é o que nos aproxima definitivamente do Senhor e nos mostra como será nossa vida na eternidade, perto de Deus, em espírito, adorando para sempre seu nome. A verdadeira adoração nos aproxima da santidade do Senhor e esse confronto nos leva a querer uma vida mais consagrada, assim ninguém ache isso uma opção de vida, é a vocação natural de quem é filho de Deus.
      Gostaria de abrir parênteses, por ser uma experiência que se manifesta emocionalmente, mais que intelectualmente, como pode ser a fé, muitas vezes uma convicção poderosa, mas silenciosa e íntima, ninguém precisa se sentir à vontade para adorar com total liberdade em todo lugar e diante de qualquer um. Dessa forma não julguemos ninguém como menos espiritual ou menos adorador por ser mais contido nos gestos corporais e nas palavras, quando adorando coletivamente, eu mesmo me sinto mais à vontade em casa, sozinho, que no templo. Pessoalmente penso que o momento de adoração nos templos devem ser momentos de liberdade, democracia e respeito, levanta as mãos quem quer, bate palmas quem quer, dança quem quer. Outra coisa é que liberdade demais em público pode gerar alguma desordem e dificuldade para entender às vezes a voz de Deus por meio de um profeta, então, como em tudo que envolve expressão emocional, sejamos sábios, temos tanto direito à unção como temos autocontrole para para usá-la com equilíbrio, fecho parênteses. 

quinta-feira, maio 02, 2019

O sim, o não e o nada

      “Como as águas profundas é o conselho no coração do homem; mas o homem de inteligência o trará para fora.Provérbios 20.5

      As pessoas podem ser ferramentas de Deus em nossos vidas em três diferentes situações: em uma são usadas para que recebamos algo, um sim, em outra são usadas para sermos privados de algo, um não, e numa terceira situação não são usadas para nada, sim, para nada, e entenda, nada também é alguma coisa, que pode nos ensinar algo, não sobre o que recebemos ou deixamos de receber, mas sobre nós mesmos assim como sobre as pessoas. 
      Se alguém de alguma maneira é usado para nós abrir uma porta, sobre essa pessoa é fácil pensarmos o melhor, gostarmos, assim como receber e fazer a vontade do Senhor. Se alguém é usado para fechar uma porta para nós e se temos certeza que mesmo que não seja o que esperávamos é o que o Senhor tem, com certeza é mais difícil simpatizar-nos com a pessoa, mas fazer o quê, se é a vontade de Deus cremos que ela foi ferramenta do Senhor. 
      Contudo, temos uma terceira situação, e com essa é preciso cuidado para discernir e interagir, talvez seja necessário um pouco mais de oração e de consagração. Para algumas pessoas a princípio até olhamos achando que Deus nos responderá através delas, mas o posicionamento delas é para ser desconsiderado por nós, o sim ou o não delas não devem nos incomodar de nenhum jeito, elas não representam nada como ferramenta do Senhor, seja para abrir, seja para fechar portas. O maior perigo, todavia, é perdermos tempo sofrendo desnecessariamente em um lugar e com gente que podem até falar e acontecer, mas que não nos dizem respeito.
      Não que Deus não possa nos mandar estar nesses lugares e com essas pessoas, mas esse tempo é justamente para isso, aprendermos a manter a tranquilidade, a confiança em Deus, diante de certas coisas, não nos incomodarmos, mas apenas aguardarmos, parados e em silêncio, até que o sim ou o não de Deus seja manifestado de maneira clara. Sim, o nada também pode nos ensinar, nos ensina a continuarmos nos sentindo úteis, honrados por Deus, mesmo diante do vazio, do nada, não nosso, nós temos o Santo Espírito de vida dentre de nós, mas dos outros. 

quarta-feira, maio 01, 2019

Seres apaixonáveis

      “Porque nunca haverá mais lembrança do sábio do que do tolo; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o tolo!” Eclesiastes 2.16

      O que move o ser humano? A paixão. Seja em que área for, física, intelectual ou espiritual. O prazer emocional que algo nos dá nos faz agir, mesmo que impulsivamente, mesmo desacatando a razão, mesmo sem aceitar que uma paixão só começa quando outra termina, outra que não durou muito, mas que tem que acabar para que outra se inicie. Paixão é essencialmente passageira tanto quanto o ser humano é viciado em criar novas paixões, para quê? Para manter-se vivo. A morte que todos os homens herdaram, após o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal ser provado, só pode ser ludibriada com paixão, paixão é uma gota de vida que pinga em nossos corações, de vez em quando, mas que nos faz acreditar que felicidade existe e que vale a pena continuar vivendo.
      Não pense os que se acham “espirituais”, seja lá o que isso signifique, que eles não são movidos por paixão, são sim, por quê? Porque o espírito, “ungido” ou não pelo Santo Espírito, não se manifesta no mundo material diretamente, ele precisa de um corpo físico, e esse só é movido pela energia de uma alma apaixonada. As revelações mais santas e profundas de Deus, a música mais tocante ou a pessoa mais interessante, despertam em nós um sentimento que reflete paixão em nossas almas. O que é unção? É paixão santa, digamos assim, e isso na melhor das circunstâncias, sob o ponto de vista espiritual. O olhar puro de um filho, a sabedoria sincera e benigna de um pai, a beleza estética da arte, o consolo de Deus, tudo isso nos desperta paixão.
      O que tem de errado com isso? Nada, se tivermos a clareza de entender a impotência humana de reter qualquer espécie de virtude, mesmo a mais alta e espiritual. Um casamento feliz e duradouro acontece quando se consegue manter paixão, quando ela pode ser renovada de tempos em tempos pela mesma pessoa, e creia, isso é possível, se nos casamos certo. Uma palavra tem poder num púlpito quando o pregador a diz com paixão, quem sente convence que vive, mesmo sem viver. Mas esse é o grande engodo da paixão, ela pode expressar teoria que nunca se transforma em prática, mesmo que o teórico, no ímpeto da paixão, acredite de todo o coração que vive o que diz ou que poderá um dia viver. Mas se o pregador se reapaixonar por Deus conseguirá praticar o que prega por mais tempo, o tempo da paixão.
      O melhor que se pode fazer, então, é se reapaixonar pelas mesmas coisas, aos que estão do lado de fora parecerá que somos fiéis a alianças e que não nos rendemos a vãs paixões, mesmo que só estejamos renovando paixão pelas mesmas coisas. Não nos iludamos, o que nos move não é nenhum poder sobrenatural espiritual, o homem é fraco demais, egoista demais, pecador demais, para ser canal direto de Deus, o máximo que ele consegue é ser espelho, e nem é um espelho perfeito, limpo, cristalino. O reflexo limitado do Espírito Santo na alma humana exagera algumas coisas, desvaloriza outras, mas, felizmente para todos nós, consegue compartilhar algo da pura essência da emanação do Altíssimo, suficiente para alimentar as almas humanas, sedentas de alguma paixão para seguirem vivendo. 

      “Porque toda a carne é como a erva, e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre.” I Pedro 1.24-25