quinta-feira, maio 07, 2020

Reavaliemos Poder, Fé e Milagre (parte 2) (7/30)

7. Poder, Fé e Milagre (parte 2)
      
      No texto a seguir, a segunda parte da reflexão “poder divino, fé e milagre”, para melhor entendimento leia antes a primeira parte na postagem anterior. 

      “E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.” Marcos 16.17-18

      Milagres seguirão os que creem em Jesus, está claro nas palavras que Marcos e outros escritores bíblicos registraram na Bíblia. Eu creio em milagres, mas não como muitos creem, e isso também não faz diferença para Deus, contudo, esse ensino bíblico sobre milagre, precisamos admitir, que principalmente nos dias atuais, pode fazer mais mal que bem. Já refletimos bastante sobre fé aqui no “Como o ar que respiro” (por exemplo na postagem “”), fizemos a crítica no grande erro que se comete quando se tem fé na fé, não importando o objeto da fé, mas só a quantia e qualidade da fé do crente, nisso o homem é honrado mais que Deus. Infelizmente, a fé que alguns colocam num cristal, ou na imagem de um homem religioso falecido, torna-se igual àquela que muitos dizem colocar em Jesus. Objeto, homem e Deus são colocados no mesmo nível, o que importa é a fé, o homem, não Deus, isso não é evangelho. É vida espiritual? Pode ser, mas não com o Deus altíssimo. 
      Mas ainda assim o Deus altíssimo pode ouvir e responder? Sim! Mas não é o melhor que agrada a Deus e que nos conduz ao melhor de Deus, principalmente na eternidade. Já citamos nesta série de reflexões o texto, “mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem, Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (João 4.23-24), vamos pensar nele agora com mais profundidade, ele revela um mistério que explica porque Deus responde muitas orações, ainda que não estejam de acordo com a tradição teológica protestante. O Espírito Santo pode dialogar com o nosso espírito através de palavras e pensamentos? Sim, mas ele é mais que isso, sua interação é absoluta, sempre revela a verdade de Deus, enquanto que palavras e pensamentos são relativos, depende da interpretação humana, que usa o entendimento subjetivo do homem que a recebe. 
      “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.” (Romanos 8.26-27), essa passagem explica o mistério da comunicação mais profunda entre Deus e o homem. Uma manifestação explícita dessa comunicação espiritual ininteligível pela razão, talvez a mais, é o dom de línguas espirituais estranhas, quem o busca e o recebe experimenta algo único, que ainda que a mente não compreenda deixa no espírito e depois na alma uma presença poderosa, consoladora e libertadora de Deus. Na verdade o primeiro contato que Deus faz com o homem é espiritual, e ele não pode ser totalmente exprimido por pensamentos ou palavras, mesmo através dons espirituais como profecias e tradução das línguas estranhas, que humanamente verbaliza a palavra do Espírito.
      Se Deus procura uma comunhão espiritual, a forma pode não ter tanta importância, talvez ele esteja interessado no conteúdo. Podemos entender melhor forma e conteúdo com os termos ações e intenções, ainda que certas ações sejam de um jeito, as intenções por trás delas podem ser um pouco diferentes (obviamente elas não opostas, senão é hipocrisia e o hipócrita será pouco eficiente em achar a Deus). A oração de fé que Deus ouve e que pode nos colocar em harmonia com ele, é aquela feita pelo nosso espírito no Espírito de Deus, isso pode ir além de palavras, e mesmo de nossas ferramentas de fé, mas representar nossa intenção espiritual mais íntima que deseja estabelecer comunhão com Deus. “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus” (Mateus 5.8), quanto mais pureza houver no íntimo do homem, mais ele poderá entrar na presença de Deus para saber sua vontade, e então solicitar ao altíssimo de fato aquilo que ele quer dar. Essa pureza, contudo, diz respeito a uma coerência plena entre forma e conteúdo, entre ação e intenção. 

      “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos; E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho” II Timóteo 1.9-10

      Nesse entendimento, qual é então o poder de Deus, que as pessoas evocam tanto, como ele é manifestado? Estamos aqui negando um Deus que quando buscado manifesta seu poder pelos que nele confiam? Não, de maneira alguma, na verdade estamos querendo abrir mentes e corações para que vejam um Deus maior e mais poderoso ainda. (Para entender o pensamento do “Como o ar que respiro” sobre os temas dessa reflexão é importante que você tenha em mente as postagens anteriores que refletiram sobre antropomorfismo e causa e efeito, se possível as leia). O poder de Deus é maior que tudo e todos, sobre tudo e todos, sem início e sem fim, e o tempo todo, ele não só criou tudo e todos, mas a tudo e todos sustenta, desde cada átomo e ser espiritual, até cada galáxia de sistemas solares e legiões de anjos. Por ter pleno e absoluto poder Deus não muda, e por não mudar não pode perder parte ou ganhar uma nova, tudo está nele e sem mudança, ainda que tudo sempre em eterna transformação. 
      Ao olhar do descrente, Deus fará algo, ao olhar do crente, Deus está fazendo algo, mas ao olhar do verdadeiramente espiritual, Deus já fez. Nós vivemos na verdade no passado de Deus. Se Deus já fez não é sobrenatural, mas natural, não é um milagre, mas parte do processo, não é excepcional, mas eterno. Se tudo nos foi dado “antes dos tempos dos séculos”, incluindo nossa salvação, não recebemos nada por créditos pessoais, principalmente a salvação, essa é efeito de uma única causa, nossa fé em Cristo, não de qualquer obra que tenhamos feito, que fazemos ou que faremos. Mas fé também é dom de Deus, não capacidade humana, assim existe algo na essência espiritual das pessoas que as conduzem a Deus, ao mesmo tempo que são atraídas por Deus. Por que muitas pessoas parecem não ter essa essência espiritual? Por que algumas parecem estar condenadas ao “inferno”? Isso, a grande maioria de cristãos, só saberá na eternidade.
      Se Deus tivesse que corrigir algo, criar algo novo ou desfazer algo antigo, cada vez que o homem mudasse de ideia, ele não seria Deus. Ainda assim ele ouve “zilhões” de orações pedindo coisas que as pessoas já possuem em Cristo, não para fazer algo que ele já fez, não para mudar de ideia, mas só para estar em comunhão com as pessoas, como um pai amoroso e paciencioso com filhos pequenos. As pessoas não entendem que a bênção não é receber o que estão pedindo nas orações, mas é o simples fato de estarem em oração, em comunhão com Deus, no Espírito de luz do altíssimo. Elas nem precisariam pedir alguma coisa, só teriam que andar em Deus o tempo todo, usufruindo do eterno presente do Senhor, provando “milagres” cada vez que respirassem, milagres que já foram feitos, estando numa vida eterna e abundante sempre. Esse entendimento nos faz de fato provar uma paz espiritual singular, pois nos cura de expectativas e frustrações, nos liberta de querer ter e pedir o tempo todo, nos leva a ser e só. Essa paz é a arma mais eficiente contra todo tipo de mal, seja físico, emocional ou espiritual.
      Por que a Bíblia não deixa claro assim as coisas? A Bíblia não é o fim, mas o início de nosso conhecimento de Deus, é o Espírito Santo que é a viva palavra de Deus em nós. A Bíblia não é um tratado meticuloso sobre medicina espiritual, é um livro de primeiros socorros, que ainda que dizendo só o que se deve fazer para se obter cura, sem explicar profundamente como essa cura se opera, ou de onde veio, salva os homens da segunda morte, a morte do espírito. Por quê? Porque isso basta para a maioria dos homens de todos os tempos e lugares. Contudo, os atentos, conseguirão pinçar aqui e ali, nos textos bíblicos, revelações de grandes mistérios, eu tenho tentado compartilhar alguns desses textos nesse estudo, “Reavaliemos nossas crenças”. Em alguns momentos Moisés, Davi, Daniel, João evangelista ou Paulo deixam como que escapar respostas a grandes mistérios da existência humana. Essas respostas fazem diferença na salvação eterna? Não. São decisivas para que alguém experimente um milagre de Deus pela fé? Não. Se você crer de verdade, seu espírito harmonizando-se com o Espírito de Deus, experimentará milagres, conforme a promessa de Jesus, contudo, entenderá que milagres não são assim tão necessários. 

Esta é a 7ª de 30 partes do estudo
“Reavaliemos nossas crenças”,
se possível leia todo o estudo
para ter o entendimento correto
do “Como o ar que respiro”
sobre o assunto, obrigado.

José Osório de Souza, 13/04/2020

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