domingo, maio 10, 2020

Reavaliemos Casamento hoje (10/30)

10. Casamento hoje

      O tema casamento, nessa série de reflexões “Reavaliemos nossas crenças”, dá qual essa reflexão faz parte, foi dividido em duas partes, a primeira foi compartilhada na reflexão anterior, onde listamos os textos bíblicos principais sobre o tema. Nessa reflexão, a segunda e última parte, refletiremos sobre casamento e o cristão hoje (já pensamos sobre o tema aqui no blog em postagens como “Casar e seguir casado hoje”).

      O ser humano tornou-se mais complexo à medida que adquiriu liberdade, talvez esse seja o pior efeito colateral do homem ter “comido” do “fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal”, efeito que não apareceu assim de um dia para o outro na história da humanidade, mas que levou milhares, talvez milhões de anos, desenvolvendo e mudando o ser humano. É só a partir do final do século XIX de nossa era, que tradições sociais começaram a ser quebradas, como libertação de escravos, direitos de mulheres iguais aos dos homens, fim do patriarcalismo e condenação radical de todo tipo de machismo. Atualmente, em pleno século XXI, as coisas ainda estão acontecendo na área da sexualidade e de relações conjugais, e ao contrário do que muitos cristãos acham, essas mudanças não são coisas do diabo. É nesse ponto que precisamos reavaliar o conceito que achamos que Deus tem do casamento.
      Entenda certo o posicionamento do “Como o ar que respiro”, cremos com toda a convicção que a orientação dada em Gênesis é a melhor vontade de Deus para o homem sobre casamento, mas muitos se esquecem de um detalhe, essa orientação foi dada ao homem antes de sua queda. Se era viável naquele tempo, depois não foi mais, por muitos motivos, tanto que na história de Israel, que segue em Gênesis e nos outros livros do antigo testamento, não vemos, mesmo em homens importantes e com grandes experiências com Deus, a ordem dada a Adão e Eva sendo cumprida. Depois da saída do jardim do Éden o homem foi conquistando uma liberdade fora do plano original de Deus, em pecado, errando e acertando, lutando contra os próprios irmãos, matando-os, muitas vezes, mas também se encantando com a presença de Deus, adorando-o, e novamente se perdendo com os falsos deuses. 
      Nisso tudo o casamento foi uma relação conturbada, egoísta e possessiva, muitas vezes, querendo só prazer carnal, mas outras vezes um homem e uma mulher se encontraram e tudo pareceu belo, como se estivessem novamente no Éden, como se sua aliança fosse santa e para sempre (perdoem-me o romantismo). Hoje igualdade é o ponto, entre todos os seres humanos, seja qual for a raça, o poder aquisitivo, a formação intelectual, a sexualidade. Isso é quebrar a família? Não, isso é pensar uma família formada por indivíduos com liberdade e com papéis iguais de escolha. Isso não é bíblico? Depende de como você vê a Bíblia, se a interpretação for ao pé da letra, sem se importar com contexto histórico, cultural ou com metáforas e mitos, você pode achar que o que muitos pensam e fazem do casamento atualmente vai contra a Bíblia. 
      Isso, contudo, é ser simplista, é fechar os olhos para a realidade, para uma sociedade cheia de injustiças e violências que cria seres humanos doentes e imaturos, inviáveis para a aliança conjugal ideal orientada por Moisés, reclamada por Jesus e exortada por Paulo. Mas se entendermos a essência do que a Bíblia ensina, se vermos o Espírito Santo por trás de escritores bíblicos pecadores e limitados como eu e você, talvez possamos entender de fato o que Deus quer e pode nos ensinar sobre casamento e tantas outras coisas, não para o homem do passado, mas para aquele que vai morar no céu eternamente com Deus, aquele que entenderá de fato a vontade e as prioridades de Deus. Qual é a prioridade de Deus, o que Deus quer de fato que o homem aprenda como o mais importante durante sua vã existência neste mundo? Bem, essa lição não se aprende fácil, rápido, porque a maioria de nós não acerta com facilidade e na primeira vez, batemos muito a cabeça para entender o que importa.
      Infelizmente, nessa aprendizagem, muitos de nós, casam, descasam e tornam a se casar, mesmo que não seja um casamento oficializado, mesmo que seja só ter relação sexual ou dividir um colchão, essa é a verdade. Nesse ponto seria interessante entendermos o que é a união que Deus uniu e que o homem não deve separar, qual relação, nesse mundo de liberdade e libertinagem, é de fato casamento. Todas? Nenhuma? Uma? Muitos dizem que uma cerimônia religiosa, seja católica ou evangélica, sacramenta um casamento, ganha uma legitimidade divina, que se for quebrado, por adultério, é pecado. Outros dizem que o que vale é o cartório, que papel passado legitima um casamento, para outros, contudo, casamento é ter uma vida íntima em comum. Mas será que Deus de fato está sempre numa cerimônia religiosa, na legalização de uma aliança ou mesmo em sexo compartilhado? Não sei se está, tem muito casamento feito na igreja, no cartório ou na cama que Deus não aprovou, nem uniu. 
      Contudo, a principal responsabilidade numa aliança conjugal, com ou sem cerimônia, com ou sem papel, são os filhos, se as pessoas pensassem de fato em bebês, crianças e adolescentes crescendo sem uma base familiar adequada, com certeza respeitariam mais o casamento, teriam mais cuidado com relações sexuais, se respeitariam mais como seres humanos. Filhos é o que de fato realiza um casamento, levam duas pessoas a viverem em toda a sua plenitude uma união íntima, pessoas que ganham com isso uma oportunidade diferenciada para amadurecerem bem. Só quem assume maternidade e paternidade, sendo ou não mães e pais biológicos, passa de fato à idade adulta, caso contrário, poderão até ser pessoas de bem, boas cidadãs, mas no coração sempre serão filhos e jovens, buscando amparo, despreparadas para amparar. Não quero generalizar, Deus sabe de cada caso, de quem acaba nunca se casando ou ainda que se casando, nunca criando filhos, mas quero deixar claro que ser mãe e ser pai, por inteiro, é algo especial na vida de alguém.
      A vida não é fácil, nem simples, não julguemos, a ninguém, só Deus sabe do coração de cada um. Muitos querendo acertar, erram, e outros erram e tornam a errar só por satisfação egoísta, é preciso separar adúlteros de pessoas com dificuldades, separar pecadores voluntários de pessoas que foram mal construídas afetivamente, com desprezo, com violência, frutos de sexo sem amor, de amor sem responsabilidade, de qualquer coisa que seja, mas que nunca foi casamento. Gente assim terá dificuldades para ser indivíduo, quanto mais para ser casada. Mas Jesus nos mostra a luz mais alta para onde devemos caminhar e conquistarmos cura e vitória, eu sei, eu provei isso, e não fácil depressa. Me custou muita dor, mas eu cheguei no plano de Deus para a minha vida matrimonial, pelo poder do perdão e da restauração que há somente no nome de Jesus. Não posso encerrar esta reflexão sem compartilhar o texto a seguir, ele não precisa de muita explicação, só leia.

      “E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra. E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto, redargüidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio. E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais. Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.João 8.3-12

Esta é a 10ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro“
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

sábado, maio 09, 2020

Reavaliemos Casamento e Bíblia (9/30)

9. Casamento e Bíblia

      Esta reflexão faz parte do estudo “Reavaliemos nossas crenças”, isso significa que existe a necessidade de nós cristãos pensarmos mais é diferentemente sobre temas que tradicionalmente possamos estar tendo entendimentos não tão corretos, ainda assim, não tenho me recusado a compartilhar os textos bíblicos que muitos usam como bases para estabelecerem suas doutrinas tradicionais. Dessa forma, dividirei o tema casamento em duas reflexões, na primeira, que segue, listarei as principais passagens bíblicas sobre o tema, na próxima refletiremos sobre a realidade do casamento hoje.

      “Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.Gênesis 2.21-24

      A orientação inicial de Deus: um casamento, um esposo, uma esposa, um homem, uma mulher. Essa orientação é dada pelo registro de Moisés em Gênesis, que se baseou em tradição oral e na tradição religiosa de seu povo. Sejamos francos, essa orientação é a melhor? Claro que é, feliz o homem que acha uma esposa e fica com ela até à morte de um deles, feliz a mulher que acha um esposo e permanece com ele até o fim da vida de um deles. Precisamos de mais que isso para sermos felizes e realizados afetiva e sexualmente? Não! Isso basta, e é uma relação que pode ser sempre boa, motivadora, satisfatória, maravilhosa, eu creio nisso! 

      “...E eram doze os filhos de Jacó. Os filhos de Lia: Rúben, o primogênito de Jacó, depois Simeão e Levi, e Judá, e Issacar e Zebulom; Os filhos de Raquel: José e Benjamim; E os filhos de Bila, serva de Raquel: Dã e Naftali; E os filhos de Zilpa, serva de Lia: Gade e Aser...” Gênesis 35.22b-26a

      “E tomou Davi mais concubinas e mulheres de Jerusalém, depois que viera de Hebrom; e nasceram a Davi mais filhos e filhas.II Samuel 5.13

      “E o rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha de Faraó: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias, Das nações de que o Senhor tinha falado aos filhos de Israel: Não chegareis a elas, e elas não chegarão a vós; de outra maneira perverterão o vosso coração para seguirdes os seus deuses. A estas se uniu Salomão com amor. E tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o coração.” I Reis 11.1-3

      A realidade de patriarcas e reis de Israel: poligamia, simples assim, por vários motivos. Em primeiro lugar nas sociedades dos tempos do antigo testamento, onde a força de mão de obra tanto de trabalho quanto militar era humana, não se tinha máquinas ou carros motorizados, assim a presença masculina, fisicamente mais forte, e obviamente ainda dentro de uma sociedade patriarcal, machista, “machocêntrica”, era de suma importância. Dos homens dependia a existência e continuidade de uma família, de uma tribo, de um reino, de uma nação, por isso, se uma esposa não podia gerar descendentes, ou se não gerava filhos homens, o esposo podia, legalmente, unir-se à servas para conseguir esse intento, às vezes com mais de uma, como é o exemplo de Jacó. 
      Mas existiam os exageros, como de Salomão, que não era um homem comum, era um rei, rei de Israel, responsável não só por feitos maravilhosos em sua nação como também são atribuídos a ele a autoria de textos bíblicos de muita sabedoria, como Provérbios, Eclesiastes e Cantares (estudiosos argumentam que ele de fato não escreveu esses livros, não em suas totalidades pelo menos). A impressão que temos é que o homem dos tempos do antigo testamento não tinha os limites que tem hoje o homem da cultura ocidental, cristianizada, que ainda que se separe e torne a se casar não chega nem de longe à experiência de Salomão e de outros. Mas era preciso ser rico como Salomão para poder sustentar um número tão grande de esposas, que trouxe ao rei também um grande número de problemas, como a Bíblia nos relata.

      “Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.” Mateus 19.3-9

      A orientação de Jesus: segue a orientação original e inicial de Moisés em Gênesis, que nos ensina sobre o plano ideal de Deus para a vida de homem e mulher no casamento. Lembro que mesmo na época de Jesus existia uma cultura machista, onde o homem tinha mais direitos que a mulher, onde o pai tinha direitos sobre as filhas, durante muito tempo (até há poucas décadas atrás) foi o pai quem escolhia marido para a filha, que só conheceria, em muitos aspectos, o esposo, após o casamento, mesmo depois dele os casais não tinham a cumplicidade que podemos ter hoje em dia, onde se busca divisão igualitária de direitos e deveres. 
      Pessoalmente creio que a orientação de Jesus era muito mais para expor a inabilidade do homem em obedecer a qualquer espécie de idealização divina (baseada na lei mosaica), que de fato exigir isso ou aquilo do ser humano. Essa revelação levaria as pessoas a entenderem todas as camadas do pecado, não só aquela que se exteriorizava com um divórcio, mas principalmente aquela que cometia adultério só no olhar e no pensamento. Para que isso? Para que as pessoas entendessem a urgência e a eficiência do perdão que só a obra redentora de Cristo pode dar. Lembrando que não temos qualquer texto escrito diretamente por Jesus, temos apenas registros de Marcos, Mateus, Lucas e João, homens com costumes sociais e religiosos baseados na sociedade e religião judaica e com muita influência da cultura greco-romana. 
      Abrindo parênteses, o termo “machista” não significava necessariamente algo ruim, assim como não era “escravatura”, não há dois mil anos ou mais atrás, as pessoas podiam ter estilos de vida porque eram o costume da sociedade de suas épocas, e ainda assim se adaptarem ao costume de maneira justa. Ao meu ver, o problema nunca foi o sistema ou o costume, mas o coração do ser humano, homens maus serão maus seja em que sistema for, assim como homens bons serão bons sejam quais forem os costumes em que vivam. Obviamente, com a evolução social que o ser humano alcançou, nos tornamos mais exigentes e não podemos retroceder, assim qualquer espécie de machismo ou de escravatura hoje é inconcebível, fecho parênteses.

      “E bem quisera eu que estivésseis sem cuidado. O solteiro cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor; mas o que é casado cuida das coisas do mundo, em como há de agradar à mulher. Há diferença entre a mulher casada e a virgem. A solteira cuida das coisas do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no espírito; porém, a casada cuida das coisas do mundo, em como há de agradar ao marido. E digo isto para proveito vosso; não para vos enlaçar, mas para o que é decente e conveniente, para vos unirdes ao Senhor sem distração alguma. Mas, se alguém julga que trata indignamente a sua virgem, se tiver passado a flor da idade, e se for necessário, que faça o tal o que quiser; não peca; casem-se. Todavia o que está firme em seu coração, não tendo necessidade, mas com poder sobre a sua própria vontade, se resolveu no seu coração guardar a sua virgem, faz bem. De sorte que, o que a dá em casamento faz bem; mas o que não a dá em casamento faz melhor.I Coríntios 7.32-38

      A orientação de Paulo: era extremada, talvez mais até que a de Cristo, principalmente em relação às mulheres como nos relata a Bíblia. Veja que o texto acima se trata do que um pai cristão deve fazer com sua filha solteira, se ele deve “dá-la” em casamento ou não. Só o fato do pai ter autoridade sobre a filha, não levando em conta a vontade da filha, já mostra como era o costume da sociedade da época de Paulo, costume que não mudava pelo fato da pessoa ser cristã. Sim, no texto, a orientação é para um pai cristão que quer conduzir sua filha no caminho de Deus, ainda que com prepotência, mas o outro ponto é que Paulo deixa claro que em sua opinião a mulher permanecer solteira para servir a Deus é melhor. Retrógrado esse ensino? Mas é o que a Bíblia ensina, os que querem segui-la ao pé da letra não deveriam excluir o que lhes convém, mas fazer isso com toda a Bíblia, aí pelo menos haveria coerência.
      Contudo, se obedecermos o que manda Paulo ao pé da letra, tanto para homens como para mulheres (já que um casamento precisa de duas pessoas para acontecer), não haverá mais casamentos, nem filhos, mas só celibatários dedicados exclusivamente a servir o evangelho, em tempo integral, ou você discorda? Ele não diz que é pecado se casar, mas que só serve a Deus com mais qualidade o que fica solteiro e não se envolve com as coisas de casado. A continuação de Mateus 19, todavia, cita uma orientação mais equilibrada de Jesus sobre o assunto, e não se refere exclusivamente à mulher. Cristo diz que permanecer solteiro para servir a Deus é bom, mas não é para todos, e podemos entender que para os que não é não faz com que esses sejam colocados num nível menor de espiritualidade, só diferente. Um conselho para entender melhor a vontade de Deus pela Bíblia, prefira sempre os ensinos diretos de Jesus.

      “Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar. Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido. Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.Mateus 19.10-12
     
Esta é a 9ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro“
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

sexta-feira, maio 08, 2020

Reavaliemos Homoafetividade (8/30)

8. Homoafetividade

      O que a Bíblia diz sobre as cidades de Sodoma e Gomorra, e sobre os sodomitas, nome dos habitantes de Sodoma, mas termo que acabou sendo muito usado como sinônimo de quem tem práticas homossexuais? Segue um resumo dos textos bíblicos referentes a isso:

      “Habitou Abrão na terra de Canaã e Ló habitou nas cidades da campina, e armou as suas tendas até Sodoma. Ora, eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor.” 
Gênesis 13.12-13
      “Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito, descerei agora, e verei se com efeito têm praticado segundo o seu clamor, que é vindo até mim; e se não, sabê-lo-ei.” 
Gênesis 18.20-21
      “E vieram os dois anjos a Sodoma à tarde, e estava Ló assentado à porta de Sodoma; e vendo-os Ló, levantou-se ao seu encontro e inclinou-se com o rosto à terra;
      E porfiou com eles muito, e vieram com ele, e entraram em sua casa; e fez-lhes banquete, e cozeu bolos sem levedura, e comeram. E antes que se deitassem, cercaram a casa, os homens daquela cidade, os homens de Sodoma, desde o moço até ao velho; todo o povo de todos os bairros. E chamaram a Ló, e disseram-lhe: Onde estão os homens que a ti vieram nesta noite? Traze-os fora a nós, para que os conheçamos. Então saiu Ló a eles à porta, e fechou a porta atrás de si, E disse: Meus irmãos, rogo-vos que não façais mal; Eis aqui, duas filhas tenho, que ainda não conheceram homens; fora vo-las trarei, e fareis delas como bom for aos vossos olhos; somente nada façais a estes homens, porque por isso vieram à sombra do meu telhado.
      Aqueles homens porém estenderam as suas mãos e fizeram entrar a Ló consigo na casa, e fecharam a porta; E feriram de cegueira os homens que estavam à porta da casa, desde o menor até ao maior, de maneira que se cansaram para achar a porta. Então disseram aqueles homens a Ló: Tens alguém mais aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens nesta cidade, tira-os fora deste lugar; Porque nós vamos destruir este lugar, porque o seu clamor tem aumentado diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo.” 
Gênesis 19.1, 3-8, 10-13

      “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.
I Coríntios 6.10

      Não, eu não vou fazer um estudo técnico, teológico, exegético, hermenêutico etc, para tentar arrancar desses textos uma interpretação que defenda o ponto de vista do “Como o ar que respiro”, isso seria repetir o modus operandi de muitos teólogos, sim, estudiosos sérios e aclamados, muitos que eu pessoalmente admiro e com os quais aprendi e aprendo muito. Não tento achar coesão na Bíblia, principalmente em relação ao que sua palavra escrita diz em relação a o que o Espírito Santo nos ensina, porque acho que a Bíblia pode não ser coesa, refletiremos mais sobre isso nas próximas reflexões “A Bíblia é a palavra de Deus” e “História e cristianismo”. A Bíblia, e mesmo isso em poucas passagens, ensina algo diferente daquilo que outras passagens dizem, mas principalmente, sua interpretação ao pé da letra leva a obediência de algo diferente daquilo que o Espírito Santo nos orienta hoje.
      Em que texto bíblico encontramos então, apoio para a apologia que será feita aqui? Diretamente em nenhum. Mas você também não achará na Bíblia nenhum texto que recrimine a escravidão, principalmente a de africanos que foi feita no Brasil e em outros países. Ao contrário, a Bíblia diz que o escravo deve ser um bom escravo, obedecer seu senhor, que isso é agradável a Deus (I Timóteo 6.1-2). Mas eu pergunto, na consciência do ser humano civilizado do século XXI, escravidão é justificável, sobre qualquer ponto de vista? Não, não é, foi uma violência feita contra africanos, que trouxe à sociedade tantos preconceitos e injustiças colhidos até hoje. Se escravidão, tão comum e legítima no antigo e no novo testamento (ainda que um tipo de escravidão diferente da feita com africanos), hoje é repensada, por que não seria a visão tradicional cristã que ainda impera em muitas igrejas sobre homoafetividade?
      O que nos cabe hoje, é analizar com mais cuidado o que é de fato um homoafetivo, ou alguém que tem algum tipo de relação afetiva ou física com alguém do mesmo sexo, depois comparar isso com o que achamos que Moisés e Paulo pensavam ser um sodomita (achamos, porque saber mesmo só na eternidade). Será que é justo, correto, denominarmos como sodomita, e assim lançarmos a esse todos as reprovações que a Bíblia cita, todas as pessoas que têm uma relação homossexual? Todos os gays e lésbicas (e outros, e outras...), são “sodomitas”, condenados ao mais terrível e atormentado inferno, para sempre? Se entendermos certo, veremos que a essência do que Moisés, Paulo e outros escritores bíblicos condenam como sodomitas está correta, eu creio que eles era homens em comunhão com Deus, com intenções tementes a Deus, e defensores de uma vida digna para os homens, livres do pecado.
      Pecado sexual é quebra de aliança, traição no casamento é adultério e paga-se um preço caro por isso. Usar sexo só como prazer com vários parceiros, é prostituição, recebendo-se ou não dinheiro em troca. Tem muita homem que tem relação física sexual com outro homem só por prazer, ou algo que foi prazer num tempo e se tornou vício, homens assim são héteros, se apaixonam por mulheres, até podem ser casados com mulheres, mas acham nessa relação física homossexual um prazer, o mesmo que se acha em bebidas ou drogas. Isso é pecado, isso não é, necessariamente, atitude de homoafetivos verdadeiros,  isso pode ser curado e não é cura gay, mas libertação de disposições promíscuas e obsessivas que podem acontecer tanto com homens quanto com mulheres, e que não ocorre só com sexo, mas também com outros apetites físicos. 
      Verdadeiros homoafetivos nascem assim e nada pode mudá-los, não é escolha, contudo, como tem pastor que nunca se deu ao trabalho de ajudar   aqueles que condena sem conhecer. Alguns dizem, “Deus só criou homem e mulher”, mas se fosse verdade só existiriam homens e mulheres héteros e sadios. E quanto aos doentes mentais, os paraplégicos, e tantos outros transtornados física e psicologicamente, Deus não os criou? Não estou dizendo que homossexualidade seja doença, mas gente diferente existe, precisa se adaptar à sociedade e ser respeitada. O plano inicial de Deus para o homem, como pensam muitos (não eu), pode até ter tido um padrão, mas a humanidade real não é assim. Enquanto cristãos condenam os que não se encaixam em seus preconceitos, o evangelho deixa de acolher pessoas que não são pecadoras, mas só diferentes. 
      Não pense que esse é o pensamento do mundo, para o mundo até o promíscuo que quer se relacionar sexualmente e ocasionalmente com ambos os sexos só por prazer, não deve ser recriminado, para o mundo isso é direito de cada um, “cada um usa seu corpo como quer”, mas não é isso que estou dizendo aqui. Existem referências morais, sim, necessidade de limpeza espiritual, sim, e o único jeito de se vivenciar isso é através de Jesus. Mas não peça a um homossexual verdadeiro que mude sua essência, o homossexual o é na alma, antes de em relações físicas-afetivas, ele não pode mudar tanto quanto não pode um heterossexual genuíno. Os cristãos evangélicos atuais precisam aprender a separar os verdadeiros homoafetivos, que querem casar, ter família e serem fiéis, dos falsos, esses sim, os falsos, são os sodomitas que a Bíblia cita e recrimina em Gênesis. 
      As passagens bíblicas iniciais nos levam a três tipos de posicionamentos, o primeiro é: as praticamos, de verdade, não só de palavra, pagando todo o tipo de preço que implique nisso, principalmente o preço de amor, tentando “curar” todos os homoafetivos pelo evangelho, e obviamente constando frutos dessa prática. Nesse posicionamento acreditamos num Deus que de fato age conforme entendemos nas passagens acima. Um segundo posicionamento é, não concordamos com as passagens e crendo que elas são agradáveis a Deus, não concordamos também com Deus. Esse é o pior posicionamento? Não sei se é pior que o primeiro, porque nele pelo menos há honestidade e um respeito com os homoafetivos. O terceiro posicionamento é o do “Como o ar que respiro”, cremos e confiamos em Deus, mas reavaliamos a Bíblia, pelo menos em algumas passagens.

Esta é a 8ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

quinta-feira, maio 07, 2020

Reavaliemos Poder, Fé e Milagre (parte 2) (7/30)

7. Poder, Fé e Milagre (parte 2)
      
      No texto a seguir, a segunda parte da reflexão “poder divino, fé e milagre”, para melhor entendimento leia antes a primeira parte na postagem anterior. 

      “E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.” Marcos 16.17-18

      Milagres seguirão os que creem em Jesus, está claro nas palavras que Marcos e outros escritores bíblicos registraram na Bíblia. Eu creio em milagres, mas não como muitos creem, e isso também não faz diferença para Deus, contudo, esse ensino bíblico sobre milagre, precisamos admitir, que principalmente nos dias atuais, pode fazer mais mal que bem. Já refletimos bastante sobre fé aqui no “Como o ar que respiro” (por exemplo na postagem “”), fizemos a crítica no grande erro que se comete quando se tem fé na fé, não importando o objeto da fé, mas só a quantia e qualidade da fé do crente, nisso o homem é honrado mais que Deus. Infelizmente, a fé que alguns colocam num cristal, ou na imagem de um homem religioso falecido, torna-se igual àquela que muitos dizem colocar em Jesus. Objeto, homem e Deus são colocados no mesmo nível, o que importa é a fé, o homem, não Deus, isso não é evangelho. É vida espiritual? Pode ser, mas não com o Deus altíssimo. 
      Mas ainda assim o Deus altíssimo pode ouvir e responder? Sim! Mas não é o melhor que agrada a Deus e que nos conduz ao melhor de Deus, principalmente na eternidade. Já citamos nesta série de reflexões o texto, “mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem, Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (João 4.23-24), vamos pensar nele agora com mais profundidade, ele revela um mistério que explica porque Deus responde muitas orações, ainda que não estejam de acordo com a tradição teológica protestante. O Espírito Santo pode dialogar com o nosso espírito através de palavras e pensamentos? Sim, mas ele é mais que isso, sua interação é absoluta, sempre revela a verdade de Deus, enquanto que palavras e pensamentos são relativos, depende da interpretação humana, que usa o entendimento subjetivo do homem que a recebe. 
      “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.” (Romanos 8.26-27), essa passagem explica o mistério da comunicação mais profunda entre Deus e o homem. Uma manifestação explícita dessa comunicação espiritual ininteligível pela razão, talvez a mais, é o dom de línguas espirituais estranhas, quem o busca e o recebe experimenta algo único, que ainda que a mente não compreenda deixa no espírito e depois na alma uma presença poderosa, consoladora e libertadora de Deus. Na verdade o primeiro contato que Deus faz com o homem é espiritual, e ele não pode ser totalmente exprimido por pensamentos ou palavras, mesmo através dons espirituais como profecias e tradução das línguas estranhas, que humanamente verbaliza a palavra do Espírito.
      Se Deus procura uma comunhão espiritual, a forma pode não ter tanta importância, talvez ele esteja interessado no conteúdo. Podemos entender melhor forma e conteúdo com os termos ações e intenções, ainda que certas ações sejam de um jeito, as intenções por trás delas podem ser um pouco diferentes (obviamente elas não opostas, senão é hipocrisia e o hipócrita será pouco eficiente em achar a Deus). A oração de fé que Deus ouve e que pode nos colocar em harmonia com ele, é aquela feita pelo nosso espírito no Espírito de Deus, isso pode ir além de palavras, e mesmo de nossas ferramentas de fé, mas representar nossa intenção espiritual mais íntima que deseja estabelecer comunhão com Deus. “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus” (Mateus 5.8), quanto mais pureza houver no íntimo do homem, mais ele poderá entrar na presença de Deus para saber sua vontade, e então solicitar ao altíssimo de fato aquilo que ele quer dar. Essa pureza, contudo, diz respeito a uma coerência plena entre forma e conteúdo, entre ação e intenção. 

      “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos; E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho” II Timóteo 1.9-10

      Nesse entendimento, qual é então o poder de Deus, que as pessoas evocam tanto, como ele é manifestado? Estamos aqui negando um Deus que quando buscado manifesta seu poder pelos que nele confiam? Não, de maneira alguma, na verdade estamos querendo abrir mentes e corações para que vejam um Deus maior e mais poderoso ainda. (Para entender o pensamento do “Como o ar que respiro” sobre os temas dessa reflexão é importante que você tenha em mente as postagens anteriores que refletiram sobre antropomorfismo e causa e efeito, se possível as leia). O poder de Deus é maior que tudo e todos, sobre tudo e todos, sem início e sem fim, e o tempo todo, ele não só criou tudo e todos, mas a tudo e todos sustenta, desde cada átomo e ser espiritual, até cada galáxia de sistemas solares e legiões de anjos. Por ter pleno e absoluto poder Deus não muda, e por não mudar não pode perder parte ou ganhar uma nova, tudo está nele e sem mudança, ainda que tudo sempre em eterna transformação. 
      Ao olhar do descrente, Deus fará algo, ao olhar do crente, Deus está fazendo algo, mas ao olhar do verdadeiramente espiritual, Deus já fez. Nós vivemos na verdade no passado de Deus. Se Deus já fez não é sobrenatural, mas natural, não é um milagre, mas parte do processo, não é excepcional, mas eterno. Se tudo nos foi dado “antes dos tempos dos séculos”, incluindo nossa salvação, não recebemos nada por créditos pessoais, principalmente a salvação, essa é efeito de uma única causa, nossa fé em Cristo, não de qualquer obra que tenhamos feito, que fazemos ou que faremos. Mas fé também é dom de Deus, não capacidade humana, assim existe algo na essência espiritual das pessoas que as conduzem a Deus, ao mesmo tempo que são atraídas por Deus. Por que muitas pessoas parecem não ter essa essência espiritual? Por que algumas parecem estar condenadas ao “inferno”? Isso, a grande maioria de cristãos, só saberá na eternidade.
      Se Deus tivesse que corrigir algo, criar algo novo ou desfazer algo antigo, cada vez que o homem mudasse de ideia, ele não seria Deus. Ainda assim ele ouve “zilhões” de orações pedindo coisas que as pessoas já possuem em Cristo, não para fazer algo que ele já fez, não para mudar de ideia, mas só para estar em comunhão com as pessoas, como um pai amoroso e paciencioso com filhos pequenos. As pessoas não entendem que a bênção não é receber o que estão pedindo nas orações, mas é o simples fato de estarem em oração, em comunhão com Deus, no Espírito de luz do altíssimo. Elas nem precisariam pedir alguma coisa, só teriam que andar em Deus o tempo todo, usufruindo do eterno presente do Senhor, provando “milagres” cada vez que respirassem, milagres que já foram feitos, estando numa vida eterna e abundante sempre. Esse entendimento nos faz de fato provar uma paz espiritual singular, pois nos cura de expectativas e frustrações, nos liberta de querer ter e pedir o tempo todo, nos leva a ser e só. Essa paz é a arma mais eficiente contra todo tipo de mal, seja físico, emocional ou espiritual.
      Por que a Bíblia não deixa claro assim as coisas? A Bíblia não é o fim, mas o início de nosso conhecimento de Deus, é o Espírito Santo que é a viva palavra de Deus em nós. A Bíblia não é um tratado meticuloso sobre medicina espiritual, é um livro de primeiros socorros, que ainda que dizendo só o que se deve fazer para se obter cura, sem explicar profundamente como essa cura se opera, ou de onde veio, salva os homens da segunda morte, a morte do espírito. Por quê? Porque isso basta para a maioria dos homens de todos os tempos e lugares. Contudo, os atentos, conseguirão pinçar aqui e ali, nos textos bíblicos, revelações de grandes mistérios, eu tenho tentado compartilhar alguns desses textos nesse estudo, “Reavaliemos nossas crenças”. Em alguns momentos Moisés, Davi, Daniel, João evangelista ou Paulo deixam como que escapar respostas a grandes mistérios da existência humana. Essas respostas fazem diferença na salvação eterna? Não. São decisivas para que alguém experimente um milagre de Deus pela fé? Não. Se você crer de verdade, seu espírito harmonizando-se com o Espírito de Deus, experimentará milagres, conforme a promessa de Jesus, contudo, entenderá que milagres não são assim tão necessários. 

Esta é a 7ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

quarta-feira, maio 06, 2020

Reavaliemos Poder, Fé e Milagre (parte 1) (6/30)

6. Poder, Fé e Milagre (parte 1)

      “Poder divino, fé e milagre”, é o assunto desta reflexão do estudo “Reavaliemos nossas crenças”, dividida em duas partes, no texto a seguir a primeira parte. Estes três princípios são hoje os temas mais pregados no púlpitos, infelizmente mais até que salvação e santidade, por quê? Porque a humanidade hoje quer um Deus poderoso que possa ser acessado pela fé para receber dele milagres. Milagres para mudança de caráter? Para prática de virtudes morais? Não, para conquistas de bens e status. Mas será que isso é prioridade do verdadeiro evangelho? Bem, vamos à reflexão.

      “Então os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, disseram: Por que não pudemos nós expulsá-lo? E Jesus lhes disse: Por causa de vossa pouca fé; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível. Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum.” Mateus 17.19-21

      Poder divino, fé e milagre, são três conceitos relacionados: prova milagre que tem fé no poder divino, esse é o senso comum. Essa pode ter sido a leitura inicial dos discípulos que não conseguiram expulsar a legião, talvez eles achassem que lhes bastava fé, e a princípio foi isso que Jesus disse. Mas Cristo disse algo mais, pelo menos sobre aquela situação, não bastaria fé, mas oração e jejum. Esse ensino nos revela alguns mistérios por trás de poder divino, fé e milagre, que nos ensinam que provar milagres não é só causa e efeito de fenômenos físicos ou emocionais do homem, não é só questão de ter uma grande e firme convicção que o poder divino será acionado para que o milagre se realize. Mais que força humana, é preciso consagração a Deus e comunhão íntima com seu Espírito, para que de fato tenhamos acesso a uma palavra que dispare o poder sobrenatural de Deus.
      Sobrenatural é o natural que ainda não entendemos bem, que ainda não podemos explicar cientificamente, milagre é o que nos parece acontecer excepcionalmente por não termos ainda intimidade suficiente com o que ou quem o causou. Mas será que um Deus que tudo sabe e tudo pode sempre, precisa agir de forma excepcional, precisa fazer milagres ocasionais? A excepcionalidade existe no ponto de vista do humano desinformado, a ciência explica muitas coisas e o Espírito Santo nos coloca em sintonia com o melhor de Deus que não deixa faltar nada aos que estão sintonizados com ele. O que anda com Deus e o conhece provará milagres naturalmente, o que conhece a ciência discernirá o inexplicável de superstição, e muita coisa relatada na Bíblia, como milagres, foi pela falta de conhecimento, tanto científico quanto espiritual, de homens.

      “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para o teu âmago, e medula para os teus ossos.” Provérbios 3.5-8

      Quando alguém diz, “Deus fez um milagre”, a primeira coisa que deveria ser feita é verificar com muito cuidado se o que aconteceu de fato não tem uma explicação científica, que nos permita entender porque algo ocorreu no plano físico. Isso mostraria se algo é ou não milagre? Não, só mostraria que algo foi realizado através de meios físicos conhecidos ou por meios, pelo menos até o momento, desconhecidos para o homem. Mas se não for constatado, é uma excepcionalidade de Deus? Não, pode ter sido apenas Deus agindo de uma maneira ainda não conhecida pelo homem, pelo menos não por todos, principalmente no plano espiritual. Isso mostra que não é um milagre de Deus? Não, não no coração de quem buscou o milagre.
      Vou dar um exemplo, se eu não soubesse que iria chover à tarde, se eu não tivesse acesso a previsões meteorológicas, e mais, se eu nem soubesse que meteorologia existe, e orasse a Deus pedindo que chovesse à tarde, quando chovesse, eu estaria provando um milagre de Deus? Sim, no meu coração eu estaria. Mas se alguém, que tenha acesso às previsões meteorológicas, sabendo que pode chover e por isso nem orasse a um “deus” solicitando isso, quando chovesse, provaria um milagre? Não, não em seu coração. Milagre de Deus não é provar uma excepcionalidade, mas é aliar a Deus uma excepcionalidade, e muitos provam excepcionalidades inexplicáveis e ainda assim não agradecem a Deus por isso. 
      O texto de Provérbios 3 ensina algo muito importante sobre isso, um segredo de vida, física e espiritual: reconhece Deus em todos os teus caminhos. Isso é científico? Não. Pode nos levar a um certo alienamento intelectual? Até pode. Mas porque é sábio? Porque demonstra nosso temor a Deus, que ainda que não entendamos, não conheçamos em sua plena verdade, cremos que existe e que é por quem e em quem tudo acontece, seja no plano físico, seja no espiritual. Assim, se não entender, se não ver saída, santifique-se, adore e peça um milagre a Deus, bem, se você de fato entrar em comunhão com Deus você pedirá, porque foi autorizado por ele a fazer isso, e se ele autorizar o pedido, o pedido será respondido. 

      “E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário; Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar. E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais. E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?Mateus 14.24-31

      Se Jesus disse que se nós crêssemos faríamos milagres, por que então não vemos milagres depois da época da igreja primitiva, ou mais, nos dias de hoje, pelo menos milagres como os que Jesus e seus discípulos diretos fizeram? Muitos podem dizer, incluindo pentecostais e católicos que creem em santos milagreiros, “isso não é verdade, vemos sim”. Bem, precisaríamos de fato fazer uma averiguação isenta e científica para constatar muito do que muitos dizem ser milagres, não só feita a averiguação feita por religiosos mais intencionados em provar suas crenças, mas o nome dessa série de reflexões é “Reavaliemos nossas crenças”, para vermos a verdade por trás das coisas.
      O conhecimento científico ateu foi outro amargo efeito colateral, que o homem provou após ter comido do fruto mítico da “árvore do conhecimento do bem e do mal”, assim, à medida que o homem foi evoluindo intelectualmente, conhecendo a si mesmo, física e psicologicamente, à natureza, ao planeta Terra e ao cosmos, ao invés de adorar a Deus por começar a entender como o criador e Senhor de tudo faz as coisas funcionarem, preferiu ver nas próprias coisas criadas o início e o fim da criação, perdendo-se no plano visível (ainda que com microscópios ou telescópios) e fechando os olhos para o invisível. Esse conhecimento afastou o homem da fé e do temor a Deus.
      Por outro lado, se o homem não tivesse provado do “fruto proibido“ também teria evoluído intelectual e cientificamente, contudo, usaria tecnologias e as ciências como dons de Deus, e mais, em plena comunhão com a espiritualidade. Quem tem essa proposta é o ocultismo, ainda que sem colocar Jesus em seu devido lugar (mesmo que reconheça esse lugar), mas o ser humano, sendo amante de extremos, se é cristão chama a ciência de ateia e o esoterismo de satânico, se é esotérico, chama o cristianismo de superficial e a ciência de limitada, e se é científico, chama o cristianismo de ignorante e o esoterismo de insano. Enfim, pouquíssimos acham o equilíbrio entre esses três conhecimentos, nesse equilíbrio está o melhor e o mais profundo do verdadeiro conhecimento de Deus. 
      A verdade é que muitas coisas que as pessoas chamam de milagres atualmente não são, mas isso pode não fazer diferença para um Deus que sabe que se as pessoas estiverem ligadas a ele estarão protegidas, ainda que não seja da maneira mais lúcida. Melhor conhecer pouco de Deus e segui-lo que conhecer profundamente a ciência (ou o esoterismo) e desprezar Jesus como único e suficiente salvador. O plano ideal de Deus, contudo, seria um homem que ainda que conhecesse profundamente a ciência e usasse todos os benefícios dela, e ainda que conhecesse todos os segredos da “árvore da vida” da Cabala e se comunicasse com o mundo espiritual, ainda que soubesse de física quântica e das hierarquias de arcanjos e diabos, adorasse o Altíssimo Deus, se harmonizasse com ele através de Jesus, e aprendesse as verdades mais profundas e eternas diretamente do Espírito Santo.

Esta é a 6ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

terça-feira, maio 05, 2020

Reavaliemos Causa e Efeito (5/30)

5. Causa e Efeito

      Nesta segunda parte do tema antropomorfismo, uma reflexão sobre a lei universal de causa e efeito, para entender melhor o texto que segue é interessante a leitura da primeira parte da reflexão feita na postagem anterior.

      “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.Gálatas 6.7-9

      Se o homem quando faz algo certo, colhe o bem, e quando faz algo errado, colhe o mal, significa que Deus não age? Significa que tudo segue a lei da causa e efeito (ensinada pelo hinduísmo, mas também citada na Bíblia)? Deus age através da lei de causa e efeito, lei que ele mesmo estabeleceu, que se manifesta pelo universo que se encarrega de dar e de tirar, universo que ainda que não seja Deus, está contido em Deus. Deus agiu de fato uma única vez, num momento longínquo do tempo, no fenômeno que cientistas chamam de “big bang”? Pode ser, nele houve um disparo divino que iniciou todas as coisas, a causa primordial para o efeito eterno de tudo vir a existir, efeito descrito em detalhes nos primeiros versículos de Gênesis. 
      Seja como for, a partir disso, tudo é causa e efeito, plantio e colheita. Então onde está a ação presente de Deus? Está em Jesus, um ato acima de tudo de amor, isso porque existe um mal maior que o homem não pode anular com um bom plantio ainda que colha prosperidade desse plantio neste mundo. Por isso Jesus é tão especial, só através dele temos acesso ao altíssimo e a uma eternidade perto do melhor de Deus. Neste mundo, todavia, é causa e efeito de nossos próprios atos, sem vingança, sem arrependimento, sem ódio e sem ira de Deus. Deus não funciona assim porque Deus é Deus, não criatura, seja encarnada ou espiritual. Por que então a Bíblia cita um Deus que odeia, que se ira, que se vinga, que se arrepende?
      Porque a Bíblia, como as religiões e tantos outros textos sagrados, ainda que ela conte a história de um povo que trouxe ao mundo Jesus, o único salvador, a Bíblia é uma construção humana, seja da tradição judaica, de Moisés, de Esdras, dos evangelistas, de Paulo, de João, da tradição católica, da protestante e de tantos outros homens. Não nos iludamos, ainda que ela seja diferente de outros textos sagrados de outras religiões, ainda que o Cristo seja o centro dela, algo que não é contado em nenhum outro livro religioso, ainda que o Espírito Santo inspire seus escritores, a palavra final registrada na Bíblia é sempre da subjetividade humana, limitada espiritual, cultural e socialmente.
      Interpretar as reações de Deus como reações humanas acontece por causa da imaturidade do homem, isso o leva a concluir a coisa mais fácil e mais rápida, e a coisa mais fácil e mais rápida sempre usa o próprio homem como referência. Fazemos isso o tempo todo com as outras pessoas, as julgamos baseados em nós mesmos, no que nós somos, em como nós reagimos e em porque nós agimos. Dessa forma, se fazemos algo por um motivo temos a tendência é achar que os outros fazem a mesma coisa pelo mesmo motivo. Fazemos isso também com Deus, os escritores bíblicos fizeram isso quando entenderam que um efeito ruim que teve como causa um ato errado dos homens, disparou uma ação de vingança divina.
      Não achemos que Davi, ainda que um homem segundo coração de Deus em tantos aspectos, que provou de uma unção do Espírito Santo quase que constante (quase que neo-testamentária), ou que Moisés, por quem fez Deus os maiores “milagres” (e isso também pode ser um antropomorfismo), que libertou e estabeleceu um povo como nação, o povo escolhido do altíssimo, ou mesmo que Paulo, que escreveu a teologia fundamental do cristianismo além de fundar igrejas em muitos locais do mundo de seu tempo, não pensemos que todos esses tenham conseguido de fato registrar uma palavra absolutamente livre do véu. Eles eram limitados e escreveram uma Bíblia velada da verdade, sob vários espectros. 
      Mas ainda assim a Bíblia tem o principal, Jesus, e isso basta, para todos os homens de todos os tempos. Orar através de Jesus, crer que o sacrifício de Jesus foi em nosso lugar, confiar que por isso o nome de Cristo tem poder para nos curar, e depois disso adorar a Deus em santidade através de Jesus, é a vontade de Deus para todos os seres humanos, ainda que a Bíblia esteja repleta de interpretações não tão precisas de quem Deus é, de como ele age e de como interage conosco. Deus é espírito, e busca quem tem comunhão com ele e o adora em espírito e em verdade, se entendêssemos o mistério desse ensino poderíamos começar a tirar o véu e ver de fato como as coisas funcionam, sem antropomorfismos. 

Esta é a 5ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
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sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

segunda-feira, maio 04, 2020

Reavaliemos Antropomorfismos (4/30)

4. Antropomorfismos

      Esta reflexão é dividida em duas partes, na primeira parte reavaliaremos algo muito presente na Bíblia, antropomorfismo, na segunda, continuando o pensamento, refletiremos sobre a lei universal de causa e efeito, que têm respaldo na Bíblia, sim! Como introdução, um estudo em Salmos 11.5.

      “O Senhor prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a sua alma.” 
      “O Senhor prova o justo, mas a sua alma aborrece o ímpio e o que ama a violência.
      “O Senhor põe à prova o justo e o ímpio; mas ele abomina o que ama a violência.”
 Salmos 11.5

      O Senhor prova o justo, e isso não é a tentação menor dos demônios nem da concupiscência da carne, com as quais convivemos em todo o tempo, tentação não é provação. A provação de Deus nos confronta com uma situação, com pessoas, com palavras ou atitudes externas, e mesmo com sentimentos e pensamentos internos, que suscitam em nós a ira, “esquentam” nosso sangue, como se diz. A ira sempre tenta nos arrastar para uma reação de violência, seja física ou verbal. Mas isso é só uma provação, assim, ainda que sintamos algo forte, que experimentemos pensamentos intensos (e não estranhemos, isso todos nós sentimos, ainda que não admitamos), nos acalmemos e busquemos no Espírito Santo que habita os filhos de Deus, a pacificação. 
      Paz é sempre possível ao justificado em Cristo, porque esse teve o coração curado, coração que agora não tem prazer na violência. O justo não ama a violência, e ainda que ela exista nele por pouco tempo, ele se sente mal com isso. Citei três versões de Salmos 11.5 para entendermos melhor o que Deus sente sobre o que ama a violência, penso que o termo “despreza” seria mais adequado, já que pensar num Deus que “odeia” é antropomorfizar demais o divino altíssimo santíssimo de luz. Na verdade quem ama a violência se coloca por ele mesmo longe de Deus, em trevas, e esse não tem direito ao amor de Deus, mas à negação desse amor, que não é o ódio de Deus, mas simplesmente a ausência de seu amor. Terrível é estar nessa posição, de fato uma posição onde se prova que entendemos como ira de Deus. 

      “Antropomorfismo: forma de pensamento comum a diversas crenças religiosas que atribui a deuses, a Deus ou a seres sobrenaturais comportamentos e pensamentos característicos do ser humano.” 
Fonte Dicionário Google

      Antropomorfizar é aliar comportamentos ou características humanas a outros seres, sejam seres físicos, animais, como seres subjetivos ou “espirituais”, “deuses”. O desenho da Disney do Mickey, por exemplo, usa um camundongo antropomorfizado, com pernas, braços, mãos e andando de pé, como se fosse um ser humano, mas com cabeça de bicho. Quando falamos com bichos e plantas estamos antropomorfizando, isso não é loucura, mas uma faceta sadia da nossa imaginação que nos ajuda em nossas carências. 
      A mitologia grega (e outras como a hinduísta) é fundamentada em antropomorfismos, já que seus deuses são formatações de virtudes e defeitos humanos, como deusa da sabedoria, deus da guerra, musas das artes, deusa do amor, deus do mar e outros. Mas no caso de seres espirituais que não sejam Deus, podemos levantar uma pergunta: são eles meras invenções baseadas em interpretação emocional humana ou entendimento real das especificidades de funções de anjos e diabos? Esse é assunto do livro apócrifo de Enoque e da angelologia, área da teologia. 
      “Deus odeia” (Salmos 1.5), “Deus se ira” (Deuteronômio 9.7), “Deus se vinga” (Salmos 94.1), “Deus se arrepende” (Gênesis 6.6), esses são exemplos de antropomorfismos na Bíblia. Mas qual é a crítica a isso? A resposta é um novo questionamento: será que um Deus santíssimo, altíssimo, com luz espiritual e moral mais clara, que tudo sabe e pode, odeia, se ira, se vinga ou se arrepende? Essas são características de homens, ou de seres espirituais, mas será que são de Deus? O Deus verdadeiro pode ser antropomorfizado? 
      Se não pode por que a Bíblia o antropomorfiza? Por não entender corretamente porque os escritores bíblicos registraram assim reações de Deus, é que muitos se enganam sobre a verdadeira vontade de Deus para suas vidas, tentam copiar algo que não entendem. Muitos pensam, “se Deus, munido de razão, pode se vingar, eu também posso”, e mais, “Deus pode se vingar por mim se eu orar a ele”. Novamente aqueles que pensam que a Bíblia deve ser seguida ao pé da letra podem se equivocar.

      “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito.” Gênesis 6.5-7

      O texto acima de Gênesis tem dois antropomorfismos, “arrependeu-se o Senhor” e “pesou-lhe em seu coração”. Deus se arrepende? O coração de Deus sofre (pesa)? Quem se arrepende é porque fez uma coisa e depois viu que fez errado, por tanto depois percebeu que não devia ter feito, mas se Deus sabe de tudo antes, como fez algo que não era para ser feito? Ou se é perfeito e não erra, como fez algo errado digno de arrependimento? Por outro lado um Deus que é amor e luz não pode odiar ou se irar, na verdade o que ele faz é não amar ou não abençoar alguém que está em pecado. 
    Isso acontece não para que Deus feche a porta para que o que está em pecado se arrependa, essa porta está sempre aberta neste mundo, mas para que o pecador colha a ausência do amor de Deus enquanto não se arrepende. A grande ira de Deus sobre o homem é ele ser impedido, pelo próprio homem, de se aproximar do homem e abençoá-lo, o fato de Deus não fazer nada e entregar o homem à colheita de seu plantio errado, enquanto não se arrepende. A conclusão que Deus de fato não se ira e que o homem apenas colhe o que plantou, nos leva a um novo tema para reflexão, causa e efeito, veja isso na próxima parte do estudo “Reavaliemos nossas crenças”.

Esta é a 4ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
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sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

domingo, maio 03, 2020

Reavaliemos Mitos (3/30)

3. Mitos

      “Um mito (em grego clássico: μυθος; transl.: mithós) é uma narrativa de caráter simbólico-imagético, ou seja, o mito não é uma realidade independente, mas evolui com as condições históricas e étnicas relacionadas a uma dada cultura, que procura explicar e demonstrar, por meio da ação e do modo de ser das personagens, a origem das coisas (do mundo; dos homens; dos animais; das doenças; dos objetos; das práticas de caça, pesca, medicina entre outros; do amor; do ódio; da mentira e das relações, seja entre homens e homens, homens e mulheres e mulheres e mulheres, humanos e animais etc.). Sendo dessa maneira, é correto dizer que o mito depende de um tempo e espaço para existir e para ser compreendido. Ao mito está associado o rito. O rito é o modo de se pôr em ação o mito na vida do homem - em cerimônias, danças, orações e sacrifícios. 
      O termo "mito" é, por vezes, utilizado de forma pejorativa para se referir às crenças comuns (consideradas sem fundamento objetivo ou científico, e vistas apenas como histórias de um universo puramente maravilhoso) de diversas comunidades. Acontecimentos históricos podem se transformar em lendas, se adquirem uma determinada carga simbólica para uma dada cultura, e serem erroneamente chamados de mito. Na maioria das vezes, o termo refere-se especificamente aos relatos das civilizações antigas, mas há de se lembrar que muitas comunidades contemporâneas ainda se valem e muito do mito que, organizados, constituem uma mitologia - por exemplo, a mitologia grega, a mitologia romana, etc.” 

      Para entendermos melhor a Bíblia, é importante que reavaliemos também o elemento mítico contido nela. A descrição da criação de Gênesis, Adão, Eva, a Serpente, a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, mesmo o dilúvio e Noé, podem ser mitos, e se existem esses mitos, por que não podemos entender também o céu e o inferno descritos na Bíblia como mitos? Símbolos de personagens, eventos e lugares, sejam físicos ou espirituais, reais, mas registrados como foram na Bíblia, de uma forma mais simples, para que uma humanidade, ainda sem informação científica ou formação psicológica, pudesse aprender o caminho de Deus? 
      Não estamos colocando um mito grego no mesmo nível de uma tradição religiosa hebréia ou evangélica, mas ambos tecnicamente são mitos e com origens em verdades espirituais reais, ainda que um em histórias dos grandes anjos caídos passadas por homens e o outro em experiências com o Deus altíssimo passadas por homens ditos inspirados pelo Espírito Santo. Mas como mito, tanto um como o outro teve com o tempo, e principalmente pela tradição oral (contar uma história de geração para geração através de palavras sem usar registro da escrita), adições e subtrações aos fatos reais, exageros e desprezos, conforme as características e mesmo interesses de quem contou. 
      Assim a verdade sobre Deus colocando seu sopro de vida no primeiro homem, tornou-se no mito de Adão, a verdade sobre um homem que construiu uma arca para proteger sua família e os animais de sua região de um grande temporal, se transformaria no mito do dilúvio e Noé. O que temos que entender é que mitos não são as narrações ao pé da letra de fatos genuínos preservadas fielmente no tempo e no espaço por homens preocupados com uma verdade científica. Mesmo o acompanhamento real e amoroso de Deus não anulou o livre arbítrio de Moisés e de outros escritores hebreus e do novo testamento no registro dos textos bíblicos, a Bíblia é especial, sim, mas ainda que seja mítica em muitos pontos. 
      Mitos não são, ou não eram, intencionais, eles se tornaram com o tempo, e isso ocorreu durante muito tempo da história da humanidade. Talvez a partir do último XX, principalmente com meios mais precisos para se registrar uma quantidade maior de fatos, como os computadores, novos mitos deixem de ser criados, talvez o homem contemporâneo não entenda o conceito de mito, nem sua relevância. Mas isso infelizmente não tem tornado o ser humano, principalmente os cristãos, mais lúcidos com a maneira como avaliam sua religião e seus textos sagrados, ocorre é que muitos mitos antigos contém muito mais verdades espirituais que muitos fatos mais novos, comprovados por meios mais científicos.
      O ser humano tem se tornado radical, nos dois polos, ou é exigente ou cego num polo ou é cético ou cego no outro, veja que ser cego é ruim tanto num extremo quanto no outro, incorre-se no mesmo erro, ausência de crítica para não negar ou aceitar sem reavaliar. O homem é maravilhoso justamente porque é um ser que contém as duas coisas, matéria e espírito, ciência e fé. Deus é sábio, Deus é equilíbrio, Deus é matéria e espírito, o Espírito Santo de Deus que habita no novo nascido em Cristo é conduzido, atraído, para ser isso também, se não consegue ser é por escolha própria, escolhe-se isso porque é mais fácil, mais cômodo. O verdadeiro conhecimento está no equilíbrio, e isso inclui o conhecimento da Bíblia.

Esta é a 3ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

sábado, maio 02, 2020

Reavaliemos Criacionismo (2/30)

2. Criacionismo

      “Na tradição judaico-cristã sobre a criação divina do mundo, que é baseada em Gênesis, um ser único e absoluto, denominado Javé ou Jeová (ou Deus), perfeito, incriado, que existe por si só e não depende da existência do Universo, é o elemento central da estrutura criacionista. Exercendo seu infinito poder criativo, ele criou o Universo em seis dias e no sétimo descansou. Sempre através de palavras, no primeiro dia, ele fez a luz e separou o dia da noite; no segundo dia, ele criou o céu; no terceiro dia, a terra e o mar, as árvores e as plantas; no quarto dia, o Sol, a Lua e as estrelas; no quinto dia, os peixes e as aves; e, no sexto dia, ele criou os animais e, por fim, ele fez o homem e a mulher (Adão e Eva) à sua imagem e semelhança.“ Fonte Wikipedia 

      Criacionismo bíblico (existem crenças criacionistas de outras culturas que não as de tradição religiosa judaica-cristã) é a crença que tudo foi criado por Deus, através de ordens verbais, numa sequência e de maneira separada. Na Bíblia, a criação, do Sol, da Lua, das estrelas, da terra, do céu, do mar, dos vegetais, dos animais e do homem, é descrita no livro de Gênesis. Cada evento foi realizado em um dia, assim seis dias foram necessários e no sétimo dia Deus descansou, segue um resumo do texto bíblico:

      “No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz.” Gênesis 1.1-3

      “E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.” Gênesis 1.5

      “E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.“ “E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.” Gênesis 1.6, 8

      “E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom. E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro.” Gênesis 1.12-13

      “E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas.“ “E foi a tarde e a manhã, o dia quarto.” Gênesis 1.16, 19

      “E Deus criou as grandes baleias, e todo o réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies; e toda a ave de asas conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.“ “E foi a tarde e a manhã, o dia quinto.” Gênesis 1.21, 23

      “E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.“ “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.” Gênesis 1.27, 31

      “E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.” Gênesis 2.2

     II Pedro 3.8, “mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia”, é a primeira coisa que temos que saber para reavaliar a criação descrita em Gênesis, é uma daquelas revelações maravilhosas que Deus permitiu que estivesse na Bíblia, um toque discreto do Espírito do altíssimo para entendermos como as coisas realmente funcionam. Cristão, tema a Deus, isso é bom, é proteção e vitória, creia num Deus poderoso e próximo, ele responde prontamente aos que o buscam, mas entenda, o universo funciona dentro de leis imutáveis, criadas por Deus. Um Deus sem início e sem fim, não fica velho, não se cansa e sabe de tudo sempre, mas que para nós, seres humanos finitos, atua em grandes extensões de tempo, não em dias, em anos, mas em milhares, milhões, bilhões de anos, em eras.
      Um Deus grande faz coisas grandes em grandes eras temporais, isso não diminui a Deus, isso diminui a nós, reles criaturas humanas. Quer entender um pouco sobre Deus? Pense grande, bem, a ciência pensa grande, pensa com profundidade, investiga e comprova com rigor, a ciência não é invenção do diabo, mas do melhor do homem em sua área intelectual, o mesmo homem que a Bíblia diz que foi criado à imagem de Deus. Quer uma verdade? Junto da fé, a ciência é o que mais aproxima o homem de Deus, e eu disse aproxima, não afasta. A ciência se opõe ao criacionismo através de várias teorias, a do “Big Bang” e a do Evolucionismo são duas delas, uma sobre a criação do universo e a outra sobre a criação da natureza e do homem. Se o Evolucionismo extende a criação da vida em nossa planeta à dimensões não imagináveis, o “Big Bang” vai muito mais além.

      Georges Lemaître (1927) propôs a teoria “Big Bang” da origem do universo, embora tenha chamado de "hipótese do átomo primordial":
Big Bang ou Grande Expansão é a teoria cosmológica dominante sobre o desenvolvimento inicial do universo. Os cosmólogos usam o termo "Big Bang" para se referir à ideia de que o universo estava originalmente muito quente e denso em algum tempo finito no passado. Desde então tem se resfriado pela expansão ao estado diluído atual e continua em expansão atualmente. A teoria é sustentada por explicações mais completas e precisas a partir de evidências científicas disponíveis e da observação. De acordo com as melhores medições disponíveis em 2010, as condições iniciais ocorreram há aproximadamente 13,3 ou 13,9 bilhões de anos.“ Fonte Wikipedia

      O livro “A Origem das Espécies” (“On the Origin of Species”, 1859), do naturalista britânico Charles Darwin, apresenta a Teoria da Evolução:
Neste livro, Darwin apresenta evidências abundantes da evolução das espécies, mostrando que a diversidade biológica é o resultado de um processo de descendência com modificação, onde os organismos vivos se adaptam gradualmente através da selecção natural e as espécies se ramificam sucessivamente a partir de formas ancestrais, como os galhos de uma grande árvore: a árvore da vida”. “A proposta de Darwin que as espécies se originam por processos inteiramente naturais contradiz a crença religiosa na criação divina tal como é apresentada na Bíblia, no livro de Génesis. As discussões que o livro desencadeou se disseminaram rapidamente entre o público, criando o primeiro debate científico internacional da história.” Fonte Wikipedia

      O processo evolucionista, no que se refere principalmente ao homem, já provado pela ciência de forma irrefutável, através de restos de esqueletos encontrados, datação por carbono 14 etc, necessariamente não nega Deus, só abre nossas mentes para que entendamos um Deus que age diferentemente de como foi ensinado aos homens de quatro mil, dois mil ou cem anos atrás. Através do evolucionismo podemos como cristãos entender que Deus usou uma evolução física, lenta e complexa, para que o homem, o Adão mítico ou o primeiro homo sapiens, fosse alcançado e recebesse o sopro do espírito. Em milhões de anos e não em sete dias? Sim. Qual o problema disso? Não seriam os sete dias sete eras de vinte e quatro outras eras, resumidas por Moisés para facilitar o entendimento de homens que ainda não tinham um conhecimento científico desenvolvido?
      A espiritualidade não podia aguardar a ciência para ser apresentada, assim os homens registraram suas experiências espirituais da maneira que podiam entender em seus contextos intelectuais e culturais, o Espírito Santo nunca teve interesse em que a Bíblia ou qualquer outro texto sagrado fosse de caráter científico, precisamos entender e aceitar isso. Assim temos que reavaliar, não os conceitos espirituais fundamentais e absolutos, mas os materiais citados na Bíblia. Jesus nunca perderá seu lugar, mas nossa ideia do pecado entrar na humanidade porque uma Eva mítica comeu do fruto de uma árvore proibida mudará, ainda que na essência algo tenha sido feito, através da mordida de um fruto físico ou não, que desobedeceu uma ordem de Deus e que trouxe separação entre o homem e seu criador.
      Graças a Deus, hoje temos a ciência, então a usemos para entender melhor o plano de Deus, e mais, à medida que a ciência evoluir, mais ainda teremos que reavaliar nossas crenças. Que a ciência explique o que lhe cabe, a matéria, e que a fé se aproprie daquilo que não pode ser provado, o espírito. A nós, cristãos humildes e sábios, cabe guardar o conhecimento espiritual, mas de forma alguma fechar os olhos para o conhecimento material, cabe-nos, mais até que aos cientistas materialistas, harmonizar as duas coisas. Mas ainda que tenhamos a humildade para reavaliar nossas crenças com base na ciência, não nos iludamos, a ciência não sabe tudo, ainda mudará muito de opinião sobre muitas coisas, ainda que muitos arrogantemente achem que não, contudo, repito, quem deve ser humilde para aceitar o outro ponto de vista, ainda que saibamos que esse pode mudar, somos nós crentes em Deus, não os cientistas.

Esta é a 2ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro“
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

sexta-feira, maio 01, 2020

Reavaliemos nossas crenças (Introdução) (1/30)

      Começando hoje e indo até o final deste mês, o “Como o ar que respiro” compartilhará o estudo “Reavaliemos nossas crenças“, dividido em trinta partes. Se puder leia todo o material para saber o entendimento do blog sobre os vários assuntos que serão aqui pensados. Espero que você se aproxime mais de Deus com a leitura desses textos, não, necessariamente, concordando com tudo, mas abrindo um espaço em teu coração e em tua mente para refletir mais a fundo sobre pilares tão importantes da doutrina cristã protestante.

01. Reavaliemos nossas crenças (Introdução)
02. Criacionismo 
03. Mitos
04. Antropomorfismos 
05. Causa e Efeito 
06. Poder, Fé e Milagre (parte 1)
07. Poder, Fé e Milagre (parte 2)
08. Homoafetividade
09. Casamento e Bíblia
10. Casamento hoje
11. “A Bíblia é a palavra de Deus”
12. Catolicismo e Protestantismo 
13. Comunicação com mortos na Bíblia 
14. Comunicação com mortos e a Teologia
15. Céu 
16. Inferno
17. Eternidade 
18. Israel
19. Altar, sacrifício e levita 
20. Dízimos 
21. Igrejas
22. Pastores 
23. Chamadas (parte 1)
24. Chamadas (parte 2)
25. Política e Evangelho 
26. Sabedoria (parte 1)
27. Sabedoria (parte 2)
28. Sofrimento humano
29. Jesus reavaliou todas as religiões 
30. Reavaliemos nossas crenças (Conclusão)

Examinai tudo. Retende o bem.” I Tessalonicenses 5.21

1. Reavaliemos nossas crenças (Introdução)

      “Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração.” Jeremias 29.11-13

      Muitas pessoas percebem que suas crenças não estão funcionando, mas ainda assim não param para reavalia-las, continuam dizendo a si mesmas que não há nada de errado nas crenças, se algo errado existe é nelas, assim mantêm tradições e dogmas inquestionáveis, achando que questionar é pecado. Deus é inquestionável, ainda que aberto a diálogos, mas as crenças não são, elas são interpretações humanas de Deus, não Deus, mesmo a Bíblia não foi escrita diretamente por Deus, mas por homens, ainda que dizendo-se inspirados por Deus. Questionar as crenças é questionar os homens que as construíram, no cristianismo é avaliar a tradição judaica-cristã, o catolicismo, o cânone bíblico protestante, as relevâncias por trás da eleição de certas doutrinas, a funcionalidade de tudo isso no mundo atual, na eternidade e em nossas vidas.
      Confesso que não teria coragem de compartilhar uma reflexão como a deste estudo há pouco tempo atrás, ainda que sempre tenha questionado a razão de tanta coisa ensinada em igrejas simplesmente não se converterem em prática, serem só simples teorias que as pessoas adoram, mas que não trazem no dia a dia transformação de vida. Minha mudança de atitude não tem a ver com qualquer espécie de decepção que tive com Deus, ao contrário, já provei, provo e sei que provarei sempre uma presença tão real de Deus, me curando e me consolando, que minha alegria em caminhar com Jesus e adora-lo como altíssimo e santíssimo só aumenta. Amo a Deus! Contudo, é com tristeza que vejo sempre em muitos cristãos, uma incoerência entre fé e obras. A culpa não é de Deus, mas no que muitos creem e no que desejam viver através das crenças.
      O problema está nas pessoas? Sim, mas pessoas que não querem resolver problemas do jeito certo não buscam crenças corretas, mas aquelas mais convenientes. Isso, contudo, poderia começar a ser resolvido se as pessoas dessem início a um longo processo de reavaliação das crenças. Isso as afastaria de Deus? As deixaria decepcionadas com igrejas e líderes? As colocaria num estado de rebeldia sem volta? Não, não e não! Não se elas não quiserem e se diante das discrepâncias percebidas elas se aplicarem em buscar mais ainda ao Deus verdadeiro. Mas só faz essa busca séria e profunda os homens crescidos, crianças não fazem porque ainda não podem andar com as próprias pernas e precisam ser supervisionadas, e nisso, a princípio, nada há de errado. Infelizmente é na supervisão aos novos na fé que oportunistas se apresentam.
      A roda viva do universo nos move, nos conduz à realidade, nos leva a amadurecer, a reavaliar as crenças, nos mostra o egoísmo dos homens, de todos eles. A vida nos leva a querer conhecer mais sobre a verdade e os mistérios de Deus numa vida de qualidade espiritual, não material. A principal mentira ensinada em muitas igrejas hoje é o materialismo, para se ter riquezas e ser vitorioso socialmente, que encontra no velho testamento apoio para um cristianismo ganancioso e beligerante, que não conduz à espiritualidade, mas só a uma vida boa nesse mundo. Assim, ter fé para ser rico como Jacó ou Davi passa a ser mais importante que buscar uma vida humilde, com domínio próprio e santidade, santidade que não se evidencia necessariamente em não beber bebidas alcoólicas (lei tão venerada nas igrejas quanto desobedecida) e em se vestir diferente do padrão secular. 
      Cristãos querem fé para mover montes, mas não têm iniciativa para pedir perdão ou perdoar um irmão, têm forças para passarem dias em jejum, mas não têm vontade para perguntar ao irmão, da cadeira ao lado num culto, como ele está, para então ouvi-lo contar seus problemas por vinte minutos que sejam. As pessoas entram egoístas e imaturas nas igrejas, passam anos lá, e saem ainda egoístas e imaturas, mas acreditando que são espirituais e que vão para céu e não para o inferno, seja céu e inferno lá o que for que elas creiam que sejam. Isso porque as pessoas não pensam, não avaliam e reavaliam suas crenças, se estão num templo grande e confortável (que em suas mentes confere legitimidade a ministérios) ou num pequeno e pobre (achando que só isso as faz mais espirituais), se acomodam a crenças e não questionam. 
      O texto inicial de Jeremias 29 é uma dessas passagens maravilhosas da Bíblia, que consolam nossos corações com precisão de bisturi, que parecem dizer exatamente os que queremos e precisamos ouvir, bem, a passagem diz exatamente isso, “para vos dar o fim que esperais”. O que mais esperamos para nossas vidas que um final feliz? Mas existe uma condição para isso, “quando me buscardes com todo o vosso coração”, ah se fizéssemos exatamente isso, quanto sofrimento evitaríamos, em nossas vidas e nas vidas de outros. Tudo o que tento compartilhar em reflexões como está só será entendido por aqueles que fizerem isso, buscarem a Deus com todo o coração. Igreja de Cristo, quer um final feliz para você? Eternidade com Deus? Deixe a hipocrisia, reavalie tuas crenças e busque a Deus, com todo o coração.
      Quer assuntos que exigem de nós cristãos atuais reavaliações urgentes de nossas crenças? Cito dois, já tantas vezes refletidos aqui: o primeiro é criação versus evolução, o segundo é a sexualidade homoafetiva. Sim, são polêmicos, e só podem ser entendidos na oração de corações e mentes abertos para o Espírito Santo, não para tradicionais crenças religiosas humanas. Em primeiro lugar, você ainda acha que o mundo foi feito em sete dias de vinte e quatro horas e que qualquer informação que a ciência dê sobre evolução das espécies é coisa do diabo? Ou pensa que toda expressão homossexual, e eu disse toda, é pecado? Pois se acha isso precisa urgentemente reavaliar tuas crenças, como eu disse em oração, em temor a Deus, medindo teoria com prática, e querendo de fato conhecer a verdade de Deus sobre esses assuntos.

Esta é a 1ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020