sexta-feira, maio 08, 2020

Reavaliemos Homoafetividade (8/30)

8. Homoafetividade

      O que a Bíblia diz sobre as cidades de Sodoma e Gomorra, e sobre os sodomitas, nome dos habitantes de Sodoma, mas termo que acabou sendo muito usado como sinônimo de quem tem práticas homossexuais? Segue um resumo dos textos bíblicos referentes a isso:

      “Habitou Abrão na terra de Canaã e Ló habitou nas cidades da campina, e armou as suas tendas até Sodoma. Ora, eram maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor.” 
Gênesis 13.12-13
      “Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito, descerei agora, e verei se com efeito têm praticado segundo o seu clamor, que é vindo até mim; e se não, sabê-lo-ei.” 
Gênesis 18.20-21
      “E vieram os dois anjos a Sodoma à tarde, e estava Ló assentado à porta de Sodoma; e vendo-os Ló, levantou-se ao seu encontro e inclinou-se com o rosto à terra;
      E porfiou com eles muito, e vieram com ele, e entraram em sua casa; e fez-lhes banquete, e cozeu bolos sem levedura, e comeram. E antes que se deitassem, cercaram a casa, os homens daquela cidade, os homens de Sodoma, desde o moço até ao velho; todo o povo de todos os bairros. E chamaram a Ló, e disseram-lhe: Onde estão os homens que a ti vieram nesta noite? Traze-os fora a nós, para que os conheçamos. Então saiu Ló a eles à porta, e fechou a porta atrás de si, E disse: Meus irmãos, rogo-vos que não façais mal; Eis aqui, duas filhas tenho, que ainda não conheceram homens; fora vo-las trarei, e fareis delas como bom for aos vossos olhos; somente nada façais a estes homens, porque por isso vieram à sombra do meu telhado.
      Aqueles homens porém estenderam as suas mãos e fizeram entrar a Ló consigo na casa, e fecharam a porta; E feriram de cegueira os homens que estavam à porta da casa, desde o menor até ao maior, de maneira que se cansaram para achar a porta. Então disseram aqueles homens a Ló: Tens alguém mais aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens nesta cidade, tira-os fora deste lugar; Porque nós vamos destruir este lugar, porque o seu clamor tem aumentado diante da face do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo.” 
Gênesis 19.1, 3-8, 10-13

      “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.
I Coríntios 6.10

      Não, eu não vou fazer um estudo técnico, teológico, exegético, hermenêutico etc, para tentar arrancar desses textos uma interpretação que defenda o ponto de vista do “Como o ar que respiro”, isso seria repetir o modus operandi de muitos teólogos, sim, estudiosos sérios e aclamados, muitos que eu pessoalmente admiro e com os quais aprendi e aprendo muito. Não tento achar coesão na Bíblia, principalmente em relação ao que sua palavra escrita diz em relação a o que o Espírito Santo nos ensina, porque acho que a Bíblia pode não ser coesa, refletiremos mais sobre isso nas próximas reflexões “A Bíblia é a palavra de Deus” e “História e cristianismo”. A Bíblia, e mesmo isso em poucas passagens, ensina algo diferente daquilo que outras passagens dizem, mas principalmente, sua interpretação ao pé da letra leva a obediência de algo diferente daquilo que o Espírito Santo nos orienta hoje.
      Em que texto bíblico encontramos então, apoio para a apologia que será feita aqui? Diretamente em nenhum. Mas você também não achará na Bíblia nenhum texto que recrimine a escravidão, principalmente a de africanos que foi feita no Brasil e em outros países. Ao contrário, a Bíblia diz que o escravo deve ser um bom escravo, obedecer seu senhor, que isso é agradável a Deus (I Timóteo 6.1-2). Mas eu pergunto, na consciência do ser humano civilizado do século XXI, escravidão é justificável, sobre qualquer ponto de vista? Não, não é, foi uma violência feita contra africanos, que trouxe à sociedade tantos preconceitos e injustiças colhidos até hoje. Se escravidão, tão comum e legítima no antigo e no novo testamento (ainda que um tipo de escravidão diferente da feita com africanos), hoje é repensada, por que não seria a visão tradicional cristã que ainda impera em muitas igrejas sobre homoafetividade?
      O que nos cabe hoje, é analizar com mais cuidado o que é de fato um homoafetivo, ou alguém que tem algum tipo de relação afetiva ou física com alguém do mesmo sexo, depois comparar isso com o que achamos que Moisés e Paulo pensavam ser um sodomita (achamos, porque saber mesmo só na eternidade). Será que é justo, correto, denominarmos como sodomita, e assim lançarmos a esse todos as reprovações que a Bíblia cita, todas as pessoas que têm uma relação homossexual? Todos os gays e lésbicas (e outros, e outras...), são “sodomitas”, condenados ao mais terrível e atormentado inferno, para sempre? Se entendermos certo, veremos que a essência do que Moisés, Paulo e outros escritores bíblicos condenam como sodomitas está correta, eu creio que eles era homens em comunhão com Deus, com intenções tementes a Deus, e defensores de uma vida digna para os homens, livres do pecado.
      Pecado sexual é quebra de aliança, traição no casamento é adultério e paga-se um preço caro por isso. Usar sexo só como prazer com vários parceiros, é prostituição, recebendo-se ou não dinheiro em troca. Tem muita homem que tem relação física sexual com outro homem só por prazer, ou algo que foi prazer num tempo e se tornou vício, homens assim são héteros, se apaixonam por mulheres, até podem ser casados com mulheres, mas acham nessa relação física homossexual um prazer, o mesmo que se acha em bebidas ou drogas. Isso é pecado, isso não é, necessariamente, atitude de homoafetivos verdadeiros,  isso pode ser curado e não é cura gay, mas libertação de disposições promíscuas e obsessivas que podem acontecer tanto com homens quanto com mulheres, e que não ocorre só com sexo, mas também com outros apetites físicos. 
      Verdadeiros homoafetivos nascem assim e nada pode mudá-los, não é escolha, contudo, como tem pastor que nunca se deu ao trabalho de ajudar   aqueles que condena sem conhecer. Alguns dizem, “Deus só criou homem e mulher”, mas se fosse verdade só existiriam homens e mulheres héteros e sadios. E quanto aos doentes mentais, os paraplégicos, e tantos outros transtornados física e psicologicamente, Deus não os criou? Não estou dizendo que homossexualidade seja doença, mas gente diferente existe, precisa se adaptar à sociedade e ser respeitada. O plano inicial de Deus para o homem, como pensam muitos (não eu), pode até ter tido um padrão, mas a humanidade real não é assim. Enquanto cristãos condenam os que não se encaixam em seus preconceitos, o evangelho deixa de acolher pessoas que não são pecadoras, mas só diferentes. 
      Não pense que esse é o pensamento do mundo, para o mundo até o promíscuo que quer se relacionar sexualmente e ocasionalmente com ambos os sexos só por prazer, não deve ser recriminado, para o mundo isso é direito de cada um, “cada um usa seu corpo como quer”, mas não é isso que estou dizendo aqui. Existem referências morais, sim, necessidade de limpeza espiritual, sim, e o único jeito de se vivenciar isso é através de Jesus. Mas não peça a um homossexual verdadeiro que mude sua essência, o homossexual o é na alma, antes de em relações físicas-afetivas, ele não pode mudar tanto quanto não pode um heterossexual genuíno. Os cristãos evangélicos atuais precisam aprender a separar os verdadeiros homoafetivos, que querem casar, ter família e serem fiéis, dos falsos, esses sim, os falsos, são os sodomitas que a Bíblia cita e recrimina em Gênesis. 
      As passagens bíblicas iniciais nos levam a três tipos de posicionamentos, o primeiro é: as praticamos, de verdade, não só de palavra, pagando todo o tipo de preço que implique nisso, principalmente o preço de amor, tentando “curar” todos os homoafetivos pelo evangelho, e obviamente constando frutos dessa prática. Nesse posicionamento acreditamos num Deus que de fato age conforme entendemos nas passagens acima. Um segundo posicionamento é, não concordamos com as passagens e crendo que elas são agradáveis a Deus, não concordamos também com Deus. Esse é o pior posicionamento? Não sei se é pior que o primeiro, porque nele pelo menos há honestidade e um respeito com os homoafetivos. O terceiro posicionamento é o do “Como o ar que respiro”, cremos e confiamos em Deus, mas reavaliamos a Bíblia, pelo menos em algumas passagens.

Esta é a 8ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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