terça-feira, maio 05, 2020

Reavaliemos Causa e Efeito (5/30)

5. Causa e Efeito

      Nesta segunda parte do tema antropomorfismo, uma reflexão sobre a lei universal de causa e efeito, para entender melhor o texto que segue é interessante a leitura da primeira parte da reflexão feita na postagem anterior.

      “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.Gálatas 6.7-9

      Se o homem quando faz algo certo, colhe o bem, e quando faz algo errado, colhe o mal, significa que Deus não age? Significa que tudo segue a lei da causa e efeito (ensinada pelo hinduísmo, mas também citada na Bíblia)? Deus age através da lei de causa e efeito, lei que ele mesmo estabeleceu, que se manifesta pelo universo que se encarrega de dar e de tirar, universo que ainda que não seja Deus, está contido em Deus. Deus agiu de fato uma única vez, num momento longínquo do tempo, no fenômeno que cientistas chamam de “big bang”? Pode ser, nele houve um disparo divino que iniciou todas as coisas, a causa primordial para o efeito eterno de tudo vir a existir, efeito descrito em detalhes nos primeiros versículos de Gênesis. 
      Seja como for, a partir disso, tudo é causa e efeito, plantio e colheita. Então onde está a ação presente de Deus? Está em Jesus, um ato acima de tudo de amor, isso porque existe um mal maior que o homem não pode anular com um bom plantio ainda que colha prosperidade desse plantio neste mundo. Por isso Jesus é tão especial, só através dele temos acesso ao altíssimo e a uma eternidade perto do melhor de Deus. Neste mundo, todavia, é causa e efeito de nossos próprios atos, sem vingança, sem arrependimento, sem ódio e sem ira de Deus. Deus não funciona assim porque Deus é Deus, não criatura, seja encarnada ou espiritual. Por que então a Bíblia cita um Deus que odeia, que se ira, que se vinga, que se arrepende?
      Porque a Bíblia, como as religiões e tantos outros textos sagrados, ainda que ela conte a história de um povo que trouxe ao mundo Jesus, o único salvador, a Bíblia é uma construção humana, seja da tradição judaica, de Moisés, de Esdras, dos evangelistas, de Paulo, de João, da tradição católica, da protestante e de tantos outros homens. Não nos iludamos, ainda que ela seja diferente de outros textos sagrados de outras religiões, ainda que o Cristo seja o centro dela, algo que não é contado em nenhum outro livro religioso, ainda que o Espírito Santo inspire seus escritores, a palavra final registrada na Bíblia é sempre da subjetividade humana, limitada espiritual, cultural e socialmente.
      Interpretar as reações de Deus como reações humanas acontece por causa da imaturidade do homem, isso o leva a concluir a coisa mais fácil e mais rápida, e a coisa mais fácil e mais rápida sempre usa o próprio homem como referência. Fazemos isso o tempo todo com as outras pessoas, as julgamos baseados em nós mesmos, no que nós somos, em como nós reagimos e em porque nós agimos. Dessa forma, se fazemos algo por um motivo temos a tendência é achar que os outros fazem a mesma coisa pelo mesmo motivo. Fazemos isso também com Deus, os escritores bíblicos fizeram isso quando entenderam que um efeito ruim que teve como causa um ato errado dos homens, disparou uma ação de vingança divina.
      Não achemos que Davi, ainda que um homem segundo coração de Deus em tantos aspectos, que provou de uma unção do Espírito Santo quase que constante (quase que neo-testamentária), ou que Moisés, por quem fez Deus os maiores “milagres” (e isso também pode ser um antropomorfismo), que libertou e estabeleceu um povo como nação, o povo escolhido do altíssimo, ou mesmo que Paulo, que escreveu a teologia fundamental do cristianismo além de fundar igrejas em muitos locais do mundo de seu tempo, não pensemos que todos esses tenham conseguido de fato registrar uma palavra absolutamente livre do véu. Eles eram limitados e escreveram uma Bíblia velada da verdade, sob vários espectros. 
      Mas ainda assim a Bíblia tem o principal, Jesus, e isso basta, para todos os homens de todos os tempos. Orar através de Jesus, crer que o sacrifício de Jesus foi em nosso lugar, confiar que por isso o nome de Cristo tem poder para nos curar, e depois disso adorar a Deus em santidade através de Jesus, é a vontade de Deus para todos os seres humanos, ainda que a Bíblia esteja repleta de interpretações não tão precisas de quem Deus é, de como ele age e de como interage conosco. Deus é espírito, e busca quem tem comunhão com ele e o adora em espírito e em verdade, se entendêssemos o mistério desse ensino poderíamos começar a tirar o véu e ver de fato como as coisas funcionam, sem antropomorfismos. 

Esta é a 5ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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