domingo, maio 10, 2020

Reavaliemos Casamento hoje (10/30)

10. Casamento hoje

      O tema casamento, nessa série de reflexões “Reavaliemos nossas crenças”, dá qual essa reflexão faz parte, foi dividido em duas partes, a primeira foi compartilhada na reflexão anterior, onde listamos os textos bíblicos principais sobre o tema. Nessa reflexão, a segunda e última parte, refletiremos sobre casamento e o cristão hoje (já pensamos sobre o tema aqui no blog em postagens como “Casar e seguir casado hoje”).

      O ser humano tornou-se mais complexo à medida que adquiriu liberdade, talvez esse seja o pior efeito colateral do homem ter “comido” do “fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal”, efeito que não apareceu assim de um dia para o outro na história da humanidade, mas que levou milhares, talvez milhões de anos, desenvolvendo e mudando o ser humano. É só a partir do final do século XIX de nossa era, que tradições sociais começaram a ser quebradas, como libertação de escravos, direitos de mulheres iguais aos dos homens, fim do patriarcalismo e condenação radical de todo tipo de machismo. Atualmente, em pleno século XXI, as coisas ainda estão acontecendo na área da sexualidade e de relações conjugais, e ao contrário do que muitos cristãos acham, essas mudanças não são coisas do diabo. É nesse ponto que precisamos reavaliar o conceito que achamos que Deus tem do casamento.
      Entenda certo o posicionamento do “Como o ar que respiro”, cremos com toda a convicção que a orientação dada em Gênesis é a melhor vontade de Deus para o homem sobre casamento, mas muitos se esquecem de um detalhe, essa orientação foi dada ao homem antes de sua queda. Se era viável naquele tempo, depois não foi mais, por muitos motivos, tanto que na história de Israel, que segue em Gênesis e nos outros livros do antigo testamento, não vemos, mesmo em homens importantes e com grandes experiências com Deus, a ordem dada a Adão e Eva sendo cumprida. Depois da saída do jardim do Éden o homem foi conquistando uma liberdade fora do plano original de Deus, em pecado, errando e acertando, lutando contra os próprios irmãos, matando-os, muitas vezes, mas também se encantando com a presença de Deus, adorando-o, e novamente se perdendo com os falsos deuses. 
      Nisso tudo o casamento foi uma relação conturbada, egoísta e possessiva, muitas vezes, querendo só prazer carnal, mas outras vezes um homem e uma mulher se encontraram e tudo pareceu belo, como se estivessem novamente no Éden, como se sua aliança fosse santa e para sempre (perdoem-me o romantismo). Hoje igualdade é o ponto, entre todos os seres humanos, seja qual for a raça, o poder aquisitivo, a formação intelectual, a sexualidade. Isso é quebrar a família? Não, isso é pensar uma família formada por indivíduos com liberdade e com papéis iguais de escolha. Isso não é bíblico? Depende de como você vê a Bíblia, se a interpretação for ao pé da letra, sem se importar com contexto histórico, cultural ou com metáforas e mitos, você pode achar que o que muitos pensam e fazem do casamento atualmente vai contra a Bíblia. 
      Isso, contudo, é ser simplista, é fechar os olhos para a realidade, para uma sociedade cheia de injustiças e violências que cria seres humanos doentes e imaturos, inviáveis para a aliança conjugal ideal orientada por Moisés, reclamada por Jesus e exortada por Paulo. Mas se entendermos a essência do que a Bíblia ensina, se vermos o Espírito Santo por trás de escritores bíblicos pecadores e limitados como eu e você, talvez possamos entender de fato o que Deus quer e pode nos ensinar sobre casamento e tantas outras coisas, não para o homem do passado, mas para aquele que vai morar no céu eternamente com Deus, aquele que entenderá de fato a vontade e as prioridades de Deus. Qual é a prioridade de Deus, o que Deus quer de fato que o homem aprenda como o mais importante durante sua vã existência neste mundo? Bem, essa lição não se aprende fácil, rápido, porque a maioria de nós não acerta com facilidade e na primeira vez, batemos muito a cabeça para entender o que importa.
      Infelizmente, nessa aprendizagem, muitos de nós, casam, descasam e tornam a se casar, mesmo que não seja um casamento oficializado, mesmo que seja só ter relação sexual ou dividir um colchão, essa é a verdade. Nesse ponto seria interessante entendermos o que é a união que Deus uniu e que o homem não deve separar, qual relação, nesse mundo de liberdade e libertinagem, é de fato casamento. Todas? Nenhuma? Uma? Muitos dizem que uma cerimônia religiosa, seja católica ou evangélica, sacramenta um casamento, ganha uma legitimidade divina, que se for quebrado, por adultério, é pecado. Outros dizem que o que vale é o cartório, que papel passado legitima um casamento, para outros, contudo, casamento é ter uma vida íntima em comum. Mas será que Deus de fato está sempre numa cerimônia religiosa, na legalização de uma aliança ou mesmo em sexo compartilhado? Não sei se está, tem muito casamento feito na igreja, no cartório ou na cama que Deus não aprovou, nem uniu. 
      Contudo, a principal responsabilidade numa aliança conjugal, com ou sem cerimônia, com ou sem papel, são os filhos, se as pessoas pensassem de fato em bebês, crianças e adolescentes crescendo sem uma base familiar adequada, com certeza respeitariam mais o casamento, teriam mais cuidado com relações sexuais, se respeitariam mais como seres humanos. Filhos é o que de fato realiza um casamento, levam duas pessoas a viverem em toda a sua plenitude uma união íntima, pessoas que ganham com isso uma oportunidade diferenciada para amadurecerem bem. Só quem assume maternidade e paternidade, sendo ou não mães e pais biológicos, passa de fato à idade adulta, caso contrário, poderão até ser pessoas de bem, boas cidadãs, mas no coração sempre serão filhos e jovens, buscando amparo, despreparadas para amparar. Não quero generalizar, Deus sabe de cada caso, de quem acaba nunca se casando ou ainda que se casando, nunca criando filhos, mas quero deixar claro que ser mãe e ser pai, por inteiro, é algo especial na vida de alguém.
      A vida não é fácil, nem simples, não julguemos, a ninguém, só Deus sabe do coração de cada um. Muitos querendo acertar, erram, e outros erram e tornam a errar só por satisfação egoísta, é preciso separar adúlteros de pessoas com dificuldades, separar pecadores voluntários de pessoas que foram mal construídas afetivamente, com desprezo, com violência, frutos de sexo sem amor, de amor sem responsabilidade, de qualquer coisa que seja, mas que nunca foi casamento. Gente assim terá dificuldades para ser indivíduo, quanto mais para ser casada. Mas Jesus nos mostra a luz mais alta para onde devemos caminhar e conquistarmos cura e vitória, eu sei, eu provei isso, e não fácil depressa. Me custou muita dor, mas eu cheguei no plano de Deus para a minha vida matrimonial, pelo poder do perdão e da restauração que há somente no nome de Jesus. Não posso encerrar esta reflexão sem compartilhar o texto a seguir, ele não precisa de muita explicação, só leia.

      “E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra. E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto, redargüidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio. E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais. Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.João 8.3-12

Esta é a 10ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro“
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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