quarta-feira, maio 06, 2020

Reavaliemos Poder, Fé e Milagre (parte 1) (6/30)

6. Poder, Fé e Milagre (parte 1)

      “Poder divino, fé e milagre”, é o assunto desta reflexão do estudo “Reavaliemos nossas crenças”, dividida em duas partes, no texto a seguir a primeira parte. Estes três princípios são hoje os temas mais pregados no púlpitos, infelizmente mais até que salvação e santidade, por quê? Porque a humanidade hoje quer um Deus poderoso que possa ser acessado pela fé para receber dele milagres. Milagres para mudança de caráter? Para prática de virtudes morais? Não, para conquistas de bens e status. Mas será que isso é prioridade do verdadeiro evangelho? Bem, vamos à reflexão.

      “Então os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, disseram: Por que não pudemos nós expulsá-lo? E Jesus lhes disse: Por causa de vossa pouca fé; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível. Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum.” Mateus 17.19-21

      Poder divino, fé e milagre, são três conceitos relacionados: prova milagre que tem fé no poder divino, esse é o senso comum. Essa pode ter sido a leitura inicial dos discípulos que não conseguiram expulsar a legião, talvez eles achassem que lhes bastava fé, e a princípio foi isso que Jesus disse. Mas Cristo disse algo mais, pelo menos sobre aquela situação, não bastaria fé, mas oração e jejum. Esse ensino nos revela alguns mistérios por trás de poder divino, fé e milagre, que nos ensinam que provar milagres não é só causa e efeito de fenômenos físicos ou emocionais do homem, não é só questão de ter uma grande e firme convicção que o poder divino será acionado para que o milagre se realize. Mais que força humana, é preciso consagração a Deus e comunhão íntima com seu Espírito, para que de fato tenhamos acesso a uma palavra que dispare o poder sobrenatural de Deus.
      Sobrenatural é o natural que ainda não entendemos bem, que ainda não podemos explicar cientificamente, milagre é o que nos parece acontecer excepcionalmente por não termos ainda intimidade suficiente com o que ou quem o causou. Mas será que um Deus que tudo sabe e tudo pode sempre, precisa agir de forma excepcional, precisa fazer milagres ocasionais? A excepcionalidade existe no ponto de vista do humano desinformado, a ciência explica muitas coisas e o Espírito Santo nos coloca em sintonia com o melhor de Deus que não deixa faltar nada aos que estão sintonizados com ele. O que anda com Deus e o conhece provará milagres naturalmente, o que conhece a ciência discernirá o inexplicável de superstição, e muita coisa relatada na Bíblia, como milagres, foi pela falta de conhecimento, tanto científico quanto espiritual, de homens.

      “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para o teu âmago, e medula para os teus ossos.” Provérbios 3.5-8

      Quando alguém diz, “Deus fez um milagre”, a primeira coisa que deveria ser feita é verificar com muito cuidado se o que aconteceu de fato não tem uma explicação científica, que nos permita entender porque algo ocorreu no plano físico. Isso mostraria se algo é ou não milagre? Não, só mostraria que algo foi realizado através de meios físicos conhecidos ou por meios, pelo menos até o momento, desconhecidos para o homem. Mas se não for constatado, é uma excepcionalidade de Deus? Não, pode ter sido apenas Deus agindo de uma maneira ainda não conhecida pelo homem, pelo menos não por todos, principalmente no plano espiritual. Isso mostra que não é um milagre de Deus? Não, não no coração de quem buscou o milagre.
      Vou dar um exemplo, se eu não soubesse que iria chover à tarde, se eu não tivesse acesso a previsões meteorológicas, e mais, se eu nem soubesse que meteorologia existe, e orasse a Deus pedindo que chovesse à tarde, quando chovesse, eu estaria provando um milagre de Deus? Sim, no meu coração eu estaria. Mas se alguém, que tenha acesso às previsões meteorológicas, sabendo que pode chover e por isso nem orasse a um “deus” solicitando isso, quando chovesse, provaria um milagre? Não, não em seu coração. Milagre de Deus não é provar uma excepcionalidade, mas é aliar a Deus uma excepcionalidade, e muitos provam excepcionalidades inexplicáveis e ainda assim não agradecem a Deus por isso. 
      O texto de Provérbios 3 ensina algo muito importante sobre isso, um segredo de vida, física e espiritual: reconhece Deus em todos os teus caminhos. Isso é científico? Não. Pode nos levar a um certo alienamento intelectual? Até pode. Mas porque é sábio? Porque demonstra nosso temor a Deus, que ainda que não entendamos, não conheçamos em sua plena verdade, cremos que existe e que é por quem e em quem tudo acontece, seja no plano físico, seja no espiritual. Assim, se não entender, se não ver saída, santifique-se, adore e peça um milagre a Deus, bem, se você de fato entrar em comunhão com Deus você pedirá, porque foi autorizado por ele a fazer isso, e se ele autorizar o pedido, o pedido será respondido. 

      “E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário; Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar. E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais. E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?Mateus 14.24-31

      Se Jesus disse que se nós crêssemos faríamos milagres, por que então não vemos milagres depois da época da igreja primitiva, ou mais, nos dias de hoje, pelo menos milagres como os que Jesus e seus discípulos diretos fizeram? Muitos podem dizer, incluindo pentecostais e católicos que creem em santos milagreiros, “isso não é verdade, vemos sim”. Bem, precisaríamos de fato fazer uma averiguação isenta e científica para constatar muito do que muitos dizem ser milagres, não só feita a averiguação feita por religiosos mais intencionados em provar suas crenças, mas o nome dessa série de reflexões é “Reavaliemos nossas crenças”, para vermos a verdade por trás das coisas.
      O conhecimento científico ateu foi outro amargo efeito colateral, que o homem provou após ter comido do fruto mítico da “árvore do conhecimento do bem e do mal”, assim, à medida que o homem foi evoluindo intelectualmente, conhecendo a si mesmo, física e psicologicamente, à natureza, ao planeta Terra e ao cosmos, ao invés de adorar a Deus por começar a entender como o criador e Senhor de tudo faz as coisas funcionarem, preferiu ver nas próprias coisas criadas o início e o fim da criação, perdendo-se no plano visível (ainda que com microscópios ou telescópios) e fechando os olhos para o invisível. Esse conhecimento afastou o homem da fé e do temor a Deus.
      Por outro lado, se o homem não tivesse provado do “fruto proibido“ também teria evoluído intelectual e cientificamente, contudo, usaria tecnologias e as ciências como dons de Deus, e mais, em plena comunhão com a espiritualidade. Quem tem essa proposta é o ocultismo, ainda que sem colocar Jesus em seu devido lugar (mesmo que reconheça esse lugar), mas o ser humano, sendo amante de extremos, se é cristão chama a ciência de ateia e o esoterismo de satânico, se é esotérico, chama o cristianismo de superficial e a ciência de limitada, e se é científico, chama o cristianismo de ignorante e o esoterismo de insano. Enfim, pouquíssimos acham o equilíbrio entre esses três conhecimentos, nesse equilíbrio está o melhor e o mais profundo do verdadeiro conhecimento de Deus. 
      A verdade é que muitas coisas que as pessoas chamam de milagres atualmente não são, mas isso pode não fazer diferença para um Deus que sabe que se as pessoas estiverem ligadas a ele estarão protegidas, ainda que não seja da maneira mais lúcida. Melhor conhecer pouco de Deus e segui-lo que conhecer profundamente a ciência (ou o esoterismo) e desprezar Jesus como único e suficiente salvador. O plano ideal de Deus, contudo, seria um homem que ainda que conhecesse profundamente a ciência e usasse todos os benefícios dela, e ainda que conhecesse todos os segredos da “árvore da vida” da Cabala e se comunicasse com o mundo espiritual, ainda que soubesse de física quântica e das hierarquias de arcanjos e diabos, adorasse o Altíssimo Deus, se harmonizasse com ele através de Jesus, e aprendesse as verdades mais profundas e eternas diretamente do Espírito Santo.

Esta é a 6ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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