segunda-feira, maio 04, 2020

Reavaliemos Antropomorfismos (4/30)

4. Antropomorfismos

      Esta reflexão é dividida em duas partes, na primeira parte reavaliaremos algo muito presente na Bíblia, antropomorfismo, na segunda, continuando o pensamento, refletiremos sobre a lei universal de causa e efeito, que têm respaldo na Bíblia, sim! Como introdução, um estudo em Salmos 11.5.

      “O Senhor prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a sua alma.” 
      “O Senhor prova o justo, mas a sua alma aborrece o ímpio e o que ama a violência.
      “O Senhor põe à prova o justo e o ímpio; mas ele abomina o que ama a violência.”
 Salmos 11.5

      O Senhor prova o justo, e isso não é a tentação menor dos demônios nem da concupiscência da carne, com as quais convivemos em todo o tempo, tentação não é provação. A provação de Deus nos confronta com uma situação, com pessoas, com palavras ou atitudes externas, e mesmo com sentimentos e pensamentos internos, que suscitam em nós a ira, “esquentam” nosso sangue, como se diz. A ira sempre tenta nos arrastar para uma reação de violência, seja física ou verbal. Mas isso é só uma provação, assim, ainda que sintamos algo forte, que experimentemos pensamentos intensos (e não estranhemos, isso todos nós sentimos, ainda que não admitamos), nos acalmemos e busquemos no Espírito Santo que habita os filhos de Deus, a pacificação. 
      Paz é sempre possível ao justificado em Cristo, porque esse teve o coração curado, coração que agora não tem prazer na violência. O justo não ama a violência, e ainda que ela exista nele por pouco tempo, ele se sente mal com isso. Citei três versões de Salmos 11.5 para entendermos melhor o que Deus sente sobre o que ama a violência, penso que o termo “despreza” seria mais adequado, já que pensar num Deus que “odeia” é antropomorfizar demais o divino altíssimo santíssimo de luz. Na verdade quem ama a violência se coloca por ele mesmo longe de Deus, em trevas, e esse não tem direito ao amor de Deus, mas à negação desse amor, que não é o ódio de Deus, mas simplesmente a ausência de seu amor. Terrível é estar nessa posição, de fato uma posição onde se prova que entendemos como ira de Deus. 

      “Antropomorfismo: forma de pensamento comum a diversas crenças religiosas que atribui a deuses, a Deus ou a seres sobrenaturais comportamentos e pensamentos característicos do ser humano.” 
Fonte Dicionário Google

      Antropomorfizar é aliar comportamentos ou características humanas a outros seres, sejam seres físicos, animais, como seres subjetivos ou “espirituais”, “deuses”. O desenho da Disney do Mickey, por exemplo, usa um camundongo antropomorfizado, com pernas, braços, mãos e andando de pé, como se fosse um ser humano, mas com cabeça de bicho. Quando falamos com bichos e plantas estamos antropomorfizando, isso não é loucura, mas uma faceta sadia da nossa imaginação que nos ajuda em nossas carências. 
      A mitologia grega (e outras como a hinduísta) é fundamentada em antropomorfismos, já que seus deuses são formatações de virtudes e defeitos humanos, como deusa da sabedoria, deus da guerra, musas das artes, deusa do amor, deus do mar e outros. Mas no caso de seres espirituais que não sejam Deus, podemos levantar uma pergunta: são eles meras invenções baseadas em interpretação emocional humana ou entendimento real das especificidades de funções de anjos e diabos? Esse é assunto do livro apócrifo de Enoque e da angelologia, área da teologia. 
      “Deus odeia” (Salmos 1.5), “Deus se ira” (Deuteronômio 9.7), “Deus se vinga” (Salmos 94.1), “Deus se arrepende” (Gênesis 6.6), esses são exemplos de antropomorfismos na Bíblia. Mas qual é a crítica a isso? A resposta é um novo questionamento: será que um Deus santíssimo, altíssimo, com luz espiritual e moral mais clara, que tudo sabe e pode, odeia, se ira, se vinga ou se arrepende? Essas são características de homens, ou de seres espirituais, mas será que são de Deus? O Deus verdadeiro pode ser antropomorfizado? 
      Se não pode por que a Bíblia o antropomorfiza? Por não entender corretamente porque os escritores bíblicos registraram assim reações de Deus, é que muitos se enganam sobre a verdadeira vontade de Deus para suas vidas, tentam copiar algo que não entendem. Muitos pensam, “se Deus, munido de razão, pode se vingar, eu também posso”, e mais, “Deus pode se vingar por mim se eu orar a ele”. Novamente aqueles que pensam que a Bíblia deve ser seguida ao pé da letra podem se equivocar.

      “E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito.” Gênesis 6.5-7

      O texto acima de Gênesis tem dois antropomorfismos, “arrependeu-se o Senhor” e “pesou-lhe em seu coração”. Deus se arrepende? O coração de Deus sofre (pesa)? Quem se arrepende é porque fez uma coisa e depois viu que fez errado, por tanto depois percebeu que não devia ter feito, mas se Deus sabe de tudo antes, como fez algo que não era para ser feito? Ou se é perfeito e não erra, como fez algo errado digno de arrependimento? Por outro lado um Deus que é amor e luz não pode odiar ou se irar, na verdade o que ele faz é não amar ou não abençoar alguém que está em pecado. 
    Isso acontece não para que Deus feche a porta para que o que está em pecado se arrependa, essa porta está sempre aberta neste mundo, mas para que o pecador colha a ausência do amor de Deus enquanto não se arrepende. A grande ira de Deus sobre o homem é ele ser impedido, pelo próprio homem, de se aproximar do homem e abençoá-lo, o fato de Deus não fazer nada e entregar o homem à colheita de seu plantio errado, enquanto não se arrepende. A conclusão que Deus de fato não se ira e que o homem apenas colhe o que plantou, nos leva a um novo tema para reflexão, causa e efeito, veja isso na próxima parte do estudo “Reavaliemos nossas crenças”.

Esta é a 4ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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